domingo, 25 de maio de 2025

Caçador x produtor


“O ímpio deseja a rede dos maus, mas a raiz dos justos produz o seu fruto.” Prov 12;12

Dois tipos antagônicos, os maus e os justos, com métodos distintos de aquisição. O mero extrativismo, que pesca e caça o que não produziu, usando redes, e o que cultiva a terra em demanda pelo pão. O primeiro depende da eficácia das suas armadilhas; o segundo, do contraponto do seu trabalho, em consórcio com o clima, para produção eficaz e a manutenção da vida.

Qualquer semelhança entre o “socialismo” que, com suas redes ideológicas estrategicamente dispostas, vive à caça das riquezas alheias; e o empreendedorismo, que, busca prosperar mediante o trabalho, não é coincidência; é o desdobramento moderno, da antiga sentença escrita por Salomão. Também a adjetivação dos primeiros como ímpios, e dos outros como justos, é necessária.

Afinal, o que é mais ímpio que, o anseio de possuir bens alheios, sem méritos, e mais justo que, os produzir, mediante o trabalho?

Desde idas épocas se lança aos ventos a balela pela “igualdade”, como se, essa cantilena fosse a mais bela declaração de isonomia, e equilíbrio de direitos. Sempre os proponentes desse assalto disfarçado de “justiça Social” apontam para a colheita dos justos que trabalharam para gerá-la; nunca ouvi um desses requerendo igualdade quanto ao plantio.

Sócrates chamava a esses que, nada produzem e a muitos usurpam, de “zangões sociais.”

A Palavra de Deus, (embora grande parte do catolicismo tente fundi-la ao comunismo, como fazem os da Teologia da Libertação), nada prescreve no sentido de que tratemos como iguais, aos que se comportam de modos distintos. Aristóteles sentenciou: “A pior forma de desigualdade é considerar iguais, aos que são diferentes.”

A Abraão, se atribui um dito, pelo qual, a Justiça Divina passaria longe desse tipo de “igualdade”. “Longe de ti que faças tal coisa, que mates o justo com o ímpio; que o justo seja como o ímpio, longe de ti. Não faria justiça o Juiz de toda a terra?” Gn 18;25 Aos olhos da reta justiça, zangões e abelhas embora, muito semelhantes, habitantes das mesmas colmeias, são animais distintos.

“Não seguirás a multidão para fazeres o mal; nem numa demanda falarás, tomando parte com a maioria para torcer o direito. Nem ao pobre favorecerás na sua demanda.” Gn 23;2 e 3 A justiça não pretende ser social; apenas, justa.

Paulo foi enfático na diatribe à vadiagem: “Porque, quando ainda estávamos convosco, vos mandamos isto, que, se alguém não quiser trabalhar, não coma também.” II Tess 3;10 Essa regra poderia ser aplicada ainda. Salva alguma peculiaridade especial, onde, o assistencialismo seja indispensável, no mais, que cada um colha conforme plantar.

Em desventurosas situações, como a que vivemos atualmente, onde, a administração do mel está toda sob os “cuidados” dos zangões, a corrupção que deveria ser um incidente pontual, alarmante, a despertar pronta reação, vira regra.

Assim, vemos que, os pleitos mais veementes da “Zangocracia” são para que não se investigue, antes, se dilua a culpa “ad infinitum”; fique o feito por não feito. Basta que os laboriosos produzam mais, malgrado, seu apetite seja insaciável.

As abelhas do Agro, precisam zumbir aos quatro ventos, para que suas dívidas de um ano ruim, em que suas raízes deram uma resposta baixa, sejam renegociadas, para que não percam parte da sua estrutura e possam seguir produzindo seu mel costumeiro.

Mas, diria o Simplício, “ano que vem teremos eleições e poderemos mudar isso.” Se, os zangões seguirem “contando os votos” como fizeram na última vez, seguirão “invencíveis.”

É preciso um caráter forjado com rígida têmpera, para, vendo tanta injustiça, tanto triunfo da maldade, o homem íntegro permaneça assim. Os zangões desconhecem limites; não conseguem ser comedidos nas pilhagens.

Em dias semelhantes, suponho, Ruy Barbosa cunhou sua célebre ironia: “De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto.”

Talvez a expressão mais antiga, conhecida, de vergonha alheia. Pois, um homem honesto não se envergonha de sê-lo. Porém, desanimar da virtude é um risco a ser considerado; Deus o considera. 

Por isso assegura a finitude do poder dos zangões; “Porque o cetro da impiedade não permanecerá sobre a sorte dos justos, para que o justo não estenda suas mãos à iniquidade.” Sal 125;3

Mesmo que demore mais do que desejaria nossa sôfrega vontade, a rede dos maus será enfim, desfeita; a raiz dos justos continuará a frutificar.

Foi o mesmo Ruy que sentenciou: “A justiça pode irritar porque é precária. A verdade não se impacienta porque é eterna.”

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