quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Eutanásia

“Sabendo que brevemente hei de deixar este meu tabernáculo, como também nosso Senhor Jesus Cristo já tem me revelado. Mas, procurarei em toda a ocasião que depois da minha morte tenhais lembrança destas coisas.” II Ped 1;14 e 15

O próprio Pedro interpreta o que pretende dizer com, “deixar este meu tabernáculo”, “minha morte”, diz ele. Fala como homem espiritual, morador no “tabernáculo” do corpo. Se, as coisas sensuais, que atiçam ao arrepio dos desejos, vulgarmente se chamam, “coisa de pele”, as que atinam ao homem interior, que terá vida eterna e desde agora deve buscá-las, são “coisas do espírito”.

Paulo ensinou: “Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus.” Col 3;1 Isso não é veto às coisas naturais que necessitamos, antes, prioridade, eco do que dissera O Salvador: “Mas, buscai primeiro o reino de Deus e sua justiça; todas estas coisas vos serão acrescentadas.” Mat 6;33

As coisas atinentes à carne são efêmeras, as do espírito, eternas. “Porque tudo o que há no mundo, concupiscência da carne, concupiscência dos olhos e soberba da vida, não é do Pai, mas, do mundo. O mundo passa, e sua concupiscência; mas, aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre.” I Jo 2;16 e 17

Ah, o homem carnal! Capaz de exibir suas devassidões para que todos vejam; depois, bradar que ninguém tem nada com isso. Jacta-se das algemas na ilusão de que é livre. O clássico avestruz “escondido” na areia. Pensa que o bloqueio dos próprios olhos equivale à visão dos demais.

Sempre que um doente consulta um médico, esse, avalia os sintomas e faz um diagnóstico. Diagnóstico aglutina duas palavras gregas, e significa, “através do conhecimento”.  O “Médico dos Médicos” Jesus Cristo, faz o mesmo com nossas enfermidades espirituais; através do Seu conhecimento, Sua Luz, revela-as, e movido por seu amor, prescreve a cura; contudo, fazermos o tratamento, ou, não, é opcional.

Nossas almas, espiritualmente mortas, carecem nascer de novo, e, para isso, recomenda a “eutanásia” da alma corrupta, ( negue a si mesmo ) pretensa gestora de si mesma, para que em seu lugar seja criada uma nova, submissa e inclinada a conter as insanidades da “pele” em busca de um modo de vida agradável a Deus. “..apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é vosso culto racional. Não vos conformeis com este mundo, mas, transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.” Rom 12;1 e 2

O mais santo homem, ainda possui duas naturezas, carne e espírito, por isso, “sacrifício vivo”, ou seja, uma vontade ainda latente pelas coisas da carne, contida pela força do espírito humano recriado, fortalecido pelo Espírito Santo. Tanto o homem regenerado, pode, e muitas vezes age, carnalmente, quanto, o carnal, pode ser religioso imitador de um modo de vida que, na realidade, não possui. Carnalidades do espiritual são fraquezas de conduta que requerem arrependimento, confissão, abandono.

A “espiritualidade” do carnal, não passa de um cautério psíquico que, sonegando os gemidos da consciência pela justiça de Deus, abafa os lapsos de arrependimento com fartura de religião. Ao renascido, A Palavra de Deus é Lei; transgredida, é pecado; só resta arrependimento; ao religioso, “Todas as religiões são boas, válidas, cada qual pensa de um jeito, etc.”

O vigor do corpo que permite os prazeres da carne tem prazo de validade; como será depois? Notemos que, Pedro, citado ao princípio, desejava que depois de sua morte, ainda vigorassem seus ensinos. Sim, as coisas espirituais não findam com a queda do corpo; na verdade, começam, pois, durante o viço natural a obediência era um fardo, livre do casulo corrupto, será um deleite, um prazer.

Um terço dos anjos criados perfeitos caiu, porque não tiveram “culpa” nenhuma da perfeição; herdaram. Nós, somos chamados a sermos coautores de nosso aperfeiçoamento, sofrendo, durante o processo, as agruras da imperfeição, para que, jamais caiamos na lábia de algum “querubim sedutor”. Os insanos que blasfemam de Deus por que Ele permite dores na Terra, toupeiras espirituais que enxergam setenta metros, e pretendem alvejar coisas que distam anos-luz de seus olhos enfermos.

