sábado, 15 de abril de 2017

O santo, em relevo

“Ser-me-eis santos, porque eu, o Senhor, sou santo, vos separei dos povos, para serdes meus.” Lev 20;26
Uma das coisas mais incompreendidas da vida espiritual, é a concepção de santidade. Pra uns, é poder de fazer milagres; se, fez pelo menos dois, em vida, pós morte, “canonizam”; outros, disposição interior para fazer o bem; mesmo que sua doutrina seja blasfema, à Luz da Bíblia, se “só faz o bem” vira santo; outros, ainda, o rigoroso cumprimento de certas regras eclesiásticas, usos, costumes, leis, uma espécie de Fariseus modernos... contudo, temo que as três correntes padeçam certa alienação do vero sentido.

Primeiro requisito alistado no verso acima: Pertencer a Deus; “ser-me-eis”; ou seja: Sereis para mim. Parece simples, mas, não é. A coisa mais difícil de negar, a mais resiliente, é a vontade. Para sermos do Senhor, precisamos negar a nossa, em prol da Dele. Isso relega ao nada, nossas predileções, opiniões, concepções de vida. Nos anulamos Nele, regidos por Sua Palavra, quer concordemos, quer, não. Abdicamos de nossas ilusões eventuais, confiados na Sabedoria Daquele que conhece onde cada caminho leva. “Há um caminho que ao homem parece direito, mas, o fim dele são os caminhos da morte.” Prov 14;12

Facilmente, pessoas se dizem de Deus, se, a consequência esperada for bênção; não tão simples, se, for para obedecer Sua Palavra. O “Negue a si mesmo”, contraponto à sugestão do traíra no Éden, “decida por si mesmo” é indispensável para reversão dos efeitos da queda, e restabelecimento da comunhão. Feito isso, e tomada a cruz, por mais nefasto que seja nosso pretérito, sujo mesmo, posicionalmente passamos a ser santos; Pertencemos a Deus.

Aí, vamos ao segundo passo: Identificação. “...porque Eu, O Senhor, Sou Santo...” Assim como um pai humano alegra-se ao ver seus traços na fisionomia dos filhos, Deus quer ver, nuances do Seu Ser, no homem que regenera, para que, seja, outra vez, Sua Imagem. É um processo longo. Acostumados que estávamos a agir de nosso modo, ignorantes da Vontade Divina, dois lapsos precisam ser preenchidos.

Primeiro: Devemos abdicar de nossas ideias e aprender a Vontade de Deus. “Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno os seus pensamentos, se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para nosso Deus, porque grandioso é em perdoar. Porque os meus pensamentos não são os vossos, nem os vossos caminhos os meus, diz o Senhor.”Is 55;7 e 8
Segundo: Conhecida a Vontade do Altíssimo, ela deve moldar nosso pensar e agir, doravante. Saber e não praticar inda é decidir por si, seguir no conselho do inimigo. Dispor do remédio e convalescer na doença, pela recusa de ingeri-lo. “Se sabeis estas coisas, bem-aventurados sois se as fizerdes.” Jo 13;17
Claro que, os renascidos não podem de suas próprias forças lograrem isso. Porém, O Senhor enviou O Espírito Santo, que atua em ambas as frentes; tanto nos alumia para que compreendamos A Palavra, quanto, nos fortalece, encoraja, para que, a cumpramos. Seu alvo, nosso aperfeiçoamento; Seu tempo para nós, até O Dia do Senhor. “Tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra aperfeiçoará até ao dia de Jesus Cristo;” Fp 1;6
Por fim, uma consequência horizontal. “Vos separei dos povos...” Essa separação, entenda-se, não é geográfica, tampouco, física; antes, espiritual. Escrúpulos morais, eventualmente, tolhem nossa presença em certos ambientes, mas, como o sol visita o pântano, leva luz e calor sem sujar-se, podem, os espirituais, andarem, se necessário, em lugares adversos, sem se contaminarem com as circunstâncias. Quando trabalhei entregando produtos de limpeza, em Porto Alegre, muitas vezes entreguei-os em bordéis. Fiz meu trabalho e o ambiente não me devorou.

