terça-feira, 27 de maio de 2025

O medo da paz


“... então os anciãos da cidade saíram ao encontro, tremendo e disseram: De paz é tua vinda?” I Sam 16;4

Um movimento de alguém da envergadura de Samuel, que fora juiz até bem perto daqueles dias, causou temor, no “presbitério” de Belém; os anciãos temeram que alguma notícia não muito alvissareira viesse, em companhia do respeitável profeta. Quiçá, algo relacionado à guerra.

As peripécias de Saul, que, começara bem e logo caíra em desobediência, certamente eram públicas. Os assuntos de “Brasília” alcançavam todas as tribos. Tendo sido os anciãos, que, rejeitaram ao governo Divino mediante Samuel, e pediram um rei, quando surgiram problemas na gestão do novo monarca, natural que temessem. Ih, será que fizemos bobagem?

Da rejeição a Samuel encontramos: “Então todos os anciãos de Israel se congregaram, vieram a Samuel em Ramá e disseram-lhe: Eis que já estás velho, teus filhos não andam pelos teus caminhos; constitui-nos, pois, agora um rei sobre nós, para que ele nos julgue, como o têm todas as nações.” I Sm 8;4 e 5

Eram bem plausíveis no âmbito humano, os argumentos deles para querer mudar as coisas. “Tu estás velho; os teus filhos não são do mesmo calibre que tu.” Podiam soar verazes os dois motivos; mas a decisão sobre mudar a forma de governo ou não, era do Senhor.

Sempre que o homem coloca suas mãos, temerariamente, no que não lhe cabe, termina colhendo segundo o insano plantio. O medo é uma boa resposta da “terra”, onde se semeia arrogância, temeridade.

O fato de O Eterno ter ordenado a Samuel que fizesse segundo o conselho dos anciãos, não significa que tenha se agradado daquilo; pois, era desobediência; ingerência indevida. “Dei-te um rei na Minha ira; e tirei-o, no Meu furor.” Os 13;11 É melhor que eventualmente O Eterno nos diga, não! ante um pleito, e permaneçamos em paz com Ele, que responda, sim! tendo ficado irado contra nossa insubmissão.

A certeza que termos culpa no cartório ajuda a ter medo, em casos assim. Como o novo rei fora obra de um pedido de todos os anciãos, então, os de Belém estavam assustados com a inesperada visita de Samuel. “É de paz tua vinda?”

A bem da verdade, o profeta fora enviado para ungir o futuro substituto de Saul, o jovem Davi. Mas, como era uma providência profética, então, que se cumpriria vários anos mais tarde, Samuel foi instruído a omitir isso do povo; revelando apenas à casa de Jessé. A unção de um novo rei havendo um no trono, poderia significar, aos olhos desse, alta traição, motivo para divisão entre o povo, combates até. Mas, reitero, como a unção de Davi mirava ainda, o devir, naquele momento, a visita de Samuel fora de paz.

Sempre estamos prontos para visitas pacíficas; ou, pensamos estar. No caso do Salvador, quando do Seu nascimento os anjos cantaram: “... paz na terra...” Luc 2;14 a proposta reconciliadora que O Salvador traria; quando entrou triunfalmente em Jerusalém para verter Seu Sangue em nosso lugar a canção mudou: As turbas O saudavam, “Dizendo: Bendito o Rei que vem em Nome do Senhor; paz no Céu...” Luc 19;38 A remissão que a Justiça Divina requeria, seria então, feita.

Sua vinda foi amplamente de paz, na terra, e nos Céus; porém, é preciso que, como os anciãos de Belém, temamos, e tenhamos consciência das nossas culpas, e arrependidos aceitemos a remissão que “O Filho de Davi” operou em nosso favor. “Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando seus pecados; e pôs em nós a palavra da reconciliação.” II Cor 5;19

O problema que oblitera a redenção é quando, mesmo estando errados, não reconhecemos, queremos as coisas do nosso jeito. As lideranças judaicas de então, não viram a Jesus Cristo como um embaixador de Paz; antes, como um inimigo. Por não terem recebido a paz proposta, isso custou caro, como lamentou o próprio Senhor: “Dizendo: Ah! se conhecesses também, ao menos neste teu dia, o que à tua paz pertence! Mas agora isto está encoberto aos teus olhos.” Luc 19;42

A vinda do Senhor fora amistosa; mas o fanatismo, a presunção, cegam. “Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, e apedrejas os que te são enviados! Quantas vezes quis ajuntar teus filhos, como a galinha os seus pintos debaixo das asas, e não quiseste? Eis que a vossa casa se vos deixará deserta. Em verdade vos digo que, não Me vereis até que venha o tempo em que digais: Bendito aquele que vem em Nome do Senhor.” Luc 13;34 e 35

A “vinda” do Senhor, onde Sua Palavra é pregada, ainda é reconciliadora; continua, como Samuel, ungindo aos humildes; breve virá julgar.

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