domingo, 4 de outubro de 2015

Frutos do estio

“Bendito o homem que confia no Senhor, cuja confiança é o Senhor. Porque será como a árvore plantada junto às águas, que estende as suas raízes para o ribeiro; não receia quando vem o calor, mas, a sua folha fica verde; e no ano de sequidão não se afadiga, nem deixa de dar fruto.” Jr 17; 7 e 8

Uma figura eloquente usa o profeta para definir os servos de Deus. Quais árvores que, em plena seca, não deixam de frutificar. Quão diverso isso soa da frágil natureza humana e suas propensões!

Quando não estamos bem costumamos patentear mediante atos, palavras, que o mar não está pra peixe; dizemos: Nem vem, que hoje não é o meu dia!

Não se trata de negar o óbvio, a debilidade humana, coisa que nem Deus faz; “Ele conhece nossa estrutura e lembra que somos pó” dissera Davi. Antes, de constatar o “upgrade” que o Espírito Santo faz nas almas convertidas. Guinda-as ao sobrenatural, capacitando a agir de um modo “ilógico” inesperado.

Ao homem natural, o mau humor, as frustrações acabam furtando coisas boas que deveria fazer às demandas circunstancias e não faz, como que, “justificado” por estar sofrendo também. Suas “vacas magras” acabam comendo as gordas, como no célebre sonho de Faraó. Esse baliza suas ações de modo imediatista, diverso do espiritual, que, pode descansar na justiça de Deus esperando pela recompensa no tempo do Eterno.

A insana “Teologia da Prosperidade” ilustra bem essa faceta imediatista mercantil, de bodes fantasiando ser ovelhas; carne brincando de espírito.

O Senhor, todas as obras excelsas que fez em seu ministério terreno, as fez tendo o Calvário como pano de fundo; não foi surpreendido por sua incidência, antes, “importa que seja batizado com certo batismo; como me angustio até que venha a cumprir-se.” Assim definiu Sua sina. Sua angústia era por vencer, vindicar a Justiça Divina, não evadir-se à dura missão.

Claro que, a sensação de injustiça é dolorosa, desmotivadora. Entretanto, O Salvador propôs a bênção no devido tempo. “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos;” Mat 5; 6

Se, é vero que cada um ceifará o que planta, também, que, a seara Divina não se restringe à Terra. Digo, há colheitas fartas no Devir, considerá-las, não nos faz “otimistas”, antes, ignorá-las nos faria miseráveis, como advertiu Paulo: “Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens.” I Cor 15; 19

Lógico que, produzir bens acima das forças que temos demanda o fruir de uma Fonte Superior. Daí, o profeta ter dito que, os que confiam no Senhor são como árvores junto às águas. O Senhor em nós capacita-nos a fazer coisas excelentes.

A fraqueza à qual nos restringiu visa que o busquemos, Seu alvo é a correspondência do amor, não, fútil demonstração de poder. O mesmo Paulo apresentou nossa limitação espaçio-temporal como uma “fraqueza” visando tal fim; “E de um só sangue fez toda a geração dos homens, para habitar sobre toda a face da terra, determinando os tempos já dantes ordenados, e os limites da sua habitação; para que buscassem ao Senhor, se porventura, tateando, o pudessem achar; ainda que não está longe de cada um de nós;” Atos 17; 26 e 27

Davi também apresentou essa aproximação motivada pela dependência; disse: “Invoca-me no dia da angústia; eu te livrarei, e tu me glorificarás.” Sal 50; 15

O Capítulo 28 de Ezequiel mostra um formoso, um forte que Deu criou, que, invés de submissão, dependência, resolveu dar seu “Grito do Ipiranga”; “Subirei acima de Deus.” Essa “subida” na escada do orgulho deu origem a satanás.

Desse modo, as fraquezas têm seu componente profilático; previnem que a mesma febre nos pegue, como escreveu Paulo: “...De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo. Por isso sinto prazer nas fraquezas, injúrias, necessidades, perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Porque quando estou fraco então sou forte.” II Cor 12; 9 e 10

Deveras, quando estou fraco sou dependente; e, justamente isso que me aproxima de Deus; essa “seca’ de bens naturais me faz buscar saciedade nas águas sobrenaturais.