Óbvio que é muito mais fácil, aprazível, o convívio com outros da mesma fé; entretanto, os que inda não creem carecem ser estimulados pela Luz de Deus em nós; isso requer convívio. “Assim resplandeça vossa luz diante dos homens, para que vejam vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus.” Mat 5;16

Ademais, a separação recomendada não é dos pecadores, estritamente, antes, dos hipócritas. “Isto não quer dizer absolutamente com os devassos deste mundo, ou com avarentos, ou, roubadores, ou, idólatras; porque então vos seria necessário sair do mundo. Mas, agora escrevi que não vos associeis com aquele que, dizendo-se irmão, for devasso, avarento, idólatra, maldizente, beberrão, roubador; com o tal, nem ainda, comais.” I Cor 5;10 e 11
Em suma: Santidade é pertencer ao Senhor; identificar-se com Seu Ser, mediante Sua Palavra, Seus Valores, e separar-se da corrupção do mundo. O santo não precisa fazer milagres, mas, permitir que Aquele que faz, remova sujeiras que maculam a Santa Imagem de Deus. “Os limpos de coração verão a Deus.”

sexta-feira, 14 de abril de 2017

Santa Hipocrisia

“Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois, edificais os sepulcros dos profetas, adornais os monumentos dos justos, e dizeis: Se existíssemos no tempo de nossos pais, nunca nos associaríamos com eles para derramar sangue dos profetas. Assim, vós mesmos testificais que sois filhos dos que mataram os profetas.” Mat 23;29 a 31

De tudo se pode acusar um hipócrita, menos, de não ter autocrítica, intimamente. Seu agir mostra que ele sabe-se desafinado com a verdade, a coerência. Ao fazer “mais” do lhe foi demandado, tenta disfarçar, o menos, da desobediência, com encenação. Os profetas pretéritos, nunca pediram, como Renato Portaluppi, uma estátua, antes, desafiaram o povo à Vontade de Deus. Em geral, não obedeciam, entretanto, os coevos de Jesus tinham os profetas como heróis, edificavam seus túmulos, monumentos em sinal de “honra”.

Depreciando isso, O salvador disse que a prática não era nada mais, que, testemunho de uma culpa, similar a que tiveram os assassinos de profetas, antepassados deles.

Ontem vimos o Papa Francisco lavando os pés de doze presos, e beijando-os; Cristo apenas lavou, ele fez “melhor”; eis aí, um traço da hipocrisia! Naqueles dias, andando de sandálias por estradas poeirentas, lavar os pés era uma necessidade; Cristo o fez em humildade e desafio ao serviço mútuo, invés da competição entre os discípulos. Devemos ficar com a essência do ensino, a figura não é mais necessária, tampouco, o beijo. Certas cenas de “humildade” são o pedágio que muitos pagam para seguirem céleres na autoestrada do orgulho. Humildade vera atua sem plateia e nada busca, senão, servir.

Hoje, o mundo celebra sua “Sexta-feira Santa”. A maioria das pessoas passa o resto do ano alheia a Deus e Sua Palavra, mas, hoje, encenam o Calvário, “edificam o sepulcro dos profetas” e testificam da identificação espiritual com os hipócritas que, fingindo zelo religioso, mataram O Senhor.

O mundo celebra, os servos de Deus O servem, full time, e não dão a esse dia importância maior que aos outros. Sexta-feira Santa, Quaresma, abstinência de carne, etc. são ensinos ausentes nas Escrituras.

Que dizer de um Pai ter um filho egoísta, insensível, desobediente, que passa 364 dias do ano em rebeldia, e, no dia dos pais, chega todo atencioso com presentes; assim, alienar-se da Vontade Divina o ano todo, e hoje, empanturrar-se de religiosidade hipócrita, oca.

Não somos desafiados a santificarmos datas, antes, vidas. “Mas, como é santo aquele que vos chamou, sede também, santos em toda vossa maneira de viver; porquanto está escrito: Sede santos, porque eu sou santo.” I Ped 1;15 e 16 “Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual, ninguém verá o Senhor;” Heb 12;14 etc.

Infelizmente, o catolicismo ensinou uma “santificação” que depende de um processo pós morte, outra coisa que desafina da Bíblia. Requerem dois milagres como “prova” para “canonizarem” alguém. Por esse critério, João Batista ficaria de fora, pois, “...João não fez sinal algum...” Jo 10;41

Ora, santificação bíblica é separar-se dos valores mundanos que se opõem ao querer Divino; isso se faz mediante aprendizado e prática da Palavra de Deus; o que destoar, por piedoso que pareça não passa de encenação hipócrita. “Dei-lhes a tua palavra, o mundo os odiou, porque não são do mundo, assim como eu não sou do mundo. Não peço que os tires do mundo, mas, que os livres do mal. Não são do mundo, como eu do mundo não sou. Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade.” Jo 17;14 a 17

Fale-se em implantar ensino religioso obrigatório nos colégios baseado na Bíblia, e presto o ódio que o mundo tem de Deus, subirá na mesa. Contudo, hoje, a maioria consome essa droga psíquica, enganando a si mesmo, presumindo-se servo de Deus, apenas por gostar de teatro e de carne de peixe.

