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domingo, 8 de abril de 2018

O Lapso de Homens Probos

“O homem modesto tem tudo a ganhar e o orgulhoso tudo a perder: é que a modéstia tem sempre a  ver com a generosidade e o orgulho com a inveja.” Antoine Rivarol

Há quem diga que a modéstia é disfarce da vaidade; de qualquer modo, esse “disfarce” leva muita vantagem em relação à sua antítese, o orgulho.

Acho que orgulho deriva de certa embriagues do amor. Deus nos deu uma porção dele para que o direcionemos aos semelhantes; o orgulhoso mesquinho fica com tudo para si; daí, o excesso de amor próprio faz com que veja-se muito maior do que é.

“O melhor negócio da Terra seria comprar os homens pelo que eles valem, e revendê-los pelo que pensam que valem.” La Fontaine

“Não pense de si mesmo mais do que convém”; “não ambicioneis coisas altas, mas, acomodai-vos às humildes”, ensina a Palavra de Deus.

Tanto é um erro almejarmos lugares que não nos convêm, quanto, evitarmos ingressar naqueles, cujo nicho tem exatamente nossa medida, nosso número. Às vezes o orgulho furta a capa da humildade para se esconder. Aquilo para o que estou apto é minha estatura; não significa que, se ocupo uma posição inferior deva me rebelar; mas, se surgir ocasião para fazer o que posso num posto mais alto é sensato, não, orgulhoso, aceitar.

Quando estudamos hermenêutica bíblica, um aferidor aconselhado pelos mestres é o bom encaixe; isto é: a interpretação de um texto é considerada boa quando as peças se encaixam sem esforço, cada uma ocupa seu lugar; não há excedentes, nem violência textual ou, contextual, alguma.

Acho que na vida ocorre o mesmo. Quando cada coisa ocupa o devido lugar, a sinfonia acontece de modo harmônico; quando não, desafinação resulta inevitável.

Salomão admirou-se vendo as coisas reversas certa vez: “Ainda há um mal que vi debaixo do sol, como erro que procede do governador. A estultícia está posta em grandes alturas, mas, os ricos estão assentados em lugar baixo. Vi os servos a cavalo, os príncipes andando sobre a terra como servos.” Ecl 10;5 a 7

É necessária argúcia para ver a nobreza dos príncipes quando, esses estão sob disfarce de servos. Segundo o seu apreço, seria o erro dos governantes que promovem a lugares altos pessoas sem nenhum valor, enquanto, deixam os que valem relegados ao esquecimento. Sem esforço acabamos voltando à fonte corrupta do orgulho como geratriz dessas insanidades todas.

Quando um orgulhoso é empoderado cerca-se de bajuladores acríticos e amorais; se, tivesse o bem público como fim promoveria para assessoria e demais cargos gerenciais, aos competentes, independente de afinidades pessoais ou partidárias; mas, isso não acontece, infelizmente. Pouco conta, aptidões, ou, a total falta delas. Se, há um bajulador pleiteando um posto, o governante insensato vê o que tem disponível e joga o sujeito lá, não importando se, sua inépcia fará desastrada sua atuação.

Qual gestor da iniciativa privada agiria assim? O poder político conquistado à força de mentiras é para dar facilidades, privilégios a determinada casta; o empreendedorismo é para dar lucro, gerar riquezas para quem empreende e para a sociedade também. Assim, o gestor competente há de promover aos, igualmente aptos, se, quer ver sua empresa prosperar. Quando não acontece precisa rever conceitos, remanejar peças, fazer uma reengenharia administrativa; os políticos, quando suas incompetências e excessivos privilégios tangem o vermelho, aumentam impostos; simples assim.

Desse modo, sempre põem outros, sem culpa alguma, a pagar por suas incompetências, roubos, até.

No entanto, jogam com as emoções baratas de uma plebe acéfala, incapaz para o senso crítico; quando cumprem dez por cento do que lhes é dever, são bem pagos para isso, fazem parecer que aquilo foi bondade do governante, e, muitas vezes a “bondade” é apenas gestão temerária, imprudente, dos bens que não lhe pertencem; são da sociedade. Aí as amebas domesticadas saem em defesa do que “rouba, mas, faz”. Os orgulhosos do subsolo que se levarem “sua beira” dane-se o todo, explodam-se os demais.

Não quero gestores que me dêem facilidades pessoais, “fundos perdidos”, bolsa isso, ou, aquilo; eu mato meu leão cotidiano, busco o meu sem depender de políticos. Quero gente decente, com vergonha na cara, capacidade gerencial; o todo em perspectiva como deve ser o olhar de um estadista, não, sanguessugas arrogantes, acríticos, orgulhosos e incompetentes, achando que a coisa pública é sua propriedade, só porque foram eleitos.

É muito pobre o cenário, seria como tirar leite de pedras eleger um novo Congresso só de gente proba, capaz e honesta. Ainda mais com nosso eleitorado ignorante e fanático como é. Que Deus nos dê na hora da escolha, uma centelha do olhar de Salomão, que logrou discernir os patifes dos príncipes, mesmo em lugares inversos.