É o abandono do casulo que permite o fulgor das asas. Não sem razão, pois, os maiores expoentes do cristianismo são “homens de dores”, frutos de terra seca. Uma obra de âmbito celestial não pode se restringir à provisão da Terra.

Tendemos a olhar muito perto, como disse alguém: “Quando você aponta uma estrela para um imbecil ele olha pra ponta do seu dedo.” Assim, tanto podem, nossas decepções, engendrar mau humor, depressão, espinhos, quanto, serem um telescópio que permite-nos, vasculhar as imensidões de Deus.

sábado, 3 de outubro de 2015

Em busca do sábio perdido

“O que repreende o escarnecedor, toma afronta para si; o que censura o ímpio recebe a sua mancha. Não repreendas o escarnecedor, para que não te odeie; repreende o sábio, ele te amará. Dá instrução ao sábio, ele se fará mais sábio; ensina o justo e ele aumentará em doutrina.” Prov 9; 7 a 9

A sentença primeira não tem como fito tolher à repreensão; antes, direcioná-la ao alvo. Após, temos dois preceitos; um, negativo, ou seja, do que não se deve fazer; outro, oposto aconselhando a ação em seu devido fim. “Não repreendas ao escarnecedor... repreendas ao sábio...”

Spurgeon dizia que uma coisa boa não é boa fora do seu lugar; eis um exemplo! A repreensão. “Seu lugar”, por irônico que pareça a uma análise superficial, é o ouvido do sábio.

Eu disse superficial, pois, a um sábio convém dar ouvidos, não, conselhos. Entretanto, temos o sábio em essência, cujo conteúdo devemos absorver tanto quanto, possível; e o sábio em princípio, que se coloca receptivo ao ensino, humilde, moldável. A esse, se pode instruir. O mesmo Salomão ensina: “O temor do Senhor é o princípio da sabedoria; o conhecimento do Santo a prudência.” V 10

Ocorrem-me fragmentos de um texto relativamente extenso pra ser reputado provérbio, mas, tentarei reconstruir, sujeito a lapsos. Mais ou menos, o que segue: “Existe aquele que não sabe, e não sabe que não sabe; é um tolo, evita-o; aquele que que não sabe, e sabe que não sabe, é um simples, ajuda-o; aquele que sabe, e não sabe que sabe; está dormindo, desperta-o; aquele que sabe, e sabe que sabe; é um sábio, siga-o.”

Talvez, o nosso sábio em princípio assemelhe-se ao que convém despertar; tem já sábias inclinações; se pode enriquecer compartilhando algo sem o risco de que isso o venha a ofender.

Sim, o individualismo crasso que é cultuado em nossos dias chega a ser cômico, posto que, trágico. Adicionamos umas centenas de “amigos virtuais” a plateia por nós escolhida ante a qual, desfilaremos gostos, imagens, pensamentos, ideias, filosofia... estamos sempre prontos para eventuais elogios, “curtidas” compartilhamentos... mas, ai de quem ousar discordar de nós, criticar, ou algo assim.

Não raro deparo com textos que ilustram bem esse individualismo social que nossa geração adota. Frases, tipo: “Antes de me criticar pague as minhas contas”; “onde está escrito que outros têm algo a ver com minha vida?” “Seja perfeito antes de me julgar.” etc. Ora, a simples exposição de parte de nossos gostos, ideias, demanda já certo julgamento por parte de quem vê. Implicitamente pedimos isso.

Na verdade, não somos refratários ao julgamento; mas, apenas àqueles que consideramos negativos. Os juízos que nos elogiam e aplaudem são sempre bem vindos.

Não tenho problemas com críticas, desde que, fundadas sobre argumentos espirituais ou filosóficos, não, quando patrocinadas por paixões, bandeiras, que cegam e tolhem o senso crítico. As raízes da paixão sustentam o caule putrefato da desonestidade intelectual; esse, não forja frutos palatáveis a um ser de bom siso.

Claro que ninguém é obrigado a se dizer cristão, embora, a ampla maioria o diga, entre nós. E um cristão é instado a agir de modo a que todos tenham a ver com seu modo de vida, ouçamos; “Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte; Nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas no velador; dá luz a todos que estão na casa. Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus.” Mat 5; 14 a 16

Ninguém precisa pagar minhas contas, tampouco, ser perfeito para observar meu modo de viver; basta que tenha olhos e habite no mesmo campo visual que eu.

