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sábado, 2 de maio de 2020

Política de Imigração


“... Temos uma cidade forte, onde Deus pôs a salvação por muros e antemuros. Abri as portas, para que entre nelas a nação justa, que observa a verdade.” Is 26;1 e 2

Outro dia, Francisco criticando aos Estados Unidos por pretender edificar muros fronteiriços disse: “Como alguém que se diz cristão constrói muros?”

O texto supra de Isaías é de antes da palavra “cristão” existir, e fala da “Cidade da Salvação” com muros e antemuros. Como alguém pode se dizer Papa sem conhecer à Palavra de Deus?

Ora, se, “Sem santificação ninguém verá ao Senhor” Heb 12;14 e essa implica em separação do profano; “... saí do meio deles, apartai-vos, diz o Senhor; não toqueis nada imundo, e vos receberei;” II Cor 6;17

Como teria a aludida cidade uma “política imigratória inclusiva,” onde todos pudessem entrar de qualquer maneira, se o “ingresso” foi pago com sangue inocente?

Nada mais abrangente que o Amor do Salvador; “vinde a Mim todos...” contudo, nada mais desafiador à santificação; “... tomai sobre vós o Meu Jugo e aprendei de mim...”

Só se entra pelas portas, não dá para pular o muro, e essas só se abrem a certo tipo de “imigrantes”; “Abri as portas, para que entre nelas a nação justa, que observa a verdade.”

Verdade não é essa coisa oca ao rés do chão, nivelada às meras opiniões, donde se diz que cada um tem sua verdade. É Absoluta, fiel, imutável, Eterna; “Santifica-os na Verdade; Tua Palavra é a Verdade.” Jo 17;17

Abraçar à A Palavra de Deus, longe de ser uma coisa pacífica, inclusiva, enseja conflitos, divisões, perseguições, ódio; “Dei-lhes Tua Palavra, e o mundo os odiou, porque não são do mundo, assim como Eu não Sou.” Jo 17;14

Subjacente aos pleitos políticos da terra dos homens, há uma milenar luta. Valores morais, espirituais estão entrelaçados às escolhas políticas que fazemos.

Os estatutos cristãos são precisos, restritivos, muros ao redor da cidade dos bons costumes. Os demais são inclusivos, diversitários, amorais, ecumênicos...

Por um lado, patriotas conservadores, com suas visões nacionalistas; Trump: “Make América Great again”; Bolsonaro: “Brasil acima de tudo...”

Por outro, globalistas, sendo as nações de maior relevância nesse viés, Rússia, França, China, com mais de uma centena de satélites, sob a batuta da ONU. No meio, o povo sendo cegado pela fumaça da mentira, mediante uma mídia majoritariamente prostituta a serviço do sistema.

Não se derive da ideia um reducionismo barato, como se, eu advogasse que, quem possui os bons valores não comete erros. Imperfeitos que somos, pecadores, mesmo escolhendo os melhores bens, ainda abraçamos males. 


Porém, quem opta pelos maus valores, só abraça males; mesmo quando “acerta” erra, por estar a serviço do Senhor das trevas, que será derrotado no fim. Mesmo boas obras em prol do senhor errado serão más no final, pois, se revelarão obras mortas alienadas do Senhor da vida; e a morte, inegavelmente é um mal.

Por isso, a primeira providência Divina rumo à salvação tem a ver com a vida, não com as obras; “... quem ouve Minha palavra, e crê Naquele que Me enviou, tem a vida eterna; não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida.” Jo 5;24

Daí que a Salvação obtida mediante O Sangue de Cristo nos vem pela fé na Sua Palavra; as boas obras são efeitos colaterais da mesma, sob patrocínio do Bendito Espírito Santo, dado aos salvos. Quando não, são apenas obras mortas.

Então, por causa do Zelo Santo do Senhor dos Senhores, a “Cidade da Salvação” demanda santificar-se em Cristo, para o ingresso. Fora Dele nada feito; nada vale essa balela inclusiva ecumênica de “Deus como você o concebe”; pois, se você o concebe é seu filho; como tal, não te poderá salvar; talvez precise que você o salve.

O Salvador colocou um Muro Eterno ao redor da Santa Cidade. “Eu Sou O Caminho A Verdade e a Vida; ninguém vem ao Pai Senão por Mim.” Jo 14;6

Contudo, ao “inclusivo” mor, serve de qualquer jeito. Como exigira santidade quem acostumou-se a viver no lixo? Qualquer um de qualquer modo lhe serve, estará “certo” se estiver alienado de Deus e Sua Palavra. Nada de muros! Nada de portas! Nada de jugo! É a esse que o mundo aplaude, óbvio. Globalista, panteísta, amoral e imoral.

Tende, o comodismo humano a escolher o fácil ao virtuoso; “Os asnos preferem palha ao ouro” Estobeu.

Fomos dotados de razão para fazermos melhores escolhas que os bichos. “... apresenteis vossos corpos em sacrifício vivo, santo, agradável a Deus, que é o vosso culto racional.” Rom 12;1

Escolher a porta estreita em detrimento da larga não se trata de masoquismo, mas saber onde cada uma leva.

segunda-feira, 16 de setembro de 2019

Ecumenismo; A Arca de não é

“Ainda tenho outras ovelhas que não são deste aprisco; também me convém agregar estas; elas ouvirão minha voz e haverá um rebanho e um Pastor.” Jo 10;16
O aprisco eram as pessoas que, então, ouviam e seguiam ao Senhor, O Bom Pastor. As outras ovelhas que não eram daquele redil, os demais convertidos em todas nações da Terra. Ele não os tinha ainda, estritamente, mas dada Sua Presciência que permite chamar “às coisas que não são como se já fossem” podia falar como falou.

Contudo, não poucos se apropriam indevidamente do texto para fazer dele um proponente do ecumenismo que, agregaria todas as “ovelhas” num só rebanho, sob a batuta de um pastor; o papa. Ele tem viajado o mundo fazendo concessões a todos; aos gays, aos evolucionistas, aos animistas, beijado pés de muçulmanos, dando ao Partido comunista da China ingerência sobre escolha de bispos por lá, etc.

O simples fato de ser necessário colocar a palavra, ovelhas, entre aspas, por si só já desmancha a ideia ecumênica como sendo interpretação válida para aquele texto.

O arranjo ecumênico teria no mesmo “rebanho”, os que creem na ressurreição, nós, e os reencarnacionistas; espíritas e algumas religiões orientais; os que creem num Deus Todo Poderoso, transcendente, fora da criação, e animistas panteístas que O creem imanente, presente nos meandros naturais; os que acreditam no Deus da Bíblia que manda orar pelos inimigos, e servos de Alá, cuja escritura manda matar aos “infiéis”; enfim, na mesma Arca estariam ao que temem a Deus, e os que endeusam vacas, macacos, elefantes; até o pênis, como na religião falicista. Os que chamam a bíblia de machista deveriam conhecer mais.

Portanto, pretender que esse texto e similares sejam apoios ao ecumenismo trata-se de crassa ignorância, ou grande safadeza.

O Olhar Divino não sofre a barreira das aparências, como o nosso, isso O faz divisar um simples lobo entre um milhão de ovelhas; como olharia Ele para essa bicharada diversa e veria um rebanho?

A fator agregador das ovelhas não é uma miscelânea de credos que, em nome do convívio harmônico concordariam em não discordar; antes, a voz do Pastor. “... elas ouvirão minha voz; haverá um rebanho e Um Pastor.”

Todos os que ouvem a Voz do Pastor, Sua Palavra, e obedecem, são ovelhas do único rebanho. Não importa o país onde vivam, nem a denominação onde congreguem.

Embora alguns sem noção idolatrem sua denominação (cheia de outros ídolos, aliás) dizendo que fora dela não há salvação, de outros que anunciavam a Cristo sem seguir com Ele e os discípulos, que alguns quiseram impedir Ele advertiu: “Deixai-os, não os impeçais, pois quem não é contra nós é por nós.”

Fora de Cristo não há salvação; “Eu Sou O Caminho A Verdade e a Vida; ninguém vem ao Pai senão, por Mim.” Jo 14;6

A Voz do Pastor, por radical que pareça ordenou que se fosse por todo o mundo pregando o Evangelho a toda a criatura, não implantar uma aquiescência multi-religiosa, nem a tolerância para com os errados de espírito, em detrimento dos Seus ensinos.

A “concessão” que O Eterno poderia fazer pela nossa salvação é infinitamente valiosa, imensurável; Seu Filho; mas é única. Ou cremos Nele para obediência ou pereceremos; “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu Seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha vida eterna.” Jo 3;16

Desde sempre ouvimos ditos das filosofias de boteco primando pela superioridade do ser, ao ter; da qualidade à quantidade. Se, para muitos de nós isso é apenas para ginástica da língua, para A Sabedoria Eterna a coisa é mesmo assim.

Daí a seriedade solene; “Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus;” Mat 5;8 “Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor;” Heb 12;14

O Eterno Fez a maior demonstração de amor e justiça no mesmo evento; o Calvário; mas, não fica após isso (do que somos indignos) fazendo concessões ao pecado, permitindo adendos à doutrina, nem instalando ar condicionado no inferno.

Desafia cada um que faça sua escolha de modo patente; “Disse-me: Não seles as palavras da profecia deste livro; porque próximo está o tempo. Quem é injusto faça injustiça ainda; quem está sujo suje-se ainda; quem é justo faça justiça ainda; quem é santo seja santificado ainda.” Apoc 22;10 e 11

Por um lado Seu amor é amplamente inclusivo; “Vinde a mim todos que estais cansados e sobrecarregados...” Mat 11;28 Por outro, Sua Justiça O faz rigoroso, seletivo; “ Os meus olhos procurarão os fiéis da terra, para que se assentem comigo; o que anda num caminho reto, esse me servirá.” Sal 101;6

domingo, 4 de novembro de 2018

A Fraqueza Forte

“Para que, segundo as riquezas da Sua Glória, vos conceda que sejais corroborados com poder pelo Seu Espírito no homem interior.” Ef 3;16

Paulo orando pelos efésios pedindo que eles recebessem poder, fortalecimento interior.

Vulgarmente a ideia de poder é a ascendência sobre o semelhante; embora, não seja a coisa mais aconselhável é o que o mundo busca; “Tudo isto vi quando apliquei meu coração a toda obra que se faz debaixo do sol; tempo há em que um homem tem domínio sobre outro, para desgraça sua.” Ecl 8;9

O escopo de um homem moral e espiritualmente sadio, em eventual investidura de autoridade sempre será de dever, não, poder. Mas, vimos na recente campanha eleitoral o quão subterrâneos certos entes podem ser em seu afã pelo poder.

Entretanto, em se tratando do homem interior, o poder empresta-se ao domínio próprio, não, ao domínio sobre terceiros. 

Embora o vulgo jacte-se de ser livre, fazer o que quiser, amiúde, é escravo dos vícios, e o melhor que consegue sem auxílio Divino é um tênue desejo por justiça, refém de uma vontade ímpia que o subjuga; “Porque sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; o querer está em mim, mas, não consigo realizar o bem. Porque não faço o bem que quero, mas, o mal que não quero.” Rom 7;18 e 19

Assim, o íntimo de muitos pecadores traz nuances nostálgicas da “Casa Paterna”, como o Filho Pródigo na amargura do auto-exílio. Um frágil desejo pela prática da justiça, por comportar-se como filho de Deus, que, sucumbe aos hábitos pecaminosos latentes na rebeldia carnal.

Sabedor disso, junto com a dádiva da salvação O Eterno anexou o “poder no homem interior”, no dito de Paulo; “A todos quantos o receberam, (a Cristo) deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no seu nome; Os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem do homem, mas, de Deus.” Jo 1;12 e 13

Muitos dizem: “Deus é Pai, não é Padrasto; também sou filho de Deus”. Será. A queda derivada do pecado foi da condição de filho, para a de criatura; de servo de Deus para escravo da corrupção; vejamos: “A ardente expectação da criatura espera a manifestação dos filhos de Deus. Porque a criação ficou sujeita à vaidade, não por sua vontade, mas, por causa do que a sujeitou, na esperança de que a criatura será libertada da servidão da corrupção, para liberdade da glória dos filhos de Deus.” Rom 8;19 a 21

Preso à corrupção, criatura; na regeneração de filhos por Cristo, liberdade, glória.

A filiação Divina demanda algumas coisas mais que palavras; “O filho honra ao pai, o servo ao seu senhor; se, Eu Sou Pai, onde está Minha honra? Se, Eu Sou Senhor, onde está Meu temor?...” Mal 16

O surgimento do homem interior capacitado a atuar como filho de Deus é imediato à conversão.

Porém, há um processo decorrente com humana participação, a santificação gradativa pelo abandono das práticas mundanas e aprendizado dos “pensamentos de Deus.” Essa prática nos fortalece para que, cada dia, mais próximos do Santo possamos pecar menos, andar em espírito mortificando aos apelos naturais.

Sócrates alegorizou o ser humano como sendo um “invólucro de pele contendo uma besta policéfala (de várias cabeças) e no alto um homenzinho”. Cada desejo malsão da humana natureza equivalia a uma cabeça do monstro; o homenzinho minúsculo tipificava a razão; normalmente impotente diante da voracidade da besta das paixões.

Pois bem, cambiemos a razão pelo homem espiritual após a conversão, e aquele homenzinho que, segundo Paulo até podia desejar as coisas certas, embora, não as pudesse praticar, agora, na “academia do Espírito” virou um “sarado”; foi capacitado a enfrentar o monstro das paixões perversas, pois, foi graciosamente fortalecido no homem interior.

Ironicamente ele não é fortalecido “puxando ferros”, antes, negando-se, enfraquecendo aos apelos naturais para ser potencializado nos predicados espirituais; “Por isso sinto prazer nas fraquezas, injúrias, necessidades, perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Porque quando estou fraco, então, sou forte.” II Cor 12;10

Essa “fraqueza” que faz aos “boinas verdes” espirituais. “Melhor é o que tarda em irar-se do que o poderoso, o que controla o seu ânimo do que aquele que toma uma cidade.” Prov 16;32

Assim, o fortalecimento espiritual faz ao agraciado dominador sobre os próprios desejos, capaz de viver segundo Deus. Quanto aos “poderosos” naturais, podem reger um império, enquanto são escravizados pelos vícios e vontades perversas.

O mais terrível dos feitores é o ego; não há homens livres onde ele habita. “Se alguém quiser vir após mim, negue a si mesmo; tome cada dia a sua cruz, e siga-me.” Luc 9;23

domingo, 1 de abril de 2018

O Intercessor

Livrará até ao que não é inocente; será libertado pela pureza das tuas mãos.” Jó 22;30

Elifaz conselheiro eventual de Jó, que, por incapaz de entender o que se passava fez uma leitura do ser, a partir do estar; julgou os méritos de Jó pelas circunstâncias. Como eram sobremodo dolorosas concluiu que ele deveria ter pecados graves, dos quais, o acusou. Depois, exortou-o a que se voltasse pro Criador, pois, assim, “Orarás e Ele te ouvirá...” v 27 livrará até ao culpado por causa da pureza das tuas mãos. Disse.

Malgrado os seus achômetros infelizes, nessa parte ele estava certo; isto é; a eficácia de uma intercessão depende da aceitação do intercessor. Tiago reiterou isso com outras palavras: “... A oração feita por um justo pode muito em seus efeitos.” Tg 5;16

Isso se verificou então, pois, quando O Eterno resolveu se manifestar ordenou que os amigos de Jó oferecessem sacrifícios de arrependimento; o desventurado e enfermo Jó oraria por eles, pois, apenas sua intercessão seria aceita. “Tomai sete bezerros e sete carneiros; ide ao meu servo Jó, e oferecei holocaustos por vós; meu servo Jó orará por vós; porque a ele aceitarei, para que eu não vos trate conforme vossa loucura; porque não falastes de mim o que era reto como meu servo Jó.” Cap 42;8

Interessante que, diretamente nenhum deles falou contra Deus, antes, contra Jó; no entanto, as afrontas com as quais o afrontaram O senhor tomou sobre si; “... não falastes de mim o que era reto...”

Que humilhação para os presunçosos que, apenas por estar vendo a prova de fora acharam que isso os fazia melhores!! Nunca leiamos a espiritualidade de alguém pelas dores que sofre, não é esse o aferidor. Muitas vezes, quanto mais perto do Senhor alguém está, mais facilmente será alvo dos ataques malignos; isso se deu com O Próprio Senhor encarnado, com Paulo, Estevão, os apóstolos...

Paulo após escapar de um naufrágio na ilha de Malta foi acometido por uma vibra, pensaram os nativos que Deus o odiava e perseguia para matar; nada sofrendo foram para o outro lado supondo-o, um deus. Nem uma coisa nem outra. Sofria consequências adversas da vida como todos, mas, Deus era com ele.

Embora o Evangelho traga o ensino cristalino de que, na conversão passamos da morte para a vida, os pregadores da moda ensinam que na adesão às suas mandingas se passa do desemprego para o labor; da solidão para o casamento, da pobreza para a prosperidade, etc.

Além de passarmos da morte para a vida passamos da situação de inimigos de Deus, para a sina ditosa de filhos adotivos; se, isso não garante que não veremos adversidades, assegura a contínua presença do Santo conosco. “Quando passares pelas águas estarei contigo; quando, pelos rios não te submergirão; quando passares pelo fogo não te queimarás, nem, chama arderá em ti.” Is 43;2

Embora o contexto refira-se à nação de Israel, os que, graças ao Sangue Bendito do Messias de Israel também herdam a nobre posição de servos de Deus, por certo contarão com a mesma proteção fiel; O Santo não muda.

Quando Elifaz mencionou à pureza das mãos do intercessor, por certo usou uma figura de linguagem para ilustrar a retidão do caráter. Pode que, tenha aludido ao hábito de se impor as mãos ao orarmos.

No entanto, nesse caso, tanto a pureza do intercessor pode ser comunicada, quanto, a impureza daquele no qual se impõe as mãos. Paulo ensina: “A ninguém imponhas precipitadamente as mãos, nem participes dos pecados alheios; conserva a ti mesmo puro.” I Tim 5;22

Há duas situações distintas: Quando imponho mãos sobre um pecador e oro por ele identifico-me com suas necessidades; porém, se imponho as mãos separando alguém para o ministério, identifico-me com o caráter do separando; caso esteja em situação indigna, minha precipitação me fará partícipe dos pecados dele. Daí, a prudência prescrita: “Não participes dos pecados alheios.”

Mas, “Olhando Deus para a Terra não viu nenhum justo, sequer.” Quem seria intercessor por nós? “Porque nos convinha tal, sumo sacerdote, santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores, feito mais sublime que os céus.” Heb 7;26

Ele, Cristo é o que livra aos culpados por causa da pureza das suas mãos. O Único Intercessor; “Porque há um só Deus; um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem.” I Tim 2;5 Permitiu que Sua Mãos Santas fossem transpassadas, para que nossas vidas ímpias fossem santificadas.

Identificou-se com nossas dívidas pagando-as por nós; chama-nos agora à identificação com Seu caráter, a novidade de vida, a santificação.

Lava-nos, para que, limpos, possamos ajudar outros que carecem conhecê-lo também. E, “... Os limpos de coração verão a Deus.”

domingo, 3 de dezembro de 2017

Diamantes em risco

“Acabando tudo isto, todos os israelitas que ali se achavam saíram às cidades de Judá e quebraram estátuas, cortaram bosques e derrubaram os altos e altares por toda Judá e Benjamim, como também, em Efraim e Manassés, tudo destruíram;” II Crôn 31;1

Ezequias subira ao trono com 25 anos e herdara um cenário de apostasia. O templo em ruínas, dezenas de cultos alternativos, idólatras, espalhados por Israel; uma verdadeira desolação.

Seus primeiros atos foram na direção de restauração do relacionamento com Deus. Recuperação do Templo em seus estragos, santificação das coisas sagradas que foram profanadas, celebração da páscoa, restabelecimento da ordem sacerdotal, culto e louvores ao Senhor.

Houve duas “quebras de protocolo” que O Eterno permitiu, dadas as circunstâncias. A páscoa deveria ser celebrada no primeiro mês; todavia, “O rei tivera conselho com os seus príncipes e toda a congregação em Jerusalém, para celebrarem a páscoa no segundo mês. Porquanto não a puderam celebrar no tempo próprio, porque não se tinham santificado sacerdotes em número suficiente e o povo não se tinha ajuntado em Jerusalém.” Cap 30;2 e 3

Depois, “havia muitos na congregação que não se tinham santificado... Ezequias orou por eles, dizendo: O Senhor, que é bom perdoa todo aquele que tem preparado seu coração para buscar o Deus de seus pais, ainda que não esteja purificado segundo a purificação do santuário. Ouviu o Senhor a Ezequias e sarou o povo.” VS 17;a 20

Vemos, pois, que arrependimento, contrição valem mais diante de Deus que outras coisas, que, mesmo tendo sido ordenadas como necessárias, em circunstâncias especiais tornam-se assessórias, desde que, o vital, o Temor do Senhor seja preservado.

Entretanto, é o Temor do Senhor que leva Seus servos a banirem a ideia de cultos híbridos; isto é; misturados com crenças, imagens, ritos que O Eterno não ordenou. Por isso, uma vez sarados por Deus, perdoados e aceitos, os hebreus arrependidos voltaram às suas terras e quebraram estátuas, destruíram altares que usavam quando estavam alienados do Santo.

Já li diatribes de vários padres contra protestantes no que tange ao culto de imagens dizendo em sua defesa que Deus mandou fazer dois querubins sobre a Arca da Aliança, e uma serpente de bronze. Portanto, segundo eles, o culto de imagens é válido desde que seja para O Senhor. É verdade; Ele mandou fazer isso e foi obedecido.

Porém, também mandou o seguinte: “Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque Eu, o Senhor teu Deus, sou zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos, até terceira e quarta geração daqueles que me odeiam.” Ex 20;4 e 5

Quer dizer que segundo a hermenêutica desses sacerdotes, o que Deus mandou fazer vale, mas, o que mandou NÃO FAZER, aí não precisa ser obedecido?

Note no texto acima que O Senhor equaciona o culto às imagens com odiá-lO. “visito a iniquidade... daqueles que me odeiam.” Mesmo que as pessoas digam que suas imagens são para cultuar a Deus Ele interpreta isso como ódio, pois, são deuses alternativos que acabam tomando um lugar que é exclusivo, Dele. “Eu Sou o Senhor; este é Meu Nome; minha glória, pois, a outrem não darei, nem meu louvor às imagens de escultura.” Is 42;8 “...nada sabem os que conduzem em procissão suas imagens de escultura, feitas de madeira, e rogam a um deus que não pode salvar.” Is 45;20

Não se trata de competição religiosa, isso não leva a lugar nenhum. Antes, tem ver com luz x trevas; verdade x mentira; salvação x perdição; vida ou morte.

Sem essa que todos os caminhos levam a Deus, que cada um O ama do seu jeito. Ele só reconhece um jeito de ser amado: “Se me amais, guardai os meus mandamentos.” Jo 14;15

É certo que os dez mandamentos nos ensinos de Cristo foram reduzidos a dois; amar a Deus sobre tudo, e ao próximo. Todavia, como amaremos a Deus colocando entre nós e Ele algo que Ele odeia?

A idolatria não se restringe ao culto de imagens; avareza, ídolos humanos; qualquer coisa que usurpe o lugar exclusivo do Senhor. A sentença do Apocalipse é categórica: “Ficarão de fora... os idólatras...” Apoc 22;15

Meu alvo não é ferir suscetibilidades, antes, iluminar; não é competir, mas, exortar para que você não fique de fora.

Aos erros pretéritos Deus perdoa, apaga; desde que haja uma mudança como nos dias de Ezequias. Senão, aqueles que se apegam mais à religião que à vida jogam no lixo o que é precioso, como um louco usando diamantes numa funda.

sábado, 25 de novembro de 2017

A Eterna Audiência

“Ah, se soubesse onde o poderia achar! Então me chegaria ao seu tribunal. Exporia ante Ele minha causa; minha boca encheria de argumentos.” Jó 23;3 e 4

O angustiado Jó no meio da dura prova desejando uma audiência com O Eterno para “encher a boca de argumentos”. Quantas vezes, ante um mero mortal como nós, ensaiamos o discurso, e, chegado o momento fraquejamos, tememos e não falamos o que pensávamos?

Não sei se o afã das expectativas precipitadas “realiza” nossas íntimas intenções além de nosso poder, ou, se, a presença de outrem soa ameaçadora, bem mais que a hipótese da presença; o fato é que, como dizia Joelmir Beting, “na prática a teoria é outra”.

Noutras palavras, nem sempre o que planejamos dizer ou fazer, levamos a efeito conforme o projeto, quando a ocasião se apresenta.

Há certa fanfarronice em nossas almas que encoraja-nos a saltos que a realidade costuma mostrar maiores que nossas pernas.

Não ignoramos a retidão do patriarca Jó, atestada inclusive pelo Senhor; tampouco, que sua dor era demasiado grande; em momentos assim, qualquer ninharia que soe a lenitivo serve, inda que seja um devaneio sem nexo.

Pois bem, algum tempo e muitas queixas após, o Criador concedeu a desejada audiência. “Depois disto o Senhor respondeu a Jó de um redemoinho, dizendo: Quem é este que escurece o conselho com palavras sem conhecimento? Agora cinge teus lombos, como homem; perguntar-te-ei, e tu me ensinarás.” Cap 38;1 a 3

Refinada ironia na fala do Senhor; “Eu perguntarei e tu me ensinarás”. Essa “troca de lugares” entre Criador e criatura é humilhante demais; porém, se O Senhor fizesse outra vez ante os “sábios” da atual geração onde nada é como é, o sexo biológico, a criação, nem os valores, enfim, talvez um dos nossos “ensinasse” ao Eterno.

As perguntas atinentes às obras da Criação não demandavam uma resposta; antes, era um exercício retórico para situar devidamente a distância abissal entre nós, meros mortais, e O Todo Poderoso.

Essa lonjura é tal, que, nossas justiças ou injustiças não o beneficiam nem prejudicam, estritamente; como dissera um dos amigos de Jó; ainda que Ele se importe com nossas escolhas pelos valores que ama. “Se pecares, que efetuarás contra Ele? Se, tuas transgressões se multiplicarem, que lhe farás? Se, fores justo, que lhe darás, ou que receberá Ele da tua mão? A tua impiedade faria mal a outro tal qual tu; a tua justiça aproveitaria ao filho do homem.” Cap 35;6 a 8

Na verdade Jó tivera sua audiência sim. Enchera sua boca de argumentos, pois, tudo que dissera aos seus amigos fora ouvido pelo Eterno. Se, no aspecto horizontal, o relacionamento interpessoal era mesmo justo, ante O Senhor era só mais um pecador; pois, até quando argumentava, por falar ousado do que não entendia, falhava.

Então, iluminado em parte refez sua defesa, na verdade, desfez; “Eis que sou vil; que te responderia eu? Minha mão ponho à boca. Uma vez tenho falado e não replicarei; ou, ainda duas vezes, porém, não prosseguirei.” Cap 40;4

O Senhor prosseguiu ainda; por fim, Jó só pode reconhecer o “upgrade” de seu conhecimento espiritual e sua pequenez; “Bem sei eu que tudo podes, que nenhum dos teus propósitos pode ser impedido. Quem é este, que sem conhecimento encobre o conselho? Por isso relatei o que não entendia; coisas que para mim eram inescrutáveis, e que eu não entendia. Escuta-me, pois, eu falarei; eu te perguntarei e tu me ensinarás.” Cap 42;2 a 4

Enfim, repostas as posições; eu perguntarei, Tu me ensinarás. Como diria o corrupto aquele, “Tudo está no seu lugar, graças a Deus.”

O mesmo se aplica a nós. Quanto mais perto estivermos de Deus, mais O tememos, confiamos, mesmo que as coisas saiam diversas do desejado. Essa aproximação deveria assustar, dada a Sua Excelsa Majestade; porém, como nos recebe por filhos, nos ama, temendo-O, isto é; honrando-O, reverenciando-O, nada mais a temer.

Nosso dia a dia, quer queiramos, quer não, é uma contínua audiência ante Ele. O que dizemos e fazemos são nossos argumentos em defesa das vidas; tudo arquivado. “Então aqueles que temeram ao Senhor falaram freqüentemente um ao outro; o Senhor atentou e ouviu; um memorial foi escrito diante dele, para os que temeram-no, para os que se lembraram do seu nome.” Mal 3;16

Jó melhorou sua postura junto com o aumento do conhecimento, de ouvir falar para “ver” Deus. Nós carecemos crer no que ouvimos; Sua Palavra; nos deixarmos por ela moldar, para, enfim, vermos O Santo. 

“Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus”. Mat 5;8 “Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual, ninguém verá o Senhor;” Heb 12;14

domingo, 21 de agosto de 2016

Noturnas reflexões

“Porque a sua ira dura só um momento; no seu favor está a vida. O choro pode durar uma noite, mas, a alegria vem pela manhã.” Sal 30;5

Quantas vezes ouvimos, ou, citamos esse texto quando nos parece oportuno, sem, contudo, refletirmos um pouco sobre ele. Primeiro, menciona dois estados emocionais Divinos; ira e favor. Depois, duas reações humanas; choro e alegria.

Não carecemos muita perspicácia para notarmos que se trata de um relacionamento de Deus com Seus filhos, ainda que, eventualmente, rebeldes. “Porque o Senhor corrige o que ama, açoita a qualquer que recebe por filho.” Heb 12;6 e, “Eu repreendo e castigo a todos quantos amo; sê pois zeloso, arrepende-te.” Apoc 3;19

Não significa, isso, que a maldade de outros que ainda não são filhos de Deus não entre em conta. Acontece que, Deus não é Deus de mortos, e essa é, infelizmente, a situação daqueles que O ignoram, ou, mesmo mencionando-O, eventualmente, não ousam se comprometer com o conhecimento e obediência da Sua Vontade.

Paulo fez distinção entre dois tipos de tristeza; um, pelo fato de ter falhado em alcançar o padrão Divino em nosso modo de viver, que definiu como, tristeza segundo Deus; outro, pela mera frustração de anseios naturais, a tristeza segundo o mundo. “Agora folgo, não porque fostes contristados, mas, porque fostes contristados para arrependimento; pois, fostes contristados segundo Deus; de maneira que por nós não padecestes dano em coisa alguma. Porque a tristeza segundo Deus opera arrependimento para a salvação, da qual, ninguém se arrepende; mas, a tristeza do mundo opera a morte.” II Cor 7;9 e 10

Assim, os arrependidos que passam pela “noite” entristecidos, são os que, à Face Bendita do Favor Divino encontrarão a alegria ao amanhecer. 

A noite, entretanto, não se refere estritamente a um período entre dois dias, como conhecemos, antes, é uma noite espiritual, que dura o tempo necessário para que reconheçamos nossas culpas, delas nos arrependamos, e venhamos a confessá-las em busca do perdão. Só então, O Senhor fará “resplandecer Seu rosto” sobre nós, e veremos as nuances áureas da Sua graça.

Isso se dá muitas vezes, não é algo que acontece de uma vez por todas, antes, é um gradativo processo de abandono do pecado, que chamamos, santificação. A noite dos ímpios, indiferentes, é sem aurora, a dos “justos” vislumbra a esperança. “O caminho dos ímpios é como a escuridão; nem sabem em que tropeçam... Mas, a vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito.” Prov 4;19 e 18

Nem todos as noites, contudo, derivam de consequências de pecado. Há permissões Divinas que nos colocam à prova para nos infundir têmpera espiritual, edificar nossa fé, como se deu com Jó, por exemplo, cujos sofrimentos advieram mediante inveja caluniosa do inimigo, não, desvios de caráter dele. Para esses casos, de escuridão total, O Nome do Senhor, Seu Caráter, integridade, são a “Luz” que nos permite andar, mesmo no escuro. “Quem há entre vós que tema ao Senhor e ouça a voz do seu servo? Quando andar em trevas, não tiver luz nenhuma, confie no nome do Senhor, firme-se sobre o seu Deus.” Is 50;10

Abraão não tinha, então, 1% da Revelação de Deus temos, os que conhecem Sua Palavra, entretanto, em seu momento de angústia temendo pela vida do sobrinho que viu ameaçada, “apostou todas as fichas” no Caráter de Deus: “Não faria justiça o Juiz de toda a Terra?” Gn 18;25

Assim, sendo O Eterno de Caráter Santíssimo, e, “grandioso em perdoar” como disse Isaías, mesmo estando na noite, os servos fiéis estão sendo abençoados, ainda que, só percebem isso depois. Porém, quando a “noite” deriva de más escolhas, rebelião, desobediência, o Espírito Santo, posto que, entristecido, ainda habita em nós, nos fará entender o motivo da tristeza.

Esses cultos rasos onde toda noite trazem as “revelações de Deus” não passam de fogo estranho, faíscas humanas acendidas por gente que inda não conhece ao Santo. Isaías aponta um fim desastroso a esses incendiários espúrios. “Eis que todos vós, que acendeis fogo, vos cingis com faíscas, andai entre as labaredas do vosso fogo, entre as faíscas que acendestes. Isto vos sobrevirá da minha mão, e em tormentos jazereis.” Is 50;11


Enfim, qualquer que seja a causa da noite, ela não pode ser abreviada com artifícios humanos; mas, Aquele que ordenou a separação entre a luz e as trevas e foi obedecido, a Ele cabe chamar a aurora sobre nossas vidas.

Você que está no meio da noite, pois, tire o melhor que puder da tristeza, como uma fruta verde tira das seivas da Terra, para produzir, em tempo, a doçura da maturidade.

segunda-feira, 25 de abril de 2016

A Bênção das Aflições

“Tira da prata as escórias, e sairá vaso para o fundidor;” Prov 25;4

Parece óbvio que o intento do sábio não é ensinar como se purifica prata, uma vez que era sobejamente conhecido, então; antes, usar tal processo como metáfora para purificação humana. Assim, poderíamos parafraseá-lo: “Tira do coração as más inclinações, e nascerá um filho para Deus.”

A ideia inicial de usar a figura relativa ao homem, vem de antes de Salomão. Davi, seu pai, usara também: “Pois tu, ó Deus, nos provaste; tu nos afinaste como se afina a prata.” Sal 66;10 Isaías expressou em que consiste o “fogo” de tal purificação; “Eis que já te purifiquei, mas não como a prata; escolhi-te na fornalha da aflição.” Is 48;10

O mesmo Davi, para ilustrar a pureza da Palavra de Deus, refinou ao extremo, o referido metal. “As palavras do Senhor são palavras puras, como prata refinada em fornalha de barro, purificada sete vezes.” Sal 12;6

Finalmente, Malaquias, aludindo à vinda do Salvador, tendo como mote a purificação, ampliou a figura: “Mas, quem suportará o dia da sua vinda? Quem subsistirá, quando ele aparecer? Porque ele será como o fogo do ourives, como sabão dos lavandeiros. Assentar-se-á como fundidor e purificador de prata; purificará os filhos de Levi, os refinará como ouro, como prata; então, ao Senhor trarão oferta em justiça.” Mal 3;2 e 3

Diferente de certos pregadores da moda, cuja ênfase recai sobre a oferta, a Palavra de Deus o faz sobre a pureza. Sem essa, mesmo as ofertas resultam impuras. Aliás, a própria oração, daquele que recusa a obedecer é reputada como desprezível. “O que desvia os seus ouvidos de ouvir a lei, até a sua oração será abominável.” Prov 28;9

Mas, como se retirava as escórias dos metais preciosos? Eram levados ao fogo, derretido em vasilhas refratárias, os cadinhos, na superfície formava-se uma escuma de impurezas que era removida com uma escumadeira. Processo repetido várias vezes até que fosse obtida a pureza desejada.

Deixando a figura, os metais, digo, olhando para nós, como se dá nossa purificação? Isaías mencionara a “fornalha das aflições”. Contudo, nem toda aflição obra por nos purificar; depende do motivo pelo qual nos afligimos. Paulo distinguiu dois tipos de tristeza. “Agora folgo, não porque fostes contristados, mas porque fostes contristados para arrependimento; pois fostes contristados segundo Deus; de maneira que por nós não padecestes dano em coisa alguma. Porque a tristeza segundo Deus opera arrependimento para a salvação, da qual ninguém se arrepende; mas, a tristeza do mundo opera morte.” II Cor 7;9 e 10

As tristezas por razões naturais, paixões carnais, não operam arrependimento, daí, não equivalem à tristeza segundo Deus. Essa deriva de, em algum momento eu ter convicção que O entristeci, agi diverso de Seu propósito, Sua vontade. Como na purificação dos metais é indispensável o fogo, na da alma, o novo nascimento, o “calor” do Espírito Santo, que se encarrega de regenerar às cauterizadas consciências de quem se sentiam, então, confortáveis no regaço do pecado.

Embora alguns incautos equalizem o Batismo no Espírito Santo ao fogo, é apenas parte de algo mais complexo. Aflições trazem “calor” para nos derreter; o Espírito, a luz para que sejam manifestas nossas escórias. Por isso, João Batista apresenta como que, dois batismos paralelos: Um, com O Espirito Santo, outro, com fogo. “...eis que vem aquele que é mais poderoso do que eu, do qual não sou digno de desatar a correia das alparcas; esse vos batizará com o Espírito Santo, e, com fogo.” Luc 3;16

As “línguas de fogo” que foram “vistas”, não, ouvidas, no dia de Pentecostes ilustravam purificação circunstancial, para que lábios impuros pudessem glorificar Ao Senhor. Tiago advertiu de tais impurezas: “Da mesma boca procede bênção e maldição. Meus irmãos, não convém que se faça assim. Porventura deita alguma fonte de um mesmo manancial, água doce e amargosa?” Tg 3;10 e 11

A Palavra chama de “justo” quem escolhe servir a Deus, ainda que imperfeito; ao tal, suas escórias são reveladas paulatinamente, à medida que se dispõe, mediante obediência, a se livrar delas. “A vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito.” Prov 4;18


Quantos oram pedindo libertação das aflições, sendo que, essas são já o livramento de Deus, digo, Ele revelando escórias das quais nos quer purificar? Que aflição maior há, que a perdição eterna? E, santificação dos servos de Deus não é uma opção, é condição indispensável, se, O queremos ver. “Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor;” Heb 12; 14, “Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus;” Mat 5;8

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Perdão; o passado, passado a limpo

“... eu lançava na prisão, açoitava nas sinagogas os que criam em ti. Quando o sangue de Estêvão, tua testemunha, se derramava, também estava presente, consentia na sua morte, guardava as capas dos que o matavam. Disse-me: Vai, porque hei de enviar-te aos gentios de longe.” Atos 22;19 a 21

Temos Paulo, em face a sua chamada, desqualificando-se por causa dos crimes pretéritos; Jesus, apressando-o por causa dos anseios futuros. Desse modo, o ser humano tende a olhar para as dificuldades; Deus, para os objetivos.

Por nefasto que tenha sido nosso pretérito, se, O Senhor nos perdoa, recebe, o passado está resolvido. Ficarmos nos atormentando com remorsos não deriva de eventual bondade nossa; antes, é traço de incredulidade, de quem duvida do perdão Divino.

Deus afirma que lança os pecados perdoados no “Mar do esquecimento”; nós, adquirimos roupas de mergulho e submergimos nas águas sujas atrás do que deveríamos esquecer.

Não que seja possível a uma pessoa saudável esquecer, estritamente, no sentido de não mais lembrar. Mas, como dizemos sobre esquecer um amor, ainda lembramos o vivido, agora, lembrança sem dor. É bom que lembremos desse modo, os descaminhos idos, pois, quanto piores forem, maior será nossa gratidão ao Salvador que deles nos tirou, como disse Davi: “... Tirou-me de um charco de lodo, firmou meus pés sobre uma rocha.” Sal 40

Quando o Senhor nos comissiona, não o faz por causa de coisas que fizemos; geralmente, apesar, do que fizemos. Noutras palavras, não nos chama por nossos méritos, antes, por Sua Bondade. Certo que, limpa o vaso que pretende usar, como fez quando chamou Isaías; o profeta que reconhecera a impureza dos seus lábios, O Santo o purificou, e comissionou.

Observemos os carros à noite; as luzes que apontam para frente são poderosas, reguláveis para perto e longe; as de trás, são tênues, avermelhadas, não servem para iluminar, antes, para mostrar a presença a outros, basicamente. Assim deveria ser com o “carro” das nossas vidas. Não obstante andarmos num mundo noturno, escurecido pela impiedade, devemos contar com a vívida Luz de Cristo para mostrar o caminho. Tanto para perto, implicações de nosso andar agora, quanto, longe, nossa esperança nas promessas. “Lâmpada para meus pés é a tua Palavra; luz para meu caminho”. Sal 119;105

As luzes de trás, servem mais a outros que a nós; os que viram o que fomos, e verem no que Jesus nos transformou, hão de identificar a presença da salvação. “Muitos, verão, temerão, e aprenderão a confiar no Senhor” Ainda, salmo 40.

Assim, quando O Senhor chama-nos, será perda de tempo investigarmos procurando motivos em nós; os motivos estão Nele. Nós temos passados ruins, limitações de talentos, credenciais pífias, mas, se tivermos ouvidos espirituais, coração voluntário, índole servil, estaremos “qualificados”, aos Divinos Olhos.

O mesmo Paulo, que considerava-se o principal dos pecadores por ter perseguido à Igreja, indigno de ser chamado apóstolo, nascido fora de tempo, - disse – ( e, pensar que temos “apóstolos” hoje! )  esse Paulo, digo, viveu na pele, aprendeu e ensinou sobre as “credenciais” que, Deus busca nos Seus comissionados: “Porque, vede, irmãos, vossa vocação, não são muitos os sábios segundo a carne, nem muitos poderosos, nem muitos nobres que são chamados. Mas, Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir às fortes; Deus escolheu as coisas vis deste mundo, as desprezíveis, as que não são, para aniquilar as que são; para que nenhuma carne se glorie perante ele.” I Cor 1; 26 a 29

Nosso “material de construção” é péssimo para Obra de Deus; Ele não usa isso. Regenera os Seus, da Água ( Palavra ) de do Espírito, ( Santo ). “Assim, se alguém está em Cristo, nova criatura é, as coisas velhas passaram, eis, que tudo se fez novo.” II Cor 5;17

Com o Novo Material edifica-nos; nos faz partícipes na edificação da Sua Obra. Porém, testa-nos pelo fogo das aflições, para ver se estamos usando o devido cuidado. Feitos que não resistem à prova serão consumidos. “Se alguém, sobre este fundamento formar um edifício de ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha; a obra de cada um se manifestará; na verdade o dia a declarará, porque pelo fogo será descoberta; o fogo provará qual a obra de cada um.” I Cor 3; 12 e 13

Nosso passado sujo foi purificado por sangue; nosso andar renascido é, pelo fogo. Pregadores que ensinam triunfalismo invés de santidade, devaneiam fugir de um fogo necessário agora; conduzem a outro inevitável depois.


Pois, se no nosso sujo pretérito aceitamos de bom grado a solução de Deus, em nosso incógnito devir, devemos confiar na Sua direção também. 

sábado, 26 de dezembro de 2015

Santificação, o nome dos bois

“O mar estava posto sobre doze bois; três que olhavam para o norte, três para o ocidente, três para o sul e três para o oriente; o mar estava posto sobre eles; suas partes posteriores estavam todas para o lado de dentro... era para que os sacerdotes se lavassem nele.” II Cron 4; 4 e 6 Um dos utensílios do Templo de Salomão, o “mar”, na verdade uma grande banheira esculpida sobre doze bois.

Muitas coisas daquela época, além de sua utilidade imediata, traziam mensagens futuras. Para a teologia, são os “Tipos Proféticos”, ou, as “sombras dos bens futuros”, como alegorizado em Hebreus. Assim, o Cordeiro da Páscoa era um Tipo de Cristo; a água da rocha, Tipo de Sua Palavra; o maná, idem, símbolo do Pão do Céu; etc.

O aludido mar, sobre doze bois apontava profeticamente para algo, também? Ora, o próprio Salvador comparou Sua Palavra como “uma fonte que salta pra vida eterna”; “Água da Vida”; ou, um lavatório, quando disse: “Vós já estais limpos pela Palavra que vos tenho pregado.” Esse, aliás, é o “nascer da água e do Espírito” dito pelo Senhor. Da Palavra e do Espírito. Nada a ver com batismo que é mero testemunho público, a salvação se dá na conversão.

Paulo ensina: “Não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas, segundo a sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e renovação do Espírito Santo”. Tt 3; 5 “Para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra.” Ef 5; 26

Vemos então, o concurso do Espírito e da Palavra, como agentes purificadores. Sendo a água, a Doutrina de Cristo, Seu corpo espiritual, a Igreja, todos os que O servem em Espírito e verdade formam o “Mar” que contém a água. Os doze bois que sustentam isso, óbvio, os doze apóstolos, iniciadores da obra e difusores da Doutrina. Se, Judas extraviou-se dada sua escolha, Matias foi posto em seu lugar, o “pedestal” foi refeito.

O fato de que cada grupo de três animais olhava numa direção tipifica o propósito universal, “toda criatura”. Todavia, aspecto mais relevante desse Tipo era que os sacerdotes deveriam se lavar antes de ministrarem. Isso não aponta para outra coisa, senão, para a necessária santificação dos que pretendem exercer o Ministério. 

Paulo foi didático: “Todo aquele que luta de tudo se abstém; eles fazem para alcançar uma coroa corruptível; nós, porém, uma incorruptível. Assim corro, não como a coisa incerta; combato, não como batendo no ar. Antes, subjugo meu corpo, o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira a ficar reprovado.” I Cor 9; 25 a 27

Três coisas são necessárias pra se lavar; primeira: Identificar a sujeira; segunda; querer; terceira, dispor dos meios. A Palavra mostra o pecado, insta ao arrependimento, e purifica com a Água da Vida, o perdão de Cristo.

Tiago alude a uns que, vendo-se sujos, recusam a se lavar; “E sede cumpridores da palavra, não, somente ouvintes, enganando-vos com falsos discursos. Porque, se alguém é ouvinte da palavra, não cumpridor, é semelhante ao homem que contempla ao espelho o seu rosto natural; porque contempla a si mesmo, vai-se, logo se esquece de como era.” Tg 1; 22 a 24

Pedro, por sua vez, a outros que, tendo se lavado uma vez, sentiram saudade da antiga sujeira e voltaram; “Deste modo sobreveio-lhes o que por um verdadeiro provérbio se diz: O cão voltou ao próprio vômito, a porca lavada, ao espojadouro de lama.” II Ped, 2; 22

O Senhor, quando lavou os pés dos discípulos, disse que deveriam, eles, lavar uns aos outros. Claro que, num sentido espiritual de corrigir, advertir, exortar, afinal, estavam em pé de igualdade; se, alguém quisesse ser o maior, deveria se fazer menor ainda.

Todavia, o Papa Francisco disse que todas as religiões são boas, mesmo os ateus “temem a Deus” quando fazem o bem. Assim, estão todos limpos, pra quê água ainda? Se é mesmo sucessor de Pedro, como pretende, deveria atentar ao que o Senhor falou àquele: “Se eu não te lavar, não tens parte comigo”.

O Senhor nunca pretendeu vistas grossas ante a sujeira, antes, que cada um, aprofunde suas escolhas, sejam virtuosas, sejam, viciosas; “Quem é injusto, faça injustiça ainda; quem está sujo, suje-se ainda; quem é justo, faça justiça ainda; e quem é santo, seja santificado ainda.” Apoc 22; 11

Sem santificação ninguém verá a Deus. Ele define o que é santo. Podemos até “decretar” que escórias e prata são a mesma coisa, mas, O Eterno tem métodos próprios de refino. “As palavras do Senhor são palavras puras, como prata refinada em fornalha de barro, purificada sete vezes.” Sal 12; 6

sábado, 15 de agosto de 2015

sem máscaras ou, sem noção

Poucos dias depois, o filho mais novo, ajuntando tudo, partiu para uma terra longínqua e ali desperdiçou os seus bens vivendo dissolutamente.” Luc 15; 13 

Muito já se disse e escreveu sobre o Filho Pródigo, o esbanjador dissoluto. Contudo, ousarei umas coisinhas mais, sobre um detalhe de sua escolha que assoma no verso supra: Quando decidiu que viveria à sua maneira, resolveu fazer em “terra longínqua”. Ou seja, alienado dos seus, do existenciário onde aprendeu valores, para, quem sabe, evadir-se à censura dos que, com razão poderiam demandar uma melhor postura dele. 

Essa decisão pode sofrer diferentes análises. Uma, vulgar, simplista, tipo: Sem vergonha, sai para longe para poder aprontar à vontade; sabe que está pisando na bola e se esconde. Outra, que me ocorre, não é tão simples assim, e ousa advogar certa virtude na tal postura. 

A dissolução plena é quando minha fraqueza volitiva consegue tolher também os escrúpulos morais. Noutras palavras: Quando minha vontade enferma me faz padecer tanto que perco até mesmo a vergonha; faço minhas porcarias aos olhos de todos, publico-as.

O pródigo advertido pela consciência de que seu agir não era sábio, tampouco, prudente, mesmo capitulando aos desejos malsãos decidiu poupar constrangimentos mútuos e agir fora da vista. Numa linguagem vulgar, já que ia “soltar a franga” o fez em terreiro alheio.

Não que a noção do ridículo, do infame, seja lá, grande virtude, mas, nos dias em que a falta de noção grassa, se praticam as mais hediondas abominações com “motivos espirituais” bem que se pode apreciar isso como certo valor. 

Em momento algum advogo o que soaria à santarrice; a pretensão de serem, os cristãos, “dedetizados”, purificados totalmente, de modo a se porem refratários à ideia de pecado. Entretanto, eventuais fraquezas devem ser tratadas; numa progressão contínua devemos buscar em Cristo o aperfeiçoamento que a Bíblia chama, santificação. 

Ou, se nossa inclinação perversa predomina, malgrado as companhias e ensinos edificantes, que ao menos tenhamos noção, façamos separação entre o santo e o profano. Quantos cretinos, perversos, adúlteros, mercenários, não se furtam de fazerem ousadas asseveração proféticas, orações, “em nome de Jesus”? Agem os tais, como se o retirante esbanjador aquele, decidisse trazer as meretrizes para a casa paterna e se esbaldar ali. 

Em Dado momento, Paulo considerou uma vergonha a lentidão da igreja no conhecimento de Deus: “Vigiai justamente e não pequeis; porque alguns ainda não têm o conhecimento de Deus; digo-o para vergonha vossa.” I Cor 15; 34 Noutro, preceituou a necessária separação do Nome do Senhor e a prática da iniquidade; “Todavia o fundamento de Deus fica firme tendo este selo: O Senhor conhece os que são seus; qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniquidade.” II Tim 2; 19 

Claro que, as circunstâncias não servem, amiúde, como aferidoras do caráter. Se pode estar sobre o lixo sendo santo, bem como, entre os santos sendo um lixo. Todavia, essa discrepância caráter-ambiente deve ser efêmera, como versa o salmo primeiro: “Por isso os ímpios não subsistirão no juízo, nem os pecadores na congregação dos justos.” Sal 1; 5 Podem estar lá eventualmente; não, subsistir indefinidamente. 

A relação de Israel com Deus no Velho Testamento tinha um componente geográfico especial, uma vez que a nação fora libertada do Egito visando a Terra Prometida. Então, alienados de sua terra sentiam-se também, separados de Deus. De modo que, quando seus algozes pediam que eles cantassem hinos em Babilônia, no cativeiro, recusavam. “Pois lá aqueles que nos levaram cativos nos pediam uma canção; os que nos destruíram, que os alegrássemos, dizendo: Cantai-nos uma das canções de Sião. Como cantaremos a canção do Senhor em terra estranha?” Sal 137; 3 e 4 

O Novo Pacto, entretanto, visa uma relação “Em espírito e verdade” o que prescinde de endereços e demanda essas duas qualidades alistadas. Uma definindo o âmbito da atuação; “em espírito” outra, o método: “em verdade”.

Quem orbita ambientes cristãos com motivos mesquinhos, egoístas, o faz na carne, segundo a natureza; a verdade lhe não convém, pois, para tal, resulta em denúncia contra a hipocrisia, uma vez que, assim se comporta.

Talvez, seja menos infeliz o que fraqueja, erra e abandona, circunstancialmente, a casa do Pai, que outro que acostumou a viver sob máscaras e perdeu a noção do que significa estar em Cristo. 

O extraviado errante cuja consciência ainda o adverte pode, como o pródigo, cair em si, reencontrar a casa paterna via arrependimento, perdão; O cascudo escondido na congregação não passa de um escravo do pecado carente de filiação Divina.

Como a herança será repartida entre os filhos, a esse nada caberá. A falta de noção sobre valores, fatalmente o fará viver uma existência que não vale nada. 

sábado, 11 de abril de 2015

Coração transplantado

“Assim não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não separe, o homem. Disseram-lhe eles: Então, por que mandou Moisés dar-lhe carta de divórcio,  repudiá-la? Disse-lhes ele: Moisés, por causa da dureza dos vossos corações permitiu repudiar vossas mulheres; mas ao princípio não foi assim.” Mat 19; 6 a 8 

Ele e Moisés estariam prescrevendo coisas diferentes, uma vez que o Mestre propunha a indissolubilidade do matrimônio, enquanto, Moisés aceitava o divórcio. 

Então explicou que, a permissão atinava às possibilidades do homem, ( por causa da dureza dos vossos corações ) não da Vontade perfeita de Deus. ( Mas, ao princípio, não foi assim ) 

Mas, se em Moisés o coração duro “abonava” certos pecados, em Cristo, não mais? A transição do Velho para o Novo Testamento enseja um upgrade fantástico. “Mas agora alcançou ele ministério tanto mais excelente, quanto é mediador de uma melhor aliança que está confirmada em melhores promessas. Porque, se aquela primeira fora irrepreensível, nunca se teria buscado lugar para a segunda.” Heb 8; 6 e 7 Então, embora a graça de Deus esteja em plena vigência para com os que se arrependem, os reclames da Santidade são altos, sublimes, aos moldes de Cristo. 

