“Amados, se nosso coração não nos condena, temos confiança para com Deus.” I Jo 3;21
A metáfora, “coração” é abrangente. Significa nosso íntimo, o centro da personalidade, emoções, mente e vontade; o verso em apreço, coloca a consciência também, como mente espiritual, cujo andar conforme, requer um coração segundo Deus.
Quando somos intimamente reprovados ao agir mal, quem opera isso não é a nossa mente frágil; é a consciência no Espírito. Paulo usou termos semelhantes: “Em Cristo digo a verdade, não minto, dando-me testemunho, minha consciência no espírito.” Rom 9;1
Mencionou-a como um luzeiro “autônomo” direcionando ações, onde os Divinos preceitos ainda não tinham sido ensinados; citou os que, nada sabendo sobre Deus, manifestavam um agir como se tivessem no íntimo, Sua Lei; “Os quais mostram a obra da Lei escrita em seus corações, testificando juntamente sua consciência e seus pensamentos, quer acusando-os, quer, defendendo-os.” Rom 2;15
Em muitas culturas sem nenhum ensino acerca de Deus, erros como, mentir, furtar, adulterar, desobedecer aos pais, eram condenados; quem os cometia sentia-se culpado, ante o testemunho íntimo do qual não podia se evadir. Essa é a ideia esposada pelo apóstolo.
A consciência foi posta na alma humana com fim de demandar um agir, segundo a luz recebida, e fazer seus hospedeiros, alinhados, de certa forma, aos valores do Criador.
Contudo, onde viceja a sagração da vaca, a adoração do falo, o culto à natureza, não foi a consciência que ensejou isso; a origem dessas crendices é espúria. Uma vez estabelecidos como probos, erros assim, a consciência acusará à desobediência; pois, foi “formatada” inicialmente, para um método, a obediência; malgrado, o mérito.
Mesmo onde viçava a filosofia, a fé também ocupava espaço; entre os gregos com seu vasto Panteon, onde havia deuses para todos os gostos, tinham um altar ao “Deus Desconhecido”, por quê? Certamente, porque as consciências de alguns não se satisfaziam com aquela miscelânea, inócua; identificavam a necessidade de mais. Não apostavam sua segurança em deuses que as mãos humanas poderiam fazer, e desfazer.
Assim, se “nosso coração não nos condena”, deve ser entendido como, se nossa consciência não nos acusa; ainda não é o juízo Divino, porém.
O texto não diz que se nossa consciência estiver em silêncio somos inocentes; antes, fala que, “temos confiança para com Deus...” É isso um bom sinal, apenas; não, um veredicto.
Há casos em que a consciência não acusa, não é pela ausência de culpa. Antes, porque, pela falta de uso, de ser ouvida quando falou, ela acabou cauterizada. Os que endurecem o coração no erro e se recusam a voltar; A Palavra desaconselha que percamos tempo com os tais; “Ao homem herege, depois de uma ou outra admoestação, evita-o; sabendo que esse tal está pervertido, e peca, estando já, em si mesmo, condenado.” Tt 3;10 e 11
Triste quando alguém chega a um estado de endurecimento tal, que já não vale à pena gastar tempo com ele, acerca da salvação! Invés da sua alma sair da gestação e ganhar as asas da luz espiritual, encasula-se, endurece num fanatismo doentio. “Cada qual tem sua religião” defende-se, como se isso bastasse.
A apostasia, o desvio da fé, dando margem a doutrinas de demônios, deveria vir, segundo Paulo, “pela hipocrisia de homens que falam mentiras, tendo cauterizada sua própria consciência.” I Tim 4;2 Nesse caso, a troca do veraz pelo aprazível, do probo pelo mais fácil, acaba vencendo as defesas, de quem deixa de escutar a própria consciência.
É possível ouvirmos, indiferentes, aos ensinos derivados da Divina correção, sem nos importarmos, por muito tempo; mas, isso nos fará chegar um tempo em que, Deus já não se importará mais conosco. “O homem que, muitas vezes repreendido endurece a cerviz, de repente será destruído, sem que haja remédio.” Prov 29;1
Então quando errar nos dói, incomoda, ainda não é de todo ruim; “Se a consciência não for um freio ela será um chicote.” Samuel Bolton. Isto é: se não conseguir nos impedir de agir mal, pelo menos deixará bem claro, que foi mal.
A culpa pesando na consciência é algo ruim que pode ser concertado mediante arrependimento e mudança. Todavia, quando as coisas erradas se tornam um “direito” nosso, então, é pouco provável que encontremos lugar de arrependimento. Como fazer isso, sem antes reconhecer a culpa?
A sociedade chama de psicopatas, aos que conseguem cometer as maiores atrocidades, sem nenhuma compaixão, nenhum traço de misericórdia, empatia; a Palavra Divina usa outra linguagem: “Estes, como animais irracionais, que seguem à natureza, feitos para ser presos e mortos, blasfemando do que não entendem, perecerão na sua corrupção.” II Ped 2;12
“A consciência é o melhor livro de moral e o que menos se consulta.” Blaise Pascal
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