terça-feira, 12 de janeiro de 2016

A caverna do ateísmo

“A mim, o mínimo dos santos, foi dada esta graça de anunciar entre os gentios, por meio do evangelho, as riquezas incompreensíveis de Cristo... me ponho de joelhos perante o Pai... ( para ) Poderdes perfeitamente compreender, com todos os santos, qual seja a largura, o comprimento, a altura, a profundidade; conhecer o amor de Cristo, que excede todo o entendimento, para que sejais cheios da plenitude de Deus.” Ef 3; 8; 14, 18 e 19

Paulo, como um explorador que, tendo encontrado riquezas majestosas, está com dificuldade de explicar aos que, quer convencer a embarcarem consigo nessa ditosa expedição, a grandeza do que viu. “Riquezas incompreensíveis,” amor que excede o entendimento.

Ocorre-me o Mito da Caverna, de Platão, onde, os “cavernosos” estavam assaz acostumados a ter sombras por realidade; um venturoso que evadiu-se à prisão e teve contato com a verdadeira luz, por um lado, não conseguia explicar o que vira, por outro, era considerado louco, por pretender que, o que sempre fora tido por realidade, não era assim, na verdade.

Esse apego humano ao palpável, como sendo a realidade plena, é que forja “conflitos” entre fé e razão, como se, fossem excludentes. Na verdade, muitos tomam a metade da laranja pela fruta inteira. Razão, por ser uma faculdade também da alma, pode ser aprendida, em parte, por ateus, descrentes... Esse aspecto racional, contudo, é atinente ao mundo físico; acontece que o mundo espiritual também tem sua razão, sua lógica, a qual, não pode ser percebida pelos que jazem acorrentados na caverna da incredulidade; acostumaram com a sombra das coisas materiais como realidade última.

Dizem que a fé é cega, onde deveriam dizer que a ciência natural é limitada. Isaías até coloca a situação de estarmos, eventualmente, em total escuridão, mas, evoca a Integridade do Senhor, como o “Fio de Ariadne” que tira do labirinto. “Quem há entre vós que tema ao Senhor e ouça a voz do seu servo? Quando andar em trevas, não tiver luz nenhuma, confie no nome do Senhor, firme-se sobre o seu Deus.” Is 50; 10 Isso não é cegueira, mas, mesmo cercado de trevas, saber pra onde olhar. A fé vê no escuro.

Moisés, quando todas as circunstâncias eram adversas, foi ordenado que desafiasse ao poderoso Faraó, em Nome do Senhor. Não tinha força bélica nenhuma, meros escravos envilecidos pelos trabalhos forçados; portou-se como um General declarando guerra a um grande exército. “Pela fé deixou o Egito, não temendo a ira do rei; porque ficou firme, como vendo o invisível.” Heb 11;28

Um “racional” dirá que o relato é mito; afinal, as coisas acessáveis pela fé lhe são ocultas ainda, desconhece a senha.

Sendo o mundo, inimigo de Deus, como disse Tiago, natural que envide esforços em sedimentar a inimizade; se, o âmbito espiritual tem mesmo sua razão, necessariamente há de ser, diversa da “razão” do inimigo. Por isso, uma mente transformada se requer, para o contato com o amor e a bondade Divinos. “...apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é vosso culto racional. Não vos conformeis com este mundo, mas, transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.” Rom 12; 1 e 2

Assim, a narrativa bíblica, o “mito” para as mentes naturais, é a razão do Espírito, onde bebem os convertidos. “Desejai afetuosamente, como meninos novamente nascidos, o leite racional, não falsificado, para que por ele vades crescendo;” I Ped 2; 2

Enfim, a ciência insta a conhecer as coisas naturais, como se tais fossem um fim em si, invés da expressão de algo maior; a fé, sem excluir a ciência válida, desafia a conhecer o motivo Supremo do que se deu para a ciência brincar; “Conhecer o amor de Cristo que excede todo entendimento...”

Pois, se a criação é uma prova de amor, é também evidência de sabedoria, propósito; quem nega isso, teme a luz, prefere a caverna. “Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, quanto a sua divindade, se entendem, e claramente se veem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis;” Rom 1; 20

“Aquele que olhando as maravilhas da criação ainda se declara ateu, juntamente se declara imbecil e mentiroso”. ( Spurgeon )

A defesa apaixonada de convicções naturais, cega; Paulo passou por isso; ao deparar com a Luz, caiu do cavalo; suas escamas dos olhos foram reveladas. Daí, iluminado fez do “esterco” adubo, da Luz, o sentido da sua vida. Foi escolhido porque era sincero, mesmo, sem entendimento. 

