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domingo, 19 de julho de 2020

A Fraqueza da Fé


“O teu Deus ordenou tua força; fortalece, ó Deus, o que já fizeste para nós.” Sal 68;28

A perspectiva Divina, que por ser Ele Eterno, parece viver sempre no presente, (O Senhor desnudou Seu Santo Braço... Is 52;10, 730 anos antes de acontecer) e a nossa, num crescente montante de passado, a cada segundo que vai, e infindo devir.

Para Deus as coisas estão prontas; “já fizeste para nós;” nós pedimos que aconteçam ainda. “fortalece...”

Assim, entendendo essa relação do “Pai da Eternidade” com o tempo, qualquer um pode ser, eventualmente, profeta; basta repetir o que Deus falou, respeitando contexto, propósito e alvo, e certamente o predito acontecerá. “Rugiu o leão, quem não temerá? Falou o Senhor Deus, quem não profetizará?” Am 2;8

Quando a Palavra diz que “a fé é o firme fundamento das coisas que se não veem, e a prova das que se esperam”, Heb 11;1 e nela se pode, como Moisés, ficar “firme como que, vendo o invisível”, é que em seus domínios somos guindados à perspectiva Divina; e podemos aí, “Chamar às coisas que não são, como se já fossem.”

Como não é necessário “chover no molhado” segundo o dito, nas coisas atinentes estritamente, ao Divino agir, nosso papel não é fazer, mas confiar em Quem Faz. “...no estarem quietos será sua força.” Is 30;7 “A Obra de Deus é esta: Que creiais naquele que Ele enviou.” Jo 6;29 Claro que um salvo é desafiado a agir como tal, nas coisas suas.

Logo, fé não é uma força que faz acontecer as coisas que desejamos, antes, uma dependência confiante Naquele que, segundo prometeu, já fez o necessário ao nosso favor, malgrado, ainda possa estar oculto, após a cortina do tempo.

Outro dia coloquei numa frase despretensiosa que a fé é fraqueza, não força; pois, ante um não! ridículo qualquer, precisamos repousar numa Integridade Majestosa do Tamanho de Deus.

Pensando bem, não é mero jogo de palavras; é isso mesmo.

Fé em si mesma é um atestado de dependência e confiança em Quem pode. “... A Minha graça te basta, porque Meu Poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o Poder de Cristo. Por isso sinto prazer nas fraquezas, injúrias, necessidades, perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Porque quando estou fraco então sou forte.” II Cor 12;9 e 10

Quando estou fraco sou forte porque elimino a “concorrência” ao Divino agir; isto é: A confiança no braço humano onde só Deus poderia. “Assim diz o Senhor: Maldito o homem que confia no homem, faz da carne seu braço, e aparta seu coração do Senhor!” Jr 17;5

A fé sadia une meu coração ao Senhor, além do componente necessário de confiança irrestrita tem também um “tempero” afetivo que leva a seguir ao Amado, mesmo que, eventualmente me conduza por caminhos inesperados ou, indesejáveis. “Amarás ao Senhor teu Deus de todo coração, alma e entendimento...”

A fé bastarda, filha da prostituta espiritual, da “teologia da Prosperidade” e adjacências, insinua-se como sendo uma força por meio da qual se pode conquistar o que se deseja “em Nome de Jesus”.

A bíblica enseja segurança mesmo na fraqueza e adversidade, pela entrega irrestrita ao Amor e Integridade de Quem nos conquistou.

Mais ou menos com versou Habacuque; “Porque ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; ainda que decepcione o produto da oliveira, os campos não produzam mantimento; ainda que as ovelhas da manada sejam arrebatadas, nos currais não haja gado; todavia, me alegrarei no Senhor; exultarei no Deus da minha salvação.” Hc 3;17 e 18

A fé genérica devaneia castelos no “terreno” das próprias cobiças e requer que O Eterno construa. A sadia caminha com Deus até pelas cavernas da terra, pois firma-se numa Pessoa, não num amontoado de coisas.

Quem se presume convertido, mas busca prioritariamente coisas, não Deus e Sua Justiça, quando na encruzilhada do Evangelho viu a seta que apontava para a cidade da Salvação mediante a vereda do “Negue a si mesmo” desviou-se por um atalho que presume paralelo mas, é oposto. Leva à perdição.

Infelizmente, a incredulidade suicida conseguiu ingresso em meio às facilidades do Paraíso; agora para regeneração, a fé carece ser testada e aprovada nas vicissitudes injustas de um mundo mau que “jaz no maligno”.

Quem associa a posse de uma fé vívida com facilidades, não passa de um estúpido que pensa que se vai ao front bélico para jogar damas invés de pelejar.

“Portanto, cingindo os lombos do vosso entendimento, sede sóbrios; esperai inteiramente na graça que se vos ofereceu na revelação de Jesus Cristo; como filhos obedientes...” I Ped 1;13 e 14

sexta-feira, 4 de outubro de 2019

Parcial, mas Vital

“Conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento, para que sejais cheios da plenitude de Deus.” Ef 3;19

Somos desafiados a conhecer o Amor de Cristo, contudo, advertidos que o conhecimento possível é parcial, uma vez que, o ser, excede todo o entendimento.

Não só no que se refere ao Amor Divino; também o Seu agir extrapola às nossas mais altas perspectivas; Deus “... é poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos...” v 20

Então, se a falta de conhecimento do Eterno pode ser destrutiva, o conhecimento a que somos exortados é limitado. Pois, Seus feitos dão nuances pálidas do Seu Infinito Poder; “Porquanto 'o que de Deus se pode conhecer' neles se manifesta, porque Deus lho manifestou. Porque Suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto Seu Eterno Poder, quanto, Sua Divindade, se entendem, e claramente se veem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis;” Rom 1;19 e 20

Claramente se veem num sentido de que elimina argumentos fajutos do ateísmo, não que, a compreensão do que se vê seja cabal; o que podemos ver já é testemunho sobejo para que possamos crer.

Sendo o homem criado à Sua Imagem e Semelhança, a mera ideia de semelhança invés de igualdade já preserva a distinção de algumas coisas que lhe são peculiares, os atributos incomunicáveis; Onisciência, Onipresença e Onipotência; Destes O Salvador esvaziou-se como “Segundo Adão”, para que, sua atuação redentora estivesse no nível humano como convinha à Sua Própria Justiça; “Sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas esvaziou-se, tomando forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens;” Fp 2;6 e 7

Assim, pela Sua parte careceu esvaziar-se para, por um pouco ser como nós; pela nossa, uma vez que após a desobediência nos enchemos de entulhos morais e espirituais como, egoísmo, orgulho, jactância, violência, mentira e toda sorte de impurezas, precisamos nos esvaziar totalmente, para sermos de novo preenchidos da Plenitude de Cristo; no que nos é possível voltarmos a ser como Ele; “... Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome cada dia sua cruz e siga-me.” Luc 9;23

Esses dois “vazios” se encontrando que preenchem novamente, a lacuna de relacionamento criado pela desobediência.

