domingo, 6 de julho de 2025

Fisiologismo "espiritual"


“Depois eles se fartaram em proporção do seu pasto; estando fartos, ensoberbeceu-se seu coração, por isso se esqueceram de Mim”. Os 13;6

Denúncia contra um povo que vivia em apostasia, por que O Eterno os cumulara de fartura.

O casuísmo, os interesses rasos, em pretensos relacionamentos com Deus é recorrente. Buscar pelo Poderoso em momentos de angústia, de carências, e depois esquecer, quando as coisas começam a andar bem, é, precisamente, a situação denunciada.

A fidelidade sazonal, que por um pouco comparece, depois some, não é fidelidade. Assim como a integridade requer um caráter inteiro em todo o tempo, igualmente, a fidelidade demanda uma relação sadia, a despeito das circunstâncias. “... Quando andar em trevas, não tiver luz nenhuma, confie no Nome do Senhor, firme-se sobre o seu Deus”. Is 50;10

Já se empreendeu investigações filosóficas para saber se, é mais fácil servir a Deus em momentos de fartura, ou de privação. O Eterno denunciou a “piedade” momentânea que, no primeiro calor de uma adversidade já some; “... Porque a vossa benignidade é como a nuvem da manhã e como o orvalho da madrugada, que cedo passa”. Os 6;4

O mesmo Pastor que nos leva aos pastos verdejantes e águas tranquilas, deseja que permaneçamos consigo, ainda no vale da sombra da morte, ou, cercados de inimigos.

Um fato inegável é que a natureza humana após a queda foi privada de integridade e maculada por toda sorte de perversões e vícios. Assim, buscamos álibis alhures, para “justificar” lapsos que palpitam dentro de nós. “Fiz isso por que...” e o porquê, nunca está em nossos descaminhos.

Reféns da desonestidade, tanto podemos acusar a Deus de não se importar quando passamos por privações, quanto, esqueceremos Dele, em situações de abastança; pois, “não precisamos”. “...Maldito o homem que confia no homem, faz da carne o seu braço, e aparta seu coração do Senhor!” Jr 17;6

Mais ou menos como o filho pródigo se portou em relação ao seu pai. Na abastança desejou prazeres, invés de permanecer em sadia relação com ele; na miséria e na fome dele se lembrou. Foi melhor assim, que seguir alienado e padecendo; mas, seu “amor filial” ainda tinha um quê de egoísmo latente; preciso de pão.

Que nos refugiemos assim, sob “as asas” do Eterno, tudo bem; Ele nos ama tanto que tolera esse fisiologismo inicial. Encoraja até a pedirmos por socorro em momentos de dor; “Invoca-me no dia da angústia; Eu te livrarei, e tu Me glorificarás”. Sal 50;15 A parte B do verso, em geral, esquecemos.

O Eterno nos desafia à edificação, ao conhecimento Dele, para que aprendamos a amá-lo pelo que Ele É; não apenas para fruirmos do que Ele dá. “Tu Me glorificarás”, vivendo de um modo digno e Me representando perante o mundo, de forma honrosa; isso será Minha Glória. “Assim resplandeça vossa luz diante dos homens, para que vejam vossas boas obras e glorifiquem ao vosso Pai, que está nos Céus”. Mat 5;16

Agur falou como doido por um pouco, elogiando à prosperidade dos ímpios, e “concluindo” que não valia à pena ser fiel a Deus. O fez, apenas para efeito retórico, corrigindo ao modo vulgar de pensar; depois, refez: “Se eu dissesse: Falarei assim, ofenderia a geração de Teus filhos”. Sal 73;15

Os filhos de Deus não O serviram por interesses rasos, antes, se mantiveram fiéis, mesmo não recebendo recompensas, na vida terrena. “Todos estes, (os heróis da fé do Antigo Testamento) tendo tido testemunho pela fé, não alcançaram a promessa, provendo Deus alguma coisa melhor a nosso respeito, para que eles sem nós não fossem aperfeiçoados”. Heb 11;39 e 40

Fizeram as coisas certas no seu tempo e estão num lugar de espera, aguardando-nos, para serem galardoados juntamente conosco.

Em suma, fidelidade é questão de alma, não de circunstâncias. Tanto podemos vivê-la tendo muito, quanto, não possuindo nada. Jó foi acusado de ser fiel por interesses materiais, porque O Eterno o enriquecera; os denunciados acima, se mostraram infiéis na fartura. Logo, essa senhora a fartura nada tem a ver com as escolhas.

Quem confia deveras, no Eterno, não depende de bens materiais para isso; quem descansa nesses, pode profanar O Nome Santo como pretexto, mas no fundo, estará buscando por metais.

O dito “ouro de tolos” é assim chamado porque, tendo a mesma cor que o nobre metal, ilude aos desavisados acerca do seu valor. Pois, não há lugar com mais “garimpeiros” estúpidos, que os ambientes que posam como espirituais.

Não ignoramos as necessidades cotidianas para um digno viver; nem Deus o faz. Entretanto, quem, por descuidado atribui ao dinheiro um valor que ele não tem, fatalmente negará ao Santo, por não ver a preciosidade que Ele É.

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