Desde Moisés, temos a advertência: “As coisas encobertas pertencem ao Senhor nosso Deus, porém, as reveladas pertencem a nós e nossos filhos para sempre, para que cumpramos todas as palavras desta lei.” Deu 29;29

Vemos que a Revelação é para nossa obediência, não, para que julguemos ao Todo Poderoso. Quanto mais perto, afetivamente, de Deus, alguém está, mais noção tem, da imensa distância moral, e da própria indignidade.


Muitos, infelizmente, descobrirão demasiado tarde, que casulo não voa.

terça-feira, 4 de outubro de 2016

Têmpera, a cautela de Deus

“Quase todos os homens são capazes de suportar adversidades, mas, se quiser por à prova o caráter de um homem, dê-lhe poder.” Abraham Lincoln

Nada mais enganoso que caracteres humanos e seus múltiplos disfarces. Amiúde dizemos que, aparências enganam, quando, na verdade, é a ingenuidade que prefere se enganar. Diferente de Deus, sem nenhum trauma por aceitação, nós, tendemos a colocar primeiro o “vinho bom” reservando o mau para, quando do concurso da embriaguez. Noutras palavras, acentuamos nossas pretensas qualidades, e diluímos, maquiamos nossos defeitos.

Assim, invariavelmente as pessoas nos decepcionam “para baixo”, são piores do que parecem. Muitas vezes, até o que parece meritório carece melhor análise, pois, pode ser mero disfarce. Sócrates dizia: “Quando alguém for reputado justo, lhe caberão por isso, encômios, aplausos, louvores. Nós, ficaremos sem saber se o tal, é justo por amor à justiça, ou, aos louvores que recebe. Convém colocá-lo em situação tal, que de todas essas coisas seja privado; se, inda assim permanecer justo, o é, por amor à justiça.”Necessariamente, ante palavras assim, assoma a saga de Jó, o herói bíblico que fora fiel na fartura, e seguiu sendo, na adversidade.

Quem conhece nossa história mais recente há de lembrar quão incisivo era Lula quando deputado de oposição, em suas denúncias contra a improbidade e corrupção. Em dado momento chegou a dizer que no Congresso havia pelo menos uns trezentos “picaretas”, políticos venais. Contudo, após várias tentativas subiu ao poder, e, ele que fora um sindicalista pobre, morando em apto de 40 m2 tornou-se um milionário, bem como, assim são, seus filhos. O sujeito zeloso da ética, da probidade sumiu nas águas fartas e poluídas do poder. Quem falava mal dos corruptos, em pretensa honestidade, hoje fala mal de juízes, procuradores, em evidente sinal de medo, acessório da culpa.


Acho graça quando, ao apostarem nas loterias, várias vezes acumuladas, o que amontoa veras fortunas em prêmios, as pessoas que jogam fazem seus planos benevolentes de todo bem que fariam se ganhassem. A lógica da palafita jamais será a mesma que a do palácio. Fazem tais planos benévolos ancorados no que presumem ser; contudo, se o ser fosse mesmo seu alvo, sua meta, seriam, a despeito das circunstâncias, invés de estarem fazendo suas preces à fortuna, nas longas filas do ter. Acho que, no fundo, tentam negociar hipocritamente com a sorte, prometendo serem bonzinhos se, ela lhes for favorável.


José Ortega Y Gasset, filósofo espanhol disse: “O homem é o homem, e suas circunstâncias”. Isso, vertido para uma linguagem vulgar equivale ao popular, “A ocasião faz o ladrão.” Se isso fosse veraz, uma minoria de caracteres nobres que não capitula ao vício, mesmo em ocasiões favoráveis, deve ser considerada anômala, estragada? Ou, ao ter furtado, alguém, em ocasião favorável deve ser inocentado, uma vez que, a culpa foi da ocasião?


Na verdade, tendemos a ver o mérito que falta, na situação que falta, quiçá, na pessoa ausente. Por exemplo: No futebol, determinado jogador erra bisonhamente uma jogada, e logo o torcedor lembra outrem que não erraria. “Tira essa pereba e bota o fulano”, gritam. Mas, nada garante que, o fulano da reserva faria melhor. De igual modo, nas situações cotidianas, não raro apreciamos erros alheios dizendo: Se fosse eu, jamais faria isso; esquecendo que, eventualmente, eu, faço coisas ruins, que outros não fariam.