Mas, os arrogantes, O Santo deixa que esporeiem os fogosos corcéis da incredulidade, rumo à insignificância eterna...

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Não é coisa de pele

“Quando tira para fora as suas ovelhas, vai adiante delas, as ovelhas o seguem, porque conhecem sua voz.” Jo 10; 4

Quatro coisas evidencia esse texto, que vale à pena considerar. Primeiro: “Tira para fora, suas ovelhas...”

Explicando como isso se dá, diz anteriormente que, ao genuíno Pastor, “O porteiro abre...” Outra coisa não é, senão, o consórcio do Salvador com O Espírito Santo, que abre a porta do entendimento os que ouvem A Palavra com coração sincero.

Mas, o quê, mantém a porta fechada, de modo que, pecadores não podem sair, sem essa ajuda providencial? Ora, quanto ao nascimento natural, nenhum de nós decidiu, vou nascer! Antes, somos fruto de uma relação, então, alheia a nós. Gêneros masculino e feminino uniram-se num período fértil, o que deu azo à concepção de nossa vida, da qual, só tomamos consciência mais tarde.

De igual modo, o “Novo nascimento” não é uma ideia espontânea do pecador. Precisa da concepção pelo Espírito e A Palavra, pra, então, ser herdeiro de nova vida, cujas implicações, também, demora um pouco a entender.

Se, genericamente podemos dizer que temos livre arbítrio, amiúde, se perdeu após a desobediência do Éden. “No dia em que pecares, certamente morrerás”, fora a advertência; embora, Adão e Eva seguissem existindo, perderam a vida espiritual, que faculta optar, nesse âmbito. Um morto não faz escolhas, precisa ser ressuscitado pelo Bom Pastor.

Parece até incoerente, Deus dar uma Lei, e mandar obedecê-la, dado que a servidão ao pecado em que toda espécie estava, vetava a escolha virtuosa. Mas, a Lei não veio para salvar, antes, por em relevo a importância e necessidade do Salvador. “Não aniquilo a graça de Deus; porque, se a justiça provém da lei, segue-se que Cristo morreu debalde.” Gál 2; 21

Então, “o que era impossível à lei, visto como estava enferma pela carne, Deus, enviando o seu Filho em semelhança da carne do pecado, pelo pecado condenou o pecado na carne; para que a justiça da lei se cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas, segundo o Espírito.” Rom 8; 3 e 4

Segundo: “Vai adiante delas”; sempre desconfiei de “Mestres” que mandam fazer algo que eles não fazem, como líderes islâmicos, que, treinam homens-bomba, mas, nenhum dá o exemplo mostrando como se faz. Cristo nos insta a tomarmos a cruz, “após Ele”, que, mesmo sem culpa, tomou a Sua primeiro. A dignidade deriva do caráter; esse, demonstra-se mediante ações. Não que seja fácil ir após Jesus; mas, fácil é perceber que Ele É digno de ser seguido, e de fazer tal exigência dos Seus.

Tendo nascido de novo, podemos fazer escolhas arbitrárias que agradam a Deus, outra vez. Antes, mesmo as boas obras, dado que boas, eram “obras mortas”, e “Deus é Deus de vivos”; enquanto a questão da vida espiritual não for solvida, as demais coisas não fazem sentido.

Terceiro: “As ovelhas o seguem...” Alguns, vendo de fora, pensam ser, O Evangelho, a castração da liberdade, uma opressão ascética ante os clamores da vida; é, antes, o pleno exercício da liberdade. O veros servos do Senhor O seguem, porque querem, não por coação alguma.

Apesar do dito que, a fé é cega, ela vê além; faz seu signatários andarem “firmes como quem vê o invisível.” Vendo quão digno e confiável é O Salvador, seguem-no, confiantes; em nada mentiu nas coisas da Terra, deve ser também verdadeiro nas atinentes ao Céu. Um raciocínio lógico, coerente, inteligente.

