“Quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe pelas concupiscências do engano;” Ef 4;22
Conselhos sobre o que convém aos convertidos.
“... quanto ao trato passado...” A conversão que não for um divisor de águas, entre o modo natural e raso, e o novo nascimento, que traz à cena o homem espiritual, precisa ser avaliada se, deveras, aconteceu.
Se, vícios de outrora seguirem pujantes, invés de se tornarem reminiscências de um modo de vida superado, pode ser que a decisão por Cristo não tenha sido entendida em sua totalidade.
Escrevendo aos romanos, Paulo não cogitou que as coisas pretéritas seguissem atuantes; apenas, perguntou num desfio retórico, pelo resultado delas. “Que fruto tínheis então das coisas de que agora vos envergonhais? Porque o fim delas é a morte.” Rom 6;21
Não significa que, uma vez convertidos tudo se muda abruptamente; santificação é um processo longo de aprendizado e obediência. Mas sempre que algum resquício do lamaçal se insinuar, O Espírito Santo lembrará nossa posição em Cristo; nos capacitará a andar conforme ela. Quando falharmos nos chamará ao arrependimento; jamais, à validação do erro, como uma coisa normal.
“... vos despojeis do velho homem...” Despojos eram “troféus” de guerra; bens que os vencedores tomavam dos vencidos como consequência natural de terem triunfado na peleja. Despojar, também significa deixar de lado, abrir mão, lançar fora. Esse é o sentido aqui.
O “novo nascimento” resulta da vitória de Cristo, contra o pecado que nos escravizava; o velho homem que se esbaldava nessas coisas sem compromissos com O Senhor, acaba banido, como um traste de pífio valor, que é melhor ser descartado. Pois, sua companhia atrapalharia ao crescimento do que foi regenerado.
Onde grassava a humana maneira de pensar com seus valores rasos e iníquos, os Divinos pensamentos devem receber assento. “Porque os Meus pensamentos não são os vossos, nem os vossos caminhos os Meus, diz O Senhor. Porque assim como os Céus são mais altos que a Terra, são Meus caminhos mais altos do que os vossos, e Meus pensamentos mais altos do que os vossos.” Is 55;8 e 9
Por isso, no verso seguinte Paulo acrescenta: “vos renoveis no espírito da vossa mente;” v 23
Ou, renoveis a vossa maneira de pensar. Conversão que, não adota A Palavra de Deus como norte forjará uma alma desnorteada. Uma bússola quebrada é pior que um relógio quebrado. Esse ainda acerta a hora duas vezes ao dia. A bússola errônea coloca tudo a perder. Assim, quem deixa a inerrância da Palavra por descaminhos humanos, ainda que, eventualmente, soem mais convenientes.
Por isso o “sine qua non” da salvação é o “negue a si mesmo”. A direção deve ser do Senhor. Aquele que “se converteu” e continua querendo as coisas a sua maneira, apenas se convenceu. “Eu sei, ó Senhor, que não é do homem seu caminho; nem do homem que caminha, dirigir seus passos.” Jr 10;23
“... que se corrompe...” Parece haver certa contradição aqui. “se” traz a ideia de incidir sobre si mesmo; e “corrompe” a de uma ação conjunta de romper com, em parceria com outrem. Porém, a contradição é apenas verbal.
Acontece que, o pecado tem um mentor que o patrocina, o inimigo. Sempre que rompemos com os mandamentos de Deus, sua mentoria terá tido efeito sobre o velho homem que inda respira, e voltará por um momento ao antigo consórcio, pecando.
Assim o homem “se corrompe” porque faz mal a si mesmo; “corrompe” porque rompe aos preceitos em parceria com o capiroto.
“... pelas concupiscências do engano.” Ou seja: Por cobiçar aquilo que é mal, sendo convencido que é bem, de alguma forma.
O que é a nefasta inversão de valores que grassa, senão, fruto do longínquo consórcio do homem ímpio com o canhoto, tentado situar o bem, num lugar que não está? A simples necessidade de repetição contumaz do vício que transforma seu exercício, além de deletério, contraproducente, como fazer buracos n’água, deveria bastar já para se ver que é mal. Todavia, o engano dum rasgo de prazer pontual, basta, como grades de uma prisão onde o preso deseja ficar.
Isso porque, “... o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do Evangelho da Glória de Cristo, que é a Imagem de Deus.” II Cor 4;4
O velho homem deseja o engano, o renascido anseia por Cristo, não porque Ele não sacie; antes, pelo prazer do relacionamento. Ele não deixa margem para outros anseios. “Aquele que beber da água que Eu lhe der nunca terá sede, porque a água que Eu lhe der se fará nele uma fonte que salte para a vida eterna.” Jo 4;14
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