Nossas oportunidades, quer grandes, quer módicas, são o “poder” no qual somos investidos, e onde, aceitemos ou não, nossos caracteres são testados. O Salvador ensinou que, o fiel no pouco será colocado gestor do muito. D’onde se conclui que o adjetivo fiel, é mais que as variáveis circunstanciais, pouco, ou, muito.



O Eterno, conhecedor de nossa natureza caída, não nos guinda a lugares altos, sem, antes, aperfeiçoar nosso caráter em meio à dura têmpera das aflições. "Eis que te purifiquei, mas, não como a prata; provei-te na fornalha das aflições." Is 48;10

Ao exortar que os grandes se façam pequenos espera que, eventual poder não nos suba à cabeça em detrimento do dever. “...Os reis dos gentios dominam sobre eles, os que têm autoridade são chamados benfeitores. Mas, não sereis vós assim; antes o maior entre vós seja como o menor; quem governa como quem serve.” Luc 22;25 e 26



Por fim, Paulo: “Não atente cada um para o que é propriamente seu, mas, cada qual também para o que é dos outros. Haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas, esvaziou-se, tomando forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; achado na forma humana, humilhou-se, sendo obediente até à morte, e morte de cruz.” Fp 2;4 a 8

"Confissão da Palavra". Mantra de loucos

“... Como fala qualquer doida, falas tu; receberemos o bem de Deus, e não receberíamos o mal?” Jó 2;10
Aos olhos de Jó, esperar apenas facilidades na vida, era uma perspectiva de doidos, de loucos. Salomão pautou algo semelhante: “No dia da prosperidade goza do bem, mas, no dia da adversidade considera; porque também Deus fez a este, em oposição àquele, para que o homem nada descubra do que há de vir depois dele.” Ecl 7;14

Tanto para Jó, quanto, Salomão, pois, os dias maus em contraponto aos bons, eram Obra de Deus. Na verdade, o Próprio Salvador, a isso, corroborou: “No mundo teres aflição, mas, tende bom ânimo, eu venci o mundo”; ou, Isaías, o profeta, cogitou tempos de absoluta escuridão, na qual deveria nos bastar O Caráter do Santo, Seu Excelso Nome. “Quem há entre vós que tema ao Senhor e ouça a voz do seu servo? Quando andar em trevas, não tiver luz nenhuma, confie no nome do Senhor, firme-se sobre o seu Deus.” Is 50;10

Por que alisto isso tudo? Porque viceja na praça uma “teologia” capenga, herética, chamada “Confissão da Palavra”, onde, incautos são ensinados a pegarem determinadas passagens bíblicas e saírem repetindo como robôs, até que, “a esperança ganhe substância, se torne fé”. Coisas que Deus disse, ensinam, devemos decretar, determinar; as más que chegam a nós, convém rejeitar, pois, vêm do diabo.

Um dos expoentes dessa aberração é R. R. Soares, que, “baseado” no texto de Isaías 53 que diz, que o Salvador levou sobre si nossas enfermidades, os crentes não podem mais ficar enfermos, pois, seria uma ação do maligno. Só que, o verso seguinte deixa ver de quais “enfermidades” se fala: “O castigo que nos traz a paz estava sobre Ele, pelas Suas pisaduras fomos sarados.” “Nos traz a paz...” não, saúde. Claramente trata-se de enfermidades da alma, pecados. Timóteo tinha problemas de estômago, Trófimo ficou doente, Eliseu, Paulo; todos eram servos de Deus. Nesse momento que escrevo estou de cama, com febre dor de garganta; me presumo servo também, embora, da raia miúda.

O problema dessa “teologia”, herege do primeiro ao quinto, é que ela transforma o paciente em médico, digo, o faz comportar-se como se fosse; coisa de doido como diria Jó. Imagine que consultemos um clínico qualquer, e, tal, nos prescreva uma aspirina de seis em seis horas. Invés de a tomarmos, peguemos a receita e saímos repetindo indefinidamente, o que está escrito: “Uma aspirina de seis em seis horas.” Hora, esse é o “script” dele, minha parte é fazer o que ele mandou.

Igualmente, nas coisas de Deus. O Senhor disse: “Bem aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus.” Será que, se eu sair “confessando” isso O verei? Nunca. A receita é “limpar o coração”, não, repetir o que está escrito. Mas, como fazer isso? Essa pergunta já foi feita e respondida; “Com que purificará o jovem seu caminho? Observando-o conforme tua palavra.” Sal 119;9 devemos, pois, caminhar, andar, agir, segundo A Palavra, não repetir o que ela diz.