Se alguém quer vir... evidencia Seu Chamado, que O Santo preza pela nossa liberdade de escolha; não fada ninguém a uma “escolha” de cartas marcadas como ensinam os calvinistas.

Esvaziar para ser preenchido não é uma coisa fácil, tampouco, superficial; demanda esforço, aplicação, aprendizado; “Ele mesmo deu uns para apóstolos, outros para profetas, evangelistas, pastores e doutores, querendo o aperfeiçoamento dos santos, para obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo; até que todos cheguem à unidade da fé, ao conhecimento do Filho de Deus, a homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo.” Ef 4;11 a 13

O aproximar-se do Salvador requer esvaziamento dos maus conselhos, ambientes, companhias; “Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores.” Sal 1;1

Depois dessas negativas às fontes corruptas, a salutar Água da Vida; “Antes tem seu prazer na lei do Senhor, na sua lei medita de dia e de noite.” V 2

Por falta de uma palavra melhor usamos “Teologia” para expressar nossas limitadas possibilidades de conhecimento nesse campo; os dicionários a definem: “ciência ou estudo que se ocupa de Deus, Sua natureza e Seus atributos; Suas relações com o homem e com o universo.”

Entretanto, invés de reconhecer quão infantil é nossa mais alta ciência nos domínios espirituais, ainda há os que adjetivam suas idiossincrasias como, teologia disso, daquilo.

Ora, por definição a palavra trata apenas de nomear o esforço em conhecer o que nos é possível sobre Deus, não em catalogá-lO segundo nossas idólatras preferências.

Os que amam dinheiro e usam Deus como pretexto chamam de Teologia da Prosperidade; os que querem comunismo, partilhar riquezas alheias, Teologia da Libertação. Duas idolatrias diversas no método e iguais no alvo.

Benny Him, da Prosperity renunciou aos seus erros recentemente; dizem possuir uma fortuna de U$100 milhões; então faça como Zaqueu; “Restituo ao que roubei”. Senão, segue o cadáver no armário.

Enfim, o fato de que o conhecimento possível é limitado, não justifica que sejamos omissos nisso.


Olavo Bilac poetou que quem ama pode ouvir estrelas; pois, quem ama ao Senhor anda retamente como lhe agrada recebe Dele, o conhecimento; “Porque o Senhor dá sabedoria; da Sua Boca é que vem o conhecimento e o entendimento. Ele reserva a verdadeira sabedoria para os retos. Escudo é para os que caminham na sinceridade. Prov 2;6 e 7

sábado, 30 de março de 2019

"Apenas" O Rei dos Reis

“Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo; pelo qual também temos entrada pela fé a esta graça, na qual estamos firmes, e nos gloriamos na esperança da glória de Deus.” Rom 5;1 e 2

O Feito de Cristo por nós deveria ser óbvio, entretanto, dado o agir de muitos que pregam por aí, nunca é demais recordar. Éramos inimigos de Deus e fomos reconciliados. Isso encerra a maravilhosa graça que, sendo injustos fomos imputados justos, apenas mediante a fé; fomos justificados. Afinal, Cristo “... por nossos pecados foi entregue e ressuscitou para nossa justificação.” Rom 4;25 Nós causamos Sua morte.

A real compreensão disso deveria obrar duas coisas. Primeiro deveríamos nos envergonhar de que a nossa maldade tenha custado tão alto preço à Justiça e Bondade Divinas. Diverso do dizer de alguns pavões da praça que o preço do resgate mensura nosso valor, na verdade mede a intensidade da maldade dos nossos pecados. Depois da vergonha seria esperável um sentimento de profunda gratidão ao que, pelo custo da própria vida, resgatou-nos.

Contudo, a sedução do “neo-evangelismo” moderno não mais se satisfaz com o “básico”. Paramentam suas mensagens com um calhamaço de acessórios de promessas fáceis, luzes, cores, coreografias, carnavais, unção disso ou daquilo; engodos materialistas que envergonham aos simplórios que pregam um Evangelho que oferece “apenas” Jesus Cristo. Antes que, o grato louvor Àquele que É Digno, as músicas na imensa maioria são antropocêntricas, egoístas, terrenas. O “Eu” que deveria ser mortificado inda dá as cartas nesse insano jogo travestido de cristianismo.

Invés de constrangimento e gratidão que deveriam habitar as nossas almas, há uma crassa falta de noção de gente que sente-se no direito de “decretar” “determinar” isso ou aquilo; uma vez que “filhos do Rei;” arvoram-se nos pretensos direitos de fruírem vidas de príncipes. Vergonha na cara, um deserto; presunção, um oceano.

Primeiro tivemos o surgimento da “Teologia da Libertação” onde inclinações políticas comunistas roubaram um verniz cristão para melhor engodar incautos fazendo parecer que as humanas e ímpias comichões seriam a Vontade de Deus; depois, importamos dos States a famigerada “Teologia da Prosperidade”, onde, invés de reconciliação com inimigos, o “Evangelho” remasterizado nem se importa muito com esse viés “secundário” da reconciliação; na verdade o que conta é que Deus nos desejaria enriquecer e empoderar na Terra.

Desgraçadamente “igrejas” proponentes dessa obscenidade enchem-se, enquanto, as que inda conservam a sóbria mensagem de reconciliação padecem dificuldades até para manter a membresia; quiçá, fazê-la crescer.

Esses dias foram vaticinados; “... haverá também falsos doutores, que introduzirão encobertamente heresias de perdição, negarão o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos, repentina perdição. Muitos seguirão as suas dissoluções, pelos quais será blasfemado o caminho da verdade. Por avareza farão de vós negócio com palavras fingidas;” II Ped 2;1 a 3

A uma leitura superficial pareceria que nem se trata desses, afinal, pregam todos os seus descaminhos “em Nome de Jesus; e os denunciados por Pedro agiriam negando ao “Senhor que os resgatou”. Ora, O Senhor desafiou pretensos seguidores a tomarem suas cruzes e segui-lo. Essas necessariamente demandam a mortificação das vontades naturais segundo o mundo, para, enfim, serem iluminadas e conduzidas pela Vontade Divina.

“Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.” Rom 12;1 e 2

O Nome do Santo nos lábios e as cobiças naturais na mira é mais que negar ao Senhor; antes, é profaná-lo. “Todavia o fundamento de Deus fica firme, tendo este selo: O Senhor conhece os que são seus; qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniquidade.” II Tim 2;19

Mais que uma mensagem falada, as veras testemunhas de Cristo têm uma mensagem vivida em seu modo de agir; “Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte; nem se acende a candeia e coloca debaixo do alqueire, mas no velador; dá luz a todos que estão na casa. Assim resplandeça vossa luz diante dos homens, para que vejam vossas boas obras e glorifiquem ao vosso Pai, que está nos céus.” At 5;14 a 16
Uma cidade edificada sobre um monte é algo que se não pode esconder; a vera conversão salta aos olhos naturais, tanto quanto, a apostasia exibe-se obscena ante a visão espiritual.

A restauração da amizade com Deus custou tão alto, trocaríamos isso por algumas moedas? Quem ainda confunde cascalho com diamantes precisa recuperar as vistas antes que, outro bem qualquer.

segunda-feira, 26 de março de 2018

"Deus não precisa dinheiro"

“... Porventura teme Jó a Deus debalde? Porventura não cercaste ele, sua casa, e tudo quanto tem? A obra das suas mãos abençoaste, o seu gado tem aumentado na terra.” Jó 1;9 e 10

A Fé por interesse foi a acusação do canhoto a Jó. Natural que quem desconhece o amor imagine algum outro tipo de recompensa das que conhece. Assim, o Capiroto, bem como seus representantes, os da “Teologia da Prosperidade” advogam como válida uma “fé inteligente” materialista, imediatista.

Sendo a fé “O firme fundamento das coisas que não se veem”, quem precisa ver, pouco importa o que seja, não passa de um idólatra; aliás, a própria avareza é definida como idolatria. O mesmo Jó, adiante, privado de todos os bens, filhos e saúde deu uma demonstração cabal da sua essência: “Ainda que me mate, Nele esperarei”; disse. A esfera da fé despreza circunstâncias; mesmo a vida terrena por amor Àquele em quem confia.

Gostamos de conforto laboramos por prosperar, todos nos inclinamos a isso. Oramos por saúde, portas de trabalho, e nos alegramos quando essas se abrem. Mas, essas benesses nos fazem gratos ao Criador, não, crentes. Os verdadeiros já creem mesmo privados disso. Não veem as posses como o sentido da vida, ou, a possibilidade de se jogarem na esbórnia como o Pródigo. Antes, mesmo ouvido do pai, “tudo o que tenho é seu”, como ouviu o irmão dele, sabem que as coisas são bens a serem zelados, bem geridos, não, dilapidados.

Quem anela riquezas para “curtir a vida” mesmo se dizendo cristão, suas escolhas mostram nuances do medo da morte, predicados ímpios; os que estão em Cristo não têm um período curto a aproveitar, antes, um patrimônio eterno para zelar.

Muitos usam erroneamente um texto sobre semeadura e ceifa para fazer parecer que sua pregação é bíblica: “Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo que o homem semear, ele ceifará. Porque o que semeia na sua carne, da carne ceifará corrupção; mas, o que semeia no Espírito, do Espírito ceifará vida eterna.” Gál 6;7 e 8

Enfatizam os pilantras que seria um escárnio semear e não colher. Escárnio seria plantar uma coisa e colher outra; ou seja, semear “na carne” segundo as cobiças naturais por riquezas terrenas e derivados prazeres, e ceifar no Espírito, bens eternos. Os que semeiam de olho nas coisas corruptíveis ceifarão corrupção. Os que se entregam ao Espírito, fiéis, com ou sem coisas, terão vida eterna, esse é o ensino. O que for além é perverso.

O Salvador enfatizou que O Pai sabe de nossas necessidades cotidianas, mas, que não devemos priorizá-las; antes, semear no Espírito: “Buscai em primeiro lugar O Reino de Deus e Sua Justiça, as demais coisas vos serão acrescentadas.” Mat 6;33

Do outro lado temos os comunistas “cristãos” os da “Teologia da Libertação”, segundo os quais, o sentido pleno do Evangelho seria a promoção da “Justiça social”. Eis um termo ausente na Bíblia! Somos ensinados a repartir o pão sermos atenciosos com os pobres, mas, O Senhor trata com o indivíduo, não, com a massa. “Aquele que é de Deus ouve minhas Palavras”; “Cada um dará conta de si mesmo a Deus”.

Retribuir conforme as obras, não, furtar méritos de quem trabalha e dar a vagabundos porque reivindicam como suas as posses alheias. “O Reino de Deus e Sua Justiça”, não, os postulados ímpios dos comunas e suas noções invejosas de “justiça social”.

Sabem os que enxergam um palmo adiante que esses discursos bonitos não passam da ceva para atrair incautos à arapuca. Uma vez empoderados, como na Venezuela e Cuba, distribuem fome, opressão; facilidades só aos asseclas que os sustentam no poder. Como vimos no começo, o canhoto desconhece o amor que patrocinava a fé de Jó; também ignora a justiça, senão, teria permanecido no seu honroso lugar para o qual foi criado.

Circula por aí, o, “Deus não precisa dinheiro, dê uma cesta básica aos pobres, invés do dízimo”. Judas já fez esse discurso de “amor aos pobres” uma vez.

Deus não precisa, mas, para o Evangelho alcançar aqueles que Ele ama, certa estrutura que custa dinheiro é necessária. Há safados que manipulam por interesses vis, mas, isso não exclui os honestos.

O que faço do meu dinheiro é problema meu. Não careço conselhos ímpios. Uns amam o dinheiro nas igrejas; ou, são infiéis no dízimo, ou, plantam suas “sementes de fé” sonhando colher metais; outros amam fora, aconselhando fazer o que não fazem.

Perdem a salvação, pois, mantêm distância do Evangelho agarrados em moedas. Quem não conhece o amor acaba amando o alvo errado. “Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda espécie de males...” I Tim 6;10

domingo, 29 de outubro de 2017

As vozes e a Voz

“Pela fé Abel ofereceu a Deus maior sacrifício do que Caim, pelo qual alcançou testemunho de que era justo... e depois de morto, ainda fala.” Heb 11;4

O que Abel fez por ter fé fala ainda conosco, muito tempo além da sua morte. Seu exemplo inspira-nos.

Pois, há uma fala mais profunda que as vozes banais; não se comunica com tímpanos e ouvidos; antes, com o entendimento, coração, a fé.

Desse calibre, a eloquente fala da Criação, a testificar sobre os atributos do Criador. “Porque suas (de Deus) coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto seu eterno poder, quanto, sua divindade, se entendem, claramente se vêem pelas coisas que estão criadas, para que eles (os ímpios) fiquem inescusáveis.” Rom 1;20

Ou, “Os céus declaram a glória de Deus, o firmamento anuncia a obra das suas mãos. Um dia faz declaração a outro, uma noite mostra sabedoria a outra. Não há linguagem nem fala, mas, se ouve sua voz. Sua linha se estende por toda a terra; suas palavras até ao fim do mundo...” Sal 19;1 a 4

Mas, voltando à “fala” de Abel, o que tinha de diferente da de Caim, que também ofertara e não fora aceito? Já ouvi muitos pregadores ensinarem que a oferta de Abel fora superior por ter trazido um sacrifício de animal, enquanto, Caim trouxera frutos da Terra. Aquele teria manifestado a necessidade de sangue Remidor, esse, descansado em certa soberba.