Depois, os mesmos “religiosos” saem em seu pleito pelo aborto, descriminação das drogas, postam suas defesas aos corruptos e ladrões de estimação, falam mentiras, faltam com a palavra, sonegam dívidas...invés de basear decisões na Palavra de Deus, o fazem em suas opiniões. Essa foi a sugestão do diabo: “Vocês mesmos decidem o bem e o mal”, e só um completo imbecil, ou, um louco, presumiria fazer a Obra de Deus, usando ferramentas do inimigo.

Esses veem com a balela: “Todas as religiões são boas, tens a tua, tenho a minha, Deus é o mesmo, blá, blá, blá...” Se não estiver cabalmente baseado na Palavra de Deus, ensino espiritual nenhum serve; se, derivar dela, se faz mais que religião, é vida. E vida para o ano todo, todos os anos, não, para um dia apenas.

“Os homens deviam ser o que parecem ou, pelo menos, não parecerem o que não são.” Shakespeare

segunda-feira, 10 de abril de 2017

O ímpio em relevo

“Porque o ímpio gloria-se do desejo da sua alma; bendiz ao avarento, e renuncia ao Senhor.” Salm 10;3

Três características do ímpio. Primeiro, é egoísta; seus próprios desejos são seus parâmetros de ação, e, gloria-se disso; segundo, faz de seus defeitos, “valores” uma vez que, aprova os passos de outros semelhantes; bendiz ao avarento que, também é uma espécie de egoísta. Esse apega-se ao dinheiro, idolatra, fazendo dele, mau uso, um fim, não, meio; por fim, seu brado de independência espiritual, sua autonomia suicida; “renuncia ao Senhor.”

Entretanto, essas três “virtudes” são apenas o cabeçalho do livro da vida do ímpio, a ponta do iceberg. Para gloriar-se dos próprios desejos, carece assessoria do orgulho; não raro, deparo com nuances “filosóficas” do egoísta e orgulhoso: “Viva o hoje como se não houvesse amanhã, não ligue para o que os outros pensam, pois, o que importa é estar bem consigo mesmo...” Etc. Essas incoerências de mandar todos os outros a m. enquanto aconselha aos outros, chega a ser bisonha, mas, desfila como sábia em passarelas ignorantes.

O Cristão está inserido no coletivo, célula de um corpo; deve ter cuidado com outros, estar bem com Deus, antes que, consigo mesmo. “Para que não haja divisão, antes, tenham os membros igual cuidado uns dos outros. De maneira que, se um membro padece, todos padecem com ele; se um membro é honrado, todos se regozijam com ele. Ora, vós sois o corpo de Cristo, e seus membros, em particular.” I Cor 12;25 a 27

Ao aprovar atos de outros de má índole, se faz pedra de tropeço, uma vez que, eventual influência que exerça sobre terceiros, será nociva, não, benéfica. A avareza requer falsidade, disfarce; seus filhos não costumam admiti-la. “... as armas do avarento são más; ele maquina invenções malignas, para destruir os mansos com palavras falsas...” Is 32;7

Um político corrupto em campanha, sonhando com as benesses do poder, e adoçando seus lábios demagogos ante incautos é um belo exemplar de falsidade, avareza; e, há tantos.

Por fim, renunciando ao Senhor, mostra-se arrogante, e, necessariamente, profano. Mesmo aqueles que, recusam a obedecer, sequer se importam em conhecer ao Senhor, em dado momento, usam seus, “graças a Deus”, ou, “se Deus quiser”; o que, dado o lapso de relacionamento é, tomar Seu Nome em vão, profanar O Santo.

Claro que, a coisa é ainda mui pior que isso, porém, essa pequena amostra basta para que vejamos quão sério é, alienar-se o homem, de Deus, e atuar em pretensa autossuficiência; comprazer-se na aprovação humana, e desprezar a Divina.

