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sábado, 13 de maio de 2017

Como Zaqueu

“levantando-se Zaqueu, disse: Senhor, eis que eu dou aos pobres metade dos meus bens; se, nalguma coisa tenho defraudado alguém, restituo quadruplicado.” Luc 19;8

Antes do conteúdo dessa declaração, chama atenção a forma. O fez livremente sem nenhuma pressão, coação, nada. Constrangido pelo Amor de Cristo que o aceitava apesar de injusto, começava a mover-se em direção à justiça, correspondendo ao amor do Senhor.

Algo, de grande importância, que, legalistas, ritualistas, letristas, precisam aprender sobre conversão; acontece de dentro para fora, é Obra do Espírito Santo; decisões forçadas, repetições mecânicas extraídas para forjar adesões onde não houve arrependimento gera hipócritas; não, ovelhas.

Muitas vezes vi “conversões” baseadas em certo texto mal interpretado. “Se, com tua boca confessares ao Senhor Jesus, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. Visto que, com o coração se crê para justiça, e com a boca se faz confissão para salvação.” Rom 10;9 e 10 O primeiro verso parece abonar a primazia da confissão oral, porém, o segundo acena a uma justiça assentada no coração, como origem da confissão. A pessoa creu, por isso, confessou; não se torna crente se confessar para agradar.

Antevendo o Ministério do Espírito Santo O Senhor disse que Ele, vindo, convenceria do pecado, da justiça e do juízo. Ora, alguém intimamente convencido de pecado, há de ser constrangido a arrepender-se; da justiça das demandas Divinas, será desafiado a ser justo, dali em diante; convencido do juízo sobre os desobedientes, necessariamente, desejará a salvação. Nenhum pregador, por eloquente que seja, consegue isso. Os idôneos, usados por Deus, com o sem eloquência, são como o jumentinho emprestado no qual Jesus entrou em Jerusalém; meros e rústicos meios, nos quais, Jesus se move, rumo a outros pecadores que ama.

Aí, quando vejo certos “Stars” góspeis disputando grandeza, proeminência, sinto vergonha alheia, ao constatar quão pequenos são nossos “grandes”.

A igreja não foi comissionada para salvar, mas, pregar. “Ide por todo o mundo, pregai o Evangelho a toda criatura.” Onde isso estivar sendo feito, como poucas, quiçá, sem adesões, ainda assim, a Obra do Senhor estará sendo realizada. Se, em determinados casos, corações humanos são refratários ao Amor Divino, de modo que nem o Espírito Santo os pode convencer, como o faríamos, nós?

O Senhor, Onisciente, Presciente, enviou um pregador a uma “missão impossível”; pregar onde não daria frutos. “...Filho do homem, vai, entra na casa de Israel, dize-lhe minhas palavras... a casa de Israel não te quererá dar ouvidos, porque não querem dar ouvidos a mim; pois, toda a ela é de fronte obstinada, dura de coração. Mas, quando eu falar contigo, abrirei tua boca, e lhes dirás: Assim diz o Senhor Deus: Quem ouvir ouça, quem deixar de ouvir, deixe; porque eles são casa rebelde.” Ez 3;4, 7, e 27

O pregador profeta anunciou da parte do Senhor, uma série de exortações e juízos; o máximo que logrou foi bajulação hipócrita dos que exaltavam seu ministério, e ignoravam o conteúdo, a essência do mesmo. O Senhor o Iluminou: “Eles vêm a ti, como o povo costumava vir, se assentam diante de ti, como meu povo; ouvem tuas palavras, mas, não põem por obra; pois, lisonjeiam com a boca, mas, o seu coração segue sua avareza. Eis que tu és para eles como canção de amores, de quem tem voz suave, que bem tange; porque ouvem tuas palavras, mas, não as põem por obra. Mas, quando vier isto (eis que está para vir), então saberão que houve no meio deles um profeta.” Ez 33;31 a 33

Assim, vemos quão dependentes do Espírito Santo são as conversões; se um homem da envergadura de Ezequiel lançou palavras ao vento, como, frágeis pecadores como nós, faríamos melhor?

Além das carnais disputas por grandezas são deprimentes também, as tolices periféricas, rótulos evocados como méritos, quando, na maioria dos casos não passam de equívocos. Tipo: Sou pentecostal, tradicional, calvinista, arminiano, renovado, etc. Paulo, maior expoente humano da história da Igreja, falando de si mesmo, considerou-se o “principal”, dos pecadores.

Quem puder, como ele, mensurar corretamente a grandeza dos males do próprio pecado, uma vez salvo, verá dimensão suprema na Graça de Deus, não em carnais, insanas pretensões de grandeza. “Onde abundou o pecado, superabundou a graça,” dirá.

Nossa tarefa, pois, vivermos, anunciarmos o Amor do Senhor com verdade, idoneidade, e deixar que Ele, constranja injustos, como Zaqueu, a mudarem de atitudes por Si.