Interessante é que, tais “Mestres” escolhem a dedo quais passagens devemos “confessar”. Textos como: “Não há um justo sequer”, “Enganoso é o coração, mais que todas as coisas, perverso.” “Não há um bom, senão, Deus;” ou, mesmo, “No mundo tereis aflições”, esses não; afinal, seriam “negativos”. Negativos ou, positivos, são verdade. Quem a teme, jamais vai se aproximar deveras, de Deus.

Em momento algum O Altíssimo tencionou que fizéssemos da Sua Palavra, “matéria prima” para mantras, antes, depois de rejeitarmos às más influências baseássemos dela, nossa reflexão, para pautar ações, caminhos. “Bem aventurado o homem que...tem o seu prazer na lei do Senhor, na sua lei medita dia e noite.” Sal 1;1 e 2

Enfim, qualquer ensino, por ortodoxo que pareça, se, substituir a obediência, santificação, por técnica, é blasfemo, pois, supõe que O Todo Poderoso seria manipulado por vermes indignos como nós.

 Certo é que, no caso de Jó era mesmo o inimigo causando aflições, porém, com permissão de Deus. Se, para um íntegro como Jó O Eterno permitiu, por que seria diferente conosco? É vero que, Deus “Faz com que todas as coisas contribuam juntamente para bem dos que O temem”, contudo, apenas Ele sabe o que, no final se revelará nosso bem.


Tendemos a chamar assim, ao bom, como crianças que preferem alimentos feitores de obesidade, aos, saudáveis. Priorizar o que necessitamos invés do que desejamos é Ele que faz soberanamente, não recebendo “ordens” da Terra. Deprimente ver multidões ofertando seus aplausos e “améns” a esses perversos. A mulher de Jó falou como doida, esses, agem como tais. “Os loucos às vezes se curam, os imbecis, nunca.” Oscar Wilde

domingo, 2 de outubro de 2016

Efeito manada

“Toda a multidão da terra dos gadarenos ao redor lhe rogou que se retirasse deles; porque estavam possuídos de grande temor. Entrando ele no barco, voltou. Aquele homem, de quem haviam saído os demônios, rogou-lhe que o deixasse estar com ele;” Luc 8;37 e 38

Duas situações antagônicas. A multidão pedindo que O Senhor se afastasse, o liberto desejando manter-se perto Dele.

Os gregos definiram a multidão como um “monstro acéfalo”, ( sem cérebro ) na maioria dos casos isso se verifica. Basta que uma voz de comando dê o primeiro grito, tanto faz, “herói”, “crucifica-o”, “não vai ter golpe”, “grande é a deusa Diana”, “fora daqui”, presto, o efeito manada, acaba unificando os anseios do “monstro”.

Pouco importava se, o recém liberto fora um alijado social, que vivia entre sepulcros autoflagelando-se, e, agora estava livre. Alguém viu mais valor numa vara de porcos, e, tal, deve ter dado a voz de comando à manada; O Senhor se retirou. Contudo, quem peregrina pelo deserto sabe, como ninguém, apreciar o valor da água; digo, um que fora cativo de uma legião de demônios, sabe bem, quanto vale, ser, enfim, livre. Por isso, grato ao Libertador, tencionou permanecer com Ele.

Não obstante se “filosofeie” a primazia da qualidade sobre a quantidade, grosso modo, essa tem sobrepujado àquela. Lembro de um texto que enviei certa vez a um editor esperando que me ajudasse a publicar um pequeno livro. O material era de cunho teológico, e, a editora, especializada em publicações desse viés. Devolveram-me com muitos elogios ao conteúdo sadio, mas, escusaram-se dizendo não ser do seu perfil; noutras palavras, um livro como aquele, tinha pouco apelo comercial, não venderia. Na apreciação deles, pois, tinha qualidade, mas, por isso, prejudicava à quantidade.

