sábado, 17 de setembro de 2016

Adão sem noção

“Disse Faraó a seus servos: Acharíamos um homem como este em quem haja o Espírito de Deus?” Gên 41;38

O homem que arrancou tal expressão do Faraó era José, o hebreu prisioneiro. Em desfavorável status pessoal, pois, bem como, o ambiente cultural de muitos deuses, como o Egito, para falar do Deus Único.

Contudo, chamado à presença do soberano assegurou: “Deus dará resposta de paz a Faraó”. A resposta, no caso, era a interpretação de dois sonhos, que, estava em pauta, alvoroçando a corte.
Obtida a resposta, o monarca reconheceu que fora O Espírito de Deus que movera José.

Seria O Espírito Santo, um masoquista? Afinal, tanta gente boa, livre, em palácios, e Ele habitando num prisioneiro. Paulo nos ensina a compreensão dos mistérios Divinos comparando as coisas espirituais com as espirituais. Assim, onde as naturais encontram obstáculos, prisões, até, pode, O Santo, encontrar Seu dileto habitat.

Onde existe fé genuína Ele habita: “...depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa.” Ef 1;13 Onde se preza a justiça e paz, Ele se alegra e igualmente, Seu hospedeiro. “Porque o reino de Deus não é, comida, nem bebida, mas, justiça, paz, e alegria no Espírito Santo. Porque quem nisto serve a Cristo agradável é a Deus e aceito aos homens.” Rom 14;17 e 18

O Evangelho do triunfalismo doentio, imediatista, nem de longe assemelha-se à vera expressão da fé. A “fé” que tem sido apregoada pelos mercenários da moda é uma espécie de Midas, rei mitológico, que, tudo o que tocava virava ouro. Ora, a fé hígida é patrimônio do ser, não, um bem para escambo, com o fim de ter.

Acaso José era fiel por que sabia que seria promovido a governador, e estava dando um “adiantamento” a Deus enquanto esperava? Não. Nada sabia do que estava por vir, era, por questão de consciência, de quem Deus É, não, pelo que pode dar.

Nos padrões atuais, alguém permanecer fiel depois de mais de uma década, preso, inocente, é algo impensável. Duas ou três “campanhas de milagres” e, se as coisas não acontecem, o sujeito salta fora concluindo que não serve pra Deus, pois, o que “Ele” prometeu não foi cumprido, quiçá, Deus não serve pra ele, pois, não cumpre o que “promete”.

Diferente de antanho, onde, o fiel entregava-se a Deus independente das circunstâncias, hoje, se dá prazo para que Ele se manifeste. Sete semanas disto, doze cultos daquilo, e quem fizer religiosamente o ritual torna-se credor do Eterno, com direitos a favores especiais. Ora, qualquer coisa que eu faça, por piedosa que pareça, se, o fim for meu interesse, é só uma versão requintada de egoísmo, expressão do ego, coisa que sequer apita ainda, em quem negou a si mesmo e tomou a cruz.

Infelizmente, muito do que se canta em prosa e verso, se encena em púlpitos, palcos, é mero reflexo da falta de noção, de uma igreja adoecida por sucumbir ao imediatismo ímpio, invés de apregoar e viver, segundo a Integridade do Eterno.

Como o populacho imiscuído durante o Êxodo, que vivia devaneando com coisas do Egito, a menor dificuldade, assim, os “crentes” que “saem do mundo” trazendo o mundanismo com eles, travestindo de piedade. Não falo de usos e costumes, mas, de anseios egoístas e carnais.

Aqueles, tanto fizeram opondo-se a Moisés e Aarão, que um dia Deus deu um basta e a Terra os tragou vivos. Se, o mesmo juízo fosse aplicado agora a Terra sofreria um colapso, por ter comido demais.

No início, Deus deu todas as coisas francas ao primeiro casal; o inimigo insinuou que lhes faltava independência; o resultado, conhecemos. Agora, a reparação do erro, propiciada pelo Méritos Graciosos de Cristo, requer que nos coloquemos em absoluta dependência, para que, O Eterno nos dê outra vez, todas as coisas, no Seu tempo, segundo Sua vontade, pois, requerer isso do nosso jeito, nos remeteria de novo, à independência, à queda.