Sempre pareceu lógico isso, nunca incomodou; mas, pensando melhor, o que é maior, a oferta, ou, o “templo” que a santifica, como questionou O Salvador? O relato diz que, atentou O Senhor para Abel “e” sua oferta, porém, para Caim “e” sua oferta não atentou. Notemos que, o Senhor olhou primeiro para os “templos”, para sondar seus motivos, antes de olhar para as ofertas. Afinal, se a grandeza ou a qualidade da oferta contarem mais que o motivo, estaremos plasmando o feto da Teologia da Prosperidade no ventre do Éden.

Ademais, não havia ainda o ensino de que a vida estava no sangue, ou, instruções sobre sacrifícios aprazíveis ao Senhor. Então, atrevo-me a pensar que qualquer tipo de oferta seria aceita, se, feita com o sentimento e o motivo corretos; adoração, gratidão pelas bênçãos recebidas. Óbvio que um coração agradecido não traria coisas pífias.

A oferta de Abel teria vertido da sadia fonte, e a de seu irmão, mera emulação, competitividade. Tanto que, a reprimenda do Criador o exortou a fazer diferente para também ser aceito; não houve aceitação prévia de Abel e rejeição de Caim, antes, sondagem de ambos os corações e um apenas agradou. “O Senhor disse a Caim: Por que te iraste? Por que descaiu o teu semblante? Se, bem fizeres, não é certo que serás aceito?” Gên 4;6 e 7 Para a linguagem teológica temos um matiz de sinergismo desde o início.

O autor, depois do exemplo de Abel evocou toda uma plêiade de heróis da fé; num movimento ascendente, enfim, cravou o lábaro do argumento no topo do Everest, Cristo, Autor, e Consumador da fé. Da sua “Fala” naquela voz superior do exemplo, disse: “Chegastes ao monte Sião, e à cidade do Deus vivo, à Jerusalém celestial, aos muitos milhares de anjos; À universal assembléia e igreja dos primogênitos, que estão inscritos nos céus, e a Deus, Juiz de todos; aos espíritos dos justos aperfeiçoados; a Jesus, O Mediador de uma nova aliança, e ao sangue da aspersão, que fala melhor que o de Abel.” Heb 12;22 e 24

Agora sim, conta, a grandeza inefável da Oferta, entregou a si mesmo; e a excelência do motivo; amou pecadores. “Porque apenas alguém morrerá por um justo; pode ser que, pelo bom alguém ouse morrer. Mas, Deus prova Seu Amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores.” Rom 5;7 e 8

Alguns imbecis e arrogantes dizem que a grandeza do Sacrifício mostra a grandeza do nosso valor. Não, essa “voz” fala do imenso amor de Deus, e da grandeza de nossa impureza que demandou tal Santidade para remissão.

Desse modo, dada a Majestade do que está em jogo, invés de nos perdermos devaneando arrogâncias deveríamos considerar a seriedade requerida. “Quebrantando alguém a lei de Moisés, morre sem misericórdia, só pela palavra de duas ou três testemunhas. De quanto maior castigo será julgado merecedor aquele que pisar o Filho de Deus, tiver por profano o sangue da aliança com que foi santificado, e fizer agravo ao Espírito da graça?” Heb 10;28 e 29

O inimigo enche o mundo de ímpias vozes para abafar “à Voz”; Roberto Carlos cantou: “Eles estão surdos;” todavia, o brado do Amor Divino ainda ecoa: “Quem tem ouvidos ouça...”

terça-feira, 17 de outubro de 2017

Caminhos Ásperos; a Forja Divina

“Vindo ter comigo disse-me: Saulo, irmão, recobra a vista. Naquela mesma hora o vi. Disse mais: O Deus de nossos pais de antemão te designou para que conheças a Sua Vontade; vejas aquele Justo e ouças a Sua Voz. Porque hás de ser Sua testemunha para com todos os homens do que tens visto e ouvido.” Atos 22;13 a 15

A Chamada ministerial em três tempos distintos; Primeiro Paulo caiu cego quando perseguia aos servos do Senhor; depois de três dias teve as vistas restauradas mediante a intercessão de Ananias; por fim, foi comissionado ao apostolado pelo Senhor.

Como, em seu zelo perseguia inocentes, inicialmente careceu freio; depois, meditação no escuro para rever seus conceitos sobre o Messias e receber Luz Espiritual, entendimento; enfim, a visão natural, para adentrar ao ministério e gastar seus dias pelo Senhor.

José era perseguido por seus ímpios irmãos, não perseguidor; porém, também passou por três tempos distintos. Prisão sem culpa; exaltação e livramento diante de Faraó; por fim, a co-regência de um império.

Davi não teve saga muito diferente; perseguido e proscrito durante o reinado de Saul; coroado depois de muitos dias com a morte do rei; depois, o peso do reino sobre si.

Desse modo podemos constatar que, o auge de um escolhido de Deus, invés do usufruto de facilidades é quando sobre si incidem as maiores responsabilidades. Se alguém pensa que sucesso espiritual nos permite dias largos de prazeres, aplausos, longe está, de compreender o que significa ser escolhido.

O Salvador ensinou que somos chamados ao serviço; “... Sabeis que os que julgam ser príncipes dos gentios, deles se assenhoreiam; os seus grandes usam de autoridade sobre eles; mas, entre vós não será assim; antes, qualquer que quiser ser grande será vosso serviçal; qualquer que dentre vós quiser ser o primeiro, será servo de todos. Porque o Filho do homem também não veio para ser servido, mas, para servir; dar sua vida em resgate de muitos.” Mc 10;42 a 45

Paulo ampliou: “Não atente cada um para o que é propriamente seu, mas, cada qual também para o que é dos outros. De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas, esvaziou-se, tomando forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; achado na forma humana, humilhou-se, sendo obediente até à morte, e morte de cruz.” Fp 2;4 a 8

A mesma senda deve trilhar quem deseja ser ministro probo na Obra: “O Deus de nossos pais de antemão te designou para que conheças Sua Vontade, vejas aquele Justo e ouças a Sua voz.” Não há espaço para predileções, antes, a “Sua (de Deus) Vontade”; por isso, veja e ouça ao Senhor. Isso demanda intimidade, comunhão e submissão.

Logo, nem o “Capitalismo gospel” a Teologia da prosperidade, tampouco, o “Comunismo Católico” da Teologia da Libertação alinham-se ao alvo Celeste. No serviço cristão não há sistemas “à priori”, apenas, um Senhor Soberano, cuja Vontade, antes de tudo, é a salvação dos Perdidos. Tanto mais sucedidos seremos, quanto, mais pessoas conseguirmos de alguma forma levar ao Senhor que Sara.

Ou, mesmo que nossos ministérios não sejam frutíferos, no quesito quantidade, ainda assim, se preservarmos em nosso modo de viver e ensinar, a pureza da “simplicidade que há em Cristo;” certamente estaremos agradando ao Senhor; pois, somos responsáveis pela difusão fiel da sã doutrina, não pela resposta que receberemos.

O Eterno mandou Ezequiel pregar a um povo que o não ouviria; mesmo assim, ele foi fiel. O Senhor o avisou que só depois de cumpridas as catástrofes preditas, o reconheceriam como profeta veraz. “Eis que tu és para eles como uma canção de amores, de quem tem voz suave, que bem tange; porque ouvem tuas palavras, mas, não as põem por obra. Porém, quando vier isto (eis que está para vir), então saberão que houve no meio deles um profeta.” Cap 33;32 e 33

Enfim, quem pretende servir ao Senhor, deveras, pare de fazer mirabolantes planos, e comece a orar para conhecer e cooperar com o cumprimento dos planos Divinos para sua vida.

Nem pense em “queimar etapas” querendo saltar sobre as lutas necessárias contra sua natureza perversa. Se ao Santo parecer necessário o cárcere, como a José; vagar errante e perseguido, como Davi; ou, cegueira eventual, como Paulo, assim fará conosco.

Porém, quando chegar a hora de nos colocar em relevo, óbice nenhum deterá Sua Poderosa Mão. Por isso, o sábio conselho: “Entrega teu caminho ao Senhor; confia nele, e Ele o fará. Ele fará sobressair a tua justiça como a luz, e o teu juízo como o meio-dia.” Sal 37;5 e 6

terça-feira, 11 de julho de 2017

As pobres riquezas

“Não te fatigues para enriqueceres; não apliques nisso tua sabedoria. Porventura fixarás os olhos naquilo que não é nada?...” Prov 23;4 e 5

É comum ouvirmos o “desprezo” à matéria em frases tipo: “Dinheiro não traz felicidade;” “Da vida nada se leva”; “Vão-se os anéis, ficam os dedos”; etc. De modo que parece que a humanidade sabe reconhecer os verdadeiros valores. Contudo, na prática a teoria é outra, com diria Joelmir Beting.

Certa ambição é sadia; a que nos instiga ao trabalho, empreendedorismo, visando melhorarmos nossas condições de vida. O texto bíblico diz: “Não te fatigues para enriqueceres...” Adiante avalia: “... fixarás teus olhos naquilo que não é nada”. Lógico que temos diante de nós um conflito de valores. Aquilo que, para uns parece riqueza, para outro, foi aquilatado como nada. Temos uma hipérbole, um exagero de linguagem cujo fito é enfatizar algo, não, ser entendida ao pé da letra.

Óbvio que bens materiais têm seu valor! Compram o pão, vestes, habitação; toda sorte de conforto que a boa vida demanda. Entretanto, ao escopo de uma avaliação espiritual, essas coisas não são fins, antes, meios de viver; não, as verdadeiras riquezas; aquelas que têm durabilidade após a peregrinação terrena. “Não ajunteis tesouros na terra, onde traça e ferrugem tudo consomem, onde ladrões minam e roubam; mas, ajuntai tesouros no céu, onde nem traça nem ferrugem consomem; onde ladrões não minam nem roubam. Porque onde estiver vosso tesouro aí estará também vosso coração.” Mat 6;19 a 21

Salomão que escreveu a sentença primeira foi extremamente rico, falou do que conheceu; e, sua avaliação do que ficaria após sua morte foi ácida: “Vaidade de vaidades; tudo é vaidade.” Disse. Antes, avaliara a vastidão da cobiça; “Quem amar o dinheiro jamais dele se fartará; quem amar abundância nunca se fartará da renda; também isto é vaidade.” Ecl 5;10

Depois cotejara o dinheiro com a sabedoria: “Tão boa é a sabedoria como a herança, dela tiram proveito os que vêem o sol. Porque serve de defesa, como de defesa serve o dinheiro; mas, a excelência do conhecimento é que a sabedoria dá vida ao seu possuidor.” Ecl 7;11 e 12

De passagem contou a história de um pobre rico: “Houve uma pequena cidade em que havia poucos homens; veio contra ela um grande rei, a cercou, levantou contra ela grandes baluartes; encontrou-se nela um sábio pobre, que livrou aquela cidade pela sua sabedoria; ninguém se lembrava daquele pobre homem. Então disse eu: Melhor é a sabedoria do que a força, ainda que a sabedoria do pobre foi desprezada, e suas palavras não foram ouvidas.” Cap 9;14 a 16 Isso combina com o feito posterior do profeta Eliseu que livrou a cidade de Dotã cegando seus algozes pelo Poder de Deus e os levando presos a Samaria.

Estranha doença essa nossa de conhecermos em teoria os excelsos valores, e nos empenharmos, na prática, apenas pelos efêmeros, circunstanciais, menores. Aceitação humana, mais que, Divina, instiga insensatos a parecer o que não são; enquanto, seus passos apressados labutam na maratona do ter.

Paulo foi categórico, deixou por terra a “Teologia da Prosperidade: “...homens corruptos de entendimento, privados da verdade, cuidando que a piedade seja causa de ganho; aparta-te dos tais. Mas, é grande ganho a piedade com contentamento. Porque nada trouxemos para este mundo, e, nada podemos levar dele. Tendo, porém, sustento, e com que nos cobrirmos, estejamos com isso, contentes. Mas, os que querem ser ricos caem em tentação, em laço, muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína. Porque o amor ao dinheiro é raiz de toda a espécie de males; nessa cobiça alguns se desviaram da fé; traspassaram a si mesmos com muitas dores. Mas, tu ó homem de Deus foge destas coisas...” I Tim 6;5 a 11

Aí alguém me pergunta: Pode um cristão jogar loterias? É pecado? Não diria que é pecado, antes, que é doença, cegueira, amor deslocado dos alvos sadios, voltado para o dinheiro. E pensar que multidões freqüentam “igrejas” porque os pilantras que lá ministram lhes acenam com riquezas terrenas...