Basta que entremos numa livraria “Evangélica” aliás, para ver em destaque um monte de esterco, doutrinariamente falando, e eventuais obras de sadio conteúdo, esquecidas em prateleiras dos fundos. Autores como Benny Him, Kennet Hagin, Napoleon Hill, e, outros tantos, menos votados, cujos ensinos desafinam da boa hermenêutica Bíblica, vendem muito, dão lucro, portanto, fazem sucesso. De novo, a multidão, cujo apelo deveria ser evitado, ensino que vem desde Moisés. “Não seguirás a multidão para fazeres mal; nem, numa demanda falarás, tomando parte com a maioria para torcer o direito.” Ex 23;2

Cheia está a Internet desse lixo de jogar com a curiosidade em busca de números, visitas. Certos sites são especialistas em manchetes bombásticas, para atrair; aí a gente vai ler e não passa de um traque; ou, seria um truque? Nesses, depois de uma ou duas, considero-os sinônimos de fraude; não  leio mais, mesmo que, eventualmente, tenham algo de valor. Seu histórico desqualifica.

De igual modo trato ministros cujos ensinos em parte são corretos, noutra, hereges. Toda heresia precisa certo, quê, de verdade para ser palatável, pois, em seu estado “puro” não é. Assim, o que de correto esses histriões ensinam serve de “farinha” entre a qual dissolvem seu “princípio ativo”.

Então, quem se impressiona com números, multidão, coisas que “viralizam”, certamente se manterá afastado do Salvador, pois, aos olhos naturais será como foi aos seus coevos, quer, gadarenos, quer, judeus. Isaías anteviu tal desprezo: “...olhando nós para ele, não havia boa aparência, para que o desejássemos. Era desprezado, o mais rejeitado entre os homens, homem de dores, experimentado nos trabalhos; como um de quem escondiam o rosto, era desprezado, não fizemos dele caso algum.” Is 53;2 e 3

Desgraçadamente, os demônios que possuíam ao infeliz, identificando O Senhor, pediram misericórdia; homens que viram isso tudo, pediram distância. Um pecador de coração endurecido consegue ser pior que o diabo.

Não sem razão, pois, O Senhor figura a mudança que faria nos convertidos com um transplante de órgãos. “Dar-vos-ei um coração novo, e porei dentro de vós um espírito novo; tirarei da vossa carne o coração de pedra, e vos darei um coração de carne. Porei dentro de vós o meu Espírito, e farei que andeis nos meus estatutos, guardeis os meus juízos, os observeis.” Ez 36;26 e 27


Essa sociedade apodrecida, alienada de Deus, no prisma político faz moda da opção das minorias, por imoral que seja; no aspecto filosófico, a onda é o “politicamente correto”, marchar com a maioria. 

O Eterno não se impressiona com números, quer módicos, quer, astronômicos; Ele criou os astros. O que impressiona ao Santo é caráter, fidelidade, integridade, como tinha Jó.

Assim, Sua ceifa será qualitativa, seletiva, pouco importando quantos serão. Quem usufrui a libertação de Cristo quer ficar perto dele; e, a Seu tempo, ficará, O verá pessoalmente. “Meus olhos procurarão os fiéis da terra, para que se assentem comigo; o que anda num caminho reto, esse me servirá.” Sal 101;6

sábado, 1 de outubro de 2016

Doutores de si

“Pregues a palavra, instes a tempo, fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina. Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme suas próprias concupiscências;” II Tim 4;2 e 3

Segundo a Bíblia, um abismo chama outro; algo mau tende a inflacionar, invés de se manter inerte, estanque.

A instrução de Paulo a Timóteo alude aos que não podiam ouvir A Palavra como ela é. Sendo a mesma, “insuportável”, qual a providência dos tais? “Amontoariam doutores para si...” Ora, esse ilustre falecido, o “Si”, precisa meramente, um sepulcro, não, mestres que o ressuscitem. Desde que o homem passou a decidir por si, o bem e o mal, morreu, alienou-se do Criador.

Como, morte espiritual não equivale a não existência, mas, separação de Deus, o Salvador se dispôs a falar com mortos que existem, portanto, podem ouvir. “Pois, assim como o Pai ressuscita os mortos, os vivifica, também o Filho vivifica aqueles que quer... Em verdade, em verdade vos digo, que vem a hora, agora é, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus, os que ouvirem viverão.” Jo 5;21 e 25

Entretanto, para esses mortos dispostos a ouvir, o preceito é que se livrem, na sombria cruz, desse ser fantasmagórico, para que o novo homem seja gerado. “Negue a si mesmo, tome sua cruz e siga-me” Luc 9;23

Se, o livre arbítrio, cantado em prosa e verso nos permite as escolhas que quisermos, nem ele, nem fonte alguma, por prodigiosa que pareça, está autorizada a alterar um til sequer, do que O Santo falou. Como vento que separa palha do trigo; ninguém pode aumentar o peso da palha, tampouco, ingerir na força do vento.

