quinta-feira, 26 de dezembro de 2024

As perseguições


“... porque nem todos os que são de Israel, são israelitas.” Rom 9;6

De Israel, identifica a origem; laços de sangue, circunstâncias em meio às quais, veio ao mundo. Israelita atina à escolha cultural, espiritual; à causa e os valores com os quais alguém se identifica, se compromete. Assim, nem todos os que lá nascem, abraçam cabalmente as coisas pertinentes àquele povo; mormente, as espirituais.

Pois, argumenta Paulo, a filiação espiritual é que mostra a descendência de Abraão, que conta para O Divino propósito; não, os laços de sangue. “Nem por serem descendência de Abraão, são todos, filhos; mas, em Isaque será chamada tua descendência.” V 7 Foi após ele crer, se arrepender e manifestar isso, que O Salvador disse de Zaqueu: “Também esse é filho de Abraão.” Luc 19;9 De sangue já o era. Crendo se tornara herdeiro da promessa.

Ismael também fora filho de Abraão; mas os escolhidos seriam os da descendência de Isaque, pela promessa de abençoar em Abraão a todos os povos, “... em ti serão benditas todas as famílias da terra.” Gn 12;3 o que se cumpre, em Cristo. Malgrado nossa origem devemos crer no Salvador, pois. “Nós, (cristãos) somos filhos da promessa, como Isaque; mas, como então, aquele que era gerado segundo a carne, perseguia o que era segundo o espírito, assim também é agora.” Gál 4;28 e 29

Não que Isaque tenha sido concebido pelo Espírito, conforme foi Cristo; mas, seu nascimento fora prometido tardiamente, do ponto-de-vista da natureza; tanto que, Abraão e Sara desistiram de esperar e arranjaram um “plano B”, donde veio Ismael. Para mostrar a fidelidade do Eterno, bem mais tarde, o prometido sucedeu. Assim, Ismael é tido como, gerado segundo a carne, a natureza humana; Isaque, segundo o espírito; a fidelidade Divina.

Deixando a saga dos judeus e trazendo para nosso contexto, nem todos os “cristãos” são salvos. Embora se digam atuantes na esfera da Promessa, em Cristo, o critério do Eterno vai além do que professamos, para identificar quem, deveras, somos. 

Paulo acentua a seriedade de tomarmos sobre nós o Santo Nome do Salvador: “Todavia, o fundamento de Deus fica firme tendo este selo: Deus conhece os que são Seus; qualquer que profere o Nome de Cristo, aparte-se da iniquidade.” II Tim 2;19

Se, Ele em nós não obrar uma transformação visível, que salte aos olhos dos que nos conheceram antes, e conhecem agora, estando Nele, há fundadas razões para duvidarmos da nossa conversão.

Embora, nem todas as conversões sejam traumáticas como a descrita no salmo 40, “Tirou-me dum lago horrível, dum charco de lodo, pôs meus pés sobre uma rocha e firmou meus passos.” V 2 mesmo a conversão menos estrondosa, deverá ser igualmente visível. “... muitos, verão, temerão, e confiarão no Senhor.” V 3

Falando da necessária transformação dos que O recebem, O Salvador ensinou: “Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte.” Mat 5;14 Embora, aparecer não seja nosso objetivo, fazer Cristo aparecer em nós é uma necessidade.

Um “cristianismo” que não se compromete, sob o argumento de não ser “polêmico”, que passa despercebido, malgrado, vivendo entre muitos, certamente é uma fraude.

O confronto necessário de verdade com mentira, luz com trevas, fatalmente nos indisporá com o “cristianismo” inclusivo da moda; nos fará alvos de ataques, cuja origem, o próprio texto já visto, expõe: “... aquele que era gerado segundo a carne, perseguia o que era segundo o espírito...”

Assim, embora desagradáveis, dolorosas até, as perseguições são melhores, no prisma do testemunho dos Céus sobre nós, que a aceitação. “Bem aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é O Reino dos Céus; bem aventurados sois vós, quando vos injuriarem, perseguirem, e mentindo disserem todo o mal contra vós por Minha causa. Exultai e alegrai-vos, porque é grande vosso galardão nos Céus; porque assim perseguiram aos profetas que foram antes de vós.” Mat 5;10 a 12

Malgrado, combatentes à higiene espiritual necessária, usem argumentos como religiosidade, legalismo, fundamentalismo etc. contra nós, tencionando parecer que, por se dizer “inclusivos, tolerantes” são melhores que nós, a última palavra sobre o que é réprobo, ou probo, em Cristo, virá Dele mesmo, não do mundo.

