“Ah, quem me dera ser como fui nos meses passados, nos dias em que Deus me guardava!” Jó 29;2
É uma tendência humana, valorizar mais o que falta, o que se espera ter, que, o que se tem. Uma vida em seu curso normal, fluindo sem maiores óbices, corre risco de ser presa do tédio, não porque ela seja ruim; antes, pelo humano erro de leitura referido, onde, os anseios parecem mais valiosos que as conquistas.
Dessa percepção adoecida, vertem ditos como: “Eu era feliz e não sabia.” “Quem me dera voltar no tempo!” ou, a pessimista resignação do, “águas passadas não movem mais, moinho.”
Heráclito, o filósofo, dizia que ninguém passa duas vezes pelo mesmo rio; significando com isso, que, dado o mover das águas, quando passarmos a segunda vez, o rio já não será estritamente, o mesmo. Se, num sentido amplo podemos passar o mesmo rio quantas vezes desejarmos, no sentido estrito, tencionado por ele, está certo. Já não será o mesmo.
Assim é o tempo em seu incessante fluir, seu ininterrupto gerúndio que vai fazendo seu depósito no particípio. O “passando” se faz “passado”.
Eventualmente ao “descermos um degrau” percebemos melhor em qual nível estamos. Digo, alguém saudável, alimentado, sem maiores preocupações, eventualmente padece uma enfermidade, perde o emprego, uma necessidade inesperada lhe turba os pensamentos... de posse desse doído fato novo, o antes entediado percebe que fizera má leitura da situação. Agora, ao peso da nova realidade gostaria de voltar àquela e seria feliz se conseguisse.
No caso de Jó, cujo suspiro pelo pretérito realçamos, tinha um viver pleno, próspero, em paz com Deus, de bem com a vida. Por inveja da oposição, a desventura o atingiu; então, seu anseio por volver aos idos, não fora porque fizera má leitura dos dias abençoados; antes, porque a aridez da provação aumentara a sede, das águas que antes dispusera.
Dizem os poetas que as noites mais escuras acentuam o brilho das estrelas. A alma humana após a queda necessita das dores, para que conheça, quão nocivas as causas são; faça as necessárias renúncias em demanda de uma eternidade onde as mesmas não mais ferirão.
Se, o pecado desse apenas prazer, sem maiores consequências, qual a razão para o evitarmos?
Mesmo quando O Santo perdoa nossos descaminhos, junto à doçura da reconciliação, concorre o amargo da dor, da vergonha, constrangimento por termos ferido a Santidade Dele; uma vez que tomamos Seu Santo Nome como fiador das nossas vidas.
Mesmo quando O Santo perdoa nossos descaminhos, junto à doçura da reconciliação, concorre o amargo da dor, da vergonha, constrangimento por termos ferido a Santidade Dele; uma vez que tomamos Seu Santo Nome como fiador das nossas vidas.
Spurgeon dizia que, Deus ao nos perdoar faculta que não comamos o fruto dos nossos pecados; mas, faz um chá com suas folhas amargas para que o bebamos, pelo Seu cuidado com nossa saúde espiritual.
Ele É Eterno. Mas a nós limitou numa redoma de tempo e espaço, para que nela reaprendamos o caminho de casa e voltemos a ela. “De um só sangue fez toda a geração dos homens, para habitar sobre toda a face da terra, determinando os tempos já dantes ordenados, e os limites da sua habitação; para que buscassem ao Senhor, se, porventura, tateando O pudessem achar, ainda que não está longe de cada um de nós.” Atos 17;26 e 27
Salomão aludira a esse limite imposto para as coisas criadas: “Tudo tem seu tempo determinado, há tempo para todo o propósito debaixo do sol.” Ecl 3;1
A obediência ao Senhor, é que bem nos situa em todo o tempo, acrescentando o necessário discernimento das coisas. “Quem guardar os mandamentos não experimentará nenhum mal; o coração dos sábios discernirá o tempo e o juízo.” Ecl 8;5
O risco de sermos negligentes na mordomia dos nossos dias, é que eles se acabem. Que as coisas, hoje acessíveis, amanhã se tornem impossíveis. Daí o alerta: “Buscai ao Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto.” Is 55;6
Jeremias pontuou a desventura dos que, desprezaram as ocasiões e o tempo disponível; acabaram num “beco sem saída.” “Passou a sega, findou o verão e nós não estamos salvos.” Jr 8;20
Como vimos, desventuras trazem em seu bojo lições que permitem melhor apreciar os momentos ditosos, mas farão mais dolorosas as dores, quando for demasiado tarde para retroceder.
Os que se dão a “curtir a vida porque a vida é curta”, como dizem, muitos deles, num momento perdem suas vidas; acordam de sobressalto numa desventura cabal, descobrem tardiamente que a ilusão de dispor de todo tempo, foi a soturna armadilha que lhes deixou sem tempo nenhum.
“... vos exortamos que não recebais a Graça de Deus em vão; porque diz: Ouvi-te no tempo aceitável, e socorri-te no dia da salvação; eis aqui, agora, o tempo aceitável! Eis aqui agora, o dia da salvação!” II Cor 6;1 e 2
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