Não é errado desejar riquezas, pois; é estúpido confundir bijuterias com jóias preciosas. Ouçamos o discurso da Sabedoria: “Aceitai a minha correção, não a prata; o conhecimento, mais do que o ouro fino escolhido... Riqueza e honra estão comigo; assim como bens duráveis e justiça. Melhor é meu fruto do que o ouro, do que o ouro refinado, e meus ganhos mais do que a prata escolhida. Faço andar pelo caminho da justiça, no meio das veredas do juízo. Para que faça herdar bens permanentes aos que me amam, e eu encha os seus tesouros.” Prov 8;10, e 18 a 21

quinta-feira, 3 de março de 2016

Deus é dos pobres, ou, dos ricos?

“No dia da prosperidade goza do bem; no dia da adversidade considera; porque também Deus fez a este em oposição àquele, para que o homem nada descubra do que há de vir depois dele.” Ecles 7;14

Duas correntes antagônicas vicejam no cristianismo professo, sobre a relação dos cristãos com posses materiais. De um lado, a “Teologia da Libertação”, cuja libertação seria das condições sociais adversas, uma espécie de marxismo com viés espiritual, onde seria lícito certa expropriação dos mais abastados em favor dos economicamente desvalidos.

De outro, a “Teologia da Prosperidade” advogando que o alvo Divino é que tenhamos vida com abundância; sendo, a miséria, as privações, maldições do inimigo, atestados de ignorância espiritual, falta de fé. Quem está certo? Deus fez mesmo opção pelos pobres, ou, mostra Seu Poder enriquecendo aos que O servem? Bem, me vi forçado a colocar ambas as “Teologias” entre aspas, pois, as vejo erradas, à luz da Bíblia.

Teologia, numa abordagem simples trata de Deus, Seu Ser, Sua Palavra, Seu relacionamento com Anjos e homens. O conhecimento de Deus, eventual serviço a Ele, segundo O Salvador, seria atinente à vida. “E a vida eterna é esta: que te conheçam por único Deus verdadeiro, e Jesus Cristo, a quem enviaste.” Jo 17;3

Noutra parte O Senhor disse: “Acautelai-vos da avareza, pois, a vida de qualquer um não consiste na abundância do que possui.” Assim, se, o conhecimento de Deus na Face de Jesus traz vida, e essa, não consiste na abundância de bens, a vida com abundância deve ser relida. Abundância de paz, salvação, dons espirituais, amor, comunhão, tempo, dado que, eterna...

Por outro lado, os da “Libertação” usam textos como: “Bem aventurados os pobres de espírito; porque deles é o Reino dos Céus!” Ora, basta uma leitura honesta para ver que nada tem com coisas materiais. Pobres de espírito quer dizer pessoas humildes, que reconhecem carências espirituais. Mesmo Nicodemos, Príncipe do Templo foi de noite a Jesus reconhecendo suas necessidades. Ademais, aos pobres de espírito, foi acenado o Reino dos Céus, não, a prosperidade na Terra.

Opositores da fé dizem, em sua diatribe, que, cada um interpreta a Bíblia como quer. Em parte têm razão; mas, não significa isso, que, seja ela um Livro ambíguo que abona qualquer escolha. Uma interpretação honesta, observada a devida hermenêutica sempre patenteará a Vontade Divina, malgrado, choque-se com nossos mais caros anseios.

Certo que, em dado momento Jesus mandou mensageiros de João Batista dizerem a ele dos milagres que viram, e, que aos pobres era anunciado o Evangelho. Isso não significa opção pelos pobres, mas, inclusão. Pregou muitas vezes no Templo ante os grandes, foi rejeitado; entre os pobres, onde era aceito, fazia Seus milagres e ensinava Sua doutrina. Nem por isso rejeitou Zaqueu, José de Arimateia, Jairo, ou, o próprio Nicodemos, que eram ricos.

Jeremias, o profeta, certa vez fez o curso inverso. Rejeitado entre o povo comum decidiu que deveria pregar à elite; deu no mesmo, a rebeldia era geral. “Eu, porém, disse: Deveras estes são pobres, loucos, não sabem o caminho do Senhor, nem o juízo do seu Deus. Irei aos grandes, falarei com eles; porque eles sabem o caminho do Senhor, o juízo do seu Deus; mas, estes juntamente quebraram o jugo, romperam as ataduras.” Jr 5;4 e 5

O texto que deu azo a esse raciocínio ensina nos movermos em ambas as situações; prosperidade e adversidade. “...aprendi a contentar-me com o que tenho. Sei estar abatido, também, ter abundância; em toda a maneira, em todas as coisas estou instruído, tanto, ter fartura, quanto, ter fome; tanto, ter abundância, quanto padecer necessidade. Posso todas as coisas em Cristo que me fortalece.” Fp 4;12 e 13

O sentido da vida não é prosperarmos materialmente, construirmos impérios, antes, reencontrarmos o caminho de casa rumo ao Reino que já está preparado. “De um só sangue fez todos homens, para habitar sobre toda a face da terra... para que buscassem ao Senhor...” Atos 17;26 e 27

Apesar de antagônicas as duas correntes têm muito em comum. O nexo que os assemelha se pode resumir em três palavras: Aversão ao trabalho. Os da “Libertação” tencionam que “Deus” tire dos ricos e lhes dê, invés de irem a luta; os da “Prosperidade”, que O Santo abra portas via ofertas, “sacrifícios” mandingas várias ensinadas pelos mercenários, invés de arregaçarem as mangas, pedirem saúde para trabalhar, apenas.

Salomão tem um conselho a ambas as correntes “Teológicas”, pois: “Vão ter com as formigas, preguiçosos!”


Concluindo: Deus é dos pobres, ou, dos ricos? Deixemos Ele responder: “Os meus olhos estarão sobre os fiéis da terra, para que se assentem comigo; o que anda num caminho reto, esse me servirá.” Sal 101;6

domingo, 4 de outubro de 2015

Frutos do estio

“Bendito o homem que confia no Senhor, cuja confiança é o Senhor. Porque será como a árvore plantada junto às águas, que estende as suas raízes para o ribeiro; não receia quando vem o calor, mas, a sua folha fica verde; e no ano de sequidão não se afadiga, nem deixa de dar fruto.” Jr 17; 7 e 8

Uma figura eloquente usa o profeta para definir os servos de Deus. Quais árvores que, em plena seca, não deixam de frutificar. Quão diverso isso soa da frágil natureza humana e suas propensões!

Quando não estamos bem costumamos patentear mediante atos, palavras, que o mar não está pra peixe; dizemos: Nem vem, que hoje não é o meu dia!

Não se trata de negar o óbvio, a debilidade humana, coisa que nem Deus faz; “Ele conhece nossa estrutura e lembra que somos pó” dissera Davi. Antes, de constatar o “upgrade” que o Espírito Santo faz nas almas convertidas. Guinda-as ao sobrenatural, capacitando a agir de um modo “ilógico” inesperado.

