domingo, 10 de abril de 2016

O Lugar das Coisas, de Deus

“Indo eles, acharam como lhes havia sido dito; prepararam a páscoa... Tomando o cálice, havendo dado graças, disse: Tomai-o, reparti-o entre vós; tomando o pão, havendo dado graças, partiu-o, deu-o, dizendo: Isto é meu corpo, que por vós é dado; fazei isto em memória de mim.” Luc 22;13, 17 e 19

Sabemos que a Páscoa dos judeus tinha dois itens essenciais; um cordeiro, e ervas amargas. Entretanto, elementos que seriam periféricos ao ritual, pão e vinho, aparecem, aqueles, são omitidos na descrição.

Não há nenhuma razão plausível para concluirmos que estivessem ausentes, pois, se fosse mera divisão de pão e vinho, não demandaria uma preparação antecipada, como foi o caso.

Acontece que, a ocasião era precisamente de transição de um tipo futuro, para outro, pretérito. As amarguras da servidão estavam prestes a ser removidas, tipificadas pelas ervas amargas, o próprio Cordeiro de Deus, que o cordeiro pascal tipificava estava presente, prestes a dar-se, para tirar o pecado do mundo.

Então, O Salvador desviou a ênfase dos tipos que apontavam Sua vinda, para outros que, desde então, passariam a apontar Seu feito; “Fazei isso em memória de mim.”

Assim, embora a fé deva ser um eterno presente, de modo a pautar nossas escolhas na vida, “o justo viverá da fé”, mesmo assim, digo, lida bem com o passado e com o futuro. Tanto confia nas Sagradas narrativas, quanto, descansa nas suas promessas.

Para a humanidade pré-Calvário o Messias era uma promessa porvir; para os que o sucederam, uma realidade cumprida. O Câmbio de um sacerdócio imperfeito, também típico, por seu antítipo, o Sacerdócio Eterno, de Cristo.

"De sorte que, se a perfeição fosse pelo sacerdócio levítico (porque sob ele o povo recebeu a lei), que necessidade havia logo de que outro sacerdote se levantasse, segundo a ordem de Melquisedeque, não fosse chamado segundo a ordem de Arão? Porque, mudando-se o sacerdócio, necessariamente se faz também mudança da lei.” Heb 7;11 e 12
“Que não foi feito segundo a lei do mandamento carnal, mas, segundo a virtude da vida incorruptível. Porque dele assim se testifica: Tu és sacerdote eternamente, Segundo a ordem de Melquisedeque. Porque o precedente mandamento é ab-rogado por causa da sua fraqueza e inutilidade” Heb 7; 16 a 18

Desse modo, mesmo a Lei de Moisés foi “deixada de lado” isto é, cumpriu seu papel, como os elementos da antiga páscoa, que foi “repaginada” na Santa Ceia. A Lei, disse Paulo, serviu de aio para nos conduzir a Cristo; após Ele, O Evangelho, baseado em dois mandamentos: Amor a Deus, e ao próximo. Aliás, o mesmo Salvador dissera: A lei e os profetas duraram até João; desde então é anunciado o reino de Deus; todo o homem emprega força para entrar nele.” Luc 16;16

Assim, os que pretendem fundir Graça de Cristo com alguns mandamentos do Antigo Pacto, de certo modo, mesclam a Santa Ceia com a Páscoa hebraica, num misto de pão e vinho, com ervas amargas e carne assada.

Mas, o mesmo Paulo não disse que a Lei é Santa, justa e boa? Disse. Socorro-me de Spurgeon: “Uma coisa boa não é boa fora do seu lugar.” A Lei, ensinou Paulo, tinha como fito manifestar o pecado e a consequente necessidade que temos do Salvador; por isso, “aio para nos conduzir a Cristo”.

A morte de fato que a Lei requeria dos pecadores, foi transmudada numa morte simbólica, o batismo, desde que, após ele, perseveremos na submissão ao Salvador. Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na sua morte? De sorte que fomos sepultados com ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida.” Rom 6;3 e 4

Tão sério é isso, que o apóstolo equacionou a adultério, pretenderem os mortos para a Lei, voltarem a ela. “Porque a mulher está sujeita ao marido, enquanto ele viver, ligada pela lei; mas, morto o marido, está livre. De sorte que, vivendo o marido, será chamada adúltera se for de outro; mas, morto o marido, livre está da lei, não será adúltera, se for de outro marido. Assim, meus irmãos, também vós estais mortos para a lei pelo corpo de Cristo, para que sejais de outro, daquele que ressuscitou dentre os mortos, a fim de darmos fruto para Deus.” Rom 7;2 a 4


Como na transição Páscoa-Ceia, os elementos de ambas estavam presentes, mas, a ênfase foi nos da última, na conversão, os princípios morais da Lei de Deus também estão, porém, a ênfase é no amor, pois, esse, vivido devidamente, patrocina apenas o concurso das coisas contra as quais, não há lei.

terça-feira, 5 de abril de 2016

Haja luz!