Quarto: “Porque conhecem sua voz.” Por fim, identificação, a razão para seguir o Bom Pastor. Aqui vemos a diferença entre o morto espiritual, e o que nasceu de novo. Quando da entrada da morte mediante o pecado, Adão, que desfrutara plena comunhão com Deus, escondeu-se com medo, ao ouvir O Santo. Agora, salvos, de posse da nova vida, aproximam-se Dele, Seguem-no, ao ouvirem Sua Voz.

Contudo, apesar do dito que, “a voz do povo é a voz de Deus”, nada tem a ver com isso; tampouco, interpretações idiossincráticas ou, misticismos das religiões; antes, A Palavra de Deus, devidamente interpretada, respeitando variáveis como, contexto, propósito Divino, alvos, é a Voz de Deus, que devem ouvir, os que pretendem seguir a Cristo.

Então, se era tudo franco no jardim, exceto, determinada árvore, hoje, é tudo morto, com boas obras ou, sem, exceto, os que, malgrado a vida que lavaram, passaram pela cruz, arrependeram-se, se fizeram herdeiros da Graça de Cristo.

Muito se fala sobre lobos em pele de ovelha, para situar aos falsos; porém, salvação não é coisa de pele, é de alma. O Espírito Santo tem visão de “Raio x”, quanto a nós, dá discernimento. Ademais, basta observar a dieta dos bichos; ovelha não come carne
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domingo, 10 de janeiro de 2016

Amar dá prejuízo

“Porque apenas alguém morrerá por um justo; pois poderá ser que pelo bom alguém ouse morrer. Mas, Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores.” Rom 5; 7 e 8

Vimos noutro texto o valor inefável do amor. Agora, teceremos considerações, sobre sua identidade. Como perceber sua presença? Afinal entre as tantas palavras que padecem anemia de significado pelo mau uso, amor é uma das mais anêmicas. O mero aplacar comichões animais, de forma lícita, insana, quiçá, antinatural, tem sido chamado de “fazer amor”. Como disse certo poeta, “amor não se faz, o que se faz é coito carnal”.

Contudo, sendo algo que não se faz, se pode demonstrar, mediante evidências concretas, traços desse abstrato majestoso. O conceito medíocre dos relacionamentos é dar a quem merece; pagar na mesma moeda; amo a quem me ama; sou bom com quem é bom comigo; não raro, deparo com a frase “filosófica”, “Que Deus te dê em dobro tudo o que me desejares” etc. Isso cheira a escambo, comércio, pode ter laços com a justiça, mas, nenhum traço do nosso ser, ora, investigado, o amor.

“Que Deus te dê em dobro” é uma ameaça, tipo, deseje-me apenas o bem, senão, meu Deus te pega, ai de ti! Então, se Deus tratasse conosco nessas bases, da mesma moeda, digo, estaríamos fritos, mas, “Deus prova Seu amor para conosco...” A “prova” é nos dar muito mais que merecemos. Essa é a essência do amor; suprir lacunas de quem amamos, a despeito de méritos; o mérito do amor basta. Deus não nos ama por que merecemos; antes, pelo que É: “Deus é amor”.

Os frutos de quem aprende amar, deveras, o colocam num patamar acima da justiça que se aplica em consórcio com a Lei. Paulo ensina: “O fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança. Contra estas coisas não há lei.” Gál 5; 22 e 23

Assim, quem vive sua fé no âmbito dos mandamentos, do legalismo, ainda está inepto para viver em Espírito, produzir seus frutos. “Se, sois guiados pelo Espírito, não estais debaixo da lei.” Gál 5; 18

Não significa anomia, ausência de regras, antes, autonomia em relação à natureza; simbiose em relação ao Espírito de Deus.

Muitos pensam que o Novo Testamento é a metade da Bíblia; não. É uma nova Lei, flexível, conforme as circunstâncias de cada um, que for capaz de ouvir ao “Legislador” que caminha consigo. “Não segundo a aliança que fiz com seus pais no dia que os tomei pela mão, para tirar da terra do Egito; Como não permaneceram naquela minha aliança, Eu para eles não atentei, diz o Senhor. Porque esta é a aliança que depois daqueles dias farei... diz o Senhor: Porei as minhas leis no seu entendimento, em seu coração as escreverei; Eu lhes serei por Deus, eles me serão por povo;” Heb 8; 9 e 10

Embora pregadores da moda vejam a Bíblia como manual para riqueza é, antes, uma declaração de amor, um apelo à reconciliação com Deus, e manual de como amar. “Ao que quiser pleitear contigo, tirar-te a túnica, larga-lhe também a capa; qualquer que te obrigar a caminhar uma milha, vai com ele duas. Dá a quem te pedir, não te desvies daquele que quiser que lhe emprestes.” Mat 5; 40 a 42 Assim, embora seja um tesouro espiritual, amar dá prejuízo.