Quem leva A Palavra Dele a sério, não carece o testemunho de outras palavras. Ademais, a unidade global, tencionada para os últimos dias, use os rótulos que usar, é derivada da rebelião contra O Senhor. “Os reis da Terra se levantam, governos consultam juntamente contra O Senhor; e contra O Seu Ungido, dizendo: Rompamos as Suas ataduras, sacudamos de nós, Suas cordas.” Sal 2;2 e 3

Enquanto os professos “sacodem Suas cordas”, os que são Dele, submetem-se ao Seu jugo.

quarta-feira, 25 de dezembro de 2024

A boa vontade


“Glória a Deus nas alturas, paz na terra! Boa vontade para com os homens.” Luc 2;14

Cântico dos anjos, por ocasião do nascimento do Salvador.

Se, a ordem dos fatores não altera o produto, em matemática, em literatura, mera mudança de ênfase, acréscimo ou omissão de uma vírgula, pode mudar tudo.

Da ênfase, vejamos: “O SENHOR é o meu pastor”, é totalmente diferente de dizer, “O Senhor é o MEU pastor.” Pois, no primeiro caso a ênfase está na essência do Pastor; no segundo, deriva dum sentimento de posse, egoísta. Embora as palavras sejam as mesmas, o espírito não é.

A vírgula; “O espírito vivifica, a carne para nada presta...” Como disse Jesus; ou, “O espírito vivifica a carne...” como leem alguns descuidados, mudando totalmente o sentido.

Ainda; “Eis que diante de ti pus uma porta aberta, que ninguém pode fechar; tendo pouca força, guardaste Minha Palavra...” Apoc. 3;8 Alguns leem: “... ninguém pode fechar tendo pouca força...” essa omissão do ponto e vírgula estraga totalmente o texto.

Agora, mudar a expressão, “Boa vontade para com os homens”, como se ela dissesse, “Aos homens de boa vontade”, como fez o catolicismo, e reverberou o espiritismo, chega às raias da canalhice.

Se assim fosse, a Paz de Cristo disposta apenas aos tais homens, não chegaria a nenhum.
Pois, “... têm se corrompido, fazem-se abomináveis em suas obras, não há ninguém que faça o bem. O Senhor olhou desde os céus, para os filhos dos homens, para ver se havia algum que tivesse entendimento e buscasse a Deus; desviaram-se todos, e juntamente se fizeram imundos; não há quem faça o bem, sequer um.” Sal 14;1 a 3

Paulo citou isso: “Como está escrito: Não há um justo, nem um, sequer.” Rom 3;10

O Salvador também mensurou nossa “bondade”; “... não há bom senão, Um só, que É Deus.” Mat 19;17

Logo, se a “paz na terra” fosse disponibilizada apenas aos homens de boa vontade, ela poderia ser levada de volta sem ser usada.

Entretanto, se lermos o texto como ele foi escrito, Boa vontade (graça) para com os homens, apesar de serem maus, pecadores, então, em Cristo todos podem fruir essa paz bendita com O Criador. Paulo expressou categórico: “Isto é; Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando seus pecados, e pôs em nós a Palavra da reconciliação.” II Cor 5;19

Quem não entender que, sem Cristo sua situação é de inimigo de Deus, jamais buscará a reconciliação, da qual, sua vida depende. Se não houvesse inimizade, também não haveria necessidade de um mediador entre as partes; contudo, está dito: “Porque há um só Deus, e um só mediador entre Deus e os homens; Jesus Cristo, homem.” I Tim 2;5

Mesmo os “cristãos”, se invés de fidelidade irrestrita à Palavra, preferem agradar o mundo, abraçando sua cultura e valores duvidosos, manifestam pelas suas escolhas que a inimizade permanece. “Adúlteros e adúlteras, não sabeis que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo, constitui-se inimigo de Deus.” Tg 4;4

Aqueles que enfatizam a correção, invés do amor incondicional, tão ao gosto dos desobedientes, não raro, são acusados de juízes, de religiosos, legalistas, fanáticos, etc.