“Orou Eliseu: Senhor, peço-te que lhe abras os olhos, para que veja. O Senhor abriu os olhos do moço, e viu; o monte estava cheio de cavalos e carros de fogo, em redor de Eliseu.” II Rs 6;16 e 17

Uma situação inusitada; um exército numeroso em busca de um homem, apenas, Eliseu. O rei da Síria, ao saber que suas escaramuças militares eram previstas pelo profeta, por isso, frustradas, decidiu acabar com a festa. Mandou seu exército cercar a cidade de Dotã, e prender o desafeto. O moço que acompanhava Eliseu, ao deparar com o cerco assustou-se. Mas, o profeta orou para que O Senhor lhe abrisse os olhos, e, feito isso, viu um exército ainda mais numeroso, de hostes celestiais a protegê-los.

Quando intentaram o ataque, Eliseu orou uma vez mais; foram feridos de cegueira, conduzidos a Samaria e entregues ao rei, como prisioneiros.

Entre outras coisas, esse incidente realça duas visões distintas; a natural, e a espiritual. O Jovem, com seus olhos naturais, tudo o que pode ver foi o perigo, a ameaça; o profeta, com sua relação estreita com Deus, via além; a providência, o livramento.

Ah, a juventude! A dita primavera da vida, onde floresce o vigor do corpo e turba a visão do espírito! Se tais soubessem a importância de se aconselharem com os de, mais visão, os mais experimentados antes de suas decisões vitais. Mas, geralmente, “O sangue novo não obedece a um velho mandamento”, como dizia Voltaire.

Em muitos momentos de Seu Ministério O Salvador curou cegos. Entretanto, a cegueira espiritual, raramente é admitida, de modo que, sequer, os doentes buscam a cura.

Interessante que essa foi a “arma” que deu livramento ao profeta. Orara par que seu moço visse mais; depois, para que o exército inimigo visse menos.

Isso coaduna-se com algo que O Salvador falou na parábola dos talentos: Ao que tem, se lhe dará, terá em abundância; ao que não tem, até o pouco que tem ser-lhe-á tirado.

Muitas dores nem seriam dolorosas se, lográssemos ver as coisas além do aspecto natural. Oro e as coisas ficam piores, reclama alguém. “Pedis e não recebeis porque pedis mal”, ensina Tiago. Imaginemos dois filhos ante um Pai sábio: Um pede dinheiro para material escolar; outro, para comprar drogas; qual seria atendido?

Muitas coisas que devaneamos como bênçãos no prisma espiritual não passam de drogas letais, que podem tolher nossa salvação. Natural que um Pai Amoroso como Deus, não nos “abençoe” como queremos. Nesse caso, convém a oração de um Eliseu por nós: “Senhor, abre seus olhos para que veja!”

A miopia espiritual, ou mesmo, cegueira, não combinam com um filho de Deus. Naquele evento foram cegados os inimigos do profeta; no nosso tempo, o são, os que se fazem inimigos de Deus abraçando a incredulidade em vez da fé. “Mas, se ainda nosso evangelho está encoberto, para os que se perdem está encoberto. Nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus.” II Cor 4;3 e 4

Ora, alguns, instados por falsos mestres devaneiam com facilidades na vida espiritual. Ignoram voluntariamente que somos peregrinos em terra inóspita, adversa, e, tanto quanto mais próximos de Deus estivermos, maiores adversidades enfrentaremos. Como Eliseu, íntimo do Senhor, foi caçado pelo exército inimigo. Falsos mestres induzem incautos a pensarem que o Evangelho é para que as pessoas vivam melhor, quando, na verdade, admoesta a que morram melhor.

Nossas motivações mesquinhas, egoístas, naturais, têm que ser pregadas na cruz; se, queremos pertencer ao Santo. Quando oramos pelo suprimento das mesmas estamos rogando por drogas, não contemos com Santo Favor, nesses casos.

