“Mas, de modo nenhum seguirão o estranho, antes, fugirão
dele, porque não conhecem a voz dos estranhos.” Jo 10;5
Segundo O Bom Pastor, Suas ovelhas O seguiriam, e
evitariam estranhos, a voz dos tais lhes soaria desconhecida.
É comum nas redes sociais, pessoas terem “seguidores”,
tantos, mais, quanto mais conhecida for a celebridade; e, mesmo pessoas comuns
possuem os seus, de acordo com a influência que exercem sobre as tais, que as
seguem. Tanto no caso primeiro das ovelhas com O Pastor, quanto nesse último,
parece que o elo baseia-se em certa identidade, admiração, entre seguido, e
seguidor.
Pessoalmente não gosto da ideia; não sigo a ninguém,
tampouco, tenho seguidores. Tenho leitores, uns, assíduos, outros, eventuais,
isso me basta, digo, basta para seguir escrevendo, pois, sem leitores, tal
labor perderia o sentido.
Porém, quando quem nos segue, ou, o que nos segue é algo
mau que nos pode prejudicar? Bem, qualquer pessoa psicologicamente sadia
evitaria tal assédio, se assim pudesse, livrar-se-ia da indesejável visita, e
os malefícios que poderia trazer.
Moisés advertindo aos líderes de duas tribos que desejaram
as terras aquém do Jordão, antes de entrarem em Canaã, autorizou-os a construírem
abrigos para animais e crianças, antes
de participarem das batalhas pela Terra Prometida. Porém, desencorajou eventual
omissão com as palavras que seguem: “se não fizerdes assim, eis que pecastes
contra o Senhor; sabei que o vosso pecado vos há de achar.” Núm 32;23
Claro que a ideia de serem achados pelo pecado é uma
figura de linguagem retórica; o que ele queria dizer, de fato, é que o juízo,
as consequências pelo pecado os achariam a seu tempo.
Os irmãos de José que foram a ele sem o reconhecer no
Egito, ante as aflições sentidas, então, dadas as rudes exigências do
Governador, disseram: “... Na verdade, somos culpados acerca de nosso irmão,
pois, vimos a angústia da sua alma, quando nos rogava; nós, porém, não ouvimos,
por isso vem sobre nós esta angústia. Ruben respondeu-lhes, dizendo: Não vo-lo
dizia eu: Não pequeis contra o menino; mas, não ouvistes; vedes aqui, o seu
sangue também é requerido.” Gên 42;21 e 22
Nosso pecado nos achou; de certo modo, disseram eles. É
fatal equacionarmos a longanimidade Divina com permissividade; tolerância com
aprovação. Salomão refletiu sobre o assunto: “Porquanto não se executa logo o
juízo sobre a má obra, por isso o coração dos filhos dos homens está
inteiramente disposto para fazer o mal.” Ecl 8;11
Mediante Isaías o Eterno denunciou o fim de Sua Santa
Paciência: “Por muito tempo me calei; estive em silêncio,
me contive; mas, agora darei gritos como a que está de parto, a todos os
assolarei e juntamente devorarei.” Is 42;14
Depois referiu que Sua Paciência fora mal interpretada: “Mas,
de quem tiveste receio, ou temor, para que mentisses, não te lembrasses de mim,
nem no teu coração me pusesses? Não é porventura porque eu me calei, isso, há
muito tempo, e não me temes?” Is 57;11
Muitas das dores que nos assolam, que erroneamente reputamos
como causas, são já consequências de nossos pecados, da maldição que pesa sobre
os desobedientes. “Como ao pássaro o vaguear, como à
andorinha o voar, assim a maldição sem causa não virá.” Prov 26;2
Mas, como nos livraríamos dessa “seguidora” funesta, a
maldição, se, somos todos pecadores? Paulo ensina: “Cristo nos resgatou da
maldição da lei, fazendo-se maldição por nós; porque está escrito: Maldito todo
aquele que for pendurado no madeiro;” Gál 3;13
Acontece que O Salvador resolve, mediante perdão, aos
arrependidos, as consequências espirituais dos erros cometidos antes de O
conhecermos; depois, nos responsabiliza por nossos atos. Spurgen dizia: “O
cristão que ainda se deleitar com os frutos malsãos do pecado, fatalmente beberá
o chá feito com as folhas amargas das consequências.”
Se aprendermos a nos identificar com a voz do Bom Pastor, Ele
nos conduzirá na prática das coisas contra as quais, “não há lei.” Aliás, o
cumprimento dos Santos preceitos, além de tolher o concurso das maldições,
ainda, nos dá uma série de “seguidores” cuja vinda redundará em galardão no
juízo. “Ouvi uma voz do céu, que me dizia: Escreve:
Bem-aventurados os mortos que desde agora morrem no Senhor. Sim, diz o
Espírito, para que descansem dos seus trabalhos; as suas obras os seguem.”
Apoc 14;13
Frequentemente se diz que da vida nada levamos, o que é meia
verdade apenas. Nada de material, contudo, nossas obras, conhecimento, valores,
são patrimônio espiritual; irão conosco; elas dirão, em última análise, se
seguimos a exortação do Mestre para que fizéssemos um “Tesouro no Céu.”
“Às vezes, quando considero as tremendas
consequências advindas das pequenas coisas ... sou tentado a pensar ... não
existem pequenas coisas.” Bruce Barton