Claro que se descarta por fútil, o juízo temerário e hipócrita do que julga a outrem e não cuida de si. Todavia, a coisa é posta de modo genérico, como se ninguém pudesse ver nada no agir de outro; nada criticável, pois, presto seria atacado como enxerido, intrometido.

Como vimos no princípio, a correção não combina com escarnecedor, embora, fique bem aos ouvidos sábios.

E querendo eu, ou não, esse breve texto é um desses enxerimentos desagradáveis que tem tudo pra levar pedradas. Pior, não pago as contas de ninguém, mal consigo, as minhas; tampouco, pretendo que meu modo de vida seja reputado perfeito.

Entretanto, ouso mesmo assim; que venha uma centena de afrontas, serão suportáveis e justificáveis, se, entre elas, um par de orelhas, pelo menos, estiver pendurado no crânio sortudo de um sábio em princípio. Acho uma boa troca ser afrontado por cem tolos e amado por um sábio.

domingo, 20 de setembro de 2015

Obra acabada

“Agora, porém, completai o já começado, para que, assim como houve a prontidão de vontade, haja também o cumprimento...” II Cor 8;11 

No contexto, Paulo refere-se a certas oferendas que começaram a ser recolhidas na próspera igreja de Corinto; tarefa que tinha sido deixada incompleta, cujo fim, seria ajudar outras igrejas mais pobres. Exortou: “completai o já começado...” Por ora, me aterei a isso. O hábito humano de largar coisas importantes sem acabar. 

Quando desafiava alguns a abraçarem a salvação, Cristo advertiu: “Pois, qual de vós, querendo edificar uma torre, não se assenta primeiro a fazer as contas dos gastos, para ver se tem com que a acabar? Para que não aconteça que, depois de haver posto os alicerces, não a podendo acabar, todos os que a virem comecem a escarnecer dele, dizendo: Este homem começou a edificar e não pôde acabar.” Luc 14;28 a 30 

Nesse caso, o sujeito não pode acabar por falta de insumos, meios. Mas, quais são exatamente, os “materiais de construção” necessários pra edificarmos em nossas vidas a salvação? Ouçamos: “Assim, pois, qualquer de vós, que não renuncia a tudo quanto tem, não pode ser meu discípulo.” V 33 

Vemos que tal edifício se faz não com coisas que possuo, antes, com minha capacidade de renunciar posses; noutras palavras: Não se faz com o que tenho, antes, com o que Deus me dá se O permitir remover coisas inúteis. 

O que o salmista dissera da segurança de uma casa e sua edificação, vale, sobretudo, no prisma da salvação de nossas almas. “Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam; se o Senhor não guardar a cidade, em vão vigia a sentinela.” Sal 127;1

De igual modo, a salvação; se não for nos termos do Senhor, Sua Palavra, por mais esmerada que pareça, no fim, será trabalho vão. Eis o desafio da fé! Ela insta a desconfiar de coisas palpáveis e depositarmos nossa segurança no Caráter do Senhor, malgrado a privação da vista.  “A fé é o firme fundamento do que não se vê.” 

Quando se vai edificar algo levamos em conta as necessidades e o gosto de quem vai habitar. Os espaços internos, a aparência exterior, o material, a cor, tudo deve atender às inclinações do futuro proprietário. 

Pedro ensina: “E, chegando-vos para ele, pedra viva, reprovada, na verdade, pelos homens, mas, para com Deus eleita e preciosa, vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo.” I Ped 2;4 e 5 Aqui temos a utilidade funcional da “casa”, mas, Paulo identifica o morador. “Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina; no qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para templo santo no Senhor. Onde, também vós juntamente sois edificados para morada de Deus em Espírito.” Ef 2; 20 a 22 

Na Parábola do Semeador o Senhor alistou alguns óbices à edificação; perseguições, o estrago das “aves” que comem a semente, enganos do mundo, a sedução das riquezas materiais... Quantos têm parado de edificar ante esses obstáculos! 

Contudo, outro mais pernicioso que esses, uma vez que oculta o abandono da obra, faz parecer que a edificação continua é a heresia. 

Os materiais “alternativos” por resistentes que pareçam serão rejeitados pelo Senhor do Templo. Paulo identificou um atalho assim entre os gálatas, e denunciou: “Corríeis bem; quem vos impediu, para que não obedeçais à verdade?” Gál 5;7 

Vemos que, ante o Eterno, palavras da moda como tolerância, diversidade, aceitação, inclusão, etc. sequer são mencionadas, antes, o substantivo mor do Seu edifício é a verdade. Está para a obra, como a armação de ferro que sustenta a toda estrutura. 