Nem podemos ignorar que, não! Também é resposta. Os nãos à vontade natural são  sins do amor Divino. Muitas vezes nossos próprios desejos insanos são as ameaças que nos cercam. Ampliar a visão, nesses casos, é entendermos a Vontade Divina, e a ela, nos amoldarmos invés de, como Paulo, darmos murros em pontas de facas.

Lembrei da história de dois missionários que serviram no exterior por meio século; ao retornarem jubilados, esperavam ser recebidos com honras. Foram ignorados. O homem furioso saiu remoer mágoas; desafiou a esposa que orasse perguntando se era assim que o Senhor honrava quem lhe serviu uma vida toda, ao chegarem em casa.

Quando voltou perguntou se ela orara. Disse que sim. E qual foi a resposta? “Ele disse que ainda não chegamos em casa”. Que O Senhor nos abra os olhos para que melhor nos situemos na batalha!


Paremos de tentar influenciar O Eterno com nossas lamúrias, e deixemos que Ele nos aperfeiçoe pela Sua Palavra.

segunda-feira, 4 de abril de 2016

Os Jovens Reis Velhos

“Melhor é a criança pobre e sábia, do que o rei velho e insensato, que não se deixa mais admoestar.” Ecl 4;13

Se considerarmos apenas os adjetivos; melhor o sábio que o insensato, a coisa resultará por demais, óbvia. Porém, analisando no prisma dos substantivos, diria que o caldo entorna um pouco; melhor a criança que o rei?

Sim, mas uma criança sábia. Contudo, pode uma criança ser sábia estritamente falando? Em termos de conteúdo, por razões naturais, claro que o rei, mesmo insensato, sabe muito mais que ela.

A conclusão necessária aqui é que o pensador está cotejando dois princípios, não, conteúdos. Se, considera insensato o que não se deixa admoestar, age como dono da verdade, pelo caminho inverso, verá sabedoria no seu oposto; na criança de alma dócil ao aprendizado, disciplinada, atenta a eventual correção, essa postura, é sua sabedoria.

No rei insensato vislumbra obra acabada com pouco esmero, de proveito duvidoso; na criança, vasto leque, potencial imenso, ainda sem uso; o teatro da vida todo ao dispor, onde pode ser treinada para interpretar um script virtuoso.

Embora o escopo original atente a personagens reais, seus predicados tipificam virtudes ou, vícios, que habitam em todos nós. Qualquer um, independentemente da idade, pode ser “rei velho”, ou, “criança sábia”.

O Salvador desafiou Seus ouvintes a destronarem o dito soberano, dando lugar ao infante, caso quisessem entrar no Reino dos Céus. “Em verdade vos digo que, se não vos converterdes, não vos fizerdes como meninos, de modo algum entrareis no reino dos céus. Portanto, aquele que se tornar humilde como este menino, esse é o maior no reino dos céus.”

Diria, sem forçar a barra, que O Salvador foi crucificado entre um rei velho e uma criança, avaliando o comportamento dos dois ladrões que morreram ao Seu lado. O “rei” continuava ordenando: “Se és mesmo filho de Deus, desce da cruz, salva a ti e a nós.”  O “menino” advogou a inocência do Senhor, suplicou Seu favor em Seu Reino. Se fez menino e entrou; o “rei” ficou de fora.

A humildade de meninos nos fará aceitarmos a correção de quem tem autoridade sobre nós, e ensejará o desejo de aprendermos com quem for apto a ensinar.

Entretanto, as asas velozes da tecnologia trazem o conhecimento; os mais novos que não precisam descartar a nenhum aprendizado inútil, obsoleto, levam imensa vantagem, ante os de mais idade, na “pilotagem” desses aparatos. Essa “vantagem” acaba se voltando conta eles; pois, tendemos a respeitar quem sabe mais, e erroneamente equacionam conhecimento com sabedoria. As facilidades tecnológicas e virtuais podem fazer “reis velhos” de tenra idade.

Aprendem a dominar a tecnologia antes de dominar a si mesmo, estando o espaço virtual eivado dos piores vícios adultos, torna-os acessíveis às crianças, e, desgraçadamente, pode ser mortal.

Isso acaba numa espécie de conversão do avesso. Ela, quando se dá, traz nova vida espiritual, insta os renascidos ao crescimento segundo Deus: “Deixando, pois, toda a malícia, todo o engano, fingimentos, invejas, todas as murmurações, desejai afetuosamente, como meninos novamente nascidos, o leite racional, não falsificado, para que por ele vades crescendo;” I Ped 2;1 e 2

Os “convertidos” da NET sentem-se adultos precoces detentores do saber, capazes de “filosofar” coisas profundas usando o método “Control C Control V” mas, ineptos para dois parágrafos sem dez erros, incapazes, ante a necessidade do raciocínio lógico. As redações nos vestibulares denunciam isso. Como fazer esses “reis velhos” se tornarem crianças sábias?

Se os pais ousarem tolher acesso precoce a tais parafernálias, serão odiados pelos filhos, pois, todos seus amiguinhos têm. E, o carvão viraria diamante antes, que o treinado no exercício do vício optasse voluntariamente pela virtude. Jeremias sentencia: “Porventura pode o etíope mudar sua pele, ou, o leopardo suas manchas? Então, podereis vós fazer o bem, sendo ensinados a fazer o mal.” Jr 13;23

Sem dúvida vivemos a pior geração de todos os tempos, no aspecto moral, espiritual, o bom e velho caráter. Vemos igrejas de mercenários cada vez mais prósperas, e, escândalos políticos sucedendo-se em velocidade espantosa.

Paulo anteviu: “Nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos. Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas, negando a eficácia dela.” II Tim 3;1 a 5


Os tempos propícios para abraçar a salvação passaram; Deus busca ainda uns rabiscos, adultos, jovens, que consigam, nesse amontoado de reis insensatos, se portarem como crianças sábias. A Palavra ainda vale: “Deixai vir a mim os pequeninos; deles, é o Reino dos Céus.”

domingo, 3 de abril de 2016

O Reconhecimento de Deus

“Confia no Senhor de todo teu coração, não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos; Ele endireitará tuas veredas.” Prov 3;5 e 6

À advertência de não colocarmos nosso próprio entendimento acima do Divino, somo desafiados a reconhecermos O Senhor em todos os nossos caminhos. Mas, o que devemos entender por, reconhecer?

Reconhecer= Latim, Recognoscere; “Tomar conhecimento, trazer à mente outra vez, certificar.” Simplificando, conhecer de novo, algo.

Porém, restaria a questão: Por que necessitamos conhecer duas vezes, no caso, O Senhor? Porque a primeira etapa é puramente conceitual, teórica; na segunda, o reconhecimento há de moldar nossas ações, ou, a falta dele, plasmar a hipocrisia. Se os fatos não se encaixam na teoria, modifique os fatos. (Einstein)

Em linhas gerais os ensinos dos Fariseus eram bons. Se poderia dizer que conheciam a Deus; todavia, isso se dava meramente no prisma teórico. O Salvador disse: “Na cadeira de Moisés estão assentados os escribas e fariseus. Todas as coisas, pois, que vos disserem que observeis, observai-as, fazei-as; mas, não procedais em conformidade com as suas obras, porque dizem e não fazem; pois, atam fardos pesados, difíceis de suportar, e os põem aos ombros dos homens; eles, porém, nem com o dedo querem movê-los;” Mat 23;2 a 4   Sintetizando, se pode dizer que eles conheciam a Deus, mas, não O reconheciam.

O mesmo texto Bíblico que, eventualmente, um pregador reparte com seus ouvintes desde um púlpito, voltará a ele em breve nos embates práticos da vida, onde será instado a reconhecer o que já conhece. Suponhamos que tenha pregado contra a mentira: “Ficarão de fora os mentirosos...” E, ao chegar em casa, uma situação constrangedora qualquer acene que é “melhor” omitir algum tropeço da esposa, inda que leve, para evitar barulho, o que fará? Lembrará do que falou sobre a mentira, e será desafiado pelo Espírito Santo a reconhecer Deus, como Senhor de Sua vida. Terá algum descontentamento eventual ao assumir seu erro, mas, a higidez espiritual e relacional será preservada.

Isso não é “privilégio” de pregadores, tomo esse exemplo, pois, muitas vezes ocorreu comigo de ser corrigido pelas mesmas coisas que ensinei; mas, se dá com qualquer um que conhece os preceitos Divinos.

