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domingo, 28 de fevereiro de 2016

Salvação; obra inconclusa

“Porque se nós, sendo inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho, muito mais, tendo sido já reconciliados, seremos salvos pela sua vida.” Rom 5;10

Paulo põe reconciliação e salvação como distintas, tanto no ser, quanto, no tempo. Dá a reconciliação dos cristãos como obra acabada; “fomos reconciliados”; a salvação, como uma esperança; “seremos salvos”.

Embora não haja um texto sequer que desautorize afirmar que alguém é salvo quando se arrepende e crê, parece que a ideia em relevo é que nossa salvação, enquanto nesse corpo, é instável, sujeita a riscos, algo que deve ser preservado, que se pode perder.

Assim, quando a salvação é adjetivada como uma esperança, isso deve-se à nossa inconstância, não, a eventual variação no propósito, ou, no Amor Divino. “Pelo qual também temos entrada pela fé a esta graça, na qual estamos firmes; nos gloriamos na esperança da glória de Deus.” V 2

Firmes na graça, uma linguagem “contraditória” do apóstolo. Graça independe de mim, deriva do amor do Eterno; firmeza, porém, tem a ver com minhas atitudes, constância, obediência, serviço... A Palavra ensina: “Visto que temos um grande sumo sacerdote, Jesus, Filho de Deus, que penetrou nos céus, retenhamos firmemente nossa confissão.” Heb 4;14   Constância é firmeza na graça, pois.

Desse modo, mesmo a salvação sendo algo acabado no prisma Divino, no que tange a mim é inconclusa; deve ser aperfeiçoada, mantida. Sem deixar de ser um fato, é uma esperança. Esperança não é mera abstração, pensar positivo como imaginam alguns; antes, quando se espera o plausível, o que tem fundamento, é agir, dado sermos reféns do tempo, como se já não sofrêssemos suas limitações, pudéssemos tocar o futuro.

O risco aí, é devanearmos com anseios naturais, carnais, e esperarmos que Deus os cumpra; nesse caso, espera vã. A Palavra nos ensina a esperarmos o que foi prometido, não menos, nem, mais. “Para que por duas coisas imutáveis, nas quais é impossível que Deus minta, tenhamos a firme consolação, nós, que pomos o nosso refúgio em reter a esperança proposta;” Heb 6;18

Assim, esperar estritamente o que nos foi proposto equivale a nos refugiarmos, em Deus. A Graça Divina supriu nossos lapsos passados, pelo Méritos Benditos de Cristo; mas, depois de reconciliados somos exortados a sermos cooperadores de Deus, para que, a esperança seja convertida em certeza. “Porque Deus não é injusto para se esquecer da vossa obra, do trabalho, do amor que para com seu nome mostrastes, enquanto servistes aos santos; e ainda servis. Mas, desejamos que cada um de vós mostre o mesmo cuidado até o fim, para completa certeza da esperança;” Heb 6;10 e 11

Sabemos que há certos ensinos na praça que advogam que, “uma vez salvo, sempre salvo” usando como “argumento” um texto onde O Salvador assegura que ninguém arrebatará Suas ovelhas das Suas mãos. Ora, tal afirmação tem a ver com Seu Poder, não com nossa vontade.

Se, não há no Universo força capaz de tirar Dele, há o arbítrio que nos deu. Daí, tanto podemos perseverar na graça, quanto, desistir. “Mas o justo viverá da fé; se ele recuar, minha alma não tem prazer nele. Nós não somos daqueles que se retiram para a perdição, mas, daqueles que creem para conservação da alma.” Heb 10;38 e 39

Seria argumento absurdo advogar que Deus usa hipóteses impossíveis para evidenciar Sua Doutrina. Se adverte que é possível, tanto recuar, quanto, se retirar para a perdição, assim é.

Pedro alude aos que, tendo conhecido a graça, por ela sido libertos da corrupção do mundo, recaíram; comparou-os com cães que voltam ao vômito, ou, porca lavada que volta à lama. Se, não tivessem sido reconciliados, não teriam vomitado seus pecados pretéritos, não teriam sido lavados; mas, foram, e se retiraram pra perdição. Assim, a reconciliação se deu, em certo momento, mas, a salvação não foi atingida.

A mesma epístola, aos Hebreus, adverte de uns que após os dons do Espírito Santo caíram: “Porque é impossível que os que foram iluminados, provaram o dom celestial, se tornaram participantes do Espírito Santo, da boa palavra de Deus, das virtudes do século futuro, e recaíram, sejam outra vez renovados para arrependimento; pois, eles, de novo crucificam o Filho de Deus, o expõem ao vitupério.” Heb 6;4 a 6

Da cruz, somos chamados a ser imitadores, não, feitores. “...deixemos todo o embaraço, o pecado que tão de perto nos rodeia; corramos com paciência a carreira que nos está proposta, olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz...” Heb 12; 1 e 2


A reconciliação está feita com quem crê; salvação, depende de uma ação que salva: Perseverança na graça.

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

O medo da sombra

"E disse-lhe Jesus: Hoje veio a salvação a esta casa, pois também este é filho de Abraão.”
  
A inclusão de Zaqueu na “genealogia” abraãmica se deu após uma postura de arrependimento, não, uma comprovação genética. Embora o conceito teológico da filiação pela fé não estivesse assente na mentalidade dos discípulos, ( na verdade alimentavam ainda preconceitos raciais ) o ensino estava patente; o Mestre nunca fez diferença entre judeu ou gentio, no sentido de preferir àquele e preterir a esse; antes, sempre socorreu quem O buscou.

Na verdade, o precursor do Messias começou suas exortações justo contra isso; a pretensa eleição, a despeito de frutificarem ou não; ele disse: “Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento, e não comeceis a dizer em vós mesmos: Temos Abraão por pai; porque eu vos digo que até destas pedras pode Deus suscitar filhos a Abraão. E também já está posto o machado à raiz das árvores; toda a árvore, pois, que não dá bom fruto, corta-se e lança-se no fogo.” Luc 3; 8 e 9

Assim, se é certo dizer que a mensagem do Batista não punha em relevo a origem de eventuais filhos de Deus, podiam vir de Abraão ou de pedras, colocava como essenciais, os frutos.

A inveja dos religiosos sedizentes, filhos de Abraão, testificava o contrário, como o mesmo Salvador demonstrou; “Bem sei que sois descendência de Abraão; contudo, procurais matar-me, porque a minha palavra não entra em vós.” Jo 8; 37  

Descendência, O Senhor reconhecia; mas, filiação espiritual não; “Responderam, e disseram-lhe: Nosso pai é Abraão. Jesus disse-lhes: Se fôsseis filhos de Abraão, faríeis as obras de Abraão.” V 39 

Como Jesus desmascarou tal pretensão, ousaram dizendo-se filhos de Deus. “Se Deus fosse o vosso Pai, certamente me amaríeis, pois que eu saí, e vim de Deus; não vim de mim mesmo, mas ele me enviou.” V 42 

Por fim, Cristo pôