Mostrando postagens com marcador sem noção. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador sem noção. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

O incômodo de saber

“Eles voluntariamente ignoram isto...” II Ped 3;5

Normalmente temos a ignorância como consequência necessária às vidas que não dispuseram de meios para o acesso ao conhecimento. Há nessa ignorância certa “inocência”, não no sentido de ausência de culpa, mas, ausência de noção mesmo.

Num cenário assim, falando em Atenas, malgrado, parte de sua audiência fosse de filósofos eram ignorantes no que tange às coisas Divinas; em complacência para com essa “inocência” Paulo disse que, “Deus, não toma em conta os tempos da ignorância...” Porém, como isso não os eximia de culpa, “...anuncia agora a todos os homens, em todo lugar, que se arrependam.” Atos 17;30 Eis o aguilhão do saber! Ele nos desafia a agir.

Embora alguns usem a palavra, ignorante, como sinônimo de grosseiro, não é estritamente esse, o significado. Literalmente significa sem “gnose” a palavra grega para conhecimento. Então, o que ignoro, não sei. Mesmo um homem culto, letrado, pode ser ignorante acerca de muitos temas, bem como, um tosco, rudimentar pode ser sábio em determinada área.

Entretanto, Pedro mencionou a “ignorância voluntária”, ou seja: Não que as pessoas alvo de sua acusação não sabiam, mas, não queriam saber. Em nosso tempo usa-se o termo, desonestidade intelectual para definir aos que agem assim. Suas inteligências podem ver claramente o que está em jogo, mas, suas vontades rebeldes recusam; não raro cobrem-se de sofismas para fazer parecer que têm uma dúvida legítima, quando, a rigor não têm vontade de obedecer, apenas.

Quando do anúncio do nascimento do Salvador, sábios vieram de longe guiados por uma estrela; anunciando em Jerusalém entre os religiosos que o Messias nascera, eles informaram que era Belém o lugar predito para tal; contudo, não foram conferir. Estrangeiros vindos de longe buscaram o menino; compatriotas morando perto ignoraram; mesmo sabendo da promessa e do endereço do seu cumprimento. Eis, mais um caso de ignorância voluntária!

Cristo mencionou algo assim sobre a resiliência rebelde dos Fariseus; “Aqueles dos fariseus que estavam com ele, ouvindo isto disseram-lhe: Também nós somos cegos? Disse-lhes Jesus: Se fôsseis cegos, não teríeis pecado; mas, como agora dizeis: Vemos; por isso, vosso pecado permanece.” Jo 9;40 e 41

A condenação dos ímpios não resulta da incapacidade de ver, mas, de amar as coisas justas que Deus os faz ver; “A condenação é esta: A luz veio ao mundo; os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz; não vem para a luz para que as suas obras não sejam reprovadas.” Jo 3;19 e 20
Sabem que suas obras, uma vez manifestas, seriam reprovadas; portanto, não lhes falta conhecimento, porém, caráter. Muitos desses deuses caídos quando deparam com textos que os corrige constroem suas cabanas de palha sob as quais pretendem estar seguros. Postam seus “argumentos”: “Terás direito de dar palpite na mina vida quando pagares minhas contas”. Ora, quem apresenta A Palavra de Deus como aferidora de comportamento não dá palpites na vida de ninguém. É apenas instrumento mediante o qual, Deus Fala.

As contas necessárias à manutenção da vida Ele tem pago todas, fazendo chuva e o sol descerem sobre justos e injustos; a impagável dívida espiritual de nossas transgressões O Salvador quitou com Seu Sangue em nosso lugar, portanto, não será nenhum intrometido se ousar alguns “palpites” sobre como escapar da perdição.

Outra feita os religiosos questionaram a fonte da Autoridade de Jesus; Ele redargüiu: “O batismo de João era do céu ou, dos homens”? “... pensavam entre si, dizendo: Se dissermos: Do céu, Ele nos dirá: Então por que não crestes? Se dissermos: Dos homens, tememos o povo, porque todos consideram João como profeta. Respondendo a Jesus disseram: Não sabemos...” Mat 21; 25 e 26

Notemos que eles sabiam as respostas possíveis e as consequências de ambas; como nenhuma era favorável fingiram não saber. Mais um caso clássico de ignorância voluntária, desonestidade intelectual.

A esperteza acaba usurpando lugar que deveria ser da sabedoria; tais “espertos” se evadem a um constrangimento pontual mesmo indo ao encontro de vergonha eterna, como disse Cristo, “coam um mosquito e engolem um camelo.”

Sabedoria não é uma dama elitista ao alcance dos que muito estudam; antes, até um analfabeto pode atuar como sábio, se, corresponder devidamente ao que o Espírito do Senhor lhe revela.

Sabedoria espiritual não tem laços com inteligência, antes, com caráter, uma vez que é um Dom Divino; “Ele reserva a verdadeira sabedoria para os retos. Escudo é para os que caminham na sinceridade.” Prov 2;7

“Mas a ambição do homem é tão grande que, para satisfazer uma vontade presente, não pensa no mal que daí a algum tempo pode resultar dela.” Maquiavel

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Perfeito juízo

"Tu julgarás a ti mesmo, respondeu-lhe o rei. É o mais difícil. Se consegues julgar-te bem, és um verdadeiro sábio". Saint-Exuperry

Porque, se nós julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados.” I Cor 11; 31 


Quando Paulo afirma que ao não nos julgarmos, acabamos sendo, por Deus, não significa que as pessoas não fazem juízo de si, estritamente; antes, que não fazem com sabedoria, como disse o pensador francês, via o seu personagem; “... se consegues julgar-te bem, és um verdadeiro sábio.” 

Tendem as pessoas, a “se acharem” como falamos na linguagem atual, pensando de si mesmas, mais que convém. Um “juízo” assim, invés de prescindir do Juízo Divino, apenas, torna-o mais necessário para que as coisas ocupem os devidos lugares. 

A Bíblia traz exemplos de gente que “se achava”: “...puseste à prova os que dizem ser apóstolos e não são, tu os achaste mentirosos.” Apoc 2; 2  “...Conheço tuas obras, que tens nome de que vives, e estás morto.” Apoc 3;1 “...os que se dizem judeus, e não são, mas, mentem...” 3; 9 etc. Facilmente constatamos, pois, que a falta era de noção, de justiça, não, de julgamento. 

Na verdade, todos temos ótima noção de justiça, que, acaba poluída pelas paixões naturais que desvirtuam à vontade. 

Quando Davi julgou ao “homem rico” da parábola de Natã que deixou suas ovelhas e tomou a de um pobre, irou-se e condenou à morte ao tal insensível, sem perceber, porém, que tratava-se de si mesmo; por outro lado, quando o juízo era para honrar, invés de punir, como pediu o rei Assuero ao príncipe Namã, sobre o que fazer para demonstrar isso, o mesmo príncipe julgou maravilhosamente, receitando grandes honras, que, esperava, fossem para si, embora, fosse para seu desafeto, Mardoqueu. 

Então, somos capazes de julgar muito bem, desde que, abstraídas as paixões. Como raramente conseguimos, Deus fará incidir sobre nós os nossos melhores julgamentos, que, nunca o fazemos em relação a nós mesmos, antes, quando julgamos outros. O Senhor ensinou: “Porque com o juízo com que julgardes sereis julgados; com a medida com que tiverdes medido hão de medir a vós.” Mat 7; 2 

Contudo, se a Bíblia preceitua que julguemos a nós mesmos para prescindirmos do juízo Divino, e, as paixões atrapalham, como faremos para nos livrar delas? O mestre disse: “Eu não posso de mim mesmo fazer coisa alguma. Como ouço, julgo; o meu juízo é justo, porque não busco minha vontade, mas, a vontade do Pai que me enviou.” Jo 5; 30

Então, podemos fazer um auto julgamento justo, desde que, seja segundo a Vontade de Deus. Essa, não considera minhas paixões; antes, atenta apenas à reta justiça. Daí, ter visto, o salmista, na Palavra de Deus, a purificação necessária. “Com que purificará o jovem o seu caminho? Observando-o conforme a tua palavra.” Sal 119; 9 

Essa coisa simplista que se ouve, tipo, não julgueis para não serdes julgados não é bem assim. Mas, dirá alguém, está na Bíblia. Está. Contudo, refere-se ao juízo temerário de motivação pessoal, cujo “código” de leis sãos nossas idiossincrasias, preferências.

Essa coisa rasa, tipo, cada qual cuida de si não sustenta-se dez segundos no pódio da lógica. Quando digo isso, que ninguém deve se meter na vida de outrem, querendo ou não, estou me metendo na vida de todos que souberem o que eu disse, afinal, receitei-lhes um  comportamento. Mas, se deprecio que outros façam isso comigo, como ouso? 

O Senhor desaconselhou o juízo hipócrita do que vê um cisco no outro e desconhece uma trave em si; contudo, depois de tirar esse obstáculo, pode ajudar na remoção daquele. 

Em que bases poderia alguém pregar o Evangelho, que exorta ao abandono dos pecados e à reconciliação com Deus, sem, certo juízo, que define o que é pecado e como se volta para o Eterno? 

Conhecendo a Vontade de Deus, o aspecto intelectivo; praticando-a, o prisma moral que tolhe à hipocrisia; e ensinando-a, que é o juízo de Deus, não, uma preferência do mensageiro. 

De Esdras se diz: “Porque Esdras tinha preparado o seu coração para buscar a lei do Senhor; para cumpri-la e ensinar em Israel os seus estatutos, os seus juízos.” Ed 7; 10

Assim, quando busco a Lei do Senhor e compro-a, julgo a mim mesmo, pelo juízo de Deus; Fazendo isso, não careço ser julgado de novo, uma vez que já fui, com justiça. 

Enfim, se um sábio é quem logra julgar bem a si mesmo, e o bom julgamento deriva da Lei de Deus, acabamos dando a mão ao maior dos sábios, Salomão, que disse: “O temor do Senhor é o princípio do conhecimento; os loucos desprezam a sabedoria e a instrução.” Prov 1; 7

sábado, 15 de agosto de 2015

sem máscaras ou, sem noção

Poucos dias depois, o filho mais novo, ajuntando tudo, partiu para uma terra longínqua e ali desperdiçou os seus bens vivendo dissolutamente.” Luc 15; 13 

Muito já se disse e escreveu sobre o Filho Pródigo, o esbanjador dissoluto. Contudo, ousarei umas coisinhas mais, sobre um detalhe de sua escolha que assoma no verso supra: Quando decidiu que viveria à sua maneira, resolveu fazer em “terra longínqua”. Ou seja, alienado dos seus, do existenciário onde aprendeu valores, para, quem sabe, evadir-se à censura dos que, com razão poderiam demandar uma melhor postura dele. 

Essa decisão pode sofrer diferentes análises. Uma, vulgar, simplista, tipo: Sem vergonha, sai para longe para poder aprontar à vontade; sabe que está pisando na bola e se esconde. Outra, que me ocorre, não é tão simples assim, e ousa advogar certa virtude na tal postura. 