Entretanto, os “doutores” do si mesmo criam seu “evangelho” alternativo, pois, ensinam a viver melhor, aos tíbios, que deveriam, de uma vez por todas, aprender a morrer melhor. Quem vai a Cristo cheio de si volta apenas com o que foi, como o jovem rico o fez.

Aprendamos com Abraão, o “Pai da fé”. O Eterno lhe disse: “Toma agora o teu filho, teu único filho, Isaque, a quem amas, vai-te à terra de Moriá, e oferece-o ali em holocausto sobre uma das montanhas, que eu te direi.” Gên 22;2  

Invés de ouvir diretamente ao Criador, tivesse um “doutor” do si para o ajudar e teria sido bem mais fácil. Teria dito: “Não é confiável o que ouviste, pois, chamou-te de pai de único filho; tens dois, Ismael e Isaque; ademais, amas ambos, Ele pediu um filho que amas, bem podes oferecer ao filho da escrava; Isaque, jamais." Palavras assim soariam brandas aos ouvidos do Patriarca, mas, ele saberia que seriam mentirosas.

Ismael fora um arranjo precipitado, por ter duvidado, Sara, da Promessa de Deus. Embora, Deus preservou sua vida, o abençoou, para o propósito Divino, não contava, antes, seria o filho da promessa, o “Único filho” em questão, Abraão bem o sabia.

A problema maior do “si mesmo” não é ele em si, se é que me entendem; antes, a pretensão de ser ele, em Deus. Seguido deparo com as farisaicas orações do si; “Senhor, visite os enfermos, cure-os, os presídios, conforte-os, dê-nos um mês abençoado, abençoe essa pessoa que está lendo e vai digitar “amém”. Cáspita!! Como o cara cheio de si é vazio de noção! Ser solícito atencioso, com desvalidos, enfermos, presos, foi o que O Salvador nos ordenou que fizéssemos; quando o fizerdes, a mim o fareis, disse. Invés de fazer o que foi ordenado, “Dom Si”, ordena que Deus faça isso em seu lugar. Que sem vergonha!

O si é rei no império dos direitos, desconhece os árduos caminhos na província humilde do dever. Alguém famoso assume publicamente uma relação espúria, antinatural, depressa o si o defende. “Cada qual sabe de si, todos têm direito de ser felizes” apregoa. Como são as coisas no seu reino, diga ele. 

Porém, no Reino de Deus somos servos, não contam nossos direitos, antes dos deveres. Por esses somos exortados à diligência, aqueles, não demandam greves, passeatas, gritaria, antes, ceifaremos no tempo certo, aos olhos do Rei.


Acho irônico, mas, justo quando alguém é depenado, depois de breve ancoragem nos domínios dos mestres de aluguel. Quais interesses cuidaria um doutor de si, senão, dos próprios? 

No mais belo encômio ao amor, feito por Paulo, disse que ele, “não busca os próprios interesses...” Os interesses de Deus antes dos meus, santa loucura a qual somos desafiados. " Porque a loucura de Deus é mais sábia do que os homens...” I Cor 1;25 Assim, só se entrega deveras a Deus, quem está fora de si...

domingo, 25 de setembro de 2016

Condenados à liberdade, presos de medo

“Disse Deus: Produza a terra alma vivente conforme sua espécie; gado, répteis e feras, conforme a sua espécie; assim foi. Fez Deus as feras da terra conforme sua espécie, gado, conforme sua espécie, e todo o réptil da terra conforme sua espécie; e viu Deus, que era bom.” Gen 1;24 e 25

Contrário à tese evolucionista que apregoa mutações “ad infinitum” das espécies, a Bíblia as apresenta como obra acabada, restritas ao determinismo mecânico reprodutivo. Conforme, significa, análogo, semelhante, igual na forma...

O conflito se estabelece pelos evolucionistas descrerem do relato, e, nos acusarem de primitivismo mitológico, anticientífico, por acreditarmos na Palavra como, ela é. Nós a temos como “Obra acabada”, igual à Criação. Para eles, a “ciência” deve evoluir concomitante ao evoluir das criaturas (?) digo, seres, pois, criaturas remeteria ao Criador, heresia aos seus científicos olhos. Certo que a ciência veraz evolui no domínio da tecnologia, mas, no que tange à vida, é incapaz de gerar uma folha de grama usando seus próprios meios, apenas.

