segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Medo da chuva

“Até que se derrame sobre nós o Espírito do alto; então o deserto se tornará campo fértil, o campo fértil será reputado bosque. O juízo habitará no deserto, a justiça morará no campo fértil. O efeito da justiça será paz, a operação da justiça, repouso e segurança para sempre.” Is 32; 15 a 17

Isaías apresentara um cenário de desolação, que perduraria por muitos dias, até, o advento Bendito do Espírito Santo, que ensejaria as transformações supra alistadas. Haveria um “upgrade” em ambas as paisagens; o deserto tornar-se-ia campo fértil, o campo fértil, bosque.

Embora as imagens sejam da flora, trata-se de uma linguagem poética, figurando a mudança nas pessoas, pois, Seu Agente, O Espírito Santo, sobre elas desceria, não sobre o deserto estritamente.

Adiante, o mesmo profeta, mostrando efeitos da Obra de Cristo usa de novo árvores como tipos humanos, diz: “Porque com alegria saireis, em paz sereis guiados; os montes e outeiros romperão em cântico diante de vós, e todas as árvores do campo baterão palmas. Em lugar do espinheiro crescerá a faia, em lugar da sarça crescerá a murta; o que será para o Senhor por nome, por sinal eterno, que nunca se apagará.” Is 55; 12 e 13

Mas, o que faria determinado pecador ser um deserto, outro, um campo fértil, inda antes da ação do Espírito Santo? Bem, para efeito de juízo estamos todos no mesmo nível, sem Cristo: Mortos. Contudo, há diferentes índoles, corações, mesmo no âmbito natural. O senhor ilustrou isso como sendo, uns, terrenos duros, espinhosos, pedregosos, outros, boa terra. Os primeiros tipos de relevo assemelham-se ao deserto.

Contudo, a Semente da Palavra é lançada sobre todos; os que a receberem e frutificarem, não importando as condições pretéritas, serão reputados férteis. A Epístola aos Hebreus lança mão também, desse figura, vejamos: “Porque a terra que embebe chuva, que muitas vezes cai sobre ela, e produz erva proveitosa para aqueles por quem é lavrada, recebe a bênção de Deus; mas, a que produz espinhos e abrolhos, é reprovada; perto está da maldição; seu fim é ser queimada.” Heb 6; 7 e 8

Uma vez mais, o objeto em apreço é o coração humano e sua resposta à Palavra de Deus, usando a terra como figura. Então, a mensagem de Isaías é que, os corações de boa índole seriam ampliados e frutificariam muito em consórcio com O Espírito Santo; mesmo os maus, que tivessem a graça de se arrependerem, seriam mudados em suas inclinações, e se tornariam espiritualmente produtivos.

Entretanto, mesmo após esse derramamento bendito, o deserto seguiria existindo, notemos: “O juízo habitará no deserto, a justiça morará no campo fértil.” Juízo é um julgamento estrito; justiça uma maneira de agir.

Quem crê no Evangelho entende o Juízo de Deus sobre o pecado, sai de sob ele, mediante Cristo; deixa o deserto, se torna fértil, passa a ter compromisso com a justiça em seu modo de agir. Quem resiste, duvida, segue desértico, morto, debaixo do juízo, que habita no ermo.

A consequência de receber O Espírito Santo mediante aceitação da Palavra, é paz. Não, horizontal; depois do Evangelho muito sangue se derramou, perseguindo-se seus signatários, ou, falsos cristãos usando Deus como pretexto. A paz aludida é a reconciliação com Deus, não obstantes, os efeitos colaterais.

Tendo meditado sobre consequências da obra Bendita de Jesus Cristo e do Espírito Santo, os dois substantivos em realce são: Juízo e justiça. Muitos devaneiam com facilidades inexistentes, malversando a Graça de Deus. O fato de Ser Amor, não O faz permissivo com o pecado, como pai omisso que faz vistas grossas aos descaminhos de filhos rebeldes.

“A misericórdia e a verdade se encontraram; justiça e paz se beijaram. A verdade brotará da terra, e a justiça olhará desde os céus. Também o Senhor dará o que é bom, a nossa terra dará o seu fruto. A justiça irá adiante dele, e nos porá no caminho das suas pisadas.” Sal 85; 10 a 13

Se, nossa incapacidade pra salvação demanda o prefácio da misericórdia, habitados pelo Espírito Santo somos desafiados a andar no campo fértil da justiça; “A justiça irá adiante dele, nos porá no caminho das suas pisadas.”