A dissolução plena é quando minha fraqueza volitiva consegue tolher também os escrúpulos morais. Noutras palavras: Quando minha vontade enferma me faz padecer tanto que perco até mesmo a vergonha; faço minhas porcarias aos olhos de todos, publico-as.

O pródigo advertido pela consciência de que seu agir não era sábio, tampouco, prudente, mesmo capitulando aos desejos malsãos decidiu poupar constrangimentos mútuos e agir fora da vista. Numa linguagem vulgar, já que ia “soltar a franga” o fez em terreiro alheio.

Não que a noção do ridículo, do infame, seja lá, grande virtude, mas, nos dias em que a falta de noção grassa, se praticam as mais hediondas abominações com “motivos espirituais” bem que se pode apreciar isso como certo valor. 

Em momento algum advogo o que soaria à santarrice; a pretensão de serem, os cristãos, “dedetizados”, purificados totalmente, de modo a se porem refratários à ideia de pecado. Entretanto, eventuais fraquezas devem ser tratadas; numa progressão contínua devemos buscar em Cristo o aperfeiçoamento que a Bíblia chama, santificação. 

Ou, se nossa inclinação perversa predomina, malgrado as companhias e ensinos edificantes, que ao menos tenhamos noção, façamos separação entre o santo e o profano. Quantos cretinos, perversos, adúlteros, mercenários, não se furtam de fazerem ousadas asseveração proféticas, orações, “em nome de Jesus”? Agem os tais, como se o retirante esbanjador aquele, decidisse trazer as meretrizes para a casa paterna e se esbaldar ali. 

Em Dado momento, Paulo considerou uma vergonha a lentidão da igreja no conhecimento de Deus: “Vigiai justamente e não pequeis; porque alguns ainda não têm o conhecimento de Deus; digo-o para vergonha vossa.” I Cor 15; 34 Noutro, preceituou a necessária separação do Nome do Senhor e a prática da iniquidade; “Todavia o fundamento de Deus fica firme tendo este selo: O Senhor conhece os que são seus; qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniquidade.” II Tim 2; 19 

Claro que, as circunstâncias não servem, amiúde, como aferidoras do caráter. Se pode estar sobre o lixo sendo santo, bem como, entre os santos sendo um lixo. Todavia, essa discrepância caráter-ambiente deve ser efêmera, como versa o salmo primeiro: “Por isso os ímpios não subsistirão no juízo, nem os pecadores na congregação dos justos.” Sal 1; 5 Podem estar lá eventualmente; não, subsistir indefinidamente. 

A relação de Israel com Deus no Velho Testamento tinha um componente geográfico especial, uma vez que a nação fora libertada do Egito visando a Terra Prometida. Então, alienados de sua terra sentiam-se também, separados de Deus. De modo que, quando seus algozes pediam que eles cantassem hinos em Babilônia, no cativeiro, recusavam. “Pois lá aqueles que nos levaram cativos nos pediam uma canção; os que nos destruíram, que os alegrássemos, dizendo: Cantai-nos uma das canções de Sião. Como cantaremos a canção do Senhor em terra estranha?” Sal 137; 3 e 4 

O Novo Pacto, entretanto, visa uma relação “Em espírito e verdade” o que prescinde de endereços e demanda essas duas qualidades alistadas. Uma definindo o âmbito da atuação; “em espírito” outra, o método: “em verdade”.

Quem orbita ambientes cristãos com motivos mesquinhos, egoístas, o faz na carne, segundo a natureza; a verdade lhe não convém, pois, para tal, resulta em denúncia contra a hipocrisia, uma vez que, assim se comporta.

Talvez, seja menos infeliz o que fraqueja, erra e abandona, circunstancialmente, a casa do Pai, que outro que acostumou a viver sob máscaras e perdeu a noção do que significa estar em Cristo. 

O extraviado errante cuja consciência ainda o adverte pode, como o pródigo, cair em si, reencontrar a casa paterna via arrependimento, perdão; O cascudo escondido na congregação não passa de um escravo do pecado carente de filiação Divina.

Como a herança será repartida entre os filhos, a esse nada caberá. A falta de noção sobre valores, fatalmente o fará viver uma existência que não vale nada. 

segunda-feira, 18 de maio de 2015

O lugar das coisas

“Como joia de ouro no focinho de uma porca, assim é a mulher formosa que não tem discrição.” Pv 11; 22

É lugar comum no meio cristão dizer: “tudo tem seu tempo determinado”. Mesmo os que desconhecem as Sagradas Letras costumam também preceituar paciência, submissão ao tempo para obter o que se espera.

Entretanto, se todas as coisas estão fadadas a ocuparem certo “nicho” no tempo, não podemos ignorar que, a cada uma existe também uma adequação espacial. A reflexão supra aloca algo precioso, uma joia, em ambiente imundo, o focinho de uma porca, o que se mistura à lama, para ensinar que, além de tempo, cada coisa deve adequar-se ao espaço que lhe é coerente para fazer sentido sua existência. É precisamente sobre isso que quero refletir; o lugar das coisas.

Incidentalmente cito uma frase de Spurgeon: “Uma coisa boa não é boa fora do seu lugar.” Bastam dois ou três exemplos para, mesmo a mente mais simples concluir que se trata de uma verdade incontestável.

Cabelos, por exemplo são uma coisa boa? A resposta parece óbvia, uma vez que muitos buscam tonificá-los evitando sua queda, e, os mais abastados fazem até implantes quando começam a cair. Contudo, achemos um fiozinho apenas em nossa comida, e veremos quão má se torna essa coisa boa. Aqueles que possuem uma ortografia mais esmerada, certamente identificam o “mal” que faz uma boa letra usada sem a devida destreza; o mundo virtual está cheio de gente que, ou não sabe, ou, pouco se importa em escrever incorrendo em erros crassos. 

Os pneus dos automóveis igualmente são coisas boas, indispensáveis até; mas, coloquemos um no lugar do volante, por exemplo, presto se tornará um mal; etc.

Cheias estão as páginas bíblicas de exemplos de pessoas que almejaram lugares que lhes não pertencia. Adonias quis o reino que era de Salomão; Saul a função que era de Samuel, quando, temerariamente ofertou sacrifícios invés de esperar pelo profeta; Davi colheu muitas desgraças ao usurpar o lugar de Urias cobiçando a esposa daquele; Geazi ficou leproso por falar em lugar de Eliseu coisas que contrariavam ao caráter santo do profeta; Uzias colheu o mesmo mal ao confundir atribuições de rei com as de sacerdote; etc. Uma expressão moderna que a esse vício define é: Sem noção.

Desgraçadamente, quando alguém erra seu lugar, na maioria das vezes se coloca mais alto que deveria. O Mestre ensinou: “Quando por alguém fores convidado às bodas, não te assentes no primeiro lugar; não aconteça que esteja convidado outro mais digno do que tu; e, vindo o que convidou a ti e a ele, te diga: Dá o lugar a este; então, com vergonha, tenhas de tomar o derradeiro lugar. Mas, quando fores convidado, vai, assenta-te no derradeiro lugar, para que, quando vier o que te convidou, te diga: Amigo, sobe mais para cima. Então terás honra diante dos que estiverem contigo à mesa.” Luc 14; 8 a 10 Assim, se errarmos nosso assento, que seja para baixo.

Embora para o filósofo Ortega Y Gasset, o “homem é o homem e suas circunstâncias”, para a Bíblia, é o homem e seu caráter, evidenciado pelo exemplo, pelo agir, metaforizado como, fruto. “Por seus frutos os conhecereis. Porventura colhem-se uvas dos espinheiros, ou figos dos abrolhos? Assim, toda a árvore boa produz bons frutos, toda a árvore má produz frutos maus.” Mat 7; 16 e 17

Afinal, o lugar original do homem no propósito Divino era em comunhão com o Criador; e, antes de se tornar um “sem noção” como hoje, soube após pecar, que era indigno da Face de Deus; com medo, se escondeu. Sabia que santo e profano são excludentes.

Hoje, infelizmente, muitas e muitas porcarias são ditas e feitas “em nome de Jesus”, como se, o Salvador Bendito tivesse pago tão alto preço para acariciar nossas paixões malsãs. Paulo tinha uma ideia mais saudável do lugar das coisas, pois, disse: “Todavia o fundamento de Deus fica firme tendo este selo: O Senhor conhece os que são seus; qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniquidade.” II Tim 2; 19

Embora, grosso modo, se equacione por aí, “Santo” com intercessor pós morte, quiçá, milagreiro, para a bíblia é um que se consagra, separa, ainda em vida, das coisas profanas. “Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque, que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas?... Por isso saí do meio deles, apartai-vos, diz o Senhor; não toqueis nada imundo, e eu vos receberei;” II Cor 6; 14 e 17

Ninguém é obrigado a optar pelo precioso; mas, se o fizer, que se afaste da lama.

sábado, 4 de abril de 2015

O "argumento" da calúnia

“O sábio teme, e desvia-se do mal, mas o tolo se encoleriza, e dá-se por seguro.” Prov 14; 16 

Temos duas reações ante o mal; uma do que evita desvia-se; outra, do que se irrita com a correção e se sente seguro. Qualquer pessoa medianamente informada sabe que, o uso da violência, da agressão onde deveríamos usar argumentos, é admissão de culpa, ou, de falta de argumentos. 

O senhor sofreu na face um “argumento” assim. “E, tendo dito isto, um dos servidores que ali estavam, deu uma bofetada em Jesus, dizendo: Assim respondes ao sumo sacerdote? Respondeu-lhe Jesus: Se falei mal, dá testemunho do mal; e, se bem, por que me feres?” Jo 18; 22 e 23  Vemos que, o uso da violência, da agressão onde faltam argumentos é um mal bem idoso. 

O medíocre discute pessoas. O comum discute fatos. O sábio discute idéias.” Pv chinês. O que Salomão achara tolo, para os chineses é um medíocre, o que não melhora em nada. 

Tais pecadores tentam se lavar com água suja; digo, justificarem eventuais erros ancorados em presumidos erros alheios. Assim, os corruptos do PT caçam desesperadamente corruptos de outras siglas, como se, achando-os, lhes justificasse. 

Não que sejamos perfeitos, mas, nos apedrejam de longe, desqualificando via textos, imputando-nos coisas que desconhecem, frutos de sua maldade, não, de fatos. Sentem “nojo” de quem ensina; se, tal, em algum aspecto os contrariar. 

Paulo, o grande apóstolo passou por algo semelhante. Cara a cara o temiam, mas, de longe o acusavam. “Porque, ainda que eu me glorie mais alguma coisa do nosso poder, o qual o Senhor nos deu para edificação, e não para vossa destruição, não me envergonharei. Para que não pareça como se quisera intimidar-vos por cartas. Porque as suas cartas, dizem, são graves e fortes, mas a presença do corpo é fraca, e a palavra desprezível. Pense o tal isto, que, quais somos na palavra por cartas, estando ausentes, tais, seremos também por obra, estando presentes. Porque não ousamos classificar-nos, ou comparar-nos com alguns, que se louvam a si mesmos; mas estes que se medem a si mesmos, e se comparam consigo mesmos, estão sem entendimento.” II Cor 10; 8 a 12 

Então, quando a santidade é tanta que chega a sentir nojo de nossos pecados, é hora de conhecermos pessoalmente esses poços de virtude; entregar-lhes o púlpito e nos assentarmos para o devido banho de sabedoria e santidade. 

Duros tempos vivemos; onde o respeito sumiu, e a calúnia parece se equiparar aos fatos. Longe de mim esteja a presunção de não ter erros; mas, igualmente distante fique a ideia de hipocrisia, falta de caráter. 

Mas, Paulo, o mesmo que era valentão só por cartas vaticinou esses dias: “Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos. Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te.” II Tim 3; 1 a 5 

Sim, embora se diga por aí que são todos iguais, para Deus existem diferenças, “os bons”, na verdade, pecadores que se arrependem, e os réprobos que seguem agarrados aos seus erros; esses merecem desprezo enquanto não se arrependerem. “A cujos olhos o réprobo é desprezado; mas honra os que temem ao Senhor;...” Sal 15; 4 

Vemos que, o mesmo que despreza aos réprobos honra aos servos de Deus, não emparelha tudo como se fosse um balaio de gatos. Um servo de Deus não é dono da Verdade; mas, tem compromisso com ela, não com fingir hipocritamente visando agradar homens, como disse Pedro: “...Julgai vós se é justo, diante de Deus, ouvir antes a vós do que a Deus; porque não podemos deixar de falar do que temos visto e ouvido.” Atos 4; 19 e 20

Vivemos a geração sem noção, que foi descrita nos provérbios. “Há uma geração que é pura aos seus próprios olhos, mas, que nunca foi lavada da sua imundícia.” Prov 30; 12 

O triste disso tudo é que, quem ensina visando afastar do erro o faz por amor, mirando edificação e é tratado como arrogante, presunçoso, hipócrita.

Certas coisas, só  notamos o real valor quando faltam, como viu a beleza da casa paterna, o pródigo, só depois que estava entre os porcos. 

“O que justifica o ímpio, e o que condena o justo, tanto um como o outro são abomináveis ao Senhor.” Prov 17; 15 Quem tem compromisso com a verdade não faz uma coisa, nem outra, antes, enxerga a diferença entre ambos.

sábado, 7 de março de 2015

Cristianismo virtual

“O Senhor disse a Josué: Não os temas, porque os tenho dado na tua mão; nenhum deles te poderá resistir.” Js 10; 8 

O medo faz parte da constituição humana, dadas suas fraquezas, contudo, na direção de Deus, sob Sua proteção, suas razões deixam de existir; o fraco pode atuar como forte, desde que, não usurpe ao lugar do Todo Poderoso que o comissiona. 

Davi, sabedor disso, cantou: “Dá-nos auxílio na angústia, porque vão é o socorro do homem. Em Deus faremos proezas; porque ele é que pisará os nossos inimigos.” Sal 60; 11 e 12 Vão é o socorro do homem, disse. 

Ocorre-me parte de um poema declamado por Nelson Ned: “Um carente procura outro carente; um fraco se apóia em outro fraco, buscando encontrar um no outro, a felicidade que ambos não têm. O resultado disso é a queda, pois, estamos nos apoiando em algo frágil, sem sustentação em si mesmo.” 
Por isso, o salmista reitera: “É melhor confiar no Senhor do que confiar no homem.” Sal 118; 8 

Acontece que “somos fortes” na dependência, obediência ao Santo. Só não nos pode resistir aquele que Ele “dá, nas nossas mãos.” Tendemos a selecionar partes bíblicas das quais gostamos e omitir as que soam diferente. Assim, a bíblia deixa de ser a “Carta Magna” onde, nossos vícios e descaminhos são denunciados com amor, visando correção, restauração, para se tornar um filão imenso de promessas fáceis, que jamais serão cumpridas nas vidas dos que vivem um cristianismo de plástico, superficial, inconsequente. É medicinal como servir doçuras a diabéticos, espalhar promessas gráceis onde a carência é de correção  exortação. 

Quem é cristão, de fato, exercitado na palavra da justiça, acostumou-se a melhores manjares que esses “algodões doces” sem substância. A epístola aos Hebreus realça isso, aliás. “Mas o mantimento sólido é para os perfeitos, os quais, em razão do costume, têm os sentidos exercitados para discernir tanto o bem quanto o mal.” Heb 5; 14 

Então, esse festival de “facilidades bíblicas” Facebookianas colide com o discernimento, tal qual a mosca contra a vidraça. É salutar, claro! nos refugiamos de nossos medos no “esconderijo do Altíssimo”; mas, muitos  têm apenas maquiado lutas com o “ruge” da fantasia. 

O relacionamento com Deus é via de mão dupla. Vai e vem. As promessas Bíblicas exigem comprometimento de pretensos destinatários. “Com o benigno, te mostras benigno; com o homem íntegro te mostras perfeito. Com o puro te mostras puro; mas com o perverso te mostras rígido.” II Sam 22; 26 e 27 

Há um insano “gospelismo” na praça que “canoniza” tudo desde que, “em Nome de Jesus”. Há até adúlteros “góspeis” situações que conheço. Que gente sem noção!  

Todos pretendem ser de Deus; é ótimo. Entretanto, poucos se importam em investigar as implicações. Paulo foi bem didático escrevendo a Timóteo; disse: “Todavia o fundamento de Deus fica firme tendo este selo: O Senhor conhece os que são seus; qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniquidade.” II Tim 2; 19 

Afinal se nossos medos não fazem mais sentido ante inimigos que Deus nos deu na mão, tais, não são mais exércitos, como era no contexto de Josué. Quando o pecado jazia à porta de Caim e Deus ordenou a ele que o dominasse, a coisa se revelou missão impossível.

Mas, em Cristo, a missão foi cumprida cabalmente; aos que são Dele, delega poder para resistir às tentações e até ao tentador. “Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus.” Jo 1; 12 e 13

Quanto ao inimigo, diz: “Sujeitai-vos, pois, a Deus, resisti ao diabo e ele fugirá de vós.” Tg 4; 7 Assim, “nossa” força que põe o inimigo em fuga depende de nossa fraqueza, dependência; “Sujeitai-vos, pois, a Deus...”

Não que seja um erro desejar coisas boas a outrem via mensagens; antes, a Palavra mesmo ordena que abençoemos, mesmo aos inimigos. O escopo desse texto é o “cristianismo” de papel, control c control v de gente que copia sentenças sábias e espalha, enquanto em paralelo permite o concurso das escolhas tolas. 

Não estou nem aí para ser simpático, buscar “curtidas” ou algo assim. O Espírito que me move instiga a ser verdadeiro, se possível, medicinal. O que está em jogo não é a minha promoção; antes, estão muitas vidas que imaginam possível um cristianismo virtual, desprovido de virtude. 

Salvação é de graça, mas, não é pueril, demanda compromisso. “o que me der ouvidos habitará em segurança, e estará livre do temor do mal.” Prov 1; 33 

domingo, 8 de fevereiro de 2015

Médico bêbado

“Há uma geração que é pura aos seus próprios olhos; mas, que nunca foi lavada da sua imundícia.” Prov 30; 12 

Uma pecha atual mui difundida é chamar alguém de, sem noção. Se, atribuímos isso a um, qualquer, que mal avalia ações, palavras, quiçá, as consequências dessas, a Palavra de Deus expande a coisa de modo a atingir toda uma geração. Presunção de pureza disfarçando imundície. 

De onde se origina tamanha distorção? Ocorre-me uma frase de Henry Lacordaire: “O homem justo é honrado mede seus direitos com a régua de seus deveres.” Parece que o dito cujo é bom nesse negócio de ter noção.

Entretanto, a geração aludida nos Provérbios combina mais com a máxima de Charles Talley-Rand:"O mais lucrativo dos comércios seria comprar os homens pelo que valem e vendê-los pelo que julgam valer." O fato é que somos mui indulgentes para com nossas falhas, enquanto, severos com as alheias. 

A medicina age e receita medicamentos em função de um diagnóstico; o qual, deriva da leitura perspicaz dos sintomas; a alma enferma deveria saber ler esses indícios, caso, não fosse desprovida de noção. Muitos cometem coisas  abjetas e jactam-se: “Durmo com a consciência tranquila.” 

Nesses casos, a consciência, que está para a alma como o médico para o corpo, jaz, cauterizada entorpecida. Se alguém se submetesse à “análise” de um médico bêbado, não deveria estranhar se o tratamento agravasse, invés de sanar eventual doença. De igual modo, confiar no testemunho de uma consciência que, de tão habituada à mesquinhez, não sabe mais a diferença entre isso e bom caráter. 

Nossos caracteres não são corretamente mensurados em tempos de calmaria, antes, nos de revezes, quando as coisas  vão mal. A presumida integridade de tempo bom pode esvair-se ao assolar uma tempestade. 

Fiz pequena reforma em parte da casa, trocando o assoalho antigo por novo. Aparentemente nada de errado havia com o velho tablado; parecia suster tantos quantos coubessem no ambiente. Acontece que, fora atacado por cupins em tempos idos. Meu falecido pai estancara a praga, mas, o dano feito permaneceu na madeira. Mesmo parecendo íntegro num olhar superficial, não consegui tirar nenhuma tábua inteira; todas quebraram ao esforço da ferramenta, pois, sua inteireza era aparente, muitas, sequer para lenha prestaram. 

Assim se passa com muitas almas que ostentam presumido caráter, mas, fraquejam vergonhosamente à menor pressão da adversidade. Dessas dolorosas descobertas que vertem máximas como: “A ocasião faz o ladrão.” Na verdade não o faz; é só o “Pé de cabra”  que acaba revelando o dano dos cupins da cobiça. 

A excelência do caráter de Jó só foi revelado aos homens em meio a imensas agruras. Em seus dias prósperos só era visível ao Eterno. Sabendo de qual “matéria-prima” Seu servo era feito, O Santo permitiu que fosse testado às últimas conseqüências. 

Entretanto, aquilo que é patente ao Criador, muitos vezes nos está oculto. Assim, permite que sejamos testados, para que outros, e, sobretudo, nós, saibamos quais valores repousam em nossas almas. 

Isso quanto aos que professam crer no Senhor. Os que estão espiritualmente mortos, a preocupação primeira do Senhor é trazê-los à vida. 

Aos que afirmam Crer em Jesus, resta uma prova de fogo, como ensina Paulo: “Porque ninguém pode pôr outro fundamento além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo. Se, alguém, sobre este fundamento formar um edifício de ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, a obra de cada um se manifestará; na verdade o dia a declarará; porque pelo fogo será descoberta; o fogo provará qual seja a obra de cada um.” I Cor 3; 11 a 13 

Então, não basta temos a consciência em silêncio; antes, que esteja viva, mesmo quê, eventualmente, nos acuse de erros. Que respeito há no silêncio de um morto?