Acontece que a Palavra de Deus meramente conceitual, pode ser doce; mas, se ousarmos colocá-la em prática, o amargor de subjugar nossa natureza rebelde aparecerá. João ilustrou: “fui ao anjo, dizendo-lhe: Dá-me o livrinho. Ele disse-me: Toma-o, come-o; ele fará amargo o teu ventre, mas, na tua boca será doce como mel.” Apoc 10;9

As redes sociais, por exemplo, são arena da sabedoria virtual, conceitual, meramente. Qualquer um, a despeito dos valores que adote em seu viver, bem pode “colar” frases de profundo saber, tanto filosófico, quanto, espiritual. Assim, o que disseminamos, compartilhamos, espalhamos “na nuvem” conta o que conhecemos; o nosso dia a dia com os de nosso convívio, o que, reconhecemos. “Na prática a teoria é outra”. (Joelmir Beting)

Um aspecto muito importante no reconhecimento da Soberania do Senhor é a oração. Confessando erros, buscando perdão, ou, luz, antes de decisões importantes. Kierkergaard dizia que a oração não tem como alvo influenciar a Deus, antes, aperfeiçoar o caráter de quem ora; e, concordo com ele. Deus sabe o que necessitamos antes de pedirmos, ensina a Bíblia, todavia, nos exorta a que oremos sem cessar. Assim, se a oração logra aperfeiçoar minha alma na humildade e dependência do Santo, sua eficácia é imediata, ainda que, eventual resposta demore.

Se, o reconhecimento de Deus aperfeiçoa minhas veredas, quando oro estou sendo aperfeiçoado.

O Salvador desafiou seus ouvintes a permanecerem em Suas Palavras, para conhecerem à Verdade. Isso não é outra coisa, senão, tomá-las como parâmetro na hora de agir. Ele mesmo na Parábola do Semeador ilustrou como sementes sobre pedras, sem possibilidade de aprofundar raízes e suportar ao sol, os que, alegremente conhecem Sua mensagem num primeiro momento, e a não reconhecem quando necessário, na hora da tentação.

Oséias exortara ao conhecimento de Deus secundado por mais, algo como, não desistir da escolha na hora prática, disse: “Conheçamos, e prossigamos em conhecer ao Senhor; sua saída, como a alva, é certa;” Os 6;3

Em suma, o conhecimento que não melhora meus caminhos, não aperfeiçoa meu caráter, resulta como nuvens que não trazem chuva; ainda que possam plasmar belas figuras no céu, serão inócuas no ponto de vista prático.


Ademais, aquele que não reconhece a Deus, acaba endeusando suas próprias opiniões, que, se “úteis” na calmaria, na hora do perigo serão vãs. “Então clamarão a mim, mas, não responderei; de madrugada me buscarão, porém, não me acharão. Porquanto odiaram o conhecimento; não preferiram o temor do Senhor. Prov 1;28 e 29

sábado, 2 de abril de 2016

Pelados a Rigor

Nada mais cretino e mais cretinizante do que a paixão política. É a única paixão sem grandeza, a única que é capaz de imbecilizar o homem.” Nélson Rodrigues

Frequentemente se ouve que religião e política não se discute. Depende o que se considera discutir. Alienação nesses casos empresta penas de ganso aos travesseiros dos falsos profetas e corruptos. Se, por discutir entendemos debater racionalmente, buscando entender causas e consequências, pode ser produtivo, iluminar.

Porém, se a coisa resumir-se a mero apego apaixonado, melhor evitar mesmo. O apaixonado é como o corno que, advertido, se volta contra quem o avisa, invés da devassidão da esposa infiel.

Em que consiste a paixão? Oriunda do latim, passionis, que significava "passividade", "sofrimento...” Em suma, é um estado de ânimo que não tenho, antes, ele me tem; à medida que, sob sua influência não mais domino as ações. Como um paciente no hospital, (palavra da mesma raiz) estou totalmente a mercê de médicos, enfermeiras.

Geralmente nos apaixonamos por algo quando nos parece belo, desejável; no prisma religioso, um mensageiro fiel há de chamar seus ouvintes à cruz; não soa simpático isso. Embora seja medicinal, ensejando saúde espiritual nos que lhe ouvem, jamais gerará paixões, por sua gravidade, sobriedade. Um falso profeta que promete o Céu na Terra conseguirá defensores apaixonados.

Se, o escopo for político, menores as chances, de um sujeito ético, probo, que tem que lidar com uma realidade adversa ensejará paixões; probo que é, será verdadeiro; dirá de antemão das medidas amargas que tomará se eleito; por isso, tende a não ser.