A ideia sentimentalóide que, o amor e a correção são coisas excludentes, uma ou outra, é filha da irresponsabilidade inconsequente, de gente ímpia, que capitulou à sedução dos provedores à carne, não, derivada da Palavra de Deus, que ensina como andar em espírito. A salvação foi condicionada a isso, aliás: “Portanto agora, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o espírito.” Rom 8;1

Na Palavra, o Amor Divino e a correção são consortes; “Porque O Senhor corrige ao que ama, e açoita a qualquer que recebe por filho.” Heb 12;6 “Eu repreendo e castigo a todos quantos amo; sê, pois, zeloso e arrepende-te.” Apoc 3;19

Enfim, se há alguns que se pretendem de boa vontade, entendam que estamos de tal modo, impregnados em práticas adversas ao Divino querer, que carecemos profunda e cabal desintoxicação dessas coisas mundanas, para, enfim, aprendermos a Vontade do Criador.

Paulo amplia: “Rogo-vos, pois, pela compaixão de Deus, que apresenteis vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional; não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação dos vosso entendimento, para que experimenteis a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.” Rom 12;1 e 2

Se houvesse algum “albino” de boa vontade, desse não seria requerido o “Negue a si mesmo”. Contudo, a boa vontade do Pai requer que a nossa seja mortificada na cruz. Sem isso, não haverá Natal.
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Os desobedientes


“... porquanto rejeitaste a Palavra do Senhor, já te rejeitou O Senhor, para que não sejas rei sobre Israel.” I Sam 15;26

Quando do êxodo, o povo de Amaleque cometera pilhagens várias, assassinatos, atacando velhos e doentes que marchavam na retaguarda. Essa covardia facilitara às pilhagens que cometiam, sem carecer um enfrentamento mais duro. O Senhor silenciara.

Porém, estabelecido o povo no seu lugar, ordenou a Saul que varresse aqueles latrocidas da face da terra. Humanos e animais todos deveriam ser extintos. Mas ao ver o viço dos rebanhos de Amaleque, alguns sucumbiram à cobiça, sob a permissão de Saul, e pouparam os animais para “oferecer ao Senhor”. Também ao rei Agague, trouxeram vivo, malgrado, a sentença de morte.

(a hipocrisia tenta mascarar a desobediência com alguma nuance virtuosa. Os animais que ofereceriam “ao Senhor”, seriam eles que comeriam) O Senhor diz: “Se Eu tivesse fome não te diria; pois, Meu é o mundo e toda sua plenitude. Comerei carne de touros ou beberei sangue de bodes?” Sal 50;12 e 13

Após o retorno de Saul com uma obediência parcial, que a rigor, foi desobediência, Samuel lhe disse as palavras aquelas. Porque rejeitaste a Palavra do Senhor, Ele te rejeitou para governar.

Não significa que os governantes da Terra sejam seguidores do Eterno. Embora presida sobre tudo, O Senhor permite as escolhas que aprouverem aos povos. Porém, no que tange estritamente ao Seu Reino, a Igreja, quem rejeitar Sua Palavra, ainda que, parcialmente, estará desqualificado.

Não apenas a aptidão para governar, os que rejeitam À Palavra, abdicam da sabedoria também. Jeremias apreciou uns que, escreviam muitas coisas “espirituais” tentando atrair o povo, invés de o conduzir pela Palavra. “Como, pois, dizeis: Nós somos sábios, e a Lei do Senhor está conosco? Eis que, em vão tem trabalhado a falsa pena dos escribas. Os sábios são envergonhados, espantados e presos; rejeitaram À Palavra do Senhor, que sabedoria, pois, têm eles?” Jr 8;8 e 9

Salomão disse: “O temor do Senhor é princípio da sabedoria...” Prov 1;7 então, “Confia no Senhor de todo teu coração, não te estribes no teu próprio entendimento.” Prov 3;5 Nós carecemos nos adequar À Palavra, não o contrário.

Existem muitas formas de rejeitá-la fingindo obedecer, como fizeram aqueles. Alguns parecem querer ajudar ao Eterno em Suas “fraquezas”, uma vez que “os tempos são outros” também a Palavra Dele careceria ser “atualizada”. O Eterno teria sido surpreendido pelo curso do tempo, careceria de ajuda. (?)