Pois, além do que é em si mesmo, se faz paciente de certos “efeitos colaterais” da impiedade. É amaldiçoado por Deus; “Assim diz o Senhor: Maldito o homem que confia no homem, faz da carne o seu braço, e aparta o seu coração do Senhor!” Jr 17;5

Tal maldição permite que, até desfrute certa calmaria, jamais, a verdadeira paz. Essa, deriva da justiça; ele ignora a árvore e desconhece o fruto. “Os ímpios são como o mar bravo, porque não se pode aquietar, cujas águas lançam de si, lama e lodo. Não há paz para os ímpios, diz o meu Deus.” Is 57;20 e 21

Mais ainda, sua companhia é desaconselhada, pois, sendo alguém que escolheu a maldição, contagia outros à sua volta. “Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem, se assenta na roda dos escarnecedores.” Salm 1;1
Afinal, os pecadores que se arrependem, confessam e mudam de vida, inda que, de pretérito ímpio, passam a ser reputados justos; tais, são comparados a alguém que foi tirado da lama, e firmado sobre uma rocha, enquanto, os que persistem na impiedade, são equacionados como cisco ao vento, que serão desmascarados quando tentarem se esconder entre os justos. “...os ímpios são como a moinha que o vento espalha. Por isso os ímpios não subsistirão no juízo, nem os pecadores na congregação dos justos.” Sal 1;4 e 5

Infelizmente, após a queda, a impiedade é nossa vocação natural; depois que ouvimos O Evangelho, passa a ser uma escolha. Se, antes a culpa era herdada, agora, foi “conquistada” por nossos “méritos”. Por isso, Deus, que a todos ama, malgrado seus erros, amorosamente chama: “Buscai ao Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto. Deixe o ímpio o seu caminho, o homem maligno os seus pensamentos, e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para nosso Deus, porque grandioso é em perdoar.” Is 55;6 e 7

A esperança tem duas filhas lindas, a indignação e a coragem; a indignação nos ensina a não aceitar as coisas como estão; a coragem, a mudá-las.” Santo Agostinho

domingo, 9 de abril de 2017

Síria; as "razões humanitárias"

"De onde vêm as guerras e pelejas entre vós? Porventura não vêm disto, dos vossos deleites, que nos vossos membros guerreiam?” Tg 4;1

Embora, grosso modo seja assunto de nações, guerras nascem dentro de indivíduos com poder sobre armas, impotentes ante as cobiças malsãs. Como verniz sempre um motivo “nobre” que as justifica, enquanto, os motivos verdadeiros esgueiram-se subjacentes, quase imperceptíveis.

Não dá para negar que guerras dão lucro, para fabricantes de armas, e outros aparatos logísticos necessários, sem falar, nos “despojos” de eventual triunfo. A queda das Torres Gêmeas com o choque de aviões só convence imbecis; claramente tratou-se se implosão, e mesmo um terceiro edifício não atingido por nada, “ruiu” também.

Exposta a frieza desumana dos “terroristas” necessária se fez uma “resposta”; os ataques ao Iraque e Afeganistão foram as consequências. Parece que a Família Bush tem certas afinidades com uma grande corporação fabricante de armas, segundo denunciou o free lancer, Michael Moore.

Agora, temos a Síria. E, antes que as bestas ideologizadas odiadoras profissionais dos americanos babem suas convicções, convém lembrar que a Rússia está lá, defendendo o ditador Bashar Al Assad, desde o começo. Trata-se de mero conflito de interesses comerciais, de dominação. O resto é fumaça. Ora, uma guerra dessa proporção sem os Estados Unidos seria como uma Copa do Mundo sem o Brasil, impensável. Trump tratou de colocar os “pingos nos is” e mandou ver.

O motivo da entrada americana? Armas químicas, supostamente usadas por Assad. Ora, ante as terríveis imagens de crianças agonizando ao efeito dos gases, a opinião pública quase aplaude a iniciativa de Trump, uns, o fazem, aliás. Como não combater severamente tais atrocidades? Assim, o Presidente ignorou a necessidade de aprovação pelo Congresso, e, eventual oposição da ONU. Entretanto, o furo é mais embaixo.

Se, razões puramente humanitárias bastam para que Tio Sam saque seu colt, por que as centenas de cristãos decapitados e fuzilados pelo ISIS e mostrado ao mundo, não lograram tal reação? Ou, os milhares de cristãos incinerados vivos na Nigéria, por fundamentalistas islâmicos também passou batido? Quer dizer que as oitenta vítimas de agora, são mais que aquelas tantas, em número muito mais expressivo? Ou, matar inocentes pode, desde que, não seja com gás?