Assim, quanto mais safado, desonesto intelectual for o postulante, maiores as chances de atrair seguidores apaixonados. Soren Kierkergaard disse: “Para dominar as multidões basta conhecer as paixões humanas, certo talento e uma boa dose de mentira.”

Assim, aos olhos de um povo cretino, quanto mais cretino o líder, mais amado. O fato de que muitos políticos de sucesso são mentirosos, não é exclusivamente reflexo da classe política; é também um reflexo do eleitorado. Quando as pessoas querem o impossível somente os mentirosos podem satisfazê-las.” (Thomas Sowell)

Se alguém está pensando, a esta altura, que isso explica o sucesso eleitoral de Lula e Dilma, explica. As amplas e comprovadas denúncias da infidelidade de ambos, só tem aquecido mais seus defensores apaixonados, que mesmo em pleno Palácio, não se furtam de ameaçar pegar em armas, invadir propriedades, boicotar avenidas, “incendiar o país” como dizem, em “defesa da democracia”.

Ora, nada de inconstitucional está sendo tramado; se estivesse, como conviria, no caso, não seria de domínio público, tampouco, com rito estabelecido pelo STF, como foi o processo do impeachment. Os líderes que ascenderam nas asas da mentira, como abririam mão dela agora, que, por estarem “no pincel” precisam seu amparo desesperadamente?

Se Lula e Dilma dissessem que as “Pedaladas Fiscais” não existiram, e fosse possível comprovar isso, ou, ao menos, verossímil, seria uma defesa aceitável, algo a se investigar, debater. Agora, dizer que, existindo, não configuram crimes de responsabilidade, contrariando ao texto constitucional, e que, portanto, impeachment “é golpe”, tecnicamente significa incorrer noutra culpa que também é passível de impedimento: Improbidade. Basta ler o texto constitucional.

Mas, quem tolera de dentro do palácio governamental, ameaças à ordem social, pior, estimula ao açodar ânimos apontando uma ilegalidade que inexiste, como se poria a pensar em coisas comezinhas como probidade, idoneidade? Como alguém que, ao cair na areia movediça afunda mais rápido, tanto quanto, mais se debate, assim o PT, quanto mais “se defende”, mais culpado se faz.

Os métodos “democráticos” ao buscarem apoio também estão revelando que eles pretendem se lavar com lama. A aprovação do impedimento acabou se tornando questão de tempo. Não se trata de paixão política por adeptos de um partido oposto; antes, indignação cívica, apartidária, de cidadãos revoltados com tanta corrupção, roubalheira, cinismo e incompetência.

Sabemos das ladroeiras grossas do PMDB, virtual herdeiro do poder, mas, a sujeira petralha é tanta, que nos sentimos como assistindo certos filmes, onde, a própria polícia corrupta coordena a máfia, e acabamos torcendo para os bandidos.

Entretanto, um carro andando a 180 km por hora, caso decida parar, não o fará de chofre; carecerá, além de bons freios, uns 40 ou 50 metros de pista para alcançar seu objetivo. De igual modo, gente desordeira, treinada em causar destruição como são as milícias vermelhas, excitadas como estão, não irão para seus redutos lamber feridas e repensar rumos. 

Teremos violências, mortes, sangue inocente correrá, graças ao estímulo de canalhas, irresponsáveis.


Eles estão nus; mas, seus defensores apaixonados acusam aos 90% restantes de desrespeitarem as regras do campo de nudismo. Errado para eles, é estar vestido. Seus líderes estão certos. A culpa é do Moro.

O Veneno da Presunção

Dizia, pois, João à multidão que saía para ser batizada por ele: Raça de víboras, quem vos ensinou fugir da ira futura? Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento, não comeceis a dizer em vós mesmos: Temos Abraão por pai; porque, vos digo, que até destas pedras pode Deus suscitar filhos a Abraão.” Luc 3;7 e 8

Temos o precursor do Messias, João Batista, pregando aos judeus que iam a ele às margens do Jordão. Parece que o primeiro traço identificado foi o veneno da presunção, uma falsa segurança, como se, a ira por vir, não os ameaçasse.

Ante o fato, João quis saber qual saída que tinham eles, encontrado; “Quem vos ensinou a fugir da ira...” Uma pergunta retórica, cujo alvo era realçar a denúncia, pois, sabia a resposta. A Presunção, de uma salvação hereditária os deixava “seguros”.

