sábado, 14 de dezembro de 2024

O incidente no avião

“Educa a criança no caminho que deve andar; e até quando envelhecer, não se desviará dele.” Prov 22;6

A responsabilidade dos pais como assessores do Criador, para formação de bons caracteres, nos que, por meio deles vêm ao mundo.

Não defendo um “desapego” em relação aos filhos, nos moldes de Gibran: “Vossos filhos não são vossos filhos; são filhos e filhas da ânsia da vida por si mesma...”

Deus atrela pais e filhos por um liame bem estreito. Responsabiliza aos genitores pela formação dos gerados, e condiciona a longevidade desses, à obediência ao mandamento de honrar pais e mães. “Honra teu pai e tua mãe, que é o primeiro mandamento com promessa; para que te vá bem, e vivas muito tempo sobre a terra.” Ef 6;2 e 3

Num cenário de inimizade, falta de afeto entre esses, a maldição grassa. Num ambiente assim, foi predito que o precursor do Messias viria. “Ele converterá o coração dos pais aos filhos, e coração dos filhos aos seus pais, para que Eu não venha e fira a terra com maldição.” Mal 4;6

O dever paterno é de amar; isso é ponto pacífico. Não é igualmente consensual, o quê, significa; como isso se manifesta. O sentimentalismo excessivo, que glamouriza malcriações e se enternece quando deveria corrigir, é um derivado da frouxidão moral, não do amor sóbrio, que convém aos pais.
Dessa frouxidão emergem, “proteções” como a famigerada “Lei da palmada”, ensejando pimpolhos mimados, que acham que o mundo é um paraíso dos direitos, onde tudo podem fazer, invés de um educandário, para aprendizado dos deveres.

“Educa a criança no caminho que deve...” Quanto aos direitos, tendemos a querer mais do que nos pertence, sem carecer ensino. Uma nuance básica da educação é colocar limites aos desejos, com toda higidez amorosa que um, não! oportuno, enseja.

Todos tomamos conhecimento do incidente ocorrido num avião que voava entre Belo Horizonte e Rio de Janeiro, recentemente. A Jovem Jeniffer Castro se recusou a trocar de assento com uma criança mimada que queria o seu lugar junto à janela.

Como a “supermãe” filmou o incidente, ou alguém da família, e jogou nas redes sociais, denunciando à “falta de empatia” da moça para com uma criança, a coisa viralizou. A Net explodiu com a repercussão do caso; Jeniffer ganhou mais de dois milhões de seguidores; sem nada demais, nada ter feito, se tornou uma celebridade, apenas por ter resistido aos desejos e mimos do menino malcriado.

Embora concordando com a atitude dela, e depreciando a da mãe que invés de educar o filho prefere arrostar aos estranhos, não vejo motivo para “seguir”, idolatrar à jovem, ou quem quer que seja. Todavia, a carência de referenciais é tão alarmante, que, uma coisa mínima como essa, assume proporções de um assunto de Estado; a protagonista tornou-se uma super star.

Não poucas vezes tomo emprestada a frase de Charles Spurgeon: “Uma coisa boa não é boa, fora do seu lugar.” No contexto em que disse isso, referia-se a escolher sobriamente, cada um, para servir na obra de Deus segundo a aptidões demonstradas pelo mesmo. Porém, sua frase é ainda mais abrangente que isso.

Quem há de dizer que uma criança não é uma coisa boa? Entretanto, nada estará mais fora do devido lugar, que um infante, no lugar do adulto. Quando, invés dos pais, sensata e sobriamente dizerem aos filhos como as coisas devem ser, esses se impõem no grito, na birra e acabam recebendo o que desejam, tomam os lugares dos seus omissos pais, e ficam mais de uma década de vida, deslocados dos seus lugares. Os pais, “amorosos” acabam cumprindo ordens, aceitam as funções de crianças, por se mostrarem ineptos para a vida adulta e suas demandas.

Acontece que, a autoridade dos pais sobre os filhos repousa, em grande parte, sobre uma fibra moral chamada exemplo; cuja têmpera, mui poucos nessa geração perdida possui. O “faça o que digo, mas não faça o que faço” não funciona. Lembro um amigo de saudosa memória que dizia aos seus filhos: “O que vires o pai fazer, podes fazer igual.” É preciso ter “café no bule” para conseguir falar assim.

Quando o texto diz que, uma criança educada no caminho do dever, não se desviará nem quando envelhecer, não esposa que a boa educação é uma garantia para sempre. Mesmo os de boa formação podem escolher maus caminhos. O que não vai se desviar é a lembrança do ensino, as digitais do caminho aprendido.
Quando agir mal saberá que está atuando assim. Terá ciência do seu erro ao violar o que respeitou desde cedo.

“É no desprezo dos pequenos deveres, que se faz a aprendizagem das grandes faltas.” Suzanne Necker

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