Não sejamos ingênuos. Não me surpreenderia, aliás, se o dito gás Sarin, tivesse sido “plantado” por alguém infiltrado, para dar, enfim, “motivo humanitário” para a “classificação americana” para a Copa; digo, sua entrada na guerra.

Desde meados do século passado, a rivalidade da Rússia, ( então, União Soviética ) e Estado Unidos ganhou corpo, a chamada Guerra Fria; pois, mesmo estendendo seus tentáculos a diversas frentes bélicas, como Vietnã, Cuba, Alemanha, então, dividida, etc. jamais se enfrentaram diretamente, pois, isso tem tudo para descambar num conflito mundial.

Agora temos ambos no mesmo campo de batalha, a Síria; pior, um louco no comando, de cada lado. Putin e Trump. Tem tudo para “dar certo”, digo, incendiar de vez nosso caótico mundo.

A Bíblia apresenta tal cenário como necessário, pois, num mundo apavorado pelo “mover das ondas”, exércitos em guerra, deve surgir um pacificador que unirá a todos, sob seu governo; a Besta, também conhecido como, Anticristo.

Então, embora nos convenha uma leitura mais acurada, que o peixe que nos tentam vender, não podemos evitar o inevitável. Somos mordomos individuais de nossas almas, gerentes de nossos credos, responsáveis por nossas escolhas; o demais, está nas mãos de terceiros. E, a maldade, a mentira ou hipocrisia dos outros, não bastam para me fazer justo. Preciso da justiça de Cristo, diante de Deus para me justificar, e da minha, para justificar a Deus, admitindo meus pecados e minha injustiça, mediante vero arrependimento. “a sabedoria é justificada por todos os seus filhos.” Luc 7;35

Temos maldades para todos os gostos, em nosso próprio existenciário, não precisamos ir à Síria para ver. Aquilo que fora exceção, infelizmente virou regra. Vemos governantes corruptos unidos buscando meios “legais” de burlar a sociedade. Não fosse a visibilidade atual, mediante a mídia alternativa, e nos engabelariam uma vez mais. Quando O Eterno decidiu banir aos cananeus, disse que era para Israel os destruir, pois a “medida da sua iniquidade estava cheia”, temo que essa mesma sentença se aplique ao planeta, em nossos dias.

Assim, o cenário não é mais para discussões ideológicas, preferências por A ou B, mas, de juízo iminente. Mais ou menos como Sodoma e Gomorra, quando anjos foram enviados ao justo Ló, e lhe disseram; “Escapa por tua vida, e não olhes para trás.”

O mundo será exemplarmente julgado, mas, quem se esconde em Cristo, julga a si mesmo culpado; e pelo juízo do Calvário, é absolvido, não entra em condenação. Escapemos, pois, por nossas vidas.

O Uno e o diverso

“Mas, a graça foi dada a cada um de nós segundo a medida do dom de Cristo.” Ef 4;7

O fato do texto começar com, “mas”, o contrapõe, em parte, ao que vem antes. E antes vem a afirmação da unidade dos salvos, em um só corpo, um Senhor, um espirito, um batismo, uma fé, uma esperança...

Assim, fica posto o que é único, e, o que pode ser diverso. Após, estarmos no indivisível Corpo de Cristo, os salvos em qualquer denominação, temos a particularidade de sermos usados “segundo a medida do dom de Cristo”, o que, mesmo em essência sendo iguais a todos, nos diferencia.

Paulo versando sobre a diversidade dos dons espirituais disse que, O Espírito Santo, reparte a cada um conforme lhe parecer útil. Assim, um só Espírito, mas, com diversidade funcional dos salvos.

Posto isso, somos desafiados a mantermos a paz com os que são do mesmo Espírito, mesmo que, funcionem para Ele, diferente de nós. “Procurando guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz.” Ef 4;3

Infelizmente, cristãos, em grande parte, acostumaram a ter usos e costumes como doutrina; Aí, um que se veste diferente, ou, não usa os cacoetes de determinado ramo do cristianismo, se lhes torna um “herege” algo a ser denunciado, evitado. 

Precisamos aprender a diferença entre fatores culturais, do essencial. Por exemplo: A Bíblia aconselha: “Saudai uns aos outros com ósculo santo.” Ora, nós ocidentais não temos esse hábito; isso fazem os orientais. Nós costumamos apertar a mão ao saudar alguém. Quem está certo? Ambos. A intenção, a essência, é que se cumprimente afetivamente. O modo de expressar isso difere de uma cultura para outra. Ambos os gestos são válidos.