Quem se ocupa deveras disso, tem tantos maus hábitos pra deixar, que não lhe resta tempo, tampouco, insanidade pra sair determinando, ordenando, tomando posse, da prosperidade, como está na moda.

Se recebeu a Ditosa chuva do Espírito entende que o fim é dar frutos, não, colher. Semear pra que outro colha, a bem do Reino.

O que move-se ao aguilhão da avareza, egoísmo, malgrado o que o cerca em seu existenciário, inda jaz no deserto. Prefere a máscara da imitação rasteira pra disfarçar o medo da chuva.

domingo, 17 de janeiro de 2016

Menor que nós; o Deus que não precisamos

“Chamou ao menino Icabode, dizendo: De Israel se foi a glória! Porque a arca de Deus foi tomada, por causa de seu sogro, de seu marido.” I Sam 4; 21

O contexto é de uma batalha perdida por Israel, onde, Hofni e Finéias, filhos do Sacerdote Eli foram mortos, ele próprio morreu ao saber;  a Arca de Deus fora tomada pelos inimigos. A mulher de Finéias que estava grávida, ao receber as novas, precipitou o parto, ao dar à luz, disse as palavras supra.

... de Israel foi-se a glória, porque a Arca de Deus foi tomada.” Interessante essa interpretação rasa que temos; supormos que, um símbolo seja maior que, o que simboliza. Por exemplo: Uma aliança conjugal simboliza um pacto de fidelidade mútua, entre nubentes, “até que a morte os separe”. Mas, quem garante isso não é a aliança, antes, integridade e fidelidade dos pactuantes. Sem isso, a aliança nada vale; o adultério fatalmente acontecerá.

Chamemos a essência, de substância; o símbolo, de figura. Assim, a substância no relacionamento Deus-Israel era a Divina presença entre o povo, a figura desse relacionamento, a Arca da Aliança. Como no exemplo anterior, a figura não faz sentido, quando a substância não existe. Infelizmente, eles pensavam que a Arca movia Deus, invés da consagração, da obediência.

Tanto, que resolveram leva-la temerariamente ao campo de batalha, assim, estariam “forçando” Deus a participar da peleja para “defender-se”. Santa ignorância! Ora, a adversidade era já o juízo Divino contra uma casa sacerdotal relapsa, profana, que fora advertida mediante profetas, e seguira em sua rebelião.

Os Filisteus eram os instrumentos do juízo de Deus contra o povo desobediente. Pra eles a glória era ter a Arca, não um relacionamento sadio. Como transformaram o objeto em ídolo, O Altíssimo permitiu que fosse tomado pelos inimigos.

Uma coisa que deveria ser elementar, infelizmente, não é. A substância sempre vem antes da figura; o relacionamento, do símbolo. Os cônjuges, primeiro se amam, pra depois casarem, usarem alianças; o convertido primeiro crê, se arrepende, pra depois patentear isso mediante o batismo; o pão e o vinho da Santa Ceia são símbolos do Corpo e do Sangue de Cristo, e somos exortados a aferirmos a substância, antes de nos associarmos à figura. Examine a si mesmo antes de participar, discirna o Corpo de Cristo, para que eventual participação indigna não se torne juízo para si. Noutras palavras: Se você não é dos tais, não encene como se fosse, será pior.

Uma das figuras mais vilipendiadas pelos mercenários modernos é o óleo da unção. Qualquer pessoa minimamente esclarecida nas coisas espirituais sabe que, quem unge é O Espírito Santo, sendo o óleo, mera figura dessa unção. Traduzindo: A unção não está no óleo, mas, na vida do ministro, se, deveras, é um ungido.

Contudo, grassa ante nossos olhos um fetichismo doentio, similar ao que se faz na macumba. Há muitos “evangélicos” correndo atrás desses objetos “consagrados”. O que querem com isso? Obrigar Deus a pelejar por eles? Ora, se, O Todo Poderoso é algo assim, manipulável, que qualquer cretino o desloca ao sabor dos seus anseios, por que precisaríamos Dele ainda? Se pode ser movido por nós, devemos ser mais fortes que Ele.

Na verdade nem sei o que me irrita mais, se, o salafrário que vende “facilidades góspeis” profanando ao Santo Nome, ou, o imbecil que as compra, como se fosse possível encontrar joias caras em lojinhas de 1,99. Francamente!! Que gente estúpida, sem noção!!