Paulo, que foi feito expoente de grande parte do Novo Testamento, tinha outra percepção: Se, aos gregos, amantes da filosofia, com sua mitologia eivada de deuses imortais, a ideia que O Deus Todo Poderoso ficasse ao alcance da mão humana, se deixando matar, era loucura, observou: “Porque a loucura de Deus é mais sábia que os homens; e a fraqueza de Deus, é mais forte que eles.” I Cor 1;25 Disse mais: “Visto como na Sabedoria de Deus o mundo não O conheceu pela Sua Sabedoria, aprouve a Ele salvar aos crentes pela loucura da pregação.” I Cor 1;21

Aquele que “anuncia o fim desde o princípio”, seria surpreendido pelo desenrolar da maldade humana ao longo do tempo? Ou, O que É Perfeito em Sabedoria, seria suplementado por alguns melhoramentos vindos das nossas mãos?

Também os pretensos editores da Palavra da Vida têm seus “motivos nobres” para fazer isso. Invés de desobediência, o que pretendem é “atualizar” ao que estaria superado pela nova “moralidade”; não para pervertê-la, antes, para “incluir” um monte de “gente boa” que estaria ficando de fora, se a Palavra fosse observada nos moldes originais. Oportuna a pergunta de Abraão: “... Não faria justiça O Juiz de toda a Terra?” Gn 18;25

Pois é. Algumas percepções antiquadas careceriam ser modernizadas também; como a de Agur: “Toda A Palavra de Deus É Pura; escudo é para ao que confiam Nele; nada acrescentes, às Suas Palavras, para que não te repreenda e sejas achado mentiroso.” Prov 30;5 e 6

Enfim, a correção que coube ao teimoso Saul, achando que a desobediência poderia ser “compensada” pelos ímpios atalhos da mão humana, inda vale: “... tem, porventura, O Senhor tanto prazer em holocaustos e sacrifícios, quanto, em se obedeça à Sua Palavra? Eis que o obedecer é melhor que o sacrificar, e atender é melhor que a gordura de carneiros.” I Sam 15;22

Ademais, se invés de obedecer aos Divinos preceitos, em tudo, inclusive na sexualidade, alguém pode ser “incluído” por ser gente boa, pelas demais coisas que faz, teríamos a doutrina da salvação pelas obras, invés de pela fé, em obediência à Palavra.

É pela fé. Essa remete ao “caminho estreito”; o resto, por bem intencionado que pareça, é desobediência.

terça-feira, 24 de dezembro de 2024

O espírito do Natal


Outro dia, deparei com uma frase espirituosa, que me fez pensar. Dizia: “A diferença entre o Halloween e o Natal é que naquele, fingimos ser maus; nesse, fingimos ser bons."

Entre um fingimento e outro, acho que quando nos paramentamos de maus, estamos mais próximos da verdade. A Palavra de Deus ensina: “Não há um justo sequer.” Os que se incomodam lendo isso são os que, mais rápido testificam que é verdade. Pois, atribuem à Palavra de Deus, erros; e a Ele, imperfeição. Pior que mau, isso é blasfemo.

A maioria dos cristãos ainda não entendeu que somos chamados para confrontar o mundo, não, nos alinharmos a ele. “Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu; mas porque não sois, antes, Eu vos escolhi do mundo, por isso é que o mundo vos odeia.” Jo 15;19 

Não que devamos ser mal educados, enxeridos, deselegantes; mas, podemos ser diferentes pelo exemplo, e saber expor os motivos, se inquiridos.

Alhures, a institucionalização da hipocrisia, saudações “amorosas” dos que se detestam, faz parte do pacote, do dito “Espírito do Natal”.

Os que levam Jesus Cristo a sério, mesmo dentro das suas casas encontram oposição. “Cuidais que vim trazer paz à Terra? Não vos digo, antes, dissenção. Porque daqui em diante estarão cinco divididos numa casa; três contra dois, e dois contra três. O pai estará dividido contra o filho, o filho contra o pai, a mãe contra a filha, a filha contra a mãe; a sogra contra a nora e a nora contra sua sogra.” Luc 12;51 a 53

Portanto, essa história que o Natal é o tempo das famílias unidas requer, na maioria dos casos, a ausência do Senhor. Sob a batuta do Noel, toda falsidade é encorajada.

Jesus Cristo estando, deixa em maus lençóis aos que vivem em trevas; Ele é a Luz. “Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz; não vem para luz, para que suas obras não sejam reprovadas.” Jo 3;20 Um cristão autêntico acaba sendo o proverbial “soldadinho-do-passo-certo” onde o mundo marca sua cadência.

O máximo de “luz” que o Natal do Noel consegue são essas miríades chispantes “Made in China”, que obram o disfarce das trevas espirituais reinantes. A Luz de Cristo não fulge alguns dias apenas; brilha no caráter, nas ações, não nas fachadas.