Amós perguntou: “Andarão dois juntos se não estiverem de acordo?” A resposta óbvia é, não. Assim, enquanto não nos adequarmos aos termos do acordo com Deus, Ele sequer andará conosco, que dirá, nos abençoar. Não digo que merecemos bênçãos, quando obedecemos, mas, em posição de rebeldia, nos colocamos em rota de colisão com o juízo, invés de bênçãos.

Adão teve ciência da nudez e se escondeu. Os neo-Adões, peladões, falam com a cobra, devaneando que ela é o Criador.


Cristo em nós deve ser tão visível como uma cidade sobre um monte. Como Faraó viu O Espírito Santo em José. Quem possui cifrões nas retinas, nunca verá a Bendita Luz de Jesus, O Senhor.

quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Com que livro eu vou?

“Um rio de fogo manava de diante dele; milhares de milhares o serviam, e milhões de milhões assistiam diante dele; assentou-se o juízo, e abriram-se os livros.” D 7;10

No ínterim de uma visão profética de Daniel sobre a sucessão dos poderes humanos, viu também uma cena do Juízo de Deus, e narrou, como vemos acima.
Interessante que não se consultou nenhuma comissão especial, de ética, não se pediu permissão ao Congresso, ou, Senado, para o referido julgamento, tampouco, foram requeridas testemunhas, quer de defesa, quer de acusação. “Assentou-se o juízo e abriram-se os livros”, simples, assim.

Lá, nada valerá a balela de se dizer que é perseguido, como fazem tantos biltres atuais; nem, há cargo algum que se possa oferecer em troca de apoio, pois, Quem Julga, de nada tem necessidade, exceto, fazer justiça.

Que livros são esses? Bem, a Bíblia fala de uma anotação minuciosa feita nos céus referindo aos salvos, diz: “Então aqueles que temem ao Senhor falam frequentemente um ao outro; o Senhor atenta e ouve; há um memorial escrito diante dele, para os que temem o Senhor, para os que se lembram do seu nome. Eles serão meus, diz o Senhor dos Exércitos; naquele dia serão para mim joias; poupá-los-ei, como um homem poupa seu filho, que o serve.” Ml 3;16 e 17

Além do “Livro da Vida” que traz o rol dos servos de Jesus, temos outros livros onde se registra as obras dos ímpios, não, suas falas. “Vi os mortos, grandes e pequenos, que estavam diante de Deus, e abriram-se os livros; abriu-se outro livro, que é o da vida. Os mortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros, segundo suas obras.” Apoc 20;12

Um aferidor comum, não há distinção de credos, posses, nacionalidade, classes sociais, fama, beleza, nada; todos miseravelmente nivelados sob a condição de “mortos”. A morte espiritual não equivale à não existência, antes, refere-se à alienação de Deus.

O “Diário Oficial”, pois, é extremamente fidedigno; julga-se segundo o que nele está registrado. Quando, sobre a Terra alguém quer jactar-se de transparência costuma dizer: “Minha vida é um livro aberto”; sabemos que, amiúde, não é bem assim. Tendemos, como o fruticultor, a escolher nossos melhores frutos para usar como amostra; entretanto, no juízo, mesmo tendo as mais nefastas coisas a esconder, quem quer que seja, sua vida será um livro aberto. Tão fiel, que, julgar segundo o livro, será julgar segundo a vida.

Então, “Como escaparemos nós”? Bem, Paulo ensina: “Porque, se nós julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados.” I Cor 11;31 Quer dizer que devemos ter conhecimento jurídico para o auto julgamento. De certa forma, sim. Em que base será o Juízo? O Salvador ensinou: “Quem me rejeitar, não receber as minhas palavras, já tem quem o julgue; a palavra que tenho pregado, essa, o há de julgar no último dia.” Jo 12;48 Notemos então, que, o julgamento dos mortos atina aos que rejeitam a Jesus Cristo, e não recebem Suas Palavras.