Ontem me ofereceram em meu pátio uma “fitinha da Proteção Divina” que deveria amarrar em meu pulso; tomar um ônibus grátis que passará hoje perto de minha casa e ir lá, para que o “pastor” corte-a e tire o mal da minha vida. A vontade foi fazer um escarcéu, mas, estava trabalhando, várias pessoas na rua; ia parecer que estávamos brigando por religião. Peguei os “testemunhos de vitória” a referida fita, os coloquei no lixo e segui meu trabalho.

Quando a Unção está na vida de alguém, não precisa de símbolos, a eficácia de sua oração se encarrega de demonstrar; quando não está, não adianta “rosa ungida, cimento da casa própria fitinha do escambau, óleo da ponte que caiu”, nada!! Mera macumba com roupas estranhas.

Infelizmente, otário e vigarista se completam; aquele por querer coisas caras via caminhos fáceis; esse, por fazer crer que é portador desses caminhos. Quem se deixa roubar por um mercenário de preguiça de conhecer nas Escrituras a Vontade do Senhor, merece ser roubado, pois, rouba a si mesmo, a própria vida.


Deus não pode ser coagido a fazer o que não quer; e só quer proteger aos fiéis. “Os meus olhos procurarão aos fiéis da Terra...” Sal 101; 6

sábado, 16 de janeiro de 2016

Pra ficar bem na foto

“Para que agora, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus seja conhecida dos principados e potestades nos céus.” Ef 3; 10 A visão comum deixa as coisas espirituais pra depois da morte, tipo, quem fez o bem vai pro céu, os demais, pro inferno.

Geralmente, noções de bem e mal derivam dos gostos, assim, como a maioria gosta do que é, do que faz, quem morre “vai pro céu.” Qualquer pessoa, malgrado a vida que tenha levado, ao morrer, dizem que “passou pro andar de cima;” se, for morte trágica, corre risco de ser “canonizada”, se tornar “protetora” contra tragédias semelhantes.

Não são assim, as coisas? Se deixarmos humanos costumes e observarmos à Palavra de Deus, não. Pra começar, embora as obras possam ser testemunhas do caráter, não são aferidoras de salvação.

Uma faceta da hipocrisia, por exemplo, é fazer “coisas boas” pra purgar às más, mascará-las. Como um chefe do tráfico que distribui cestas básicas no morro, para ser respeitado, amado, pelos que, seu comércio ajuda a destruir.

Para Deus, a primeira “obra” é crer; “A obra de Deus é esta: Que creiais naquele que ele enviou.” Jo 6; 29 A segunda, obedecer; “Por que me dizeis, Senhor, Senhor, e não fazes o que vos mando?” Após crermos e obedecermos, nossa relação interpessoal deverá refletir Cristo, tanto nas obras, quanto, no caráter, pois, “não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte,” disse.

Todavia, não existe uma separação dimensional, as coisas celestes, pra depois; agora, apenas as da Terra. Desprender-se do casulo do corpo não é meramente conhecer outra dimensão; antes, é o fim da esperança, para quem rejeitou o Evangelho; o fim dos riscos, para quem o abraçou e viveu.

A Bíblia apresenta plena interação entre Céu e Terra; Isaías introduz seu Livro, assim: “...Ouvi, ó céus, dá ouvidos, tu, ó terra; porque fala o Senhor:...” Is 1; 2  O Senhor, por Sua vez, disse que “há alegria nos céus, por um pecador que se arrepende”. Uma decisão aqui, repercussão imediata, lá. Então, devemos considerar O Céu, Seus Poderes, anseios, nesse momento, não após a morte.

Ademais, o verso que inspirou essa reflexão diz que as riquezas de Cristo atuam para que, “agora, pela igreja, a Sabedoria de Deus seja conhecida dos Principados e Potestades nos céus.”

Que responsabilidade! O salvos são mais que figurantes nesse teatro universal, são atores. Coadjuvantes, é certo, pois, O Protagonista é Jesus Cristo, mas, nosso desempenho conta, e conta muito, nessa peça, cujo script foi dado para que se encenasse vividamente a Justiça, Sabedoria, e Amor Divinos, ante seleta plateia de poderes celestiais.