O que é o perdão, senão, uma manifestação vívida de amor? Quando perdoo eu “pago” algo que outrem não pode, usando a “moeda” do amor.

Se, nosso relacionamento com Deus se firma nessa base, o mesmo amor nos instigará a iniciativas espontâneas, no desejo de evidenciar-se ante O amado. Jesus ensinou: Assim também vós, quando fizerdes tudo o que vos for mandado, dizei: Somos servos inúteis, porque fizemos somente o que devíamos fazer” Luc 17; 10

Entre outras características, Paulo disse que o amor, “não busca seus próprios interesses...” Contudo, quantos casais separam, pois, o “amor acabou, ele, ( ela ) não me entende”? Queremos ser compreendidos, não, compreender; ser amados, pra amar.

Além de dar prejuízo, o amor é impotente. Mesmo ansiando muito a correspondência, mergulha no trampolim da incerteza, do risco de amar sozinho. Se, palavrinhas como, prejuízo, risco, perdão, impotência, nos assustam, ainda somos incapazes de amar.

Na verdade, todos amam. Embora, muitos erram o alvo. O egoísmo é excesso de amor próprio; tolhe amar a outrem. Spurgeon já dizia: “Uma coisa boa não é boa fora do seu lugar.”


Deus fez as pessoas para serem amadas e as coisas para serem usadas;
mas, por que amam as coisas e usam as pessoas?  ( Bob Marley )

sábado, 9 de janeiro de 2016

O amor próprio, de Deus

“As muitas águas não podem apagar este amor, nem os rios afogá-lo; ainda que alguém desse todos os bens de sua casa pelo amor, certamente o desprezariam.” Cant 8; 7

A excelência do amor foi cantada em prosa e verso, por poetas, filósofos, pregadores, não carecemos muitos argumentos para patentear seu valor. Por contraditório que pareça, esse bem, que bem nenhum conseguiria comprar, é de graça. Um motor magnífico que faz a alma mover-se sôfrega e voluntariamente em direção ao seu objeto.

Costumamos filosofar ante perdas dizendo: “Vão-se os anéis, ficam os dedos”; firmando, com isso, que bens menores se pode perder, uma vez que, o essencial seja preservado. Acontece que, tudo o que vemos, a majestosa Criação, é só um reflexo do amor, não o amor em si. Meros “anéis” do Dedo de Deus. As ações, aparentemente nobres, se, despidas desse motor, o amor, se revelam vãs, ordinárias, de parco valor.

Paulo expôs tal juízo: “Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, se não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como sino que tine. Ainda que tivesse o dom de profecia, conhecesse todos os mistérios, toda a ciência, tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, se não tivesse amor, nada seria. Ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, ainda que entregasse meu corpo para ser queimado, se não tivesse amor, nada me aproveitaria.” I Cor 13; 1 a 3 Assim, o amor, além de ser um valor inefável, empresta razão, valor às ações, que, privadas dele, perdem sentido.

Muitos entendem mal o Evangelho, pregoeiro do amor de Deus. Tratam-no como se fosse mero escape do inferno, não um sublime chamado do Santo, visando conquistar a quem ama.

Pessoas coisificadas discutem a validade de dízimos e ofertas, por exemplo; A Bíblia ensina: “Quem ama, dá com alegria”; pessoas coisificadas, acham que O Eterno as quer tolher de “curtirem a vida”; quem ama entende e se alegra nos benditos motivos de Deus. Pessoas coisificadas são legalistas, acham que o melhor que se pode ofertar ao Pai é nosso cumprimento dos mandamentos; Quem ama entende que, “o cumprimento da Lei é o amor”. Pessoas coisificadas barateiam a Graça, como se, o Amor de Deus equivalesse à licença pra pecar; quem ama entende a seriedade da correspondência, sabe que O Amado ama também à justiça; não quer ferir ao Seu Amor.

Os mandamentos, tão defendidos e dogmatizados por tantos, não passam de uma espécie de “andador” que carecemos inicialmente, até podermos dar os primeiros passos na maturidade espiritual.

Paulo explica o viés funcional dos dons ministeriais como meios de nosso aperfeiçoamento até à “Estatura de Cristo”. De certo modo, inatingível, pois, “ninguém tem maior amor que esse; dar sua vida pelos seus amigos” Jo 15; 13

Contudo, em parte, possível, dado que, O Salvador resumiu os Mandamentos a dois alvos, e uma meta: Amar. “E Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu pensamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas.” Mat 22; 37, 39 e 40

Assim, invertemos as coisas quando fazemos parecer que, o amor depende do cumprimento da Lei; antes, como vimos, a Lei depende do amor. Paulo usa uma figura matrimonial para ilustrar isso: “De maneira que a lei nos serviu de aio, para nos conduzir a Cristo, para que pela fé fôssemos justificados. Mas, depois que veio a fé, já não estamos debaixo de aio.” Gál 3; 24 e 25 Aqui, a fé, que demanda obediência pode ser equacionada com a correspondência ao amor Divino. Não é a obediência que prova o amor, antes, o amor que nos possibilita e convence a obedecer.

O contexto do verso inicial atina ao amor entre homem e mulher, e, o coloca como acima de todos os bens; como avaliar o amor recíproco entre Criador e criatura? Difícil para nossas mentes limitadas, mas, “Deus amou o mundo de tal maneira, que deu Seu Filho Unigênito, para que, todo aquele que Nele crer, não pereça, mas, tenha vida eterna.” Jo 3; 16

Enfim, malgrado a maldade humana ter transbordado as medidas há tempo, o amor do Senhor ainda protela o juízo esperando salvar uns mais. Então, os impérios efêmeros dos “Senhores dos Anéis”, ruirão ao toque justo do Dedo de Deus. 

No fundo, quem ama as coisas, ama apenas a si mesmo; com isso contará, quando a possibilidade de corresponder ao amor de Deus, cessar. Deus nos ama maravilhosamente, mas, também tem amor próprio.

domingo, 3 de janeiro de 2016

A Bênção ecumênica do Papa

“Disse-lhes que lhes daria minha bênção de coração. Muitos de vocês não pertencem à igreja Católica, outros não creem. Concedo minha bênção, de coração, no silêncio a cada um de vocês, respeitando à consciência de todos, mas, sabendo, que cada um de vocês é filho de Deus.” ( Papa Francisco )


Esse texto circula nas redes, e merece ser “infinitamente compartilhado” segundo os divulgadores. Contudo, manifestei certas restrições; fui tachado de fanático, e outras cositas mais.

Bem, vamos por partes. A bênção humana e a Divina. Existe diferença? Sim. Somos exortados pela Bíblia a não amaldiçoarmos, fazer o bem a quem nos persegue, orarmos pelos que nos maldizem. Nesse sentido, abençoar a todos indistintamente é Bíblico.

A Bênção Divina é seletiva, digo, a espiritual. A natural, faz sol e chuva descerem sobre justos e injustos; quem plantar colhe, malgrado sua crença, ou mesmo, sem crença nenhuma. Contudo, as espirituais são seletivas, pontuais, dependem de nossa resposta ao amor Divino. “Meus olhos procurarão os fiéis da Terra para que estejam comigo; o que anda num caminho reto, esse, me servirá.” Sal 101; 6

Os judeus se achavam benditos pelos laços sanguíneos com Abraão, Paulo desfez o engano: “se sois de Cristo, então sois descendência de Abraão, herdeiros conforme a promessa.” Gál 3; 29. Ser de Cristo demanda nascer de novo, como Ele ensinou. “Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus.” Jo 3; 5

Respeitar consciências é uma coisa boa, que nem Deus viola, tanto que, nos fez arbitrários. Entretanto, afirmar que um que deu ouvidos a Deus, arrependeu-se, tomou sua cruz, nasceu de novo, está em pé de igualdade com outro que o despreza, é desconhecer à justiça de Deus.