Não que isso fosse expresso, mas, perceptível dada a segurança aparente de gente que era culpada ante Deus. “Não comeceis dizer em vós mesmos, temos Abraão por pai...”  Como alternativa à pretensão hereditária, João propôs a busca pessoal da salvação, mediante arrependimento. “Produzi, frutos dignos, de arrependimento.

Mesmo a salvação sendo espiritual, eles devaneavam com laços sanguíneos, uma vez que, havia preciosas promessas à descendência de Abraão. Paulo interpretou singularizando-as na Pessoa Bendita de Jesus Cristo, e difundindo-as depois, naqueles eu se lhe submetessem. “Ora, as promessas foram feitas a Abraão e à sua descendência. Não diz: Às descendências, como falando de muitas, mas, como de uma só: À tua descendência, que é Cristo. Sabei, pois, que os que são da fé são filhos de Abraão” Gál 3;16 e 7

O Apóstolo não está violando a hermenêutica para impor um ponto de vista, antes, sistematizando doutrinariamente algo que acontecera, então, e, não fora devidamente entendido. Por ocasião do arrependimento de Zaqueu, O Salvador dissera: “... Hoje veio salvação a esta casa, pois também este é filho de Abraão. Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido.” Luc 19;9 e 10

Notemos que Zaqueu era já filho de Abraão por  sangue, mas, só foi assim chamado, quando se arrependeu e mudou de atitude ante O Senhor. Não significa, isso, que os salvos se tornam Judeus, devendo absorver traços da cultura judaica, antes, se tornam herdeiros das promessas, que, em Abraão, dizem que, seriam “Benditas todas as famílias da Terra”.

Embora o alvo inicial tenha sido Israel, em face à rejeição da maioria, a obra espraiou-se para os gentios. Não que não fossem favorecidos pelo amor Divino, mas, seriam alcançados depois, pelos judeus crentes; porém, muitos entraram antes, dado que as autoridades do Templo rejeitaram ao Senhor, e perseguiram quem, dentre eles cria, como Saulo. “Veio para o que era seu, os seus não o receberam. Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no seu nome;” Jo 1;11 e 12

O que aprendemos com isso? Que a presunção é algo mortal, veneno como de víboras; que não existe salvação derivada de fatores externos que nos seja imputada sem nossa participação; e, essa, se dá mediante arrependimento, o qual, é demonstrado pela produção dos frutos correspondentes.

Se, dado o fato de sermos gentios, não descendentes de Abraão, tolhe a possível presunção hereditária, ainda podemos ser, com outras “ferramentas”. Quantos venenosos se perdem na presunção da justiça própria? “Não bebo, não fumo, não faço mal a ninguém, sou uma pessoa boa, não mereço ir pro inferno”. Quem jamais ouviu algo assim?

Por mais que tal sujeito seja sincero em seu, auto engano, a Bíblia põe o dedo na ferida: “O Senhor olhou desde os céus para os filhos dos homens, para ver se havia algum que tivesse entendimento e buscasse a Deus. Desviaram-se todos, juntamente se fizeram imundos: não há quem faça o bem, não há sequer um.” Sal 14;2 e 3 Deus decide o que é bem; incredulidade, associa à blasfêmia. “Quem não creu, mentiroso o fez”.

Outros, num apego religioso, denominacional, não raro, divorciado da Palavra de Deus. “Todas as religiões são boas, eu tenho a minha, estou bem”. Também já ouvimos isso. Entretanto, o valor de um caminho não se percebe em si, antes, aonde conduz. “Há um caminho que ao homem parece direito, mas, o fim dele são caminhos da morte.” Prov 14;12


“Em um nível inferior, ser confiante e sincero é o mesmo que arrogância e presunção. As pessoas ainda não sabem lidar com a verdade delas mesmas e isso dói. Então transferir insolência ao outro é mais confortável do que admitir sua estupidez e, sobretudo reconhecer o que de fato são, sabotando até o reflexo do próprio espelho”. (Leivânio Rodrigues)

sexta-feira, 1 de abril de 2016

O Desvio Mortal

Porque virá tempo que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme suas próprias concupiscências; desviarão ouvidos da verdade, voltando às fábulas. Mas, tu, sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de evangelista, cumpre teu ministério.” II Tim 4;3 a 5

Aconselhando ao Jovem Timóteo, Paulo vaticinou dias iguaizinhos aos de hoje; tempos em que a verdade assustaria; as pessoas correriam ao encontro de quem as agradasse. Imaginemos, como ilustração, uma casa pegando fogo; dentro dela, um morador alheio, escolhendo entre sua coleção de CDs, qual música quer ouvir. Sua vida correndo risco iminente, ele preocupado com prazer.