Como fotos antigas precisavam de um “negativo” antes de ser reveladas, assim, não podemos, dada nossa imperfeição, apreender a Sabedoria em si, antes, carecemos as dores de sua ausência, pra, depois, mediante experiência cotejarmos ambas as faces, e vermos a diferença. ”Visto como, na sabedoria de Deus o mundo não conheceu a Deus pela sua sabedoria, aprouve a Ele salvar os crentes pela loucura da pregação.” I Cor 1; 21

Acontece que, quando da rebelião de Satanás, a “Teologia da prosperidade” foi pregada entre anjos e potestades celestes; ouçamos a descrição de Ezequiel: “Na multiplicação do teu comércio encheram o teu interior de violência, pecaste; por isso te lancei, profanado, do monte de Deus, te fiz perecer, ó querubim cobridor, do meio das pedras afogueadas.” Ez 28; 16

Assim, as igrejas falsas são a foto, cujo negativo foi registrado por satanás, e as fiéis, retratam os anjos que permaneceram em sua sujeição ao Criador. Em ambos os casos a Sabedoria Divina é aprendida; tanto quando rejeita aos pérfidos, quanto, quando abençoa aos fiéis.

Por fim, a Cruz de Cristo é o majestoso “negativo” que retrata a imensa maldade humana, posto, alguns imbecis se suporem bons. Imaginemos que houve nas gerações pretéritas questionamentos por ser Deus, intangível, distante demais de nós; afinal, a multifacetada idolatria seria uma espécie de busca por um Deus distante; Vindo Ele, a cruz foi a nossa resposta de uma forma objetiva, concreta; mostrou o que faríamos se Deus abdicasse de Sua força e dependesse de nosso amor.

Essa constatação deveria bastar para nos humilhar diretamente proporcional ao orgulho que ensejou a queda, ao desejar independência do Criador. “Os melhores homens que conheci, eram insatisfeitos consigo mesmo, desejando ser melhores.” Disse Spurgeon. Assim, quanto mais crescemos espiritualmente, mais cientes ficamos de nossas misérias, nossas culpas. As fotos sendo reveladas, mostram o que há nos negativos.


Malgrado nosso feiura, o Espírito Santo e A Palavra, trabalham-nos em seu “Photoshop”; conseguem nos deixar parecidos com Cristo; na verdade dão os meios, capacitam, mas, a mudança que nos deixa bem na foto, depende de nós.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Quando Deus fala mal de nós

“Disse o rei de Israel a Jeosafá: Disfarçando-me entrarei na peleja; tu, porém, veste tuas roupas reais. Disfarçou-se, pois, o rei de Israel, e entraram na peleja.” II Crôn 18; 29

Temos dois Reis entrando em combate; Jeosafá, rei de Judá, e Acabe, rei de Israel. Esse disse que lutaria disfarçado, como se não fosse rei, embora, aconselhou, que seu colega ostentasse as vestes reais.

Por quê essa diferença? Porque, não obstante centenas de profetas falsos terem vaticinado vitória, Micaías, o profeta do Senhor, previra a morte do rei de Israel. Deve ter imaginado que, vestido de soldado deixaria de ser rei por um momento, ou, que, se fosse morto Jeosafá em seu lugar estaria “bom para Deus”; acontece que, sua tática não funcionou. Foi atingido mesmo disfarçado, e morreu.

Sua “providência” revela uma faceta doentia da raça humana. No fundo, sabemos a verdade, mas, preferimos o conforto espaçoso da mentira. Se, todos os falsos profetas que o cercavam disseram que seria vencedor, por quê temer? Se, Micaías era verdadeiro, como parecia saber, por quê cercava-se de inúmeros falsos, invés de dar ouvidos ao profeta genuíno? Ele mesmo dissera: Eu o detesto por que nunca fala bem de mim. Aqui está o retrato de nossa doença; não queremos a verdade, queremos a lisonja.

Mineradores chamam de “ouro de tolo” determinada pedra ordinária que, num olhar superficial parece ouro, mas, vista amiúde, não vale nada. Me ocorre uma trova de Fernando Pessoa: “Tens um anel imitado, e vais contente de o ter; que importa ser falsificado, se é verdadeiro o prazer?” Muitos da presente geração não apenas aceitam ao ouro de tolo, senão, que o buscam. A imensa maioria do que se posta nas redes sociais visa precisamente esse “minério”.

“Falso
Todo mundo admira um falso
Eu também preciso ser mais falso
A verdade gera confusão”.
Uma canção popular eternizou essa doença, onde autenticidade, verdade, acaba sendo um fator de desagregação.