Os que creem, obedecem, identificam-se com a cruz, já foram “julgados” condenados com Cristo. Ele venceu a morte, ressuscitou, e ressuscita aos que são Seus. “Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, não entrará em condenação, mas, passou da morte para a vida. Em verdade, em verdade vos digo que vem a hora, agora é, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus, os que a ouvirem, viverão.” Jo 5;24 e 25

Outra vez, os mortos que existem, e, ouvindo a Voz de Cristo são espiritualmente ressuscitados. “Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na sua morte?” Rom 6;3  Claro que isso demanda um novo modo de viver. “De sorte que fomos sepultados com ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim, andemos nós também em novidade de vida.” Rom 6;4

Em suma, nossa escolha, somente ela, definirá se figuraremos no Livro da Vida, ou, no dos mortos. Essas tramas humanas, tipo, direito de ficar calado, ou, mesmo, mentir em juízo, nada valerão ante O Juiz de Toda a Terra.


O tempo para o juízo é agora; digo, para julgarmos a nós mesmos. Se, não o fizermos, O Senhor fará, mas, aí será tarde demais, como disse o poeta Rabelais: “Conheço muitos que não puderam quando queriam, porque não quiseram, quando podiam.” Agora, ainda podemos virar a página, ou, mudar de livro, como exorta A Palavra: “...Portanto, como diz o Espírito Santo: Se ouvirdes hoje a sua voz, não endureçais os vossos corações...” Heb 3;7 e 8

domingo, 11 de setembro de 2016

A Paciência

“Porque necessitais de paciência, para que, depois de haverdes feito a vontade de Deus, possais alcançar a promessa.” Heb 10;36 Interessante essa ordem de coisas. Paciência, depois, de ter feito a vontade de Deus. A maioria dos impacientes que conheço, o são, por marcarem tempo, ou, modo, para que, Deus, faça suas vontades.

Pensemos um pouco sobre a palavra, paciência. Já ouvi alguns dizendo tratar-se da ciência da paz. Soa parecido, entretanto, não é bem assim. Paz deriva do latim, pax. Paciência, segundo especialistas, vem do Latim, Pati, significando, sofrer, aguentar; ou, do grego Pathe, sofrimento. Da mesma fonte vêm, simpatia, patologia, e paciente, aquele que é internado para ser tratado de algum mal.

Ora, um paciente não decide sobre medicamentos, doses, cirurgias, abstinências, nada. Está totalmente a mercê do médico. Igualmente, não lhe cabe decidir sobre quando terá alta. Se sair por sua conta deixará de ser paciente e será fugitivo. Assim, paciência no aspecto espiritual significa submeter-se a Deus, Sua Vontade, como um paciente faz, ante os médicos.

O salmista escreveu: “Esperei com paciência no Senhor, ele se inclinou para mim, ouviu o meu clamor. Tirou-me dum lago horrível, dum charco de lodo, pôs os meus pés sobre uma rocha, firmou os meus passos.” Sal 40;1 e 2

Quem escreveu isso foi Davi, que fora ungido bem jovem para ser rei de Israel. Entretanto, demorou muito para reinar. Foi invejado, perseguido por Saul, errante, desterrado entre inimigos, nada da promessa se cumprir.

Bem poderia ter matado o rei que o perseguia, teve duas oportunidades e não fez, pois, se Deus dissera que ele seria rei, aguardaria no tempo do Eterno. Poderia ter pensado, mato o rei indigno, Deus disse que eu mando nessa bagaça, então, é comigo. Porém, fugiu, esperou. Depois que os inimigos filisteus mataram ao desobediente Saul, e o povo o buscou para ser rei, só então, viu O Senhor tirá-lo do “charco de lodo” das perseguições, e colocá-lo na rocha, de um grande reino.

A Bíblia apresenta não poucos filhos da impaciência, todos feios. Sara, malgrado a promessa Divina que teria um filho com Abraão, achou que a coisa demorava muito; mandou seu marido “ajudar” a Deus, deitando-se com a escrava. Não resolveu o problema em sua precipitação, e ainda criou um novo. Mais tarde, durante o Êxodo, Israel guiado por Moisés chegara à base do Sinai, onde deveria esperar, pois, Deus chamara Seu servo no monte para dar Sua Lei. Demorou 40 dias, o que pareceu demais a um povo que esperara por 400 anos. Dada a “demora” fizeram um bezerro de ouro para adorar.

A fé é confiança irrestrita no Caráter de Deus, a paciência deve descansar na Sabedoria do Santo. Aquele que é Onisciente não saberia o tempo certo de nos abençoar?

