"Leais são as feridas feitas pelo amigo, mas os beijos do inimigo são enganosos." Prov 27;6
Se, alguém fosse convidado a escolher entre feridas e beijos, a escolha parece óbvia. Ninguém, gozando saúde psicológica escolheria às coisas que lhe fossem danosas. Contudo, remédios amargos podem ser portadores de saúde, enquanto, “doçuras” inoportunas, ser meras camuflagens de feridas ainda maiores.
Se, um amigo me vir por um descaminho qualquer, cujo final será danoso e me avisar, ainda que, atuando contra minha inclinação natural que tende pelo aludido caminho, poderá ser um “chato” um desmancha-prazeres, eventualmente; mas mostrará que sua amizade é vera; correrá risco de perdê-la, caso eu me mostre refratário à correção, mas não desejará ver eu me perder, sem antes me alertar, pela sua lealdade.
Essa história individualista e doentia, de que cada um é um planetinha errante, um micro universo que se basta, sem necessidade de ninguém, pode parecer libertária, mas é o suprassumo, do desprezo, da indiferença culpada disfarçada de respeito aos direitos.
Os caminhos costumam ser cheios de enganos. “Há um caminho que a o homem parece direito, mas, no fim, são os caminhos da morte.” Prov 14;12 Inicialmente é um caminho, o direito de escolha de cada um; no final, se dilui em vários caminhos, porém todos com o mesmo destino: “Os caminhos da morte.” A inclinação natural do homem, refém da carne sempre o arrasta nessa direção. “Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois, não é sujeita à Sua Lei, nem pode ser.” Rom 8;7
Tentar reconduzir a alguém, de volta ao bom caminho, segundo Deus, costuma ferir suscetibilidades, despertar melindres dos que não querem ser incomodados, mesmo que suas liberdades de escolhas os estejam levando à perdição.
Poderia um amigo que vir isso, se fazer alheio, silente, omisso, como se, nada estivesse vendo? Se assim fizesse agiria de modo desleal. “Leais são as feridas feitas pelo amigo...”
Quem foi abençoado com certa porção de luz espiritual, recebeu junto com ela o dever de usá-la com propósito, para que a posse da mesma faça sentido. “Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte; nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire; mas, no velador para dar luz a todos os que estão na casa; assim, resplandeça vossa luz diante dos homens, para que vejam vossas boas obras e glorifiquem ao vosso Pai que está nos Céus.” Mat 5;14 a 16
Apesar dos doentios anseios do individualismo, a vida sobre a terra não é o império do direito, onde compete a cada um fazer o que bem lhe aprouver. Quem isso disse foi o Capeta por ocasião da queda. Os fatos subsequentes, mostraram que era mentira.
Nossa estada por aqui, é um limite de tempo e espaço, para que voltemos à comunhão com O Eterno; o tempo que for gasto alheio ou fora disso, acaba sendo um desperdício. “De um só sangue (Deus) fez toda a geração dos homens, para habitar sobre toda a face da terra, determinando os tempos já dantes ordenados, e os limites da sua habitação; para que buscassem ao Senhor, se, porventura, tateando O pudessem achar, ainda que não está longe de cada um de nós.” Atos 17;26 e 27
Em suma, usemos nosso tempo e nossos limites espaciais, para este fim; para reencontrar o rumo de casa, o retorno à paz com Deus. Ele fez Sua parte; “Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados, e pôs em nós a mensagem de reconciliação.” II Cor 5;19
Notem os que se incomodam com nossa “intromissão” em suas vidas, quando anunciamos O Evangelho, que assim fazendo, deixamos fluir algo que O próprio Senhor pôs em nós; a “Palavra da reconciliação.” Se nossa lealdade a Ele nos faz importunos, às vezes, é O Amor Divino que nos constrange, pois, não seria digno, aqueles que receberam à salvação, desejaram-na apenas para si, deixando que os demais se percam. Não combina com O Amor de Deus que foi colocado em nós.
Nas filosofias de botecos o mundo diz que prefere tristes verdades, às alegres mentiras. Mas, quando a triste verdade de que estão perdidos sem Cristo, O Salvador, é apresentada a esses “filósofos”, não poucos se ofendem, pois, preferem os “beijos” adoecidos dos que dizem que todos estão certos, e no fim, todos os caminhos levam a Deus.
O excesso de amor próprio, onde o sujeito prefere ser falso a soar incômodo, é que patrocina falsificações, onde deveria ser o assento exclusivo da verdade. O vero amor fere, pois, costuma a preocupar-se mais com seus alvos, que com sua reputação.
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