Mas, quem disse que ser gregário é mais importante que ser verdadeiro? Na verdade, não importa com que roupa eu vou, pois, se vou sabidamente contra a Vontade de Deus, como foi Acabe, estarei indo de encontro à morte.

Sim, tudo o que enfeita nossas vidas como se fossem praças na época natalina, por luminoso, vistoso que o adorno seja, se, sua motivação é o falso, óbvio, não tem valor nenhum.

O falso, além de matar seus cultores, mata até quem não deveria morrer; um exemplo: Lula, possui dezenas de títulos, de “Dr. Honoris Causa” Doutor por questão de honra, em Latim. Comenda que se confere a destacados cidadãos, pelo caráter, feitos, cultura... mas, seus feitos são pífios, sua cultura, idem, seu caráter o recomenda à prisão.

Suponhamos que um proeminente qualquer receba agora, tal distinção; poderia se orgulhar com motivos, mas, dirá outrem, grande coisa, o Lula tem dezenas em casa. Então, ele não foi enobrecido ao receber honrarias falsas, antes, o título foi envilecido, perdeu valor.

De igual modo, Deus, se falasse pra nos agradar invés de corrigir, quando estamos errados, envileceria valores excelsos que ama, como Verdade, justiça, santidade... ademais, quando caminhamos pra morte, é outro valor inda maior, Amor, que o move a advertir-nos dos riscos que estamos correndo. Deus preza muito suas comendas, não coloca insígnias de santo, no que é profano.

Desse modo, quando “fala mal de nós” como Micaías de Acabe, no fundo, fala bem, pois, visa contrariar nossas escolhas suicidas.
Acontece que, diferente dos fofoqueiros que falam de nós, O Pai fala para nós. A um que foi rebelde contínuo, enquanto O Santo tolerava, prometeu uma “Retrospectiva”: “Estas coisas tens feito, eu me calei; pensavas que era tal como tu; mas, eu te arguirei, as porei por ordem diante dos teus olhos:” Sal 50; 21

Infelizmente, para a mentalidade medíocre, quem me ama me elogia, me convém; quem me corrige é um desmancha-prazeres, quero distância. Ora, é preciso coragem pra enfrentar a morte, mesmo, quando se veste de hipocrisia. Todos “filosofam” coisas profundas sobre autenticidade, verdade, denunciam ao falso, etc, sem perceber que, a imensa maioria sentir-se-ia ofendida se forçada à viver da forma que diz crer.

Quanto a mim, prefiro entrar no túnel escuro da crítica, correção, desde que, no fim desse, esteja a luz da Verdade, iluminando a vereda da Vida Eterna, que ser instigado por muitos aplausos, a saltar de um luminoso trampolim, para mergulhar garbosamente no lago de fogo da perdição.

Acabe, o mau rei disfarçou-se de soldado temendo pela vida; a nós se ordena que pelejemos “disfarçados de reis”, digo, revestidos de Cristo, O Rei dos Reis, se, invés de aplausos, nosso alvo é a vida. Senão, tanto faz; com qualquer veste, estremos nus.

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

A caverna do ateísmo

“A mim, o mínimo dos santos, foi dada esta graça de anunciar entre os gentios, por meio do evangelho, as riquezas incompreensíveis de Cristo... me ponho de joelhos perante o Pai... ( para ) Poderdes perfeitamente compreender, com todos os santos, qual seja a largura, o comprimento, a altura, a profundidade; conhecer o amor de Cristo, que excede todo o entendimento, para que sejais cheios da plenitude de Deus.” Ef 3; 8; 14, 18 e 19

Paulo, como um explorador que, tendo encontrado riquezas majestosas, está com dificuldade de explicar aos que, quer convencer a embarcarem consigo nessa ditosa expedição, a grandeza do que viu. “Riquezas incompreensíveis,” amor que excede o entendimento.

Ocorre-me o Mito da Caverna, de Platão, onde, os “cavernosos” estavam assaz acostumados a ter sombras por realidade; um venturoso que evadiu-se à prisão e teve contato com a verdadeira luz, por um lado, não conseguia explicar o que vira, por outro, era considerado louco, por pretender que, o que sempre fora tido por realidade, não era assim, na verdade.

Esse apego humano ao palpável, como sendo a realidade plena, é que forja “conflitos” entre fé e razão, como se, fossem excludentes. Na verdade, muitos tomam a metade da laranja pela fruta inteira. Razão, por ser uma faculdade também da alma, pode ser aprendida, em parte, por ateus, descrentes... Esse aspecto racional, contudo, é atinente ao mundo físico; acontece que o mundo espiritual também tem sua razão, sua lógica, a qual, não pode ser percebida pelos que jazem acorrentados na caverna da incredulidade; acostumaram com a sombra das coisas materiais como realidade última.