Dado ser um tanto irônico, encontramos raízes do evolucionismo na Bíblia. Ela ensina que a proposta do “profeta” do Éden, foi a independência cognitiva em lugar de crer na Revelação: “Vós sereis como Deus, sabendo o bem e o mal”, disse. Assim, pretendem ser, todos que a renegam.

O saber, refém de uma vontade rebelde, torna-se inócuo, pois, não possui força assaz persuasiva para fazer agir ao seu lume. Amiúde, ocorre como em muitos casos nos quais desaconselhamos alguém quando se dispõe a uma empresa temerária; invés de nos ouvir, revida: “Não quero nem saber!” O “quero” no caso, não quero, o rebento da vontade precede ao conhecimento, e, o ignora, ao sabor das conveniências.

Algo assim inquietava Paulo: “Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; com efeito, querer está em mim, mas, não consigo realizar o bem. Porque não faço o bem que quero, mas, o mal que não quero, faço. Ora, se faço o que não quero, já não faço eu, mas, o pecado que habita em mim.” Rom 7;18 a 20

Interessante figura que personifica o pecado como intruso habitante dentro de nós. Tiago falou da gênese: “Cada um é tentado, quando atraído e engodado pela própria concupiscência. Depois, havendo a concupiscência concebido, dá à luz o pecado; o pecado, sendo consumado, gera a morte.” Tg 1;14 e 15

A grande “vantagem” evolucionista é que, palavras negativas como “pecado” desaparecem. Apenas a seleção natural “pune” aos de má qualidade, no mais, bola pra frente.

Entretanto, olhando o cenário planetário com honestidade, o que vemos corrobora a evolução, ou, a Revelação? Digo, rumamos à decrepitude como vaticina A Palavra, ou, a um patamar superior da espécie “sapiens”? A célere decadência dos meios naturais tem dado azo ao surgimento de partidos ecologistas, temendo que, evoluamos para a desertificação, o que minaria o potencial de vida no planeta. Espécies são extintas velozmente; invés de deixarem a “seleção natural” fazer seu trabalho, estão alarmados, engajados na preservação. Contraditório, para quem se ufana de ter ciência.

A Bíblia anteviu esses dias: “Porque sabemos que toda a criação geme e está juntamente com dores de parto até agora. Não só ela, mas, nós, que, temos as primícias do Espírito, também gememos em nós mesmos, esperando a adoção, a saber, a redenção do nosso corpo.” Rom 8;22 e 23 O corpo dos salvos será redimido, banindo-se de vez o intruso aquele, que faz a vontade inclinar-se contra Deus, o pecado. “Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois, não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, pode ser.” Rom 8;7

Redimir equivale a pagar resgate pela libertação; Cristo fez. Regenerar, gerar de novo como era originalmente, isso, O Espírito Santo Faz. Afinal, se todos os seres criados tendem à reprodução conforme suas espécies, por que o homem, imagem de Deus, feito para presidir a Criação, poderia degenerar, reproduzir-se de qualquer modo?

A Parábola do Semeador ensina que a maioria das sementes se perderia no plantio, assim, a humanidade. Imensa maioria avessa à disciplina, virtude, obediência, Ao Criador. Mas, pelas poucas sementes que cairia em boa Terra, suportaria a perda das demais, ensinou. Deus está condenado à liberdade, assim como nós. Da nossa, não raro, fazemos prisões; Ele, da Sua, não pode evitar dolorosas decepções.


“O Espírito do Senhor Deus está sobre mim; porque o Senhor me ungiu, para pregar boas novas aos mansos; enviou-me a restaurar os contritos de coração, a proclamar liberdade aos cativos, e abertura de prisão aos presos;” A porta está aberta desde que o Libertador bradou: Está consumado! Mas, a imensa maioria morre de medo de ser livre...

terça-feira, 20 de setembro de 2016

Dissecando o "pênis"

Deparo vez por outra com o seguinte:

“Religião é como um pênis,

-É legal que você tenha;
-tudo bem, você se orgulhar disso;
-mas, por favor, não saia por aí exibindo em público;
-e, muito menos, tente enfiar goela abaixo, dos seus filhos.”

