Dentre as qualidades aconselhadas por Pedro, vou me ater à temperança.
O que é um homem temperante? Alguém moderado, comedido, prudente, parcimonioso, equilibrado. A falta dessa virtude leva a exageros; de um lado patrocina o fanatismo; de outro, pode ensejar o ceticismo de negar a Deus, malgrado, as gritantes evidências.
Naturais as punções em direção à fé e à dúvida. Nada de errado em seres dotados de cérebros, que foram criados para ser usados.
Porém, é comum vermos pessoas pegando premissas verdadeiras, e por falta de temperança, arrastando-as a conclusões desastrosas. Que o sal é bom, indispensável à boa mesa, ninguém duvida. No entanto, caso não seja administrado na justa medida, estragará o alimento. Spurgeon dizia: “Uma coisa boa não é boa, fora do seu lugar.” Nesse caso, fora da sua medida.
“Deus não precisa dinheiro”; verdade. Ele mesmo diz: “Se tivesse fome, não te diria, pois Meu é o mundo e toda sua plenitude.” Sal 50;12 Soa obtuso como o sujeito que disse: “Não estou preocupado com a Petrobrás; eu não como petróleo.”
Os “bens” que O Eterno busca dentre os Seus, são afetivos; os que se apegam em materiais mais do que amam Ele, quando testados nessas coisas verão claramente a própria nudez. O Eterno não os desnuda para envergonhar; antes para que entendam que carecem ser revestidos.
“Não habita em templos feitos pelo homem”; outra afirmação verdadeira. O Salvador ensina: “... Se alguém Me ama, guardará Minha Palavra; Meu Pai o amará; viremos para ele e faremos nele morada.” Jo 14;23
Escudados nessa verdade, alguns defensores dos “desigrejados” extremam tanto, que, se revoltam contra a ideia de congregarmos nalgum templo; fazem parecer que os frequentamos porque Deus moraria lá; nada pode ser mais estúpido. Cultuamos a Deus em união, como Ele disse que deve ser. Sal 133
“Dízimo era coisa da lei; vivemos na Graça”. Aqui nem é questão de temperança, mas de erro de interpretação. O dízimo começou com Abraão, alguns séculos antes da Lei. Foi normatizado nos dias de Moisés, para sustento da tribo de Levi, a “Igreja” daqueles dias.
O que fica nas entrelinhas é que, somente se formos obrigados a algo, o faremos; se Deus nos deixar liberdade de escolha, escolheremos o amor ao dinheiro. Que vergonha!! O mau uso que alguns fazem é outro problema; a falta de transparência é para ser combatida.
“Guardam os mandamentos”; essa postura em particular é dos adventistas; se acham o remanescente fiel. O Apocalipse apresenta o dragão indo “... fazer guerra ao remanescente... que guardam os mandamentos de Deus, e têm o testemunho de Jesus Cristo.” Apoc 12;17
Os mandamentos para eles, são os dez. Jesus reduziu a dois e liberou da guarda do sábado; eles resistem. Se lessem Gálatas e Hebreus com um pouco de luz... O Espírito de profecia, segundo eles, atuou em Ellen White, que teria escrito textos complementares iluminada por Ele.
Jesus ensinou diferente; “Mas, quando vier o Consolador, que Eu da parte do Pai vos hei de enviar, aquele Espírito de verdade, que procede do Pai, Ele testificará de mim.” Jo 15;26 O Testemunho de Jesus é Obra do Espírito Santo.
“Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo.” II Ped 1;21
Uma interpretação melhor temperada livraria aos adventistas de erros grosseiros.
“Pedro foi o primeiro Papa”. Também um destempero teológico, ensejando mais um exclusivismo de salvação institucional invés de o ser, conforma a Palavra, na pessoa Bendita de Jesus Cristo.
Caso a afirmação da Igreja edificada sobre certa “Pedra” soe ambígua, se seria sobre Pedro, ou sobre a afirmação de Pedro que Jesus É O Cristo, Filho de Deus, basta investigar outros textos paralelos. Sobre a ausência de chefões humanos O Salvador disse: “... seus grandes usam de autoridade sobre elas; mas entre vós não será assim...” Mc 10;42 e 43
Na hipótese de ainda restar alguma dúvida acerca da questão, ouçamos o próprio Pedro: “Chegando-vos para Ele, (Cristo) Pedra Viva, reprovada, pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa.” I Ped 2;4
Enfim, a temperança requer interpretarmos à Palavra, sem contorcionismos desonestos tentando fazer com que diga o que não diz.
Pedro ensina que seremos conhecidos pela fé, não por uma instituição. “... Eis que ponho em Sião a Pedra principal da esquina, eleita e preciosa; quem nela crer não será confundido.” I Ped 2;6 Se a Pedra Angular da Igreja foi posta em Sião, por que foi parar em Roma?
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