Dizem que a fé é cega, onde deveriam dizer que a ciência natural é limitada. Isaías até coloca a situação de estarmos, eventualmente, em total escuridão, mas, evoca a Integridade do Senhor, como o “Fio de Ariadne” que tira do labirinto. “Quem há entre vós que tema ao Senhor e ouça a voz do seu servo? Quando andar em trevas, não tiver luz nenhuma, confie no nome do Senhor, firme-se sobre o seu Deus.” Is 50; 10 Isso não é cegueira, mas, mesmo cercado de trevas, saber pra onde olhar. A fé vê no escuro.

Moisés, quando todas as circunstâncias eram adversas, foi ordenado que desafiasse ao poderoso Faraó, em Nome do Senhor. Não tinha força bélica nenhuma, meros escravos envilecidos pelos trabalhos forçados; portou-se como um General declarando guerra a um grande exército. “Pela fé deixou o Egito, não temendo a ira do rei; porque ficou firme, como vendo o invisível.” Heb 11;28

Um “racional” dirá que o relato é mito; afinal, as coisas acessáveis pela fé lhe são ocultas ainda, desconhece a senha.

Sendo o mundo, inimigo de Deus, como disse Tiago, natural que envide esforços em sedimentar a inimizade; se, o âmbito espiritual tem mesmo sua razão, necessariamente há de ser, diversa da “razão” do inimigo. Por isso, uma mente transformada se requer, para o contato com o amor e a bondade Divinos. “...apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é vosso culto racional. Não vos conformeis com este mundo, mas, transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.” Rom 12; 1 e 2

Assim, a narrativa bíblica, o “mito” para as mentes naturais, é a razão do Espírito, onde bebem os convertidos. “Desejai afetuosamente, como meninos novamente nascidos, o leite racional, não falsificado, para que por ele vades crescendo;” I Ped 2; 2

Enfim, a ciência insta a conhecer as coisas naturais, como se tais fossem um fim em si, invés da expressão de algo maior; a fé, sem excluir a ciência válida, desafia a conhecer o motivo Supremo do que se deu para a ciência brincar; “Conhecer o amor de Cristo que excede todo entendimento...”

Pois, se a criação é uma prova de amor, é também evidência de sabedoria, propósito; quem nega isso, teme a luz, prefere a caverna. “Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, quanto a sua divindade, se entendem, e claramente se veem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis;” Rom 1; 20

“Aquele que olhando as maravilhas da criação ainda se declara ateu, juntamente se declara imbecil e mentiroso”. ( Spurgeon )

A defesa apaixonada de convicções naturais, cega; Paulo passou por isso; ao deparar com a Luz, caiu do cavalo; suas escamas dos olhos foram reveladas. Daí, iluminado fez do “esterco” adubo, da Luz, o sentido da sua vida. Foi escolhido porque era sincero, mesmo, sem entendimento. 

Mas, os arrogantes, O Santo deixa que esporeiem os fogosos corcéis da incredulidade, rumo à insignificância eterna...

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Não é coisa de pele

“Quando tira para fora as suas ovelhas, vai adiante delas, as ovelhas o seguem, porque conhecem sua voz.” Jo 10; 4

Quatro coisas evidencia esse texto, que vale à pena considerar. Primeiro: “Tira para fora, suas ovelhas...”

Explicando como isso se dá, diz anteriormente que, ao genuíno Pastor, “O porteiro abre...” Outra coisa não é, senão, o consórcio do Salvador com O Espírito Santo, que abre a porta do entendimento os que ouvem A Palavra com coração sincero.

Mas, o quê, mantém a porta fechada, de modo que, pecadores não podem sair, sem essa ajuda providencial? Ora, quanto ao nascimento natural, nenhum de nós decidiu, vou nascer! Antes, somos fruto de uma relação, então, alheia a nós. Gêneros masculino e feminino uniram-se num período fértil, o que deu azo à concepção de nossa vida, da qual, só tomamos consciência mais tarde.

De igual modo, o “Novo nascimento” não é uma ideia espontânea do pecador. Precisa da concepção pelo Espírito e A Palavra, pra, então, ser herdeiro de nova vida, cujas implicações, também, demora um pouco a entender.