Deixemos Ele falar sobre isso: “porque eu clamei e recusastes; estendi a minha mão, não houve quem desse atenção, antes, rejeitastes todo o meu conselho, não quisestes a minha repreensão, também de minha parte eu me rirei na vossa perdição, zombarei, em vindo o vosso temor. Vindo o vosso temor como a assolação, vindo a vossa perdição como uma tormenta, sobrevirá a vós aperto e angústia. Então clamarão a mim, mas eu não responderei; de madrugada me buscarão, porém não me acharão. Porquanto odiaram o conhecimento; não preferiram o temor do Senhor” Prov 1; 24 a 29

Desprezo colherão todos aqueles que O desprezam, quando Sua Santa Palavra é anunciada, simples e sério assim.

Em momento algum entro no mérito de religiões, pelejo pela verdade; A Palavra de Deus é a verdade. À luz dela, tem muito “evangélico” cagado, e o catolicismo tem erros doutrinários graves.

Mas, como não tenho melindres, digo o que deve ser dito, ciente que, é a maior bênção que se pode legar, dado seu efeito medicinal. Um profeta não canta canções de ninar embalando berços de pecadores, antes, os inquieta, desperta, incomoda, para que não morram, como fez Paulo. “...Desperta, tu que dormes, levanta-te dentre os mortos e Cristo te esclarecerá.” Ef 5; 14

Uma coisinha que meu cavalo acaba de perguntar? Se todas as religiões são boas, Evangelho pra quê? Outra; se, o que conta é a boa intenção, por que até o dito popular diz que delas o inferno está cheio? Aliás, por que inferno se todos se salvam? Calma, calma! Meu alazão tá em duas patas já.

A maioria das pessoas não entendeu o que está em jogo, infelizmente; trata-se de uma renhida peleja de vida ou morte, não de uma competição entre hipócritas ensaboados para ver quem bajula mais, ou, melhor. O Senhor foi claro: “Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, não entrará em condenação, mas, passou da morte para a vida.” Jo 5; 24

Sem esse papo fútil, rasteiro que todos são filhos de Deus; mesmo os sedizentes que recusam a correção são chamados de filhos da mãe. Cáspita!! É isso mesmo! Vejamos: “Se suportais a correção, Deus vos trata como filhos; porque, que filho há a quem o pai não corrija? Mas, se estais sem disciplina, da qual todos são feitos participantes, sois então bastardos, não filhos.” Heb 12; 7 e 8

Reparem que todos meus argumentos têm a Bíblia como tribunal de apelação, não preferências humanas. Eis a diferença entre quem visa agradar a Deus, ou, homens; aquele, reitera o Que Deus já disse, a despeito das consequências; esse, diz o que o pecador quer ouvir, a despeito do dano. 

Nos domínios espirituais, o mentiroso é assassino; o profeta, uma luz...
Não sei se o texto vale ser compartilhado; mas, espero que valha ser refletido.

Duelar contra Deus?

“Mas, foram rebeldes, contristaram o Espírito Santo; por isso se lhes tornou inimigo, ele mesmo pelejou contra eles.” Is 63; 10

A rebeldia do povo escolhido, dando azo à inimizade com Deus. Interessante que, o nome, Israel, foi posto em Jacó, significando, “aquele que luta com Deus.” Não “com” no sentido de, junto; antes, contra Deus; pois, foi num cenário assim, que seu nome foi mudado. Claro que seria impensável alguém, por forte que fosse, lutar com Deus, no fito de vencê-lo, sequer, vulnerá-lo um pouco.

Num sentido prático, nossas ações têm incidência horizontal; “Atenta para os céus, vê; contempla as mais altas nuvens, que são mais altas do que tu. Se, pecares, que efetuarás contra ele? Se, as tuas transgressões se multiplicarem, que lhe farás? Se, fores justo, que lhe darás, ou que receberá ele da tua mão? A tua impiedade faria mal a outro como tu; a tua justiça aproveitaria ao filho do homem.” Jó 35; 5 a 8

Contudo, se em nossa rebelião ferirmos à justiça que o Eterno ordenou, estamos sim, lutando contra Deus. A Terra é o teatro da nossa atuação; a Palavra de Deus, o “script” que compõe a peça da regeneração, não há lugar para “cacos”, improviso. Resumindo: Lutar contra Deus, é simplesmente resistir à Sua Vontade.