Os “cristãos” natalinos, que se atiram sobre essa parafernália amoral, aos moldes do mundo, invés de estar contextualizando sua fé, como pretendem alguns que fazem certas ressalvas para ser iguais ao mundo, estão apenas se amoldando à hipocrisia reinante, por incapazes de suportar, inda que de forma tênue, o “vitupério de Cristo.”

Muitos gostariam de criticar severamente a um texto como esse, mas não farão; fazendo acabariam “assinando recibo” de que o mesmo é verdadeiro e os incomoda.

Estou perplexo por constatar que não somos capazes de resistir nem às seduções mínimas; como será quando o sedutor mor se levantar e praticar com “sabedoria”, na pele do Anticristo?

Quantos cartões com votos de “Feliz natal” serão enviados entre adúlteros, mentirosos, promíscuos, corruptos, ladrões, farsantes...
Cristo é mais seletivo em Seus “votos”; invés de um “Feliz Natal” indiscriminado, a qualquer um, para ser agradável, ele o faz de modo seletivo, por ser verdadeiro: “Felizes os pobres de espírito; (humildes) Felizes os limpos de coração, os que têm fome e sede de justiça, os perseguidos por causa do Meu Nome, os pacificadores...” Mateus cap 5ss

Desgraçadamente nessas épocas a morte usa tarrafas invés de anzóis; basta ver o acidente em Minas Gerais com mais de quarenta mortos, a avião em Gramado dos que foram em busca do “Natal”, a queda da ponte no Rio Tocantins, etc. Seria esse “avivamento” da morte um testemunho da atuação do “Espírito do Natal”?

Ora, fazer caridade socorrer aos desvalidos é virtuoso sempre, sobretudo se o fizermos sem chamar o aplauso humano, apenas diante de Deus. Essa tentativa de ficarmos “bonzinhos” por um dia e vivermos os demais às nossas ímpias maneiras, só piora nossa já ruim situação.

Não significa que as luzes dispostas nas praças e fachadas não formem coisas belas ante nossos olhos. Mas, quem crê em Jesus Cristo tem outro tipo de visão. “Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se espera, e aprova das coisas que não se vê;” Heb 11;1

Embora respeite aos que fazem decorações de Natal, só consigo admirar aos que deixam O Senhor, não o Menino Jesus, adornar suas almas para que, capacitados por Ele produzam, enfim, o fruto do Espírito, para a Glória de Deus, em todos os dias do ano. Assumindo cada um, as suas maldades e se arrependendo delas, aprendendo a bondade segundo O Senhor.

O lamaçal


“Tirou-me dum lago horrível, dum charco de lodo, pôs meus pés sobre uma rocha, firmou meus passos.” Sal 40;2

Para alguém poder falar dessa forma, carece antes de mais nada, saber a diferença entre lodo e Rocha. Quem não sabe uma coisa assim tão elementar? Acontece que aqui, são figuras de linguagem, descrevendo uma situação moral, espiritual. Para tanto, quem não aprender a ver as coisas como O Santo vê, terá problemas em identificar corretamente, a cada uma.

Tendem as pessoas a ver e valorar às coisas a partir de si mesmas; “A moral do lobo é comer ovelhas, como a moral da ovelha é comer grama.” Escreveu Anatole France. A inversão de valores é o derivado natural, do vício humano de endeusar às próprias percepções, legitimar predileções, alheio ao Eterno.

A percepção particular da vida, acaba valorando ao ser, por inteiro. O Salvador ensinou: “A candeia do corpo são os olhos; de sorte que, se teus olhos forem bons, todo teu corpo terá luz; se, porém, teus olhos forem maus, teu corpo será tenebroso. Portanto, se a luz que há em ti são trevas, quão grandes serão tais trevas!” Mat 6;22 e 23 Percepções segundo a natureza, não segundo Deus, colocam a mercê do príncipe das trevas que domina sobre a natureza caída.

Paulo descreveu a saga humana, como estando nós restritos a um limite de tempo e espaço, para buscar a Deus; “... se, porventura, tateando o pudermos achar...” Atos 17;27 A cegueira espiritual do homem alienado do Eterno.