Não obstante a pecha de "donos da verdade” com a qual maculam, alguns, aos que seguem à Palavra, ela, a Verdade é que nos possui. Tolhe-nos todos os caminhos alternativos; “ninguém vem ao Pai senão por mim”, disse.

Entretanto, muitos enfatizam o amor de Cristo em detrimento da justiça, como se fosse possível fazer concreto com areia e pedras, sem cimento. 

Selecionar partes da verdade conforme nossas inclinações é já indício de abandono da obra, pois, pintamos o interior da casa com nossas cores favoritas, não, do Morador. 

Quantos supõem agradar ao Santo, ignorando que Ele está do lado de fora. “Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz, abrir a porta, entrarei...” Apoc 3 ; 20

Deixemos O Espírito Santo dar as tintas; a obra agradará a Deus, e será devidamente acabada. "Aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao dia de Jesus Cristo;..."

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Divina empatia

“Em toda a angústia deles ele foi angustiado; o anjo da sua presença os salvou; pelo seu amor, pela sua compaixão ele os remiu; os tomou, os conduziu todos os dias da antiguidade.” Is 63;9 

Isaías, recapitulando a relação de Deus com Israel apresenta um quadro maravilhoso. O Eterno identificando-se com as angústias humanas, compadecendo-se dos seus amados e enviando Seu livramento. 

Claro que isso não autoriza uma conclusão leviana do tipo que pensa que Deus se identifica com o homem em tudo, a despeito dos valores em jogo. Tem muita gente que se angustia anelando coisas profanas, iníquas, desnecessárias, viciosas, etc. de modo que, “todas” as nossas angústias nas quais podemos esperar a Identificação Divina excluem as de motivação egoísta, carnal, supérflua.

Contudo, as que são necessárias ao nosso bem viver, se, honramos a Deus como Senhor, podemos sim, contar com Sua identificação, e com Seu Socorro. 

A relação preceituada pelo Evangelho, resume todos os mandamentos a uma palavra: Amor. Dois alvos: Deus e o próximo. Sabendo que, esse, o amor, devidamente entendido e vivenciado é via de mão dupla. Digo, requer correspondência. Simplificando: Deus, que me ama, identifica-se com minhas angústias, esperando que eu, O ame também e me identifique com o Seu caráter manifesto em Cristo. 

Esse é o “Sabão do Lavandeiro” que profetizou Malaquias, o qual, atuando em nós, pode fazer os “limpos de coração”, que estarão aptos para verem a Deus. 

A dupla natureza dos convertidos, não raro, enseja uma duplicidade de ações, que, deriva de uma entrega superficial, um anseio de obter as benesses do reino, sem o custo pra nele ingressar; Evangelho sem cruz; quiçá, uma “cruz” com anestesia dos prazeres insanos. 

O tema central de toda a Epístola de Tiago é precisamente esse; duplicidade de gente que não abraça a fé de um modo cabal, antes, vive um misto de obediência e rebelião. Essa impureza acalentada no íntimo tolhe que Deus se identifique com nossos problemas, dado que, não ousamos nos identificar com Sua Santidade. “Chegai-vos a Deus e ele se chegará a vós. Alimpai as mãos, pecadores; vós de duplo ânimo, purificai os corações.” Tg 4; 8 

A bondade de Deus é levada a extremos por alguns que supõem que Sua graça seja amoral, barata, desprovida de valores espirituais.

Voltemos ao começo. Digo, ao verso inicial onde Deus se identificou com as angústias de um povo que se revelou rebelde, e vejamos as consequências. “Mas, eles foram rebeldes, contristaram o seu Espírito Santo; por isso se lhes tornou em inimigo, ele mesmo pelejou contra eles.” V 10 Assim, querendo ou não, nossas ações definem se teremos Deus como protetor, ou, inimigo. 