Quando esses cristãos falam dos desvios do cristianismo, sempre se referem a casca, vestes, aparência. Erros teológicos graves, como a “Teologia da prosperidade”, o fetichismo, o legalismo, arianismo etc. passam desapercebidos aos olhos desses vigilantes da fé alheia. Nem sabem o que significam aquelas palavras, pois, aprenderam a maldizer a pretenciosa teologia, que também não sabem bem do que trata, mas, como discorda em parte de suas percepções, deve ser algo ruim.

Usam o bordão de que na igreja deve reinar decência e ordem, e isso está mesmo na Palavra. “Mas, faça-se tudo decentemente e com ordem.” I Cor 14;40 Basta ler o contexto para ver que se trata de uso disciplinado do dom de línguas na igreja. Falarem todos em línguas estranhas, e ao mesmo tempo, pior, não tendo intérprete, soará indecente, aos olhos de um visitante qualquer. “Se, pois, toda a igreja se congregar num lugar, e todos falarem em línguas, e entrarem indoutos ou infiéis, não dirão porventura que estais loucos?” v 23

Mas, para esses, as gritarias e desordens tipo reteté, são os “cultos de fogo”; eu, um maldito consumidor de “tiologia” querendo minar sua fé. Ser espiritual não equivale a ser barulhento, antes, humilde, bom ouvinte, discípulo, obediente... “Porque Deus não é Deus de confusão, senão, de paz, como em todas as igrejas dos santos. Se alguém cuida ser profeta, ou espiritual, reconheça que as coisas que vos escrevo são mandamentos do Senhor.” Vs 33 e 37

Não que a igreja seja local para desfile de vestes indecorosas, mas, o bom porte dos servos do Senhor, por si, e o testemunho do Espírito Santo nas consciências, vai incomodar eventual descuidado, para que reveja posturas, sem carecer do julgamento de outro pecador que senta ao seu lado.

O hipócrita costuma confiar nas coisas certas que faz, ignorando os reclames da consciência que pesam sobre os lapsos, do que não faz. Muitas vezes seu orgulho disfarça-se de humildade. Quem precisa chamar atenção para seus “acertos” ainda ignora cabalmente seus erros. Veste bem o seu corpo, mas, sua presunção e soberba ainda desfilam nuas.

Aos disputantes de igreja em Roma Paulo perguntou: “Quem és tu, que julgas o servo alheio? Para seu próprio Senhor ele está em pé ou cai. Mas, estará firme, porque poderoso é Deus para o firmar.” Rom 14;4 E olha que, o contexto era sobre alimentação, nem se falava sobre vestes.

Então, ao que culturalmente é diferente de nós, ou, recebeu do Senhor dons diversos dos nossos, bem pode ser um de nós, se serve ao Mesmo Senhor, no Mesmo Espírito; Deus o recebeu. Onde homens usam saias, penachos de índios ou, pigmeus, ou, belos ternos com gravatas, em todos esses cenários, há servos de Deus genuínos, e hipócritas misturados. A vera doutrina bíblica é universal, aplica-se a todas as culturas; é capaz de transformar em santos, aos mais profanos, independente do cenário e do caldeirão cultural que viva.

Se alguém julga-se espiritual, reconheça que isso deriva da Palavra de Deus.

sábado, 8 de abril de 2017

As pedras, ou, os pães

“Porque Jesus mesmo testificou que um profeta não tem honra na sua própria pátria.” Jo 4;44

Cá no sul usa-se certo ditado que parece contrariar a afirmação supra: “Touro em terreno alheio, é vaca”. Pode ser machista, politicamente desajustado, mas, a ideia é que, fora dos nossos domínios, não apitamos nada, antes, nos submetemos aos ditames de quem manda.

Entretanto, tratando-se de profeta, parece que o tal, manda mais, em terreno alheio, por quê? Precisamos investigar; buscar indícios.

A natureza do ministério profético supõe, que o ministro falará de coisas ocultas que ele viu em intimidade com Deus; isso o reveste de certo mistério, como se, sua própria vida devesse ter um quê, de oculta também. O fato de ter Sua Juventude e infância conhecida, era uma “falha” em Jesus, para que cressem que falava da parte de Deus. Diziam: “Não é este o filho do carpinteiro? não se chama sua mãe Maria, seus irmãos Tiago, José, Simão, e Judas? Não estão entre nós todas suas irmãs? De onde lhe veio, pois, tudo isto? Escandalizavam-se nele. Jesus, porém, lhes disse: Não há profeta sem honra, a não ser na sua pátria e na sua casa.” Mat 13;55 a 57

Durante minha infância espiritual assisti e participei muito dessa doença, da qual, diziam padecer os atenienses: “Pois todos os atenienses e estrangeiros residentes, de nenhuma outra coisa se ocupavam, senão, dizer e ouvir alguma novidade” Atos 17;21 Tínhamos bons mestres da Palavra em nossa casa, mas, queria ver a igreja lotar, era anunciar que determinado ilustre desconhecido de oliveira estaria pregando numa “Grande Campanha” evangelística.