Jesus usou uma alegoria bélica também, disse: “Ou qual é o rei que, indo à guerra pelejar contra outro rei, não se assenta primeiro a tomar conselho sobre se, com dez mil pode sair ao encontro do que vem contra ele com vinte mil? De outra maneira, estando o outro ainda longe, manda embaixadores, pede condições de paz. Assim, pois, qualquer de vós, que não renuncia a tudo quanto tem, não pode ser meu discípulo.” Luc 14 31 a 33

A ideia é: Antes de entrar numa guerra devo considerar bem minhas, forças; caso conclua que não posso vencer, a prudência recomenda a rendição. E O Salvador expressou em quê, consiste tal rendição: “...qualquer de vós, que não renuncia a tudo quanto tem, não pode ser meu discípulo.”

Claro que renunciar “tudo” não significa jogar fora, bens, antes, tudo o que, tenho aprendido no mundo rebelde, sobre valores, sentido da vida, Deus, todas essas concepções, digo, devem ser deixadas em prol do discipulado, de aprender de Jesus. Embora tenha reflexos econômicos, a Doutrina de Cristo é espiritual, sobretudo. Assim, salva e ensina a amar, fazendo caridade como consequência do que recebemos; não, salva alguém a despeito do arrependimento e submissão, desde que, faça boas obras.

Uma armadilha que muitos usam contra si é “facilitar” as coisas alterando partes da Palavra de Deus. Ora, o que Ele ordena é absoluto, cabal. Livres somos pra obedecer ou, não; alterar, porém, implica lutar contra O Eterno.

Vemos o exemplo de Balaão, o mercenário; Deus dissera para não ir amaldiçoar Seu povo. Motivado por uma oferta vultosa, insistiu pra que Deus mudasse de posição, orando uma noite mais. Ele “mudou” permitindo que o obstinado fosse; no caminho, porém, onde o Anjo da Morte o aguardava, sua vida foi salva pelo voz de uma mula, que milagrosamente falou com o rebelde. Eis a “glória” de lutar contra Deus! Jonas, ao fazer isso terminou exortado por ímpios; Balaão entregando-se à cobiça, teve que ver sua mula com as rédeas da situação.

Quando lutamos contra Deus, não somos “derrotados” como se fosse possível um resultado diferente; antes, humilhados, pois, só o orgulho besta nos cegaria a ponto disso; o antídoto ao orgulho é a humilhação.

Mesmo sendo “Varão de Guerra”, Deus não quer briga conosco, antes, reconciliação. Ouçamos: “Não há indignação em mim? Quem poria sarças e espinheiros diante de mim na guerra? Eu iria contra eles e juntamente os queimaria. Ou que se apodere da minha força, faça paz comigo; sim, que faça paz comigo.” Is 27; 4 e 5

Interessante linguagem: “Se apodere da minha força...” não significa ficarmos fortes como Ele, antes, que estando em paz com Deus, o Seu poder atua a nosso favor; por outro lado, a rebeldia, voltando ao começo, coloca-O como inimigo.

Em suma, duas opções claras e opostas: Ou nos rendemos e O servimos, para preservação da vida; ou, abraçamos à rebelião, mesmo que, suicida.

As condições de paz foram cantadas por anjos: “Glória a Deus nas alturas, paz na Terra...” Luc 2; 14 E não se glorifica a Deus alterando Sua Palavra, antes, blasfema-se. Faz parecer que um cérebro de ervilha sabe mais, que O Onisciente. 

Os homens não “vão à luta” por causa de suas forças, antes, da cegueira, da ignorância. A Luz não me faz forte, me faz sábio; todavia, dissera Salomão: “Melhor é a sabedoria que a força...” 

sábado, 2 de janeiro de 2016

Meu saldo, por favor!

“Se te mostrares fraco no dia da angústia, a tua força é pequena.” Prov 24; 10

Diverso da força física, cuja aferição deriva da capacidade de suportar, ou, mover determinados pesos, a têmpera da alma se prova em face às angústias. Além de provar à existente, pode forjar a que falta, dependendo de nossa reação. “Tribulação produz paciência... perseverança.”

Tendem as pessoas, a serem cordatas, pacíficas, equilibradas, quando tudo vai bem; mas, ao menor sinal de angústia, fraquezas vêm à tona. Portam-se de modo queixoso, vitimista, como se a vida lhes estivesse negando um direito, devendo algo.