Além da Sua Palavra, Deus, nos fala, através da Sua Obra. Spurgeon chamou de Livro da Natureza. A Bíblia corrobora isso, dizendo: “suas coisas invisíveis desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, quanto, a sua divindade, se entendem, e claramente se veem pelas coisas que estão criadas, para que os ímpios fiquem inescusáveis;” Rom 1;20

E, dentre as muitas coisas que podemos aprender observando a natureza, uma delas, sem dúvida, é a paciência. Tiago ensina: “Sabendo que a prova da vossa fé opera a paciência. Tenha, porém, a paciência a sua obra perfeita, para que sejais perfeitos, completos, sem faltar em coisa alguma.” Tg 1;3 e 4  “Sede, pois, irmãos, pacientes até à vinda do Senhor. Eis que o lavrador espera o precioso fruto da terra, aguardando-o com paciência, até que receba a chuva temporã e serôdia.” Cap 5;7

Acaso conhecemos alguma planta que se semeie e colha no mesmo dia, na mesma semana? Algumas hortaliças se pode colher, num mês; mas, geralmente o tempo e muito maior, entre plantio e ceifa. Assim como o lavrador não pode abreviar o tempo da colheita, não podemos nós, interferir no tempo de Deus.

Afinal, mesmo O Altíssimo sendo Eterno, atua em consórcio com o tempo, ainda que, esse, seja por Ele determinado. O Salvador foi enviado no tempo pré-determinado, e nenhuma impaciência mudaria isso. “vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho.” Gál 4;4


Os que tiram a mão do arado por que “cansaram de esperar” bênçãos que não vieram, cansaram-se com seus próprios pesos, o jugo de Jesus é suave, Seu fardo, leve. Muitos acham que esperar em Deus equivale a ter um Servo de imensa força para nos ajudar. Esperar em Deus é ter um Senhor amoroso e Onisciente, que apesar de nós, não sucumbe a sentimentalismos pueris, antes, faz a bênção e o abençoado madurarem juntos e se encontrarem no devido tempo.

terça-feira, 6 de setembro de 2016

"Conversão" condicional

“Então sua mulher lhe disse: Ainda reténs a tua sinceridade? Amaldiçoa a Deus, e morre.” Jó 2;9

Catástrofes “naturais” haviam dilapidado o patrimônio de Jó, matado seus filhos; por fim, sua saúde também fraquejava, ferido por úlceras. Sua mulher que, tudo indica, silenciara inicialmente, estava achando que, Deus fora longe demais. Sim, se à quebra da sinceridade de Jó, associava a blasfêmia contra Deus, por certo, atribuía a Ele as desventuras.

Quem conhece a história sabe que não era bem assim. Contudo, não pretendo me deter sobre a saga de Jó, por ora, mas, sobre outro aspecto que assoma do texto citado. Até onde devemos ser fiéis, sinceros com Deus, e quando devemos “romper o contrato”?

Em face a essa onda moderna de uma “fé” pragmática, um “cristianismo” de resultados palpáveis, parece oportuno identificarmos a fronteira onde a coisa deixa de ser “bom investimento” e se torna “mico”, na linguagem do mercado financeiro.

A “bolsa de valores espirituais” apresenta como um gráfico em alta, a “falência” de muitos investidores, chamados de “heróis da fé”. Vejamos: “...experimentaram escárnios, açoites, até cadeias e prisões. Foram apedrejados, serrados, tentados, mortos ao fio da espada; andaram vestidos de peles de ovelhas, de cabras, desamparados, aflitos e maltratados (Dos quais o mundo não era digno), errantes pelos desertos, montes, pelas covas e cavernas da terra. Todos estes, tendo tido testemunho pela fé, não alcançaram a promessa;” Heb 1;36 a 39

Deveriam ter seguido o conselho da mulher de Jó, saltado fora, antes, talvez... Enfim, até onde devemos resistir, a Palavra nos dá alguma pista? No prisma do sofrimento, a mesma epístola traz; “Ainda não resististes até o sangue, combatendo contra o pecado.” Cap 12;4 Agora, se o aferidor preferido for o tempo, a receita está noutra parte; “Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens.” I Cor 15;19

Então, mesmo permitindo que nossa vida seja ceifada, O Eterno nunca passa do limite, pois, o tempo é limite “debaixo do sol” não para Aquele que habita na luz inacessível. Quem devaneia com uma “conversão” investimento, condicional, tipo, fico até quando “der certo”, nem entre, dará tudo errado.

