“... como enganadores e sendo verdadeiros.” II cor 6;8
Essa leitura, “como enganadores” não se refere ao modo de atuação dos cristãos, como se devessem agir dessa forma; antes, a como o mundo lê, o desempenho dos probos.
Grassa uma contradição entre o apreço e o ser; tal atitude evidencia uma distorção dos fatos em prol duma narrativa, derivada, possivelmente, do desconforto dos que observam o bom andar dos tais, e se incomodam.
Quando alguém peleja contra enganadores, pela aversão ao engano, temos então, uma luta digna, de um que, desenvolve-a em defesa de valores, de coisas pelas quais, vale a pena lutar.
Entretanto, quando outrem nos chama de falsos, de enganadores, por combater a nós mais que à nossa forma de ser, então, lidamos com uma fraude que finge arrostar o mau comportamento, quando, na verdade patrocina-o, atuando de modo mentiroso, enquanto finge desprezar à mentira.
Às coisas sem valor, em geral, o desprezo costuma dar um jeito. Aquelas que incomodam de modo a ser combatidas, evidenciam que sua existência enseja algum mal estar, nos que as combatem.
Assim, tanto podemos rejeitar a uma postura por ser essa, réproba, quanto, porque ela nos incomoda, expondo algum lapso em nós. Nem todo o embate é, necessariamente, virtuoso.
Como saber qual é o bom combate? Ora, basta ver qual é o objeto da disputa. Se são valores, doutrina, ensinos que estão sendo combatidos, isso em geral evidencia traços de uma peleja legítima; se o combate é às pessoas, desconsiderando os fatos e atacando-as, bem pode ser a inveja a patrocinadora da peleja.
Aprendi uma frase, cujo autor eu não decorei para lhe fazer justiça: “Queres conhecer a motivação espiritual de alguém? Observe contra o quê, ele está lutando.” A ouvi citada pelo Padre Paulo Ricardo, que ostensivamente combate aos defensores da Palavra de Deus.
Desde que se descobriu o vitimismo como um biombo atrás do qual maus comportamentos podem se esconder, muitos fugazes têm usado do mesmo. Deixam verdadeiras crateras, onde não deveriam deixar furos; uma vez chamados à responsabilidade pelos seus atos, presto se dizem perseguidos, porque estão fazendo mais que outros, porque servem a Deus, etc.
Na verdade, os probos nem precisam muito se defender, pelas atitudes que tomam. As mesmas atitudes, “advogam” em suas defesas; sabedores que a verdade vale mais que a narrativas da inveja, não atrasam suas caravanas porque alguns cães estão latindo; entendem a normalidade disso num mundo dual, e seguem, “... como enganadores e sendo verdadeiros.”
Porém, os que presto arregaçam suas mangas e partem para impropérios contra os que desconfiam da legitimidade das suas ações, seu voluntarismo precipitado já é uma confissão de que as suas ações não podem se defender sozinhas.
A verdade só pode ser “desqualificada” pela calúnia. “Porque nada podemos contra a verdade, senão, pela verdade.” II Cor 13;8
Não carecemos defender um leão, por exemplo; basta dar a ele liberdade e o mesmo se defenderá sozinho. Assim, as coisas pertinentes à Sã Doutrina e à postura conveniente aos cristãos. Basta ver o que A Palavra de Deus diz, dando-lhe plena liberdade e a mesma se defenderá, sem carecer do nosso zelo, apenas a apresentando, sem distorção nenhuma.
Então, se a pretexto de “pregar o Evangelho”, alguns se perderam no carnaval, e depois seguem justificando aqui e ali seus feitos, o fazem porque sabem que os mesmos não se firmam sozinhos.
Partir para a pedrada como faz o Pastor Silas Malafaia, chamando de “hipócritas” e mandando calar à boca aos que discordam da sua “Bateria Góspel”, é já uma confissão que seu “leão” não consegue se defender, carece a cerca dos sofismas, e a intimidação atrevida, quando, se fosse algo sadio, nem teria virado assunto.
Ora, usar meios profanos, e pretender por eles, “Fazer à Obra de Deus”, ir precisamente na contramão do preceito que encabeça esse breve tratado. É atuar “como verdadeiros, mas sendo enganadores.”
Dizer que Paulo usou um “altar pagão” para pregar O Evangelho em Atenas é uma grande falácia. Usou a “confissão” dos Atenienses que havia um “Deus desconhecido” para eles, como “cabeça-de-ponte” para lhes apresentar o Deus Vivo. Não se prostrou ante o Panteon, apenas, expôs a inutilidade daquilo e desafiou aos atenienses ao arrependimento. Não careceu “sambar”, apenas, expôs a verdade.
Lendo textos como II Cor 6;14 a 18, facilmente entendemos a separação necessária aos servos de Deus. Quem cita à Palavra de Deus seletivamente, para “justificar” seus atos, age como um sectário, que sacrifica ao todo, pela porção da sua predileção.
Enfim, quem carece demais, defender seu “leão”, é porque sabe que não se trata de leão nenhum. Colocou uma máscara semelhante num vira-latas, que não consegue se sustentar sozinho.
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