Igualmente a esse louco nos comportamos, quando, priorizamos nossas conveniências, paixões, fugindo à Verdade. A Verdade não tem como alvo nossa satisfação, antes, salvação. Apenas, deseja salvação, quem sente-se em perigo, ameaçado; só pode identificar o risco quem mantém certa lucidez; o torpor espiritual nos faz descuidados, temerários, como um ébrio atravessando uma avenida movimentada.

Aliás, Paulo, por inferência chamou aos do desvio, de ébrios, quando exortou Timóteo a fazer diferente: “Mas, tu, sê sóbrio...”

Convém meditarmos nisso: Por que alguém toma um desvio? Geralmente, por duas razões: a) A estrada principal está interrompida; b) Acredita que será melhor o caminho, mais rápido, pela rota alternativa.

A Estrada Principal, (do Príncipe) é inequívoca: “Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão, por mim.” Jo 14;6

Não consta que essa senda esteja bloqueada em si mesma, ainda que, falsos pregadores podem tolher a caminhada, de quem segue suas dissoluções.

Pois, os fujões da verdade denunciados não o fariam, por eventual interrupção do caminho, antes, por verem mais aprazíveis os atalhos. “Tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme suas próprias concupiscências;”

A salvação não é invasiva em seu método, uma vez que nosso livre arbítrio é intocável para Deus. Entretanto, é muito incisiva no mérito, chega a ser violenta, uma vez que seus alvos são instados à cruz. Onde entra a preponderância de minhas preferências, meus gostos, se, para ser salvo sou desafiado a negar a mim mesmo?

Já em seus dias, Paulo denunciou uns que queriam ser salvos “da” cruz, não, “na” cruz. Porque muitos, há, dos quais muitas vezes vos disse, agora também digo, chorando, que são inimigos da cruz de Cristo;” Fp 3;18

Ante à dor de renunciar às naturais inclinações que chamamos cruz, se for possível evitarmos isso e chegarmos ao mesmo lugar, acaba compreensível a opção por um caminho mais fácil.

Contudo, a Epístola aos Hebreus, introduz apresentando parte da Esplêndida Majestade de Cristo, tão superior aos anjos que deve ser por eles adorado; lembra, que, mesmo as palavras dadas por anjos tiveram cumprimento cabal, então propõe a questão em apreço, se existe possibilidade lateral de salvação: Porque, se a palavra falada pelos anjos permaneceu firme, toda a transgressão e desobediência recebeu a justa retribuição, como escaparemos nós, se não atentarmos para uma tão grande salvação, a qual, começando a ser anunciada pelo Senhor, foi-nos depois confirmada pelos que a ouviram?” Heb 2;2 e 3

Não esqueçamos que a pergunta é: Como escaparemos da perdição; pois, da verdade, o texto em apreço mostra que se pode escapar, tão somente selecionando “doutores” que nos sejam diletos.

Aos pregadores da Verdade, pois, compete situar seus ouvintes do risco de perdição iminente; que a vida terrena é uma Divina concessão de tempo e espaço onde devemos urgentemente reconciliarmos com Deus. Não é um salão de festas como devaneiam os ímpios de costas para Deus.

A grande tragédia da hipocrisia é que seu agente acaba traindo a si mesmo. Quer o belo status de cristão, por isso cultua; mas, ao escolher mestres segundo seu carnal paladar, caminha voluntário para a morte, qual boi na fila do matadouro.

Enfim, para não deixar em suspenso, a mesma carta aos Hebreus que propõe a questão de como escapar sem Cristo, depois de desenvolver amplamente o assunto da salvação, responde o que perguntara: “Vede que não rejeiteis ao que fala; porque, se não escaparam aqueles que rejeitaram o que na terra os advertia, muito menos nós, se nos desviarmos daquele que é dos céus;” Heb 12;25

Começamos advertindo a não se desviar da Verdade; concluímos com não se desviar “daquele que é dos Céus”, Cristo, que dá no mesmo: Ele É a Verdade!


É certo que a Verdade ameaça, à medida que, nos desnuda; mas, aos que a ela se submetem, reveste de Cristo. Na hora do incêndio pouco importa a música; vida é prioridade. Jesus convida para festa, mas, na Eternidade. O ingresso lá demanda o preço aqui; esse, é tomar a cruz.