“O caminho dos ímpios é como a escuridão; nem sabem em que tropeçam.” Prov 4;19 Em contraponto, os que são justificados em Cristo, pouco a pouco são capacitados a ver as realidades espirituais; “A vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais, até ser dia perfeito.” V 18 Esse ditoso pode deplorar o fato de ter estado na lama, porque a consegue identificar; passa a ser firmado nos valores Divinos, a Rocha.

Invés de ficar saudoso rebuscando o passado e contando as barbáries pretéritas, como os que se orgulham se ser ex isso, aquilo, um convertido deixa pra lá as coisas da lama e avança para outras melhores. “Que fruto tínheis então, das coisas que agora vos envergonhais?” Rom 6;21 O passado causa vergonha, não é motivo para ser rebuscado.

Não se trata a conversão, de mera mudança de habitat. Aquele que pretender sair do seu ambiente natural e vir a Cristo, sem uma mudança sobrenatural, o novo nascimento da água e do Espírito, até poderá figurar por um tempo, mercê de conveniências, ou patrocinado por habilidades teatrais. Mas, chegará uma crise, a prova, e nessa, a vera essência sairá à luz. Por isso, o salvo, além de evitar maus conselhos, ambientes, companhias, deve buscar a edificação no Senhor; “Tem seu prazer na Lei do Senhor e nela medita dia e noite.” Sal 1;2

Pedro aprecia uns que até saíram do lodo para a Rocha, mas continuaram acariciando a saudade da lama, invés de adotarem nova dieta, sóbria, espiritual; em dado momento, migraram de volta ao lixão do qual haviam saído.

“Porquanto, se depois de terem escapado das corrupções do mundo, pelo conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo, forem outra vez envolvidos nelas e vencidos, tornou-se o último estado, pior que o primeiro. Porque melhor lhes fora, não conhecerem o caminho da justiça, do que, conhecendo-o desviarem-se do santo mandamento que lhes fora dado. Deste modo sobreveio-lhes o que por um verdadeiro provérbio se diz: o cão voltou ao próprio vômito, a porca lava ao espojadouro de lama.” II Ped 2;20 a 22

A não adoção da dieta ovina preservou a índole do cão. Embora alguns advoguem que não se pode perder a salvação, os que isso fazem sequer haviam se convertido, as reiterados exortações à perseverança apontam noutra direção.

Pois, os que vieram e fruíram de Cristo retrocedendo, valoraram à Rocha como inferior à lama; “Porque é impossível que os que já uma vez fora iluminados, provaram o dom celestial, se fizeram participantes do Espírito Santo, provaram a boa Palavra de Deus, as virtudes do século futuro e recaíram, sejam outra vez renovados para arrependimento; pois, assim, quanto a eles, de novo crucificam O Filho de Deus e O expõem ao vitupério.” Heb 6;4 a 6

Antes que, de atitudes, a conversão requer mudança de mentalidade; “Deixe o homem ímpio seus caminhos, e homem maligno os seus pensamentos e se converta ao Senhor...porque os Meus pensamentos não são os vossos, nem os vossos caminhos os Meus, diz O Senhor.” Is 55;7 e 8

Antes de tirar os pés da lama, O Eterno tira a lama das mentes.
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segunda-feira, 23 de dezembro de 2024

Fés terceirizadas


“Ao terceiro dia, levantou Abraão seus olhos e viu o lugar de longe.” Gn 22;4

Deus ordenara que ele fosse a Moriá, a lá oferecesse seu filho Isaque em holocausto. Impressiona o quão lacônica a narrativa bíblica é; num verso ordena o inusitado e doloroso sacrifício; no seguinte mostra ele agindo, como se nada demais tivesse se passado durante a noite. “Então, levantou Abraão pela manhã, de madrugada, albardou seu jumento, tomou consigo dois dos seus moços, e Isaque, seu filho; cortou lenha para o holocausto, levantou-se e foi ao lugar que Deus lhe dissera.” V 3

Se fosse uma narrativa estritamente humana, a dura e insone noite do velho Abraão daria uns cinco capítulos de novela. Cogitações, altercações, confissões, quiçá, planos alternativos, temores, resmungos poderiam fazer parte de uma noite em claro, de quem colocaria os próprios sentimentos em contraponto à ordem recebida. Não foi assim.