Na maioria dos casos tratava-se de paraquedistas vendedores de bugigangas, cujos ensinos, qualquer neófito com algum discernimento, poderia contestar, mas, a coisa “bombava”.

Temos fome por novidades, mesmo que, nocivas; certo fastio do Pão do céu, como tiveram os judeus do Êxodo, no deserto.

O fato de que, O Salvador não foi bem vindo, entre os Seus, não O desqualificou um milímetro, antes, propiciou que outros, que inicialmente eram estranhos, passassem a pertencer à família da fé. “Veio para os seus, os seus não o receberam; mas, a todos que o receberam, deu o poder de serem feitos filhos de Deus.” Jo 1;12

Não que seja um erro desejarmos coisas novas; contudo, podemos errar quando buscamos em fontes duvidosas. Doutrinariamente devemos contar com certa “monotonia” nos ensinos da salvação: “Saídos os judeus da sinagoga, os gentios rogaram que no sábado seguinte lhes fossem ditas as mesmas coisas.” Atos 13;42 “Enviamos, portanto, Judas e Silas, os quais por palavra vos anunciarão também as mesmas coisas.” Atos 15;27 “Por isso não deixarei de exortar-vos sempre acerca destas coisas, ainda que bem as saibais...” II Ped 1;12 etc. Não há novidade.

Contudo, as vidas que se deixam transformar pela Palavra, experimentam novidades todos os dias, no processo paulatino de santificação; “Fomos sepultados com ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim, andemos nós também em novidade de vida.” Rom 6;4

Isso progride mediante obediência, limpa-nos, do “fermento velho”; em dado momento, nos vemos totalmente transformados; “Assim, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas passaram, e tudo se fez novo”. II Cor 5;17

Ainda que, um profeta sadio seja portador de boas novas, de certo modo, rebusca-se das velhas, que foram dadas há muito, e pelo Espírito Santo, apresenta-as renovadas, cheias de vida, como, de fato, são. “Ele disse-lhes: Por isso, todo escriba instruído acerca do reino dos céus é semelhante a um pai de família, que tira do seu tesouro coisas novas e velhas.” Mat 13;52 Falou dos Escribas, mas, como aqueles, o profeta escreve, só que, não em papiros, pergaminhos, antes, corações.

Infelizmente, a maioria dos que correm por novidades são meros fugitivos do que já sabem, como as reiteradas orações de Balaão, desejando que O Eterno mudasse de ideia. Deus não me dará algo novo, se, me mostro omisso diante do que sei ser, Vontade Dele. Exceto, nova exortação quanto a isso mesmo.

No deserto, a rejeição ao Maná, e os murmúrios por outro alimento, culminou com a Ira de Deus, excesso de carne em juízo contra os murmuradores. Para os atuais, novidadeiros, aos quais, a beleza da verdade não basta, algo semelhante tem vindo: “Esse cuja vinda é segundo eficácia de Satanás, com todo poder, sinais e prodígios de mentira, com todo o engano da injustiça para os que perecem, porque não receberam amor da verdade para se salvarem.” II Tess 2;9 e 10

Ante o tentador, Jesus negou-se a transformar pedras em pães; aos pecadores, deu-se, como Pão vivo dos Céus. Mas, muitos preferem ainda, as pedras.

domingo, 2 de abril de 2017

Anomalias espirituais

“Porventura sou Deus de perto, diz o Senhor, não, também, de longe?” Jr 23;23

No contexto, mediante Jeremias, dura diatribe contra falsos profetas está posta; intrínseco, a ideia que, pelo fato de estarem, os falsos, distantes, privados da intimidade com Deus, estariam longe, também, do Juízo. Entretanto, proferindo sentenças oriundas dos próprios corações e atribuindo-as ao Eterno, funcionalmente, se pretendiam, chegados do Senhor.