Em nossos bens financeiros, achamos normal irmos ao Banco e conferir o saldo para sabermos do quê, dispomos. Contudo, já nos ocorreu que as adversidades, tribulações, pode ser Deus evidenciando nosso saldo de têmpera psíquica, espiritual, para que, uma vez negativo, nos preocupemos em buscar o que falta?

Se, a compleição física, e consequente força, se aperfeiçoa mediante exercícios, nas coisas da alma, não é diferente. Paulo disse: “Todo aquele que luta, de tudo se abstém; eles o fazem para alcançar uma coroa corruptível; nós, porém, uma incorruptível. Assim corro, não como a coisa incerta; combato, não como batendo no ar. Antes, subjugo meu corpo, o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira a ficar reprovado.” I Cor 9; 25 a 27 A abstenção dos apelos naturais era sua “academia” para fortalecimento da alma.

A Timóteo, reiterou a ideia com outras palavras: “...exercita a ti mesmo em piedade; porque o exercício corporal para pouco aproveita, mas, a piedade para tudo é proveitosa, tendo a promessa da vida presente e da que há de vir.” I Tim 4; 7 e 8

Na epístola aos Hebreus, há uma reprimenda porque, malgrado os anos de “malhação”, suas almas ainda eram frágeis, em discernimento, sobretudo; “Porque, devendo já ser mestres pelo tempo, ainda necessitais que se vos torne a ensinar quais os primeiros rudimentos das palavras de Deus; vos haveis feito tais que necessitais de leite, não, de sólido mantimento. Porque qualquer que ainda se alimenta de leite não está experimentado na palavra da justiça, é menino. Mas, o mantimento sólido é para os perfeitos, os quais, em razão do costume, têm sentidos exercitados para discernir tanto o bem quanto o mal.” Heb 5; 12 a 14

Que prazeroso deve ser para Deus, quando verifica nossas contas no Banco dos Céus, e depara com vultosos depósitos de fé, confiança irrestrita!

Pensemos num grande exemplo de fé, da Bíblia: cinco entre dez, lembrarão Jó. O quê evidenciou o calibre de sua fé, senão, a grandeza da angústia na qual foi testado? Se, dadas as enormes injustiças que sofreu, fraquejou em compreender os motivos, em momento algum duvidou de Deus, a ponto de negar a fé, antes, disse: “...eu sei que o meu Redentor vive, e por fim se levantará sobre a terra. Depois de consumida minha pele, contudo, ainda em minha carne verei a Deus; vê-lo-ei, por mim mesmo, os meus olhos, não outros, o contemplarão; por isso os meus rins se consomem no meu interior.” Cap 19; 25 a 27

A têmpera espiritual demanda exercícios pesados. Camões, o poeta, disse: “A verdadeira afeição, na longa ausência se comprova”, Digamos que, Deus quisesse mensurar nossa afeição, e se “ausentasse” durante vasto tempo; não respondendo nossas orações, não realçando a alegria da salvação, tampouco, livrando das dores da vida: Como seria nossa reação?

A força se armazena precisamente para horas de luta. Imaginemos um campeão de MMA, em casa, com seu filho no colo, brincando. Sua força descomunal existe, mas, sequer faz sentido naquele contexto; contudo, entrando no octógono é preciosa, depende dela pra manter seu cinturão.

Assim, nós, quando tudo vai bem, ainda devemos ter nossa reserva, para as lutas que, inevitavelmente virão. O guarda-chuva serve quando chove. Num mundo maligno onde somos estranhos, peregrinos, “chove” todo dia; digo, nossa fé é testada, bem como, nossa perseverança.

Na verdade, à luz de alguma maturidade espiritual, invés de estranharmos o concurso das angústias, deveríamos estranhar sua ausência. A calmaria se dá, porque não incomodamos ao inimigo, sequer, salvos somos, ou, pode ser que o recuo das ondas seja o movimento lógico do mar preparando uma tsunami.


À medida que o tempo se afunila, tendem a viçar as angústias; diferente do que ensinam muitos imbecis da praça, a fé não é gritar meus temores “ordenando” que Deus faça que eu quero; antes, submeter-me incondicionalmente a Ele, não obstante, permita que eu sofra o que não quero. Se às circunstâncias, parece distante, a fé reaproxima. “invoca-me no dia da angústia; eu te livrarei, e tu me glorificarás.” Sal 50; 15