Claro que é fácil sermos “puros” aos nossos próprios olhos, mas, nosso padrão de pureza é outro; “Quem  rejeitar a mim e não receber as minhas palavras, já tem quem o julgue; a palavra que tenho pregado, essa o há de julgar no último dia.” Jo 12; 48 

Enfim, a pureza aos olhos Divinos necessariamente deriva dos preceitos de Sua palavra, como disse o salmista: “Com que purificará o jovem o seu caminho? Observando-o conforme  tua palavra.” Sal 119; 9 

Concluindo; pouco importa se gostamos disso ou daquilo, e nada vemos de mal em determinada postura. Se colide com os ensinos da Palavra é imundo aos olhos do Santo. “Tu és tão puro de olhos, que não podes ver o mal, a opressão não podes contemplar...” Hc 1; 13 

Muitas gerações abraçaram a perfídia, a violência, a luxúria; mas, nenhuma tanto quanto essa; seja nossa, pois, a advertência de Pedro: “Salvai-vos dessa geração perversa...”

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Os jovens não pecam



“Porquanto ouvimos que alguns que saíram dentre nós vos perturbaram com palavras, transtornaram as vossas almas, dizendo que deveis circuncidar-vos e guardar a lei, não lhes tendo nós dado mandamento; pareceu-nos bem, reunidos concordemente, eleger alguns homens e enviá-los com os nossos amados Barnabé e Paulo, homens que já expuseram as suas vidas pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo.” Atos 15; 24 a 26 

Esse incidente ocorrido no início da igreja encerra algumas coisas que vale considerar. Embora, os mais simplistas tendam a imaginar que, eventuais ameaças à marcha estejam do lado de fora, os divisores de então, “saíram dentre nós.” Quem está fora pode discordar, criticar, ignorar, mas, “lato sensu”, respeita a opção dos que creem.

Todavia, quando alguém de dentro, com espírito empreendedor, aventureiro, sem a luz necessária, decide “aperfeiçoar” o trabalho, temos problemas. 

Geralmente um neófito impetuoso, esse estágio, onde, os erros estão sempre nos outros. Sim, pecar exige certa maturidade; essa idade sóbria onde já não são os outros os culpados. Os novatos são perfeitos. 

Talvez, por isso, aos muitos predicados demandados para obreiros, Paulo tenha anexado esse: “Não neófito, para que, ensoberbecendo-se, não caia na condenação do diabo.” I Tim 3; 6 Parece que a tentação primeira do novato é a soberba.   

No exemplo supra, não os encontramos comissionados, enviados; antes, saíram espontaneamente, auto enviaram-se; foram “consertar” o trabalho alheio. Seu fruto? “Perturbaram com palavras”.  

Como é fácil investir-se em determinada empresa quando o “capital” necessário são apenas palavras! Todo mundo tem algo a dizer; desgraçadamente, quanto mais imbecil, mais falastrão. 

Salomão cotejou dois, aliás, o que tem “bala na agulha” e o que tem agulha apenas. “O que possui o conhecimento guarda as suas palavras, o homem de entendimento é de precioso espírito.” Prov 17; 27 Por outro lado, “O tolo não tem prazer na sabedoria, mas só em que se manifeste aquilo que agrada  seu coração.” 18; 2 

Ele tenta pacificar a distância entre ambos aconselhando ao segundo que exiba um traço, pelo menos, do primeiro. “Até o tolo, quando se cala, é reputado por sábio; o que cerra os seus lábios é tido por entendido.” 17; 28 Ocorre-me sempre, nesses casos, um provérbio indianos que diz: “Quando falares, cuida para que tuas palavras sejam melhores que teu silêncio.” As palavras destes sempre são piores; desconhecem limites. 

Entretanto, sua entrada às igrejas da Ásia para consertar erros ausentes acabou criando problemas que, agora sim, precisavam conserto. Seus enganos disseminados precisavam ser desfeitos. 

Os escolhidos e comissionados para a devida correção tinham  traços dignos de nota: “Homens que já expuseram as suas vidas pelo nome de Nosso Senhor Jesus Cristo”. Uma pequena diferença. Enquanto uns “reformadores” se dispõem a gastar palavras vãs pela causa, outros, ousam expor as vidas. Quais seriam dignos de crédito? 

Nesses dias de facilidades tecnológicas, cada um é rei no alto do castelo virtual coroado de presunção. Cheia está a “nuvem” de ensinos os mais absurdos e estúpidos. Hoje, sequer neófito precisa ser o sujeito, mesmo não convertido, pode espalhar amplamente sua “visão” poluindo o trabalho de homens sóbrios que trazem cicatrizes pela causa do Mestre.

Mas, como também lanço mão do universo virtual para difusão de gotículas de ensino, quem garante que não sou dos tais, mero paroleiro que investe só palavras no Reino? Ninguém. 

Isso está delegado ao paladar de quem lê; de ter, o tal, discernimento ou não depende o dirimir eventual dúvida. “Porventura o ouvido não provará as palavras, como o paladar prova as comidas?” Jó; 12; 11 As palavras daqueles produziram perturbação na igreja. E, “pelos frutos se conhece a árvore”. 

Ademais, quem vê a Obra de Deus sob o prisma da seriedade, responsabilidade, não se apresenta espontâneo; quando convocado teme, como fizeram Moisés, Isaías, Jeremias... Se, alguém logo se voluntaria para algo tão sério e perigoso, de duas uma: é mal intencionado, carreirista que vê a coisa como fonte de renda, vantagens, poder; ou, é um grande imbecil, sem noção. Em ambos os casos, nenhum serve. 

O Eterno não chama pessoas para darem trabalho; antes, para que façam o devido trabalho. 

Quando do Êxodo, veio junto uma mistura de gente que, à primeira adversidade seu anelo era volver ao Egito; desses se diz que deixaram ao Egito, mas, o Egito os não deixou. 