Ao homem natural, o mau humor, as frustrações acabam furtando coisas boas que deveria fazer às demandas circunstancias e não faz, como que, “justificado” por estar sofrendo também. Suas “vacas magras” acabam comendo as gordas, como no célebre sonho de Faraó. Esse baliza suas ações de modo imediatista, diverso do espiritual, que, pode descansar na justiça de Deus esperando pela recompensa no tempo do Eterno.

A insana “Teologia da Prosperidade” ilustra bem essa faceta imediatista mercantil, de bodes fantasiando ser ovelhas; carne brincando de espírito.

O Senhor, todas as obras excelsas que fez em seu ministério terreno, as fez tendo o Calvário como pano de fundo; não foi surpreendido por sua incidência, antes, “importa que seja batizado com certo batismo; como me angustio até que venha a cumprir-se.” Assim definiu Sua sina. Sua angústia era por vencer, vindicar a Justiça Divina, não evadir-se à dura missão.

Claro que, a sensação de injustiça é dolorosa, desmotivadora. Entretanto, O Salvador propôs a bênção no devido tempo. “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos;” Mat 5; 6

Se, é vero que cada um ceifará o que planta, também, que, a seara Divina não se restringe à Terra. Digo, há colheitas fartas no Devir, considerá-las, não nos faz “otimistas”, antes, ignorá-las nos faria miseráveis, como advertiu Paulo: “Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens.” I Cor 15; 19

Lógico que, produzir bens acima das forças que temos demanda o fruir de uma Fonte Superior. Daí, o profeta ter dito que, os que confiam no Senhor são como árvores junto às águas. O Senhor em nós capacita-nos a fazer coisas excelentes.

A fraqueza à qual nos restringiu visa que o busquemos, Seu alvo é a correspondência do amor, não, fútil demonstração de poder. O mesmo Paulo apresentou nossa limitação espaçio-temporal como uma “fraqueza” visando tal fim; “E de um só sangue fez toda a geração dos homens, para habitar sobre toda a face da terra, determinando os tempos já dantes ordenados, e os limites da sua habitação; para que buscassem ao Senhor, se porventura, tateando, o pudessem achar; ainda que não está longe de cada um de nós;” Atos 17; 26 e 27

Davi também apresentou essa aproximação motivada pela dependência; disse: “Invoca-me no dia da angústia; eu te livrarei, e tu me glorificarás.” Sal 50; 15

O Capítulo 28 de Ezequiel mostra um formoso, um forte que Deu criou, que, invés de submissão, dependência, resolveu dar seu “Grito do Ipiranga”; “Subirei acima de Deus.” Essa “subida” na escada do orgulho deu origem a satanás.

Desse modo, as fraquezas têm seu componente profilático; previnem que a mesma febre nos pegue, como escreveu Paulo: “...De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo. Por isso sinto prazer nas fraquezas, injúrias, necessidades, perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Porque quando estou fraco então sou forte.” II Cor 12; 9 e 10

Deveras, quando estou fraco sou dependente; e, justamente isso que me aproxima de Deus; essa “seca’ de bens naturais me faz buscar saciedade nas águas sobrenaturais.

É o abandono do casulo que permite o fulgor das asas. Não sem razão, pois, os maiores expoentes do cristianismo são “homens de dores”, frutos de terra seca. Uma obra de âmbito celestial não pode se restringir à provisão da Terra.

Tendemos a olhar muito perto, como disse alguém: “Quando você aponta uma estrela para um imbecil ele olha pra ponta do seu dedo.” Assim, tanto podem, nossas decepções, engendrar mau humor, depressão, espinhos, quanto, serem um telescópio que permite-nos, vasculhar as imensidões de Deus.

domingo, 4 de janeiro de 2015

Em terra estranha



“Como cantaremos a canção do Senhor em terra estranha?” Sal 137; 4 

Compreensível a nostalgia, a saudade de Jerusalém, depois de tantos anos de cativeiro em Babilônia. 

Entretanto, há algumas coisas a se considerar.  Aquela objeção, mal compreendida, pode dar azo à legitimação dos “santos da bonança” dos “fiéis do tempo bom.” A ideia subjacente é que as pessoas se alegrem em Deus, sejam fiéis apenas quando as coisas forem bem, quando não, podem por a viola no saco. 

Parece que a mulher de Jó pensava assim; uma vez que, na prosperidade do marido não se importava que ele madrugasse para oferecer sacrifícios, adoração a Deus; no ápice da provação dele, aconselhou a blasfêmia, o suicídio. Quantas pessoas em situações desesperadoras ouvem a voz da “mulher de Jó!” Digo sopros interiores aconselhando o suicídio, como se, nele, repousasse uma solução. Deus não está em tais palavras, antes, aconselha: “Invoca-me no dia da angústia; eu te livrarei e tu me glorificarás.” As 50; 15 

Voltando a Jó, ele fez exatamente isso; desejou uma audiência com o Eterno e obteve, enfim. Quanto ao conselho de sua mulher, jogou na cesta do lixo. “Porém ele lhe disse: Como fala qualquer doida, falas tu; receberemos o bem de Deus, e não receberíamos o mal? Em tudo isto não pecou Jó com os seus lábios.” Jó 2; 19 A moderna  “Teologia da Prosperidade” tinha já seus expoentes em dias idos.  

A ideia rasa, mercantil, de um Deus negociante que como adestradores de animais, nos dá um “osso” a cada movimento certo não combina com o Altíssimo, nem com o quê Ele espera de nós. 
Dada a interdependência da vida em sociedade, muitas vezes o juízo acaba atingindo pessoas inocentes, eventualmente. Deus assume isso. Os que em tristeza suspiram pela assembleia solene, os quais te pertenciam, eu os congregarei; esses para os quais era um opróbrio o peso que estava sobre ela.” Sof 3; 18 

Num contexto de promessas de remoção de castigos, Ele aludiu aos que tinham saudade de cultuar Seu Nome; se envergonhavam pelo juízo, dado, serem inocentes. O juízo atingira a todos, mas, a esses que eram fiéis estava guardada uma gloriosa recompensa pela injusta sorte; “...deles farei um louvor e um nome em toda a terra em que foram envergonhados.” V 19 Eram fiéis quando os líderes e a maioria da nação não era; seguiram assim Durante o juízo; depois, foram recompensados. 

Assim, não é erro esperarmos recompensas pelas virtudes, tanto, quanto, temermos o juízo pelo vício. Porém, tal “ceifa” sempre será no tempo de Deus, nunca, no nosso.

Quantos fiéis virtuosos que partem dessa vida, sedentos de justiça para terem sua recompensa apenas na eternidade? Por outro lado, quantos patifes, canalhas, ladrões prosperam a olhos vistos, sendo um acinte aos homens de bem, fazendo parecer que o mal compensa? 