Claro que, para isso precisam ver Cristo em nós; Sua Luz, mais que, de nossas palavras, deve luzir por nossos atos. “Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam vossas boas obras e glorifiquem ao vosso Pai, que está nos céus.” Mat 5;16

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

pais separados

“Também não oprimirás o estrangeiro; pois vós conheceis o coração do estrangeiro, pois fostes estrangeiros na terra do Egito.” Êx 23; 9

Discute-se no meio protestante se as bases do cristianismo devem ser derivadas da ortodoxia doutrinária, ou, bastam as experiências com Deus, a despeito de outros acessórios.  O primeiro caso refere-se aos protestantes tradicionais; o segundo, aos pentecostais. Em síntese: O pleito é o mesmo que tomou tempo dos filósofos medievais e antigos também; entre o empírico e o racional.

No texto supra do Êxodo, Deus ordenou a evocação da experiência como suporte à razão;  poderia ser usado por um eventual empirista. Todavia, há outros que apresentam a primazia da Palavra em face à experiência, como o que diz: “A fé vem pelo ouvir, e o ouvir pela Palavra de Deus.” Rom 10; 17, por exemplo.

Tendemos a movimentos pendulares pré-conceituando uma linha filosófica, ideológica, como errada; a partir disso, tudo o que servir de argumento ao “erro” precisa ser rejeitado. 

Esse tipo de peleja por exclusão ideológica invés da análise da plausibilidade do argumento tende a levar todos os pleitos ao empate. Meu ponto de vista está correto; portanto, o oposto é errado; dirá “legitimamente” qualquer postulante.

Não raro, a necessidade de um rótulo para nossas posições acaba tolhendo a razão. Isso vale para o tradicional x pentecostal; Arminiano x Calvinista; clericalismo x laicismo; etc.  Assim, a ênfase nos dons espirituais tende a desprezar o estudo da Palavra; por outra, os teologicamente destros, a desvalorizar experiências, ainda que autênticas.

Marcos apresenta a obra dos recém comissionados nessa ordem: “E eles, tendo partido, pregaram por todas as partes, cooperando com eles o Senhor, e confirmando a palavra com os sinais que se seguiram.” Mc 16; 20 A Palavra confirmada por sinais da parte de Deus. Parece necessário concluir que havia espaço para o concurso de ambas as correntes sem conflito algum.

Houve muitos casos em que a experiência milagrosa precedeu ao ensino, como a cura do cego de nascença, ou, o paralítico de Betesda, por exemplo.  De modo que, se alguém quiser argumentar com meia verdade, haverá frações bastantes para os dois lados.

Separaremos ao que Deus uniu se tentarmos divorciar Espírito e Palavra. A Palavra de Deus é revelação mediante o Espírito Santo; tanto quando foi entregue; quanto quando é interpretada; não pode ser, corretamente, sem a luz Daquele. Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo.” II Ped 1; 21 “Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente.  Mas o que é espiritual discerne bem tudo, e ele de ninguém é discernido.” I Cor 2; 14 e 15
 
Por outro lado, os dons espirituais não excluem o conhecimento; antes, os dois primeiros no rol de Paulo atentam precisamente à destreza na Palavra; “Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um, para o que for útil. Porque a um pelo Espírito é dada a palavra da sabedoria; e a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra da ciência;” I Cro 12; 7 e 8 
 
Então, assim como a interpretação hígida das Escrituras requer contexto e esmero exegetico; operação de sinais espirituais em si não é selo de probidade espiritual nem o contrário. Deve ser escrutinada com cuidado, para rejeição do engano, ou, usufruto da bênção.

Pois, a Bíblia é contundente em advertir tanto contra o desvio doutrinário que viola a Palavra; quanto aos prodígios da mentira, cujos sinais induzem ao erro e derivam de fonte espúria.

Muitas vezes, posto que nos suponham racionais, tendemos a preferir ter razão, invés de luz. E “ter razão” assim é precisamente abdicar dela.

O Senhor ensinou que devemos nascer da água e do Espírito; ninguém destro nas Escrituras presumirá que tal água seja a do Batismo, que só confirma e testemunha publicamente o nascimento que já ocorreu; Paulo ensina: “Para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra,” Ef 5; 26 

O próprio Salvador definiu Sua Palavra como sendo Água da Vida. Assim, nascer da água e do Espírito equivale a dizer: Da Palavra e do Espírito.

Enfim, se podemos formar uma “família espiritual” tendo Pai e Mãe junto conosco, por que optaríamos por viver numa família com Pais separados?

Afinal, não há disputa, controvérsia entre Eles; tanto o Pai quanto a Mãe falam a mesma linguagem; de modo que o conselho de Salomão ao seu filho, bem que poderia ser tomado para nosso viver espiritual. “Filho meu, ouve a instrução de teu pai, e não deixes o ensinamento de tua mãe,” Prov 1; 8