Se, genericamente podemos dizer que temos livre arbítrio, amiúde, se perdeu após a desobediência do Éden. “No dia em que pecares, certamente morrerás”, fora a advertência; embora, Adão e Eva seguissem existindo, perderam a vida espiritual, que faculta optar, nesse âmbito. Um morto não faz escolhas, precisa ser ressuscitado pelo Bom Pastor.

Parece até incoerente, Deus dar uma Lei, e mandar obedecê-la, dado que a servidão ao pecado em que toda espécie estava, vetava a escolha virtuosa. Mas, a Lei não veio para salvar, antes, por em relevo a importância e necessidade do Salvador. “Não aniquilo a graça de Deus; porque, se a justiça provém da lei, segue-se que Cristo morreu debalde.” Gál 2; 21

Então, “o que era impossível à lei, visto como estava enferma pela carne, Deus, enviando o seu Filho em semelhança da carne do pecado, pelo pecado condenou o pecado na carne; para que a justiça da lei se cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas, segundo o Espírito.” Rom 8; 3 e 4

Segundo: “Vai adiante delas”; sempre desconfiei de “Mestres” que mandam fazer algo que eles não fazem, como líderes islâmicos, que, treinam homens-bomba, mas, nenhum dá o exemplo mostrando como se faz. Cristo nos insta a tomarmos a cruz, “após Ele”, que, mesmo sem culpa, tomou a Sua primeiro. A dignidade deriva do caráter; esse, demonstra-se mediante ações. Não que seja fácil ir após Jesus; mas, fácil é perceber que Ele É digno de ser seguido, e de fazer tal exigência dos Seus.

Tendo nascido de novo, podemos fazer escolhas arbitrárias que agradam a Deus, outra vez. Antes, mesmo as boas obras, dado que boas, eram “obras mortas”, e “Deus é Deus de vivos”; enquanto a questão da vida espiritual não for solvida, as demais coisas não fazem sentido.

Terceiro: “As ovelhas o seguem...” Alguns, vendo de fora, pensam ser, O Evangelho, a castração da liberdade, uma opressão ascética ante os clamores da vida; é, antes, o pleno exercício da liberdade. O veros servos do Senhor O seguem, porque querem, não por coação alguma.

Apesar do dito que, a fé é cega, ela vê além; faz seu signatários andarem “firmes como quem vê o invisível.” Vendo quão digno e confiável é O Salvador, seguem-no, confiantes; em nada mentiu nas coisas da Terra, deve ser também verdadeiro nas atinentes ao Céu. Um raciocínio lógico, coerente, inteligente.

Quarto: “Porque conhecem sua voz.” Por fim, identificação, a razão para seguir o Bom Pastor. Aqui vemos a diferença entre o morto espiritual, e o que nasceu de novo. Quando da entrada da morte mediante o pecado, Adão, que desfrutara plena comunhão com Deus, escondeu-se com medo, ao ouvir O Santo. Agora, salvos, de posse da nova vida, aproximam-se Dele, Seguem-no, ao ouvirem Sua Voz.

Contudo, apesar do dito que, “a voz do povo é a voz de Deus”, nada tem a ver com isso; tampouco, interpretações idiossincráticas ou, misticismos das religiões; antes, A Palavra de Deus, devidamente interpretada, respeitando variáveis como, contexto, propósito Divino, alvos, é a Voz de Deus, que devem ouvir, os que pretendem seguir a Cristo.

Então, se era tudo franco no jardim, exceto, determinada árvore, hoje, é tudo morto, com boas obras ou, sem, exceto, os que, malgrado a vida que lavaram, passaram pela cruz, arrependeram-se, se fizeram herdeiros da Graça de Cristo.

Muito se fala sobre lobos em pele de ovelha, para situar aos falsos; porém, salvação não é coisa de pele, é de alma. O Espírito Santo tem visão de “Raio x”, quanto a nós, dá discernimento. Ademais, basta observar a dieta dos bichos; ovelha não come carne
.

domingo, 10 de janeiro de 2016

Amar dá prejuízo

“Porque apenas alguém morrerá por um justo; pois poderá ser que pelo bom alguém ouse morrer. Mas, Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores.” Rom 5; 7 e 8

Vimos noutro texto o valor inefável do amor. Agora, teceremos considerações, sobre sua identidade. Como perceber sua presença? Afinal entre as tantas palavras que padecem anemia de significado pelo mau uso, amor é uma das mais anêmicas. O mero aplacar comichões animais, de forma lícita, insana, quiçá, antinatural, tem sido chamado de “fazer amor”. Como disse certo poeta, “amor não se faz, o que se faz é coito carnal”.