Na igreja também temos um “populacho” que diz ter abandonado aos “valores” do mundo, mas, quer “contribuir” com esses meios, uma vez que o mundo ainda está neles. 

Os sábios respondem à chamada de Deus de modo a não voltar atrás, como fez Eliseu quando Elias o buscou. Matou os bois e queimou as tralhas de arar, veio pra ficar. Meninos cansam cedo, e buscam brinquedos novos.

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Ocultação de cadáver



“E o mais moço deles disse ao pai: Pai dá-me a parte dos bens que me pertence. E ele repartiu por eles a fazenda. Poucos dias depois, o filho mais novo, ajuntando tudo, partiu para uma terra longínqua, ali desperdiçou os seus bens, vivendo dissolutamente.” Luc 15; 12 e 13.   

Geralmente pensamos no pródigo como sinônimo de erros do começo ao fim, salvo, quando “caiu a ficha”, chegou ao arrependimento e humilhou-se. Certo, não dá para advogar o que fez, exceto, se, para amenizar sua pena.

Todavia, uma coisa tinha, se, lhe faltava juízo; noção do ridículo, autocrítica. Já que estava decidido a “soltar a franga”, esbaldar-se na esbórnia, “partiu para uma terra distante”. Tanto seria ridículo ficar cantando loas à família, ao amor do Pai, bêbado no meretrício; quanto, trazer a bebida e as ditas “damas” para escandalizar a família. Afinal, a casa do Pai era local de respeito, trabalho, disciplina. Desse modo,  o fez ausente da vista dos seus.   

“Queres saber se os conselhos da noite são bons, pratique-os durante o dia”; disse o poeta Zeferino Rossa. Noutras palavras: Queres entender se são boas tuas resoluções? Pratique-as ante os olhos dos teus. O simples precisar esconder, já é íntima admissão de culpa. 

Lembro o exemplo de Moisés. “E olhou a um e a outro lado, vendo que não havia ninguém ali, matou ao egípcio e escondeu-o na areia.” Ex 2; 12 Antes do assassinato certificou-se que não haveria testemunhas; depois, ocultou o cadáver. Todavia, o próprio hebreu que defendera acabou acusando-o. 

A rigor, é impossível praticarmos algo sem que ninguém veja. Além de Deus, claro. Todo homem é tripartido; corpo, alma e espírito. Alma, fonte dos desejos; corpo, meio de expressão; o espírito, o árbitro que autoriza ou, veta as escolhas. A isso chamamos consciência. 

Quando tomamos uma decisão que, de antemão sabemos que devemos praticar em oculto, nossa alma rebelde está dizendo ao espírito que, decidiu fazer e pronto, não tá nem aí para a opinião do espírito. 

Quando Paulo evoca a lisura de sua alma chama o espírito como testemunha. “Em Cristo digo a verdade, não minto (dando-me testemunho a minha consciência no Espírito Santo): Rom 9; 1 Põe o espírito humano como testemunha ante ao Espírito Santo. Desse modo, nunca estamos sós a ponto de nossos atos não serem vistos por duas testemunhas, pelo menos; e testemunho de dois é válido no Tribunal Eterno. 

Quantas vezes presenciei pessoas saindo ao encontro dos vícios bradando: “Não quero nem saber!” Mas, quem estava fazendo saber que sua escolha era má, se, não havia censura externa? Estava direcionando sua “diatribe” contra si mesmo, contra os avisos da consciência. 

Então, aquele que oculta para praticar o erro, posto que errado, ao menos tem noção do ridículo, sua consciência ainda fala. Pior que esse é outro que, de tanto arrostar a  consciência na obstinação pelo mal, cauterizou-a; ela não “apita” mais. “Conservando a fé, e a boa consciência, a qual alguns, rejeitando, fizeram naufrágio na fé.” I Tim 1; 19 Vemos, pois, que o barco da fé não afunda se, ouvirmos e seguirmos nossas consciências, senão, já era. 

Contudo, aquilatando erros de caráter temos ainda um “upgrade”. Digo, se o sem noção que perdeu o senso do ridículo é pior que outrem que se esconde para pecar, o disfarçado, o hipócrita é ainda pior. Esse sabe que seu agir é errado, conhece que o ambiente não comporta; traveste-se de justo usando falsidade. O que chamamos, lobo em pele de ovelha. 

Infelizmente, esse é o tipo mais nocivo, e comum. Daria um dedo pela aceitação humana, sem deixar de fingir a aprovação Divina. Peca na casa do Pai, com suas prostituições de alma, disfarçadas. Isaías denunciou: “Ainda que se mostre favor ao ímpio, nem por isso aprende justiça; até na terra da retidão pratica a iniqüidade, não atenta para a majestade do Senhor.” Is 26; 10 

Muitas vezes acontecem rupturas violentas em congregações; sofremos porque irmãos que eram “uma bênção” partiram para “uma terra distante”. Não raro, é Deus higienizando o rebanho, banindo ao hipócrita para seu devido lugar. 

O Salmo primeiro ensina: “...os ímpios... são como a moinha que o vento espalha. Por isso, os ímpios não subsistirão no juízo, nem, os pecadores na congregação dos justos.” Sal 1; 4 e 5 Nem toda divisão se encaixa nesse perfil, mas, quando é assim, por dolorosa que pareça, é salutar. 

Em suma, se nossas vontades enfermas forem mais fortes que a consciência, não enganemos na casa do Pai, para que à nossa dissolução não acrescentemos a hipocrisia, a profanação.

Quem sabe, como o pródigo, depois que estivermos comendo com os porcos, a consciência volte a ter nossa atenção.