Antes de mais nada, uma definição importante. Religião vem do latim religare, esposando a ideia de religação do homem com Deus. Segundo a Bíblia, O Único que faz isso é Jesus Cristo. “Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem.” I Tim 2;5 Só Ele religa, embora, haja milhares de simulacros que genericamente se chama, religiões. Como sou cristão, verei a coisa por esse prisma. Outras crenças, se desejarem, o farão a seu modo.

Para começo de conversa, não é “legal” que eu tenha fé em Cristo, é indispensável, caso eu nutra anseio pela salvação que Ele oferece. “Quem crer e for batizado será salvo; quem não crer, será condenado.” Não é um penduricalho psíquico que uso pra me sentir bem. É uma tábua de salvação que passa flutuando sobre as águas poluídas desse mundo de pecado, e quem não se apoiar nela, perecerá. “Como escaparemos nós, se não atentarmos para uma tão grande salvação...” Como vimos, não é “legal”, é vital.

“Tudo bem, eu me orgulhar disso?” Ora, de outras religiões não sei, mas, dos ensinos de Cristo, que disse que devemos ser como crianças; que os grandes devem ser os menores; que deu exemplo lavando os pés aos discípulos; onde resta uma nesga de espaço para orgulho?

O orgulho está na origem da queda da humanidade, por isso, aliás, Deus proveu um meio de salvação “vacinado” contra esse bicho nefasto. “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie; ( se orgulhe )” Ef 2; 8 e 9 “Deus escolheu as coisas vis deste mundo, as desprezíveis, as que não são, para aniquilar as que são; para que nenhuma carne se glorie perante ele.” I Cor 1;28 e 29

“Não sair exibindo em público”? Deveria ser, nossa fé, como certos rituais ocultos de maçonaria e assemelhados? Claro que não vamos interromper outros eventos para impor nossa crença, mas, esconder, aí, não dá. Nosso Mestre disse: “Sempre falei abertamente...” e nós nos esconderíamos como se tivéssemos vergonha Dele? Paulo foi categórico: “não comuniqueis com as obras infrutuosas das trevas, antes, condenai-as. Porque o que eles fazem em oculto até dizê-lo é torpe.” Ef 5;11 e 12 O mesmo Senhor, aliás, sobre a Luz que deve existir sobre os Seus, disse: “Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte;” Mat 5;14 Como vemos, ocultismo cristão está fora de cogitação.

Quanto a enfiar goela abaixo dos nossos filhos, não fazemos isso, pelo menos, os cristãos maduros, muito embora, tenhamos dever de ensinar-lhes o bom caminho, dar-lhes o exemplo com nossos atos. “Educa a criança no caminho em que deve andar; até quando envelhecer não se esquecerá dele.” Prov 22;6

Gozado que esses “conselheiros espirituais” especialistas em assuntos de religião não ousam desenvolver seus “ministérios” em nações onde vige o fundamentalismo islâmico, onde se corta as cabeças dos diferentes, mas, aqui, onde a diversidade e pluralidade coexistem em paz, querem tolher nossa liberdade com argumentos pífios.

Claro que a fé cristã sadia incomoda. Os que andam mal, degeneram fazem a festa dos ímpios que se lavam com água suja; contudo, os de boa conduta inquietam as consciências dos pecadores que são covardes demais para tão ousado passo. Aí, preferem “enfrentar” aos crentes que a si mesmos. Ora, temos mais de 31 mil versos bíblicos para meditar, seríamos tolhidos por quatro idiotices dessas? Que gente sem noção!

Mas, como o ilustre anônimo gosta de símiles, digo-lhe que o cérebro se assemelha a um pênis. Por motivos idênticos. Também é legal que ele tenha um; mas, não se orgulhe disso, pois, irracionais o têm, alguns, usam melhor que certos humanos; Se o dele ainda segue sem uso, não deveria mostrar essa “pureza” a todo mundo, as pessoas poderiam pensar que é um ignorante; Por fim, se o melhor que conseguiu produzir com sua massa cinzenta foi o ridículo, quádruplo conselho, supra, seria melhor nem gerar filhos, pois, vai que os genes obtusos sejam hereditários, quantos imbecis a mais teríamos meramente fazendo peso sobre a Terra?


A consciência não pode ser silenciada amordaçando o outro, mas, na entrega irrestrita a Cristo. Ele dá a paz. Uma paz ousada a ponto de não negarmos o que somos, mas, pacífica, malgrado o que os outros são.