Outro dia ouvi: “Me esforço muito, mas, as coisas não dão certo.” Pode ser; a questão é saber quais coisas tem em mente esse tipo de “convertido”. Primeiro, o “esforço” dos tais consiste em ir a determinada igreja; ora, esforço para agradar a Deus se faz nas horas de tentações, que devemos resistir. Na igreja vamos adorar. Segundo, o “dar certo” que muitos fantasiam deriva da emulação pelos “testemunhos de vitória” de uns que prosperaram muito após certos rituais.

Conversão é mudança de mente, ações; entrega incondicional, ruptura com o passado, não para ganhar algo no fim do ano, como os bons meninos, do “Papai Noel”, mas, agradecidos pelo que ganhamos, agora, quando perdoados e transferidos da morte para a vida.

O verdadeiro convertido corre para Cristo explodindo pontes atrás de si. “Muitos dos que seguiam artes mágicas trouxeram seus livros, e os queimaram na presença de todos; feita a conta do preço, acharam que montava a cinquenta mil peças de prata.” Atos 19;19 Não guardaram uns livrinhos de feitiçaria nalgum cantinho obscuro para volverem ao “plano B”, caso o “A”, falhasse. Entregar-se ao Senhor requer confiança; confiar duvidando, no fundo, é negar. Quem acha que o paraquedas não vai abrir, nem salte.

Eliseu, ciente da chamada profética fez algo notável: “Voltou, pois, tomou a junta de bois, e matou, com os aparelhos dos bois cozeu as carnes, deu ao povo, comeram; então, levantou, seguiu a Elias, e o servia.” I Rs 19;21 “explodiu a ponte” por onde poderia tornar atrás, matou os bois, queimou as tralhas e seguiu resoluto. Assim sim, diria o Chaves.


Voltando, até onde estamos dispostos a ir? Quem não pode dizer como Paulo, “viver é Cristo e morrer é ganho”, ainda não se converteu deveras. 

Deus não promete nos livrar nessa vida, ainda que, muitas vezes o faça. Aqueles “falidos" d’antes esperam por nós; muitos, poderão chegar ao encontro com cicatrizes semelhantes. “Provendo Deus alguma coisa melhor a nosso respeito, para que eles sem nós não fossem aperfeiçoados.” Heb 11;40 

Armistício suicida

“Filho do homem, profetiza contra os profetas de Israel; dize aos que só profetizam de seu coração: Ouvi a palavra do Senhor;” Ez 13;2

Um profeta falando aos “profetas”, Ezequiel. Desses, os profetas, espera-se que sejam canais, mediante os quais, Deus fale; entretanto, falava com eles usando outro, por quê? Porque endeusavam desejos de seus próprios corações, e apresentavam como vindo do Senhor.

Pra muitos, “filósofos,” as coisas só valem vindo do fundo do coração; para Deus, é diferente. “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá? Eu, o Senhor, esquadrinho o coração, provo os rins; para dar a cada um segundo seus caminhos, segundo o fruto das suas ações.” Jr 17;9 e 10

Notemos que, embora o Senhor recompense ações, faz, depois de esquadrinhar corações, para ver os motivos que as inspiraram. Muitos fazem a coisa certa por razões erradas, o que é abjeto ante Ele.

Contudo, os modernos fazem a coisa errada, pela razão errada. Apresentam suas inclinações lisonjeiras como Vontade de Deus, para parecerem o que não são. O “Evangelho” que grassa no universo virtual, e, em muitos púlpitos, invés de começar com uma cruz, coloca os mortos espirituais em tronos, “ordenando” com um assentimento básico, um amém, o que “Deus vai fazer”, só por que eles querem. Cambada sem noção!!

Invés da enfadonha “chave da vitória” que a maioria tem “tomado posse”, tá mais que na hora de colocarmos um pouco de sal nessa ambrosia.

Que tal “tomarmos posse”, compartilharmos alguns textos mais sóbrios? Algumas sugestões: “Deus é tão puro de olhos, que não pode contemplar o mal.”Hc 1;13; “...os limpos de coração verão a Deus.”; Mat 5;8 “Porque, quanto ao Senhor, seus olhos passam por toda a terra, para mostrar-se forte com aqueles, cujo coração é perfeito, para com ele...” II Crôn 16;9; ou, “O fundamento de Deus fica firme, tendo este selo: O Senhor conhece os que são seus; qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniquidade.” II Tim 2;19

Mas, textos assim não rendem “curtidas”, e, ao vivo, não colhem as tão desejadas “palmas pra Jesus”.