O mesmo profeta apresentara um quadro da Ira Divina onde, o Eterno suspira como que desejando um adversário à altura, para exercitar um pouco Sua Força; “Não há indignação em mim, quem poria sarças e espinheiros diante de mim na guerra? Eu iria contra eles e juntamente os queimaria.” Is 27; 4 Dada a impossibilidade de o homem lutar contra Ele, aconselha arrependimento, para obtenção da paz. “Ou que se apodere da minha força; faça paz comigo; sim, que faça paz comigo.” V 5


O Salvador desenvolveu a mesma ideia com outras palavras. “Ou qual é o rei que, indo à guerra a pelejar contra outro rei, não se assenta primeiro a tomar conselho sobre se com dez mil pode sair ao encontro do que vem contra ele com vinte mil? De outra maneira, estando o outro ainda longe, manda embaixadores, e pede condições de paz.” Luc 14; 31 e 32

A ideia central é: Posso vencer, ou, me submeto. Quem recusa submeter-se a Deus e Sua vontade, indiretamente imagina que O pode vencer. Não admitirá isso jamais; contudo, é a implicação de suas escolhas.

Muitos, como Nicodemos, têm dificuldade para entender, deveras, o Novo Nascimento. Aí imaginam vitória espiritual nas conquistas de grandezas materiais. Ora, a escada dos vencedores espirituais, desce, invés de subir como a dos que auferem grandezas efêmeras, ilusórias. 

Um vencedor de Deus pode estar enfermo, desempregado, humilhado por adversidades; se, não capitulou às más escolhas malgrado isso, se segue fiel, é mais que vencedor, como disse o apóstolo. 

A Maior de todas as vitórias, foi lograda por um homem nu, vilipendiado, humilhado, pendurado numa cruz. Afinal a luta espiritual é contra o pecado que obra a morte; não, contra a morte estritamente, pois, mesmo essa, Jesus venceu. “Ainda não resististes até ao sangue, combatendo contra o pecado.” Heb 12; 4 

Essa liça é o “bom combate” aludido por Paulo. Quem nele vence identifica-se com Deus e O tem consigo, na hora das suas angústias. Os demais, ainda não O conhecem de fato.

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

A tragédia de Aylan e a lógica de Tarso

A imagem da criança síria de nome Aylan morta numa praia turca por ocasião da crise migratória que partes da África e Oriente Médio sofrem, impactou o mundo. 

Medidas mais condescendentes por parte de líderes europeus começam a ser anunciadas em face à mesma. Não dá para negar que é uma cena triste, comovente, estarrecedora.

Entretanto, se, serviu para evocar sentimentos de misericórdia em relação aos refugiados, tem dado azo à manifestações de hipócritas oportunistas que são de causar vero asco, nojo, mesmo, no popular. 

Deparei com um vasto texto assinado por Tarso Genro, acusando ao “colonialismo europeu” como o grande culpado por essa tragédia. Outro dia ironizei num poema que intelectual de esquerda é lógico e possível como um esquadro redondo; ou seja, impossível. 

Intelectual pressupõe alguém que lança mão da inteligência, do pensamento filosófico para interpretar a vida. Entretanto, tais, usam oportunidades pontuais, como essa, para pintarem mais forte sua vermelha bandeira ideológica com sangue de inocentes. 

Ora, o famigerado Programa Nacional de Direitos Humanos que o PT do seu Tarso tentou implantar no país e não conseguiu ainda, prevê a descriminação do aborto. Assim, milhares de crianças mais tenras e indefesas que o infeliz Aylan seriam assassinadas todos os anos com o beneplácito do Estado. 

Alguém ironizou dizendo: “uma morte é uma tragédia; milhares de mortes, apenas um número, uma estatística.” Essa parece ser a lógica do “intelectual” Tarso. Aliás, está na moda agora, um tal de “dane-se a lógica”, ou coisa assim, onde alguém posta no Faceboock a foto de um corpo humano com cabeça de animal.  Poderíamos inverter, colocando a cabeça do “Pensador” num corpo de jumento, sem querer ofender o bichinho, claro. 

Os que fogem da Síria, como a família de Aylan, o fazem em face às guerras fomentadas pelo Estado Islâmico, os cortadores de cabeças, que explodem monumentos milenares e sacrificam em série gente que não comunga de sua visão religiosa.  

Entretanto, em seu discurso na ONU, ano passado, a presidente Dilma disse que não se deve usar a força contra ao tais; antes, “dialogar”.  A mente esquerdopata tem sua lógica muito peculiar. É inimigo dos Estados Unidos, então, é nosso amigo. Assim, apoiam ditaduras como a de Cuba, Venezuela, narcotraficantes como Evo Morales, etc. 