Por certo, grande peso emocional abalou-o; mas fiel como era, levantou cedo e se dispôs a fazer o que fora ordenado. Pior que a dor emocional de sacrificar ao próprio filho, ainda concorria toda uma logística difícil; munir-se dos meios, cortar lenha e caminhar três dias até chegar ao local indicado. Isso, por si só bastaria para que muitos desistissem de um relacionamento com O Altíssimo, por achar duro demais. Nenhuma dificuldade o deteve; no terceiro dia chegou à base do monte, que ainda carecia ser galgado.

Eram homens de outra fibra. Lembro o incidente de Naamã, quando, tendo buscado por Eliseu desejando ser curado da lepra, se decepcionou porque, invés de ser recebido com honras, o profeta apenas enviou-lhe um moço servidor dizendo que ele mergulhasse sete vezes no Jordão, para ser curado.

Tal indiferença de Eliseu ante um militar tão graduado feriu seu orgulho; tencionava voltar para casa. Um dos seus servos, contudo, insistiu: “Se ele tivesse ordenado algo difícil, porventura não o farias?” Então, por que não mergulhar sete vezes, algo tão fácil? Ante a lógica do argumento ele cedeu, fez o que foi ordenado e acabou restabelecido em plena saúde.

Voltando à ideia dos homens de outra têmpera, (os raízes) eles tendiam a recuar ante o que parecia demasiado fácil, ou desonroso; não, diante do difícil. Como citou Dave Hunt, o que nos está preparado no devir é “glorioso demais para ser fácil.” Por isso os fujões ante as dificuldades desagradam a Deus. “O justo viverá pela fé; se ele recuar, a Minha Alma não tem prazer nele.” Heb 10;38

O que foi demandado de Abraão, requeria uma renúncia extraordinária. Certamente sofreu os abalos naturais de uma saga tão pesada; todavia, não recuou. Quando estava prestes a consumar o ato, O Anjo do Senhor o impediu, provendo um cordeiro em lugar do menino. O Eterno não desejava o filho morto; apenas, que Abraão afirmasse sua fé e obediência às últimas consequências.

Muitos tentaram ancorar suas vidas erradas numa espécie de herança espiritual, como se bastasse ser descendente de Abraão, para possuir o valor dele. Jesus disse: “... se fôsseis filhos de Abraão, faríeis as obras de Abraão.” Jo 8;39 deixando patente que não eram laços de sangue, mas identidade espiritual que contava.

João Batista fora além: “Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento, e não comeceis a dizer em vós mesmos, temos a Abraão por pai; porque eu vos digo que até destas pedras, Deus pode suscitar filhos a Abraão.” Luc 3;8

Hoje, os “cristãos” de língua pretendem ancorar todos os seus anseios em “Nome de Jesus”, O Nobre “descendente” de Abraão.

Também não basta o Nome, como ensinou Paulo: “Todavia, o fundamento de Deus fica firme tendo este selo: O Senhor conhece os que são Seus; qualquer que profere o Nome de Cristo, aparte-se da iniquidade.” II Tim 2;19

Essa coisa leviana de terceirizar o relacionamento com Deus, tipo, o pastor, o bispo, ou profeta, orará por mim, e tudo ficará bem, é um triste testemunho de uma geração sem valor, apegada ao comodismo reles, onde deveria primar pela honra, pelo valor excelso das coisas em jogo. 

Os “Naamãs” de hoje colocariam de cara sete fotos no “History” felizes por ter sido muito fácil. Apenas não fariam uma marcha da Síria a Israel. Mergulhariam na piscina de casa e mandariam vídeos ao profeta.

Depois de alistar aos heróis da fé que deram suas vidas por amor a Deus, o texto bíblico afirma: “Ainda não resististes até o sangue, combatendo contra o pecado.” Heb 12;4

A Divina Graça pagou o que não podíamos; a necessária santificação requer que renunciemos o que podemos, capacitados pelo Espírito Santo.

Também foi provido um Cordeiro para nos poupar a vida; mas só a obediência irrestrita deixa evidentes os filhos de Abraão.

O tempo de Deus

“A Glória do Senhor repousou sobre o monte Sinai, e a nuvem o cobriu por seis dias; ao sétimo dia, chamou a Moisés do meio da nuvem.” Ex 24;16 Antes, dissera: “Sobe a Mim ao monte e fica lá; dar-te-ei as tábuas de pedra, a Lei...” v 12

A subida de Moisés não fora de sua iniciativa; antes, Deus ordenara que ele o fizesse. Natural à perspectiva humana, precipitada, considerar que Deus o estaria esperando; que lá chegando, O Eterno presto se poria a falar, sobre as instruções necessárias. Entretanto, o texto informa que, durante seis dias, apenas a nuvem o cobriu; somente ao sétimo dia, O Senhor o chamou.