Desgraçadamente, as pessoas são ciosas de coisas efêmeras, e relapsas no que tange às eternas. Avise, um sintoma, ou, um médico, dos riscos de obesidade, diabetes, etc. e, presto, mudam hábitos, balanceiam alimentação, zelosas da saúde. Entretanto, advirta-se dos riscos de uma má alimentação espiritual, e logo seremos reputados chatos, donos da verdade.

Paulo, escrevendo a Timóteo, além de prescrever certa “medicina caseira” para seus males estomacais, colocou cuidados de corpo e alma, na devida perspectiva: “Mas rejeita as fábulas profanas e de velhas, exercita a ti mesmo em piedade; porque o exercício corporal para pouco aproveita, mas, piedade para tudo é proveitosa, tendo a promessa da vida presente e da que há de vir.” I Tim 4;7 e 8

A função de um profeta assemelha-se à de médico, não, de confeiteiro. Deve preparar para o juízo, invés de convidar ímpios para uma festa. Na linguagem bíblica, “estar na brecha”. Voltemos a Ezequiel: “Os teus profetas, ó Israel, são como raposas nos desertos. Não subistes às brechas, nem reparastes o muro para a casa de Israel, para estardes firmes na peleja no dia do Senhor.” Vs 4 e 5 “Busquei dentre eles um homem que estivesse tapando o muro, estivesse na brecha perante mim por esta terra, para que eu não a destruísse; porém, a ninguém achei.” Ez 22;30

Status de profeta é honroso, seu labor, solitário, triste. Vejamos a biografia dos quatro, ditos, profetas maiores, Isaías, Jeremias, Ezequiel e Daniel, e logo temeremos desfrutar sorte semelhante.

Imaginemos, como ilustração, que os Estados Unidos quisesse destruir o “Estado Islâmico”; mandasse à batalha, enorme aparato bélico, logística, estrategistas, soldados, que, lá chegando, decidissem ser “legais” com os inimigos, se divertir junto com eles, invés de dar-lhes combate. Como agiria o “Tio Sam” sabendo disso, quando requisitassem mais suprimentos??


Igualmente, O Eterno “abençoa” aos que traem Sua Palavra, recusam a comissão que lhes foi dada, preferem viver armistício espiritual com aqueles que fazem guerra contra Deus.

Podem decretar “vitória” “abertura de portas”, livramento, o diabo. Farão isso tudo sem Deus; quando Dele precisarem, não o terão. “Entretanto, porque eu clamei e recusastes;  estendi a minha mão e não houve quem desse atenção, antes, rejeitastes todo o meu conselho, não quisestes a minha repreensão, também de minha parte eu me rirei na vossa perdição, zombarei, em vindo o vosso temor... Porque o erro dos simples os matará, e o desvario dos insensatos os destruirá. Mas, o que me der ouvidos habitará em segurança, e estará livre do temor do mal.” Prov 1;24 a 26, e 32 e 33

domingo, 4 de setembro de 2016

Elefante fatiado

Muito mal tem feito ao país essa efervescência política derivada das paixões, de gente alienada que foi pensado por outros, e empresta sua violência a serviço dos seus “pensadores”.
 
Ora, consumado o impeachment de Dilma Roussef, a ordem natural das coisas transfere o Governo para Temer, que era seu vice. Todo o vice é um “plano B”, caso o A encontre impedimentos. Entretanto, são, precisamente os que votaram em Dilma e Temer que saem quebrando tudo e gritando: “Fora Temer!”

Nós, outros, que, não votamos nele, sabendo que é o que temos para os próximos dois anos, torcemos que faça o melhor, pois, a crise econômica está fazendo estragos. Não significa que ele nos representa cabalmente.

Acontece que há um pacto coletivo chamado Constituição, que faz o eleito, governante de todos, mesmo, dos que perderam. Essa balela que o Temer não foi eleito tem tanta lógica, quanto tem, chamar um processo legítimo, constitucional, de golpe.

Mas esperar lógica racional no império das paixões é querer que mamífero bote ovo. Nasceram para tetas, não para asas.

Na sua idiossincrasia, foi um “golpe de direita” contra os “avanços progressistas” que o PT vinha implementando. Ora, a “direita” representada por Temer, Sarney, Renan, etc. viveu vasto concubinato com o PT. Se, são coisas tão excludentes assim, por que se aliavam sempre? Porque, senhores, como bem disse Diogo Mainardi, no Brasil não temos partidos de esquerda nem, de direita, mas, quadrilhas de safados que se unem para roubar junto.

Conhecemos o dito que, se o elefante soubesse da própria força seria dono do circo. O trabalho da maioria desses bravos tribunos tem sido fatiar a sociedade, como fizeram com a constituição no julgamento último, para que, heteros lutem contra gays, negros contra brancos, mulheres contra homens, religiosos contra laicos, nordestinos contra sulinos, etc. Cada um deles escolhe seu “corte” preferido do “elefante” e assume veemente e zeloso seu espaço na Ágora; depois, por trás das cortinas toma seu cafezinho junto e faz piadas chulas para divertir quem fora alvo recente, de sua dura diatribe.

E o povo como a víbora encantada segue dançando conforme a música. Para essa geração de mentecaptos, as palavras significam muito pouco, quase nada. Quem se opõe ao seu sonho de poder eterno é “contra a democracia”; ora, é justo a alternância de poder que oxigena as raízes democráticas de um povo.

O que fariam com as sonhadas novas eleições, se, 90% da população bradou pela sua saída? Provavelmente, dado o desgaste do PT e a recente, super exposição, ganharia Aécio Neves. Que diferença isso faria para eles, ensinados a odiarem tudo o que não seja PT?

Seus feitos maus são tantos que, muitos candidatos deles tentam a camuflagem abdicando da cor vermelha e da tradicional estrela em suas campanhas. Não vai funcionar.

Debatendo com um deles, vereador, que se sentiu ofendido por que eu criticava lideranças nacionais, visivelmente envolvidas em roubo, corrupção, o tal, asseverou que era honesto, exigia respeito. Ora, eu nada tinha dito contra ele. Mas, para ele, criticar seus líderes equivalia a ofendê-lo, tal a idolatria cega. Disse-lhe que não duvidava que fosse honesto, e aconselhei-o que, sendo honesto, como dizia, deveria mudar de partido para não ser associado aos que tantas coisas erradas fizeram. Ficou furioso comigo, me mandou longe.

Tratei-o com respeito dando crédito ao que, ele dizia de si mesmo; e aconselhei a agir como eu agiria, em seu lugar; me tem como desafeto, ameaçou excluir-me do seu Face. Desde então, não falei mais com ele, seria necessário um intérprete.

Não vejo nada de producente nesse romantismo tolo de se encantar por que alguém semianalfabeto foi muito longe. Eu quero que os tais vão pra escola. Presidente da república, senadores, cometendo erros crassos de ortografia? Um mínimo de preparo para a coisa, cáspita!!

Trabalho como mestre-de-obras, não ponho um servente fazer trabalho de eletricista, ou, hidráulico, por exemplo. Cada um faz o que sabe, ou, pelo menos, não faz o que não sabe. Mas, os políticos sabem tudo. O mesmo, pode ser ministro da saúde, da justiça, da educação, espantosa polivalência!

Para um eleitorado “me engana que eu gosto” como o nosso, quanto pior o candidato, maiores suas chances, infelizmente. Nas eleições municipais que vêm aí, o estrago tende a ser menor, pois, dada a proximidade de candidatos e eleitores, votam com certo conhecimento; mas, nas de maior envergadura, cuja abrangência de poder também é maior, o blá blá blá tende a frutificar bem mais.


Urge que o eleitorado pare de se comportar como torcedores de futebol, “nós contra eles”. Somos empregadores contratando gestores para nossos bens. Quem contratar ladrões, incompetentes, não reclame depois, quando descobrir que está sendo furtado. 

Sal, sem sal

Bom é o sal; mas, se o sal degenerar, com que se há de salgar?” Luc 14;34

Não carecemos esforço para perceber que, o “sal” em questão que, não deveria degenerar era o caráter dos discípulos, dos quais, dissera: “Vós sois o sal da Terra.” Por, degenerar, entendemos, a dissolução paulatina das propriedades originais de algo, ou, alguém. Assim, cada vez menor a pureza, tanto quanto, maior for a degeneração.

Entretanto, os discípulos viviam de modo natural até conhecerem ao Salvador e Nele crerem. Feito isso, foram chamados de discípulos, isto é, aprendizes; dos tais, se requer uma postura de aperfeiçoamento lento mediante a sã doutrina iluminada pelo Espírito Santo. Pois, depois da queda todos carecemos regeneração, não, manutenção da geração natural.

Assim, se careciam antes de tudo serem regenerados, isto é, gerados de novo, como poderiam degenerar estando ainda em fase de geração? O “conflito” se estabelece se, ignorarmos a questão da dupla natureza dos salvos. “O que é nascido da carne é carne, o que é nascido do Espírito é espírito.” Jo 3;6

Os convertidos, apenas eles, possuem natureza espiritual, o “novo nascimento”, de uma geração perfeita, habitando num “templo” corruptível, “tesouro em vaso de barro” inclinado ao mal, opositor do Santo. “Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois, não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, pode ser.” Rom 8;7

A manutenção da ordem perfeita na nova natureza se dá, na exata medida que negamos as inclinações da velha, caída, corrupta e corruptível. Pois, antes de advertir sobre a degeneração do sal, O Salvador dissera: “Assim, pois, qualquer de vós, que não renuncia a tudo quanto tem, não pode ser meu discípulo.” Luc 14;33

Aqui entra a “abstinência” voluntária que conhecemos como, cruz. À medida que, mortificamos as más inclinações, “crucificamos nossa natureza”, deixamos Cristo viver em nós, somo reputados inocentes, livres; “Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas, segundo o Espírito. Porque a lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte.” Rom 8;1 e 2

Entretanto, se nossas ações, invés de oriundas da Luz de Cristo, vierem de outra fonte, degeneraremos espiritualmente, e preservaremos a impureza, da qual, a Virtude de Cristo nos quer livrar. “Esta é a mensagem que dele ouvimos, e vos anunciamos: que Deus é luz, não há nele trevas nenhumas. Se dissermos que temos comunhão com ele, e andarmos em trevas, mentimos, não praticamos a verdade. Mas, se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo o pecado.” I Jo 1;5 a 7

A degeneração tanto pode ser, nas ações, quanto, na doutrina, na crença, e ensinos. Por isso, as muitas exortações para a preservação da pureza de Cristo, contra o concurso de fontes espúrias. “...todas as minhas fontes estão em ti.” Sal 87;7  “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as fontes da vida.” Prov 4;23 “Dá-me, filho meu, o teu coração, os teus olhos observem os meus caminhos.” Prov 23;26

Claro que, o degenerado ministerial que ensina coisas estranhas à Palavra, ou, perverte a hígida interpretação, é também um degenerado moral, pois, ousa alterar, em sua perversão, ao que O Eterno disse ser inalterável. “O céu e a terra passarão, mas, as minhas palavras não hão de passar.” Mat 24;35

Como toda a semente gera conforme sua espécie, ministérios cujos líderes são sal degenerado, não podem produzir o sabor de santidade que tanto apraz ao Divino Paladar.

Ademais, até suas “bênçãos” trazem a extensão funcional de seus nefastos caracteres, uma vez que, O Eterno abomina a quem O desonra. “Se não ouvirdes e não propuserdes, no vosso coração, dar honra ao meu nome, diz o Senhor dos Exércitos, enviarei a maldição contra vós, e amaldiçoarei as vossas bênçãos; também já as tenho amaldiçoado, porque não aplicais a isso o coração.” Ml 2;2

Afinal, um produto que só serve ao monturo, para ser pisado pelos homens pecadores, serviria àquele que é “Tão puro de olhos que não consegue contemplar o mal”? Hc 1;13


Vivemos dias difíceis de uma superficialidade fugaz, onde, as pessoas saltam de uma arrogância a outra na velocidade virtual. Todos falam de Deus, ninguém consegue ouvir o que Ele fala. 

Afinal, que melhor maneira de se esconder a degeneração que a capa da espiritualidade? Faz essas coisas o incauto traidor de si mesmo que, importa-se mais com aprovação humana que, Divina. Porém, quanto vale a aprovação dos humanos, se, no juízo serão apenas réus?