Onde o comunismo passou derramou veros rios de sangue; a história mostra o que se fez na União Soviética e todo leste europeu. Agora esses puritanos estão escandalizados com a morte de uma criança? Vergonha na cara, decência, não? 

Nós mesmo começamos a sentir na pele os efeitos da gastança irresponsável e populista desses bravos libertários. Sartori herdou dele próprio, um Estado falido, incapaz até de pagar o funcionalismo que dirá investir. Deve ser culpa dos europeus também. 

A País está à beira da bancarrota e Dilma em sua “autocrítica” diz que “é possível que tenham sido cometidos erros”, mas, a cantilena segue dizendo que a verdadeira culpada é a crise internacional. Ora, o Pixulecão não dissera no alto de sua sapiência que o Tsunami internacional, para nós era só uma marolinha? Mais um intelectual de esquerda, acho. 

Mas, presto apareceria alguém mostrando-me injustiças “de direita” para provar que estou errado. Porra!! Intelectual não é de direita nem de esquerda, é do intelecto. Analisa os fatos sem uma inclinação “à priori”. Se um crime for cometido nos Estados Unidos é tão crime que se fosse cometido em Cuba e vice-versa, simples assim. 

Quem fracionou o mundo em dois meios, esquerda ou direita? Pra mim, existe uma dualidade sim, mas, “dialoga” com outras falas; Verdade, ou, mentira; fato, ou, boato; justo, ou, injusto. Essa coisa bipolar, doentia, de que “os nossos” estão certos, sempre, e “eles” errados não provém da inteligência, antes, da doentia paixão ideológica. 

Gente que admirei, como Chico Buarque e Luís Fernando Veríssimo, perderem meu respeito, justo por isso. Malgrado seus inegáveis talentos no que fazem, defendem o indefensável no prisma político... mentes privilegiadas para a arte, de repente se tornam comuns, ordinárias, dado esse lapso.

Agora vem Tarso dando moral de cuecas? O que o PT faz com a grana da Petrobrás, e outras estatais mostra bem como esses “socialistas” promovem a “inclusão social”. Incluem em obscuras contas nos paraísos fiscais o dinheiro que custou o suor de toda uma nação. Se isso não é colonialismo, exploração safada é o quê? 

Estaria ele indignado com a morte de um inocente? Para cima de mim, não! Não passa de um oportunista barato e safado, querendo tirar proveito ideológico de uma tragédia.

Claro que a dor alheia me comove, sobretudo, vitimando inocentes; mas, a hipocrisia me irrita mais; deprimente ver o maltrapilho moral desfilar no carnaval da justiça disfarçado com a alegoria da virtude...

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

As duas faces do trabalho

“Que proveito tem o trabalhador naquilo em que trabalha? Tenho visto o trabalho que Deus deu aos filhos dos homens, para com ele os exercitar.” Ecl 3; 9 e 10 

Primeiro, o sábio questiona o fim do trabalho; depois, predica-o como um exercício humano aos olhos Divinos. Coisas que cabe considerar. Que proveito derivamos do trabalho? 

Infelizmente, a vasta maioria humana sente vero pavor a ele. Basta ver as filas ante casas lotéricas para constatar quantos dentre nós devaneiam coma vida fácil conquistada num golpe de sorte. É mui fácil “filosofar” sobre seus frutos, bem como, a dignidade que ele envolve; contudo, viver essa visão, plenamente é fruto de outro baraço. 

Amiúde, ouço mais queixas de pessoas abastadas, que das paupérrimas, sobre o “status quo”. Digo, os que têm muito temem perder; os que labutam por mera sobrevivência satisfazem-se com bem pouco. 

Olhando os salários de certos artistas, atletas, pilotos, etc. a impressão que dá é que o trabalho dos tais tem como alvo construir impérios na terra. Terão os tais, achado, enfim, o proveito do trabalho? 

O sábio pensava diverso; “Assim que tenho visto que não há coisa melhor do que alegrar-se o homem nas suas obras, porque essa é a sua porção; pois quem o fará voltar para ver o que será depois dele?” v 22 Parece que as coisas que pode usufruir são sua porção; escapa-lhe ao olhar o que será depois de sua vida. 