Então, não nos cumpre escolhermos as circunstâncias para sermos fiéis; afinal, uma “fidelidade” nesses moldes sequer fidelidade é; mera negociata. Daniel no cativeiro Babilônico tinha todas as razões para “baixar a guarda;” afinal, foram entregues ao domínio de um rei estranho. Entretanto, decidiu mesmo no palácio real a não se contaminar com as iguarias do Rei. Para ele, fidelidade não dependia da bonança, antes, da boa inclinação de seu coração. 

Ademais, as coisas espirituais vistas da  perspectiva natural são um convite ao abandono, uma vez que, a recompensa parece tardar, tanto aos bons quanto aos maus. Sendo a inclinação natural má, tende a prevalecer. “Porquanto não se executa logo o juízo sobre a má obra, por isso o coração dos filhos dos homens está inteiramente disposto para fazer o mal.” Ecl 8; 11 

Todavia, não é a régua natural que mensura valores espirituais, como ensina Paulo: As quais também falamos, não com palavras de sabedoria humana, mas com as que o Espírito Santo ensina, comparando as coisas espirituais com as espirituais.” I Cor 2; 13

Os “olhos da fé” não são de córneas,  retina; antes, de confiança irrestrita Naquele que não pode mentir. “Pela fé ( Moisés ) deixou o Egito, não temendo a ira do rei; porque ficou firme, como vendo o invisível.” Heb 11; 27

Como a Obra de Deus após Cristo ganhou contornos universais,  não há “terra estranha” onde não possamos cantar louvores ao Senhor; exceto, cativos do pecado. Contudo, se estamos presos nele, não dependemos do beneplácito de um rei estranho para volvermos ao nosso lugar de paz; antes, basta que rompamos com um príncipe falido cuja única arma é a mentira. 

O Rei que liberta já deu a chave das algemas. Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sereis meus discípulos;  conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” Jo 8; 31 e 32

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Em tempos de angústia



“Se te mostrares fraco no dia da angústia, a tua força é pequena.” Prov 24; 10 

Ao pensarmos em força referente a um reino, governo, fatalmente associaremos à autoridade, respaldada por forte aparato bélico e grande exército. Uma potência; como os Estados Unidos, por exemplo. Mas, se a análise restringir-se a uma pessoa, então, buscaremos a excelente constituição física, ótima saúde, estatura...

Entretanto, angústia, ainda que possa derivar de fatores externos é um mal que assola a alma. Desse modo, a força útil em tempos angustiosos deve residir, óbvio, na mesma.

Capitular fisicamente ao mais forte é necessário para qualquer valente. Render a alma, não. Diariamente somos informados, infelizmente, de gente que, por recusar aderir aos fundamentalistas islâmicos, no Iraque, Síria e Nigéria são executados sumariamente. Esse é um triste e dolorido exemplo de capitular a uma força superior, sem render a alma. 

Jó, por sua vez, estava falido, perturbado com a morte dos filhos e desvio da esposa, assolado na saúde; de quebra, assediado por amigos tagarelas que invés de associarem-se à sua dor, simplesmente acusavam, sem provas. Desse modo, razões angustiosas sobravam.

Nenhuma foi forte o bastante, contudo, a ponto de fazê-lo negar sua fé. Disse: “Quem me dera agora, que as minhas palavras fossem escritas! Quem me dera, fossem gravadas num livro! Com pena de ferro e com chumbo, para sempre fossem esculpidas na rocha. Porque eu sei que o meu Redentor vive, e  por fim se levantará sobre a terra.” Jó 19; 23 a 25 Eis um forte, em plena angústia! 

O salvador, quando se aproximava o momento derradeiro, não pode evadir-se ao conflito entre a fraqueza física que cogita fugir, e a alma forte que acaba a missão ao preço que for. “Tomou consigo a Pedro, Tiago, e João, e começou a ter pavor, a angustiar-se. E disse-lhes: A minha alma está profundamente triste até a morte; ficai aqui, e vigiai. E, tendo ido um pouco mais adiante, prostrou-se em terra; e orou para que, se fosse possível, passasse dele aquela hora. E disse: Aba, Pai, todas as coisas te são possíveis; afasta de mim este cálice; não seja, porém, o que eu quero, mas, o que tu queres.” Mc 14; 33 a 36 Mesmo a profunda angústia não deve nos levar a desejarmos nossa vontade antes da Deus.

Essa força interior em muito supera a externa, como dissera Salomão. “Melhor é o que tarda em irar-se do que o poderoso; o que controla o seu ânimo do que aquele que toma uma cidade.” Prov 16; 32 Por quê? Porque tomar uma cidade muitos comandantes de exércitos lograram; submetendo-se à Vontade de Deus até a morte, Cristo tomou um Reino global, eterno. Facilmente se vê qual a força maior.

Agitações externas, tanto enfraquecem, quanto, em momentos eufóricos iludem, sobre a real força de nossas almas. Nos ditos avivamentos, muita ousadia vem à tona; mas, os reveses, as angústias é que mensuram nosso valor. 

Os hebreus no início agiram intrépidos movidos pela onda da igreja vitoriosa; mas, nos dias de espera estavam fraquejando. Em parte fostes feitos espetáculo com vitupérios e tribulações, e em parte fostes participantes com os que assim foram tratados. Porque também vos compadecestes das minhas prisões, e com alegria permitistes o roubo dos vossos bens, sabendo que em vós mesmos tendes nos céus uma possessão melhor e permanente. Não rejeiteis, pois, a vossa confiança, que tem grande e avultado galardão.” Heb 10; 33 a 35  

Depois dessa breve exortação à preservação da confiança o autor alista a famosa galeria dos “Heróis da fé” no capítulo 11, para, enfim, demonstrar que o tédio espiritual deles era pequeno, ante os que “Foram apedrejados, serrados, tentados, mortos ao fio da espada; andaram vestidos de peles de ovelhas e de cabras, desamparados, aflitos e maltratados” v 37. 
Após, apontou Jesus como parâmetro, e sutilmente lembrou aos desanimados que a situação nem era para tanto. “Ainda não resististes até ao sangue, combatendo contra o pecado.” 12; 4  

Então, há angústias que são necessárias, dada a opressão que cerca; outras, gratuitas de quem devaneia com facilidades e frustra-se quando elas não vêm. O Mestre desafiou a um bom estado de ânimo mesmo em meio a elas. “Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas, tende bom ânimo, eu venci o mundo.” Jo 16; 33 

Invés da doentia “teologia da prosperidade,” mais prudente seria um enfoque da adversidade, para, em Deus, triunfarmos a ela. Aflições não são causadas pelo Pai; mas, Ele usa nossa passagem por elas como elemento de purificação interior. “Eis que já te purifiquei, mas não como a prata; escolhi-te na fornalha da aflição.” Is 48; 10