"Os ímpios fogem sem que haja ninguém a persegui-los; mas os justos são ousados como um leão.” Prov 28;1
Quem perseguia a Judas quando ele fugiu e foi se enforcar? “O homem carregado do sangue de qualquer pessoa fugirá até à cova; ninguém o detenha.” Prov 28;17 Ele estava sob o peso de ter entregado Cristo à morte, e isso o assombrava.
A Palavra ensina que a vida da carne está no sangue; Lev 17;11 Quando do primeiro assassinato, O Criador disse a Caim: “... a voz do sangue do teu irmão clama a Mim, desde a terra.” Gn 4;10 Isso deveria nos ajudar a entender por que O Sangue de Cristo nos purifica; a Vida Perfeita Dele, é colocada em lugar da nossa, eivada de pecados.
Se, o homem culpado de sangue foge dos fantasmas que a culpa apresenta, todos os ímpios fogem de Deus. A rigor a vida em pecado tem o mesmo peso, ainda que, os pecados cometidos sejam de tipos diferentes. “Porque o salário do pecado é a morte...” Rm 6;23 Mesmo que não tenhamos matado alguém, estritamente, por nossos pecados somos culpados pelo Sangue de Cristo. Isso basta para colocar em fuga, quem não ousa se arrepender.
Sabedores das suas culpas, os ímpios preferem manter “distância segura” de Deus, invés de se aproximar buscando a necessária reconciliação. “Porque todo aquele que faz o mal, odeia à luz; não vem para a luz, para que suas obras não sejam reprovadas.” Jo 3;20 Invés de alguém fugindo até à cova, como o homem com crimes de sangue nas mãos, temos os que fogem para o escuro, pela certeza da reprovação que suas escolhas merecem.
“Trágico não é uma criança com medo do escuro; antes, um adulto com medo da luz.” Platão. À ousadia de crer, sucede a de obedecer; fazendo assim, a eficácia da regeneração se verifica em nosso favor. “Se andarmos na luz, como Ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o Sangue de Jesus Cristo Seu Filho, nos purifica de todo pecado.” I Jo 1;7
Para ter ousadia, carecemos antes ser justificados. Aos que se arrependem e se lhe submetem, O Senhor atribui Sua Justiça; desde então, são chamados “justos”; como vimos, “... os justos são ousados como um leão.”
Além de ensinar o sentido e abrangência do Sacerdócio de Cristo, a Epístola aos Hebreus traz: “Cheguemos, pois, com confiança ao Trono da Graça, para que possamos alcançar misericórdia, e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno.” Heb 4;16
Os pecados comuns, e os crimes de sangue em especial, “falam” da necessidade de vingança, de juízo. Porém, nos que se arrependem e se rendem a Cristo, o preço necessário aos Olhos da Divina Justiça já foi pago. Assim, invés de fugir temendo as consequências das nossas culpas, podemos ter ousadia santa, pela justiça a nós atribuída, pelos Méritos de Jesus.
Quando do primeiro Crime, a voz do sangue derramado clamava por vingança, junto a Deus. Como O Eterno prefere tratar nossas culpas em misericórdia, não em juízo, chama-nos em Cristo, ao arrependimento; “Vivo Eu, diz O Senhor Deus, que não tenho prazer na morte do ímpio, mas em que o ímpio se converta do seu caminho e viva; convertei-vos, convertei-vos dos vossos maus caminhos; pois, por que razão morrereis...” Ez 33;11
Ele mesmo disse: “Vinde a Mim todos que estais cansados e sobrecarregados, Eu vos aliviarei; tomai sobre vós o Meu jugo e aprendei de Mim, que sou manso e humilde de coração, encontrareis descanso para vossas almas...” Mar 11;28 e 29
Invés de fugir pelas nossas culpas, fuga inglória como tentar se afastar da própria sombra, devemos nos refugiar em Cristo, para que a eficácia eterna do que Ele fez por nós, se verifique em nosso favor.
O cântico número quinze de nosso hinário traz uma definição mui feliz, do que ocorre na conversão: “Mas, um dia senti, meus pecados e vi, sobre mim a espada da Lei; apressado fugi, em Jesus me escondi e abrigo seguro, Nele achei.”
Antes de nos abrigarmos Nele, nossos pecados eram como o de Caim; um amontoado de culpas clamando por juízo; depois do Bendito Sangue de Cristo, a voz da vingança foi silenciada, em favor de outra que fala de perdão; Pois, pelo sacrifício do Calvário chegamos “A Jesus, O Mediador de uma Nova Aliança, e ao sangue da aspersão, que fala melhor do que o de Abel.” Heb 12;24
Entre a fuga e a ousadia, há mais que meras possibilidades comportamentais. Concorre também o testemunho de como está nossa relação com O Senhor. O medo fala de inimizade ainda; a ousadia, de comunhão. Não temas, vem.
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