Antes, dissera de modo bem explícito: “Já tenho entendido que não há coisa melhor para eles do que alegrar-se e fazer bem na sua vida; também que todo o homem coma e beba, goze do bem de todo o seu trabalho; isto é um dom de Deus.” S 12 e 13 As possibilidade de praticar o bem, restrita à sua vida, bem como, o usufruto do trabalho. 

Entretanto, embora se ponha a amontoar riquezas que não poderá levar a lugar algum, isso não justifica que outros decidam apropriar-se de seus bens à força; nossa possibilidade de estupidez ou sabedoria são inegociáveis ante Deus. Ademais, estamos tratando o tempo todo do substantivo, trabalho. Estritamente, das abelhas, não dos zangões sociais que nada fazem e usufruem do labor alheio. 

Visto o fim do labor restaria apreciarmos o prisma do exercício Divino no qual somos avaliados. 

A parábola dos talentos realça a diligência, usarmos da melhor maneira os nossos dons como alvo celeste. Contudo, a excelência nos resultados não é algo a ser obtido sem a mesma qualidade ética, moral; vejamos sobre empregadores desonestos: “Eis que o jornal dos trabalhadores que ceifaram as vossas terras e por vós foi diminuído, clama; os clamores dos que ceifaram entraram nos ouvidos do Senhor dos exércitos. Deliciosamente vivestes sobre a terra, vos deleitastes; cevastes vossos corações, como num dia de matança. Condenastes e matastes o justo; ele não vos resistiu.” Tg 5; 4 – 6

Agora, os trabalhadores: “Vós, servos, obedecei a vossos senhores segundo a carne, com temor e tremor, na sinceridade de vosso coração, como a Cristo; não servindo à vista, como para agradar aos homens, mas como servos de Cristo, fazendo de coração a vontade de Deus; servindo de boa vontade como ao Senhor, não como aos homens.” Ef 6; 5 a 7 Assim, o trabalho se faz um campo de prova para nossos caracteres ante Deus. 

Quantos atropelam valores, vilipendiam vidas amealhando riquezas que, absolutamente não necessitam, tendo já o bastante para bem viver. Talvez visem deixar “bem” aos filhos que sucederão na empresa. 

Ocorre um provérbio chinês que diz: “Se teus filhos forem bons, não carecem de sua herança; se, maus, não a merecem.” Sendo isso vero, acredito que sim, a formação do bom caráter nos filhos é a mais desejável das heranças, um trabalho a que todo pai deveria lançar mão, sobretudo, com a infalível ferramenta do exemplo. 

Na verdade é imprecisa a afirmação que nada se leva dessa vida; nada, no prisma material. Entretanto, os valores que nortearam nossos atos irão conosco sim; quer, como advogados de defesa, quer, como promotores de justiça, acusando-nos. E ouvi uma voz do céu, que me dizia: Escreve: Bem-aventurados os mortos que desde agora morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, para que descansem dos seus trabalhos, as suas obras os seguem.” Apoc 14; 13 

Se, é vero que não seremos julgados pelas obras para fins de salvação, também o é que, as tais referendam nossa profissão de fé, ou, não. 

Ainda que seja na última hora do dia, pois, ouçamos o apelo do Senhor da vinha; Ele é gracioso, abençoador; nos dará mais que merecemos, se, nos alistamos na Obra Eterna do Mestre Jesus Cristo. Ele trabalha ainda, você é o alvo.

domingo, 6 de setembro de 2015

Jesus é socialista ou, capitalista?

“Respondeu Jesus: O meu reino não é deste mundo; se, meu reino fosse deste mundo, pelejariam  meus servos, para que eu não fosse entregue aos judeus; mas, agora o meu reino não é daqui.” Jo 18;36 

Uma coisa vital, embora, nem sempre devidamente compreendida é a natureza do Reino de Deus. Outro dia deparei com uma “filosofia” facebookeana onde o post dizia: “Jesus foi o primeiro socialista, pois, dividiu o pão em treze partes iguais.” 

Grosso modo parece um argumento verossímil, uma vez que, O Mestre fez isso deveras. Entretanto, o problema não está no fato em si; antes, na conclusão derivada dele, que, se visa difundir. 

Primeiro deveríamos constatar com nossos olhos, os “socialistas” atuais dividindo equitativamente o que possuem. Se alguém conhece algum apresente-o por favor! O que vemos são as pujantes garras da corrupção amealhando fortunas para salafrários que, de socialistas têm apenas o engodo que servem aos incautos amestrados que os aplaudem. 