Contudo, sendo algo que não se faz, se pode demonstrar, mediante evidências concretas, traços desse abstrato majestoso. O conceito medíocre dos relacionamentos é dar a quem merece; pagar na mesma moeda; amo a quem me ama; sou bom com quem é bom comigo; não raro, deparo com a frase “filosófica”, “Que Deus te dê em dobro tudo o que me desejares” etc. Isso cheira a escambo, comércio, pode ter laços com a justiça, mas, nenhum traço do nosso ser, ora, investigado, o amor.

“Que Deus te dê em dobro” é uma ameaça, tipo, deseje-me apenas o bem, senão, meu Deus te pega, ai de ti! Então, se Deus tratasse conosco nessas bases, da mesma moeda, digo, estaríamos fritos, mas, “Deus prova Seu amor para conosco...” A “prova” é nos dar muito mais que merecemos. Essa é a essência do amor; suprir lacunas de quem amamos, a despeito de méritos; o mérito do amor basta. Deus não nos ama por que merecemos; antes, pelo que É: “Deus é amor”.

Os frutos de quem aprende amar, deveras, o colocam num patamar acima da justiça que se aplica em consórcio com a Lei. Paulo ensina: “O fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança. Contra estas coisas não há lei.” Gál 5; 22 e 23

Assim, quem vive sua fé no âmbito dos mandamentos, do legalismo, ainda está inepto para viver em Espírito, produzir seus frutos. “Se, sois guiados pelo Espírito, não estais debaixo da lei.” Gál 5; 18

Não significa anomia, ausência de regras, antes, autonomia em relação à natureza; simbiose em relação ao Espírito de Deus.

Muitos pensam que o Novo Testamento é a metade da Bíblia; não. É uma nova Lei, flexível, conforme as circunstâncias de cada um, que for capaz de ouvir ao “Legislador” que caminha consigo. “Não segundo a aliança que fiz com seus pais no dia que os tomei pela mão, para tirar da terra do Egito; Como não permaneceram naquela minha aliança, Eu para eles não atentei, diz o Senhor. Porque esta é a aliança que depois daqueles dias farei... diz o Senhor: Porei as minhas leis no seu entendimento, em seu coração as escreverei; Eu lhes serei por Deus, eles me serão por povo;” Heb 8; 9 e 10

Embora pregadores da moda vejam a Bíblia como manual para riqueza é, antes, uma declaração de amor, um apelo à reconciliação com Deus, e manual de como amar. “Ao que quiser pleitear contigo, tirar-te a túnica, larga-lhe também a capa; qualquer que te obrigar a caminhar uma milha, vai com ele duas. Dá a quem te pedir, não te desvies daquele que quiser que lhe emprestes.” Mat 5; 40 a 42 Assim, embora seja um tesouro espiritual, amar dá prejuízo.

O que é o perdão, senão, uma manifestação vívida de amor? Quando perdoo eu “pago” algo que outrem não pode, usando a “moeda” do amor.

Se, nosso relacionamento com Deus se firma nessa base, o mesmo amor nos instigará a iniciativas espontâneas, no desejo de evidenciar-se ante O amado. Jesus ensinou: Assim também vós, quando fizerdes tudo o que vos for mandado, dizei: Somos servos inúteis, porque fizemos somente o que devíamos fazer” Luc 17; 10

Entre outras características, Paulo disse que o amor, “não busca seus próprios interesses...” Contudo, quantos casais separam, pois, o “amor acabou, ele, ( ela ) não me entende”? Queremos ser compreendidos, não, compreender; ser amados, pra amar.

Além de dar prejuízo, o amor é impotente. Mesmo ansiando muito a correspondência, mergulha no trampolim da incerteza, do risco de amar sozinho. Se, palavrinhas como, prejuízo, risco, perdão, impotência, nos assustam, ainda somos incapazes de amar.

Na verdade, todos amam. Embora, muitos erram o alvo. O egoísmo é excesso de amor próprio; tolhe amar a outrem. Spurgeon já dizia: “Uma coisa boa não é boa fora do seu lugar.”


Deus fez as pessoas para serem amadas e as coisas para serem usadas;
mas, por que amam as coisas e usam as pessoas?  ( Bob Marley )