O cumprimento formal da Lei, mesmo os Fariseus conseguiam, mas, o Salvador advertiu: “Porque vos digo que, se vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus.” Mat 5; 20 

Claro que, imitar a Cristo demanda, antes de tudo, conhecer Seu caráter, Sua mente, como disse Paulo: “Porque, quem conheceu a mente do Senhor, para que possa instruí-lo? Mas nós temos a mente de Cristo.” I Cor 2; 16  Só pode dizer isso, contudo, aquele que está espiritualmente edificado, tanto no conhecimento, quanto, na prática da Doutrina; os demais, devem seguir buscando, pelos caminhos propostos. “E ele mesmo deu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, outros para pastores e doutores, querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo; até que todos cheguem à unidade da fé, ao conhecimento do Filho de Deus, homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo...” Ef 4; 11 a 13 

Quem logra atingir estatura, pelo menos, aproximada, já não busca “brechas” para pecar, antes, identificando uma, repara-a.  “E busquei dentre eles um homem que estivesse tapando o muro, estivesse na brecha perante mim por esta terra, para que eu não a destruísse; porém, ninguém achei.” Ez 22; 30

Afinal, o coração duro, posto que seja herança inevitável após a queda do Éden, (Porque a inclinação da carne é morte; mas a inclinação do Espírito é vida e paz. Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser. Rom 8; 6 e 7 ) Ainda assim, segue sendo consequência de nossas escolhas, pois, bem podemos dar ouvidos ao que amolece. “Enquanto se diz: Hoje, se ouvirdes sua voz, não endureçais os vossos corações...” Heb 3; 15 

Assim, o mero sair em busca de justificativas, invés de buscar o perdão do que justifica é já em si, um diáfano atestado de coração endurecido; qualquer que seja o “álibi”  encontrado, servirá apenas como conservante de sua rigidez, seu medo da “cirurgia” tencionada pelo Pai. “Então aspergirei água pura sobre vós e ficareis purificados; de todas as vossas imundícias, de todos os vossos ídolos vos purificarei. Dar-vos-ei um coração novo, porei dentro de vós um espírito novo; tirarei da vossa carne o coração de pedra e vos darei um coração de carne.” Ez; 36; 25 e 26  

Vemos que a “anestesia” que antecede ao transplante de órgãos é feita com “água pura”. Paulo ensina: “Para santificá-la, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra...” Ef 5; 26 

Concluindo; se, havia uma discrepância entre a possibilidade humana e a Vontade Divina, O Salvador começou Sua obra por aí: “Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no seu nome;” Jo 1; 12 

Desse modo, em Cristo podemos buscar a santificação. Mais; devemos. Senão, o upgrade de bênçãos propiciado pelo Sacrifício Perfeito subirá noutro gráfico, o do juízo. “Quebrantando alguém a lei de Moisés, morre sem misericórdia, só pela palavra de duas, três testemunhas. De quanto maior castigo, cuidais, será julgado merecedor aquele que pisar o Filho de Deus, tiver por profano o sangue da aliança com que foi santificado, fizer agravo ao Espírito da graça?” Heb 10; 28 e 29 

Em suma: A única coisa que um coração duro prova é que, a cirurgia tencionada pelo Eterno ainda carece ser feita.

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Os dois pombinhos

“Mas, se em sua mão não houver recursos para um cordeiro, então tomará duas pombas, … uma para o holocausto e outra para a propiciação do pecado; assim o sacerdote por ela fará expiação, e será limpa.” Lev 12; 8
 
Instruindo sobre os rituais de purificação, Deus, ao tratar de Sua Justiça transparece belas nuances de misericórdia. O arrependido que não pudesse comparecer ante o sacerdote com um cordeiro para sacrifício, poderia fazê-lo com um casal de pombos. Assim, se é certo que o culpado  não é tido por inocente, também o é, que Ele requer arrependimento do pecador, invés de bens.

Jesus, aliás, desafiou líderes religiosos que enfatizavam sacrifícios como supra sumo da fé a entenderem melhor a intenção Divina. “Ide, porém, e aprendei o que significa: Misericórdia quero, e não sacrifício. Porque eu não vim a chamar os justos, mas os pecadores, ao arrependimento.” Mat 9; 13 

No contexto fora censurado por assentar-se à mesa com pecadores. Os Fariseus eram pródigos em sacrifícios e ofertas, mas, insensíveis aos sofredores que os cercavam. Dos tais, o Salvador foi ao encontro.
  
Deve ter sido um tapa de luva no orgulho dos “mestres da Lei” ouvir tal exortação: “Ide e aprendei o que significa…”

Se é vero que o mundo  lança em rosto o tempo todo o que se pode fazer com dinheiro, a Bíblia ensina ao longo de sua narrativa o que Deus faz com simplicidade e obediência. Mesmo a “porta de entrada” do Salvador à humanidade não tinha pompa alguma. Quando da purificação pós parto que era requerida, conta-nos Lucas: “E, cumprindo-se os dias da purificação dela, segundo a lei de Moisés, o levaram a Jerusalém, para o apresentarem ao Senhor… para darem a oferta segundo o disposto na lei do Senhor: Um par de rolas ou dois pombinhos.” Luc 2; 22 e 24 

Vemos que José e Maria não dispunham recursos para um cordeiro sequer. Para provisão dos bens necessários à sua descida ao Egito, Deus moveu três sábios que viviam há centenas de milhas, que fossem a Belém levando ouro, incenso, mirra, coisas de alto valor. Não há registro de nenhuma “corrente” de orações pedindo tal suprimento; foi iniciativa exclusiva de Deus, Sábio e Amoroso.

O que muitos da geração atual que mencionam seu Santo Nome sem reverência ou conhecimento algum precisam urgente entender é, o quê,  significa Sua Palavra; Deus quer ser conhecido, amado, não usado. “Porque eu quero a misericórdia, e não o sacrifício; e  conhecimento de Deus, mais do que  holocaustos.” Os 6; 6
 
Alguns O querem exibicionista mostrando poder, como se a criação não fosse suficiente. Certo que Jesus fez muitos milagres; entretanto, Sua ênfase sempre foi na misericórdia, justiça e amor. Também é que um cego de nascença foi curado e o Senhor disse que ele nascera assim, para que se manifestassem as obras de Deus.  Jo 9; 3

Devemos concluir daí, que todos os que têm necessidades especiais devem ser curados por Ele para seguirem sendo manifestas Suas obras? Depende de qual faceta queremos manifesta.

Tenho um sobrinho autista que é amado tanto quanto sua irmã, e acredito que em todas as famílias que têm seus especiais, a coisa é igual. Quer manifestação mais hígida do vero amor que essa? Amar por amar, não por talentos, dons, perfeição; antes, apesar de eventuais lapsos físicos ou psíquicos?

Acontece que ante O Altíssimo todos somos seriamente deficientes, contudo, nos ama apesar disso. Na verdade, amar aos belos, aos fortes, talentosos, nem mesmo é amá-los; equivale a amar a nós mesmos, dada a satisfação que tais “heróis” nos propiciam.

E, há uma diferença diametral entre misericórdia e sacrifício, que o Salvador desafiou a entender. O Sacrifício visa um bem próprio, seja perdão, seja uma bênção qualquer; entretanto, a misericórdia ocupa-se essencialmente da necessidade alheia.

Mesmo aí, no domínio das ações humanas tropeçam muitos; uns por omissos espiritualizam tudo num escapismo insano que ignora as necessidades práticas; outros, vestem-se de justiça própria como se as boas obras fossem atenuantes à sua heterodoxia doutrinária.

Ora, a ortodoxia evangélica requer as boas obras, a misericórdia, e não prescinde da santidade mediante a Palavra, vejamos: “Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas.” Ef 2; 10 “Santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a verdade.” Jo 17; 17

Obras de misericórdia testificam nosso amor ao próximo; santificação e obediência, amor a Deus. E Jesus sintetizou nisso, a saga Divino-humana: “Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas.” Mat 22; 40 E convenhamos que, caso queira, ninguém é tão pobre que não possa oferecer esses “dois pombinhos” em sacrifício a Deus.