Por outro lado, certas “igrejas” as da prosperidade apresentam ao Salvador como um pujante capitalista, uma vez que abençoaria mais quem mais investisse em Sua Obra. Uma espécie de mercador de bênçãos. Assim, O Senhor tanto pode ser socialista, quanto, capitalista, dado que, as duas correntes vicejam por aí. 

Nada mais obsceno que a indigência mental travestida de reflexão! Ela ignora a realidade, perverte os fatos, corrompe as mentes, turba o raciocínio lógico e robustece às grades na prisão da ignorância. Homens profanos dela lançam mão para produzir crença sem ciência; adesão sem entendimento. 

O senhor jamais desejou servos assim, antes, lamentou a sorte dos que foram omissos em conhece-lo. “O meu povo foi destruído, porque lhe faltou conhecimento; porque tu rejeitaste o conhecimento, também te rejeitarei...” Os 4; 6   Adiante exorta via o mesmo profeta algo que deveria ser aprendido; “Porque eu quero misericórdia, não  sacrifício; o conhecimento de Deus, mais do que os holocaustos.” Cap 6; 6 

Isso excluiria a visão “capitalista” das igrejas que apregoam o “sacrifício” em troca de bênçãos; mas, a misericórdia, a ocupação piedosa com as carências dos fracos não seria o germe da doutrina socialista? 

Bem, nenhum deles faz isso, repartir, sabemos; ademais, o “socialismo” aos moldes do que se tentou no leste europeu, partes da Ásia, bem como o que se faz na maioria da América Latina, os “bolivarianos”, tem como alvo repartir aos bens alheios, não, os próprios. 

Desse modo, podem beber nas fontes que desejarem, exceto, na Bíblia, pois, ela preserva o direito à propriedade desde sempre. Um dos dez mandamentos é: “Não furtarás.” Roubo não muda sua essência se a “causa” for nobre; segue sendo roubo, violência. 

Além disso o livre arbítrio que o Eterno preza é tolhido nesses sistemas. O Estado se ocupa de “pensar” pelos cidadãos. Constrói e desconstrói valores ao alvitre dos que detêm o poder. 

Uma vez que, um dos pais do socialismo, Karl Marx decretou que, “a religião é ópio do povo” mera droga, centenas de milhares de pessoas foram perseguidas e mortas em seus domínios, por professarem a fé em Deus.

Entretanto, os “socialistas” tupis, além de outras causas de valor mui duvidoso, esposam em seus programas a descriminação do uso de drogas. Ou seja: Em sua moral o Estado determina quais drogas podemos usar. Maconha, Crack, Cocaína, heroína, êxtasi, Oxi, poooode! Como diria a Dra. Lorca. Mas, fé em Deus mediante uma profissão religiosa, “isso não te pertence mais” lembrando a outra personagem. 

Quando vejo certos párias propositores de tais excrecências aplaudidos me ponho a pensar na causa. Seria identificação, ou, prostituição. 

Mas, a política joga com mentes incautas, com essa coisa rasteira, pueril, de apontar eventuais erros de A, para “justificar” descaminhos de B. Acontece que as pessoas em sua maioria já estão somatizadas domesticadas, drogadas, incapazes de pensar. O máximo que conseguem é torcer. Aí, cada diatribe do “seu time” ao adversário é um gol, precisa ser aplaudido. 

Essa sempre foi a tática dos tais, o fracionar a sociedade, “nós” contra “eles”. Ser um de nós é mérito, um deles, vergonha. 

O reino de Deus, mencionado ao princípio, se ocupa com verdade versus mentira, o resto, absolutamente, não interessa. Preceitua ter misericórdia dos desfavorecidos, mas, também o respeito ao arbítrio e ao mérito. Que cada um colha do que plantar. 

Mais; que vagabundos não recebam de graça seu pão. “Porque, quando ainda estávamos convosco, vos mandamos isto, que, se alguém não quiser trabalhar, não coma também.” II Tess 3; 10 

Em suma, O Reino de Deus, não é desse mundo em sua escala de valores, embora, nele, deva ser difundido via os excelsos valores do céu. Heróis da política hoje, podem ser presidiários amanhã; O reino de Deus faz homens livres.