Há uma diferença de tempo, entre o homem finito e O Eterno. Aquilo que nos parece moroso, para Ele não é. Quem tenciona se aproximar do Santo deve aprender, que isso só é possível nos Seus termos.

Por razões da Sua Sabedoria, O Altíssimo manifesta predileção pelo número sete. Quem ler o Apocalipse com atenção verá sobejas provas disso. Se Aquele que fez o mundo em seis dias e descansou ao sétimo, decidiu “assinar” assim Suas obras, mesmo o relacionamento com o povo eleito, quem poderia questionar Seus motivos?

Moisés viera da cultura egípcia onde crescera em meio ao politeísmo idólatra. Que mal havia se, O Criador desejara pintar naquele encontro, ainda, algumas nuances atinentes à criação?

Antes de receber a Lei, propriamente, o homem deve receber a noção de que as coisas atinentes a Deus, obedecem ao tempo Dele, não aos anseios nossos. “Confia no Senhor de todo o teu coração, não te estribes em teu próprio entendimento.” Prov 3;5

Além de marcar a necessária distância entre criatura e Criador, isso mostra que, mesmo a perfeita intimidade em obediência, ainda deve ser humilde, reverente, submissa.

Na maioria das vezes Ele que espera por nós, não obstante, isso. Não porque sejamos importantes; antes, porque Ele estabelece soberanamente, condições que, se não preenchidas tolhem que nos abençoe. De um desencontro assim, disse certa vez: “Dores de parto lhe sobrevirão, (a Efraim) ele é um filho insensato, porque é tempo, e não está no lugar em que deve vir à luz.” Os 13;13 Mesmo sendo chegado o tempo, Deus esperaria que o povo tomasse necessária posição, antes de o iluminar.

Não poucas vezes O Eterno espera pela mudança de atitude dos errados de espírito, pelo arrependimento dos que agem impiamente; “Irei e voltarei ao Meu lugar, até que se reconheçam culpados e busquem à Minha Face; estando eles angustiados, de madrugada Me buscarão.” Os 5;15 Angústias seriam poupadas, se tivéssemos melhor noção das coisas relativas ao Senhor.

Por Isaías, disse: “Por isso, O Senhor esperará para ter misericórdia de vós; por isso se levantará para se compadecer de vós porque O Senhor É um Deus de equidade, bem aventurados todos, os que Nele esperam.” Is 30;18

Agora temos uma espera mútua. O Senhor espera para ter misericórdia daqueles que, Nele esperam. Digamos que Ele dá tempo para a maturação da nossa fé. Se os resultados de crer fossem imediatos, nem mesmo fé seria; mas mera troca comercial. “A fé é o firme fundamento das coisas que se espera, e a prova das que se não vê.” Heb 11;1

O salmista contou um evento em que “madurou” seu crer em meio a um lamaçal, do qual, uma vez testada e aprovada sua fé, foi liberto enfim. “Esperei com paciência no Senhor, Ele se inclinou para mim e ouviu meu clamor. Tirou-me dum lago horrível, dum charco de lodo, pôs meus pés sobre uma rocha, firmou os meus passos; e pôs um novo cântico na minha boca, um hino ao nosso Deus; muitos verão, temerão e confiarão no Senhor.” Sal 40 1 a 3

Então, mesmo se, tendo feito tudo certo, em obediência aos Divinos mandados, ainda assim, parecer que Deus está distante, que não quer falar conosco, nos mantenhamos confiantes. No tempo que julgar oportuno Ele o fará. Como disse a Habacuque, “se tardar, espera.”

A Moisés dissera: “Sobe a Mim ao monte e fica lá...” até que uma nova instrução fosse dada, essa bastaria. Nele somos chamados à vida eterna. Porque sucumbiríamos aos açodos dos que têm pouco tempo? Para Ele, ensina Pedro, mil anos são como um dia, e um dia como mil anos. Se resolveu, como a Moisés, deixar a humanidade sob a “nuvem” por seis dias, já vislumbramos a aurora do sétimo, onde claramente falará.

Outrora, o fez para dar Sua Lei; breve o fará para tornar manifesto o Seu Juízo. “Então voltareis e vereis, a diferença entre o justo e o ímpio, entre o que serva Deus e o que não o serve.” Ml 3;18