Ele reclamou Sua inocência: “Não mandei esses profetas, contudo, foram correndo; não lhes falei, mas, profetizaram.” V 21 Após, colocou a necessária distinção de conteúdo, se, fossem os tais, Seus: “Se estivessem estado no meu conselho, teriam feito meu povo ouvir minhas palavras, o teriam feito voltar do seu mau caminho, da maldade das suas ações.” V 22

Estranha doença nossa, nos presumirmos ao alcance Divino, para sermos abençoados, e distantes, para sermos responsabilizados por nossos atos. Assim, teríamos O Altíssimo perto de nossos anseios, e longe da Sua Justiça.

Ora, falar da parte de um Ser, “Tão puro de olhos que não pode contemplar o mal” a um mundo que “jaz no maligno”, corrupto, mentiroso indulgente, omisso, egoísta, adúltero, etc. e tentar agradar às duas partes ao mesmo tempo, seria fusão de óleo e água; impossível.

As “caixas de promessas”, o festival doentio de “profecias” dando chaves, posse da vitória, que grassa nas redes sociais, são sintomas desse utilitarismo espiritual, onde Deus nos serve do nosso jeito, não, nós a Ele, nos Seus termos.

Alguém contou o número fabuloso de promessas bíblicas e chegou a alguns milhares; esqueceu, porém, que sempre, pegada a uma promessa de bênção associada à fidelidade, temos o contraponto da maldição pela desobediência. Assim, ou, aceitamos os dois lados da moeda, ou, deixemos Deus fora disso; vivamos do nosso jeito.

Desde de Moisés, aliás, a coisa foi posta objetiva e séria; a nós, legado o privilégio da escolha: “Céus e Terra tomo hoje por testemunhas contra vós, de que te tenho proposto a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe, pois, a vida, para que vivas, tu e tua descendência.” Deut 30;19

Infelizmente, grande parte da “Igreja” atual, concebeu um hibridismo numismático, uma “moeda extraordinária” que de um lado traz todas as benesses do Reino dos Céus, do outro, a pomposa efígie de César. Digo, propaga uma mensagem que nos faz “abençoados” em dois reinos opostos; O de Deus, e o mundo.

Tiago foi um tiquinho radical no tocante a isso: “Pedis, e não recebeis, porque pedis mal, para gastardes em vossos deleites. Adúlteros e adúlteras, não sabeis que amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus. Ou cuidais vós que em vão diz a Escritura: O Espírito que em nós habita tem ciúmes? Antes, dá maior graça. Portanto, diz: Deus resiste aos soberbos, mas, dá graça aos humildes. Sujeitai-vos, pois, a Deus, resisti ao diabo; ele fugirá de vós. Chegai-vos a Deus, Ele se chegará a vós. Alimpai as mãos, pecadores; vós de duplo ânimo, purificai os corações.” Tg 4;3 a 8 O duplo ânimo, aliás, é tema central de toda a epístola de Tiago, basta ler com atenção.

Cristo também não foi nada “inclusivo” quanto às demandas para se entrar no Reino, ainda que, facultando entrada a todos, disse: “qualquer que não levar a sua cruz, não vier após mim, não pode ser meu discípulo... qualquer de vós, que não renuncia tudo quanto tem, não pode ser meu discípulo.” Luc 14;27 e 33

E, essa seriedade toda era apenas para matrícula como discípulo, ou seja, aprendiz, não, profeta, ou, próspero, como se apregoa modernamente.

Inflar à Graça Divina, e baratear a justiça, como se, Deus fosse Bom, sem ser Justo, tem engendrado seres fantásticos como os da mitologia grega; ovelhas com cabeças de asnos e chifres de bodes... O Criador, tão cioso da Perfeição da Sua Obra determinou que a mesma se reproduzisse “segundo sua espécie”, e, não receberá no novo mundo, monstrengos, anomalias espirituais, caminhantes da larga avenida estreita... quem pariu Frankenstein que o embale.

Claro que, O Santo abençoa materialmente, inda nessa vida, os fiéis, mas, não é prioridade; muitos deles morrem na miséria, só terão recompensas no além. O chamamento prioritário de Cristo é das trevas, para a Luz; da perdição, para a salvação; da morte, para a vida. As circunstâncias são meros acessórios.

Ademais, quem aprender a permanecer perto de Deus, mediante obediência, intimidade, conhece Seu segredo de modo que, não mais confunde meios, com fins. “O segredo do Senhor é para aqueles que O temem; Ele lhes mostrará a sua aliança.” Sal 25;14 

Os demais, mesmo morando em igrejas, estão longe das bênçãos, infelizmente, e perto do juízo.