“Então o Espírito do Senhor revestiu a Gideão, o qual tocou
a buzina, e os abiezritas se ajuntaram após ele.” Jz 6;34
Havia entre
as tribos de Israel três modos de tocar trombetas; um, para levantar
acampamento; outro, para reunir-se na “Tenda da Congregação”; por último, o
toque marcial, que convocava soldados à peleja. Paulo ensinando a disciplina no
uso do dom de línguas lançou mão disso como alegoria: “Se a trombeta der sonido
incerto, quem se preparará para a batalha?”
Preparar-se para a batalha ordenada por Deus, estava em jogo na convocação
de Gideão.
Sem me
aprofundar nisso, por ora, veremos outra nuance da questão: Se, foi o Espírito
do Senhor que motivou Gideão ao feito, vamos pensar nas ações que empreendemos
após a habitação Dele, em nós.
No Velho
Testamento, Sua atuação sobre o homem era eventual, nas vidas de profetas, reis,
sacerdotes, não, uma permanência contínua, como se dá aos filhos do “Novo
Nascimento”.
Quando Samuel
foi ungir Saul como rei, apontou alguns sinais horizontais que pautariam a
marcha daquele, depois, o essencial: “O Espírito do Senhor se apoderará de ti, profetizarás
com eles, tornar-te-ás um outro homem. E quando estes sinais te vierem, faze o
que achar a tua mão, porque Deus é contigo.” I Sam 10;6 e 7
Esse, “faze o
que achar a tua mão” não significa que O Espírito de Deus nos dá carta branca,
antes, porque Deus é conosco, os pleitos Dele passam a ser nossos. Somos
convocados, e convocamos outros ao Combate do Senhor.
Quem se
pretende cheio do Espírito Santo, e, ainda é egoísta, mesquinho, raso, terreno,
materialista, das duas uma: Ou, é uma fraude factual, o Espírito não o habita
de fato, mas, o espírito do mundo inda o domina, ou, é um falido moral, no qual
O Espírito Santo até habita, mas, entristecido, lutando com um fardo pesado.
Lembrei uma
frase antiga: “Quando você aponta uma estrela para um imbecil, ele olha para a
ponta do seu dedo.” Assim, o Espírito Santo aponta para o Alto, novos valores,
perspectivas, vida eterna, riquezas que não se corrompem, mas, seu hospedeiro
parvo, devaneia com as delícias da carne, corruptível.
Claro que, o
convertido não cria asas e deixa o existenciário pretérito estando acima das
tentações; antes, passa a ter dupla natureza, carnal e espiritual. A primeira é
acossada pelos instintos animais, a segunda, alimenta-se da Palavra de Deus, e
mostra sua “saúde” no silêncio de uma boa consciência, de quem anda, conforme a
luz que possui.
Paulo ilustra
os conflitos dessa dupla natureza: “Porque o que faço não aprovo; pois, o que
quero, não faço, mas, o que aborreço isso faço. Se faço o que não quero,
consinto com a lei, que é boa. De maneira que agora já não sou eu que faço
isto, mas, o pecado que habita em mim.” Rom 7;15 a 17 A vontade perversa induz
a certas coisas, que a consciência incorruptível reprova. Esse é o gládio de
todo o convertido; uma luta interior para escolher a própria vontade, ou, a
Divina.
Um pouco
antes, Paulo ensinara a esses duplos arbitrários: “Não sabeis vós que a quem
vos apresentardes por servos para lhe obedecer, sois servos daquele a quem
obedeceis; do pecado para a morte, ou, da obediência para a justiça?” Cap 6;16
Depois, uma
promessa radiante aos que, movidos pelo Espírito Santo, encaram a cruz, e tomam
para si a Vontade Divina: “Portanto, agora nenhuma condenação há para os que
estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas, segundo o Espírito. Porque
a lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da
morte.” Cap 8;1 e 2
Então, quando
ouvimos certos trombeteiros dizendo que chamam à Peleja do Senhor, mas, invés
do pecado, das tentações, da corrupção carnal, a “luta” proposta é pela fama,
dinheiro, prosperidade, e vaidades afins, com um mínimo de discernimento podemos
ver, que o “Gideão” em questão usa Deus como pretexto aos seus interesses
rasos, invés de ser usado pelo Espírito Santo nos pleitos do Altíssimo.
Ouso dizer
que as pessoas que seguem aos maus líderes, raramente o fazem enganadas; antes,
seguem-nos porque se identificam com a doença do “pastor”, “bispo”, “apóstolo”,
ou, “missionário” em questão. “Porque virá tempo em que não suportarão a sã
doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme
as suas próprias concupiscências;” II Tim 4;3