terça-feira, 26 de agosto de 2025

Heranças e errâncias


“Mas aqueles lavradores disseram entre si: Este é o herdeiro; vamos, matemo-lo, a herança será nossa.” Mc 12;7

Fala atinente à decisão dos religiosos acerca da “necessidade” de matarem a Jesus; temendo perder seu domínio sobre o povo; isso ocorria, dada a popularidade Dele, e de Seus ensinos conflitarem com a hipocrisia deles.

Caifás disse: “... convém que um homem morra pelo povo, e que não pereça toda a nação.” Jo 11;50 A “nação” era o domínio do Sinédrio. Essa balela de se escudar no povo é mui antiga.

Em geral, uma herança é recebida quando alguém morre; legítimos sucessores são chamados a tomar posse dela. No entanto, quando se “apressa” a morte de alguém, de olho nos bens, a coisa assume contornos graves. Os que assim fazem, podem herdar o que não desejariam.

“A herança que no princípio é adquirida às pressas, no fim não será abençoada.” Prov 20;21 Não menciona uma herança recebida; antes, adquirida às pressas, deixando nas entrelinhas que o curso normal foi alterado, arbitrariamente. Que uma morte foi apressada, para dar vez aos anseios de quem queria tomar posse dos bens.

Infelizmente, não poucos, de olho no que pode vir para suas mãos, permitem atos injustos, quando não, praticam. Os bens, mais que a justiça, pesam na escala de “valores” desses. O materialismo exacerbado sempre foi uma doença que colocou a perder valores maiores.

Se, para efeito do teatro da vida, a maioria entoa loas aos “bens que o dinheiro não compra”, no escopo das ações fazem tudo por ele, até ilícitos, mostrando de modo prático, a quem servem, deveras. “Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar um e amar o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom.” Mat 6;24

O Salvador ensinou qual deve ser a ordem, aos que professam servi-lo; “De certo vosso Pai celestial bem sabe que necessitais de todas estas coisas; (materiais) mas, buscai primeiro o Reino de Deus, e sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.” Mat 6;32 e 33

Por uma injustiça ficar impune por muito tempo, não significa que foi “santificada” finalmente, aceita pelo Altíssimo. Saul em seus dias matou alguns gibeonitas, com os quais Josué pactuara a proteção da vida, em Nome do Senhor.

Muito tempo passou, Saul era morto já; então um estio atingiu a Israel, trazendo fome. Informado da causa Davi procurou aos ofendidos; “Disse, pois, Davi aos gibeonitas: Que quereis que eu vos faça? Que satisfação vos darei, para que abençoeis a herança do Senhor?” Pediram a morte de sete descendentes de Saul. Como reparação ao sangue inocente derramado, e foram atendidos. Ver II Sam cap 21

Assim, a larga duração de um ato injusto não significa aprovação; antes, tem a ver com a longanimidade Divina, que espera que mudemos de atitude, nos arrependendo dos maus passos dados, buscando o perdão.

O mesmo Davi que vivenciou aquela punição tardia, escreveu: “Estas coisas tens feito, e Me calei; pensavas que era tal como tu, mas Eu te arguirei, as porei por ordem diante dos teus olhos: Ouvi pois isto, vós que vos esqueceis de Deus; para que Eu vos não faça em pedaços, sem haver quem vos livre.” Sal 50;21 e 22

Ninguém supera ao Eterno, em perdoar; Isaías ensina: “... torne para o nosso Deus, porque Grandioso É em perdoar.” Is 55;7

Porém, quem desejar ser perdoado deve buscar por isso, reconhecendo suas culpas. Aliás, quando da consagração do primeiro templo, Salomão ao pedir que Deus fosse gracioso com os que buscassem perdão, colocou uma condição. “Toda a oração, e súplica, que qualquer homem fizer, ou todo o Teu povo Israel, conhecendo cada um a sua praga, e a sua dor, estendendo as suas mãos para esta casa, então, ouve Tu desde os Céus, do assento da Tua habitação, e perdoa...” II Cron 6;29 e 30

O pedido de perdão veraz, requer arrependimento genuíno, e confissão. Nos apropriarmos do que é indevido, e supormos que, o passar do tempo legitimará aquilo que é ilegítimo,; seria tão amaldiçoado quanto apressar-se a uma herança, ajudando na morte de alguém.

“Ai daquele que, para sua casa ajunta cobiçosamente bens mal adquiridos, para pôr o seu ninho no alto...” Hc 2;9

Cuidado você que repousa sobre bens mal adquiridos, sobretudo, na Obra de Deus. O Senhor que é dono da prata e do ouro não aprova nem compactua com injustiças. “As vossas riquezas estão apodrecidas, as vossas vestes estão comidas de traça. Vosso ouro e a vossa prata se enferrujaram; a sua ferrugem dará testemunho contra vós e comerá como fogo a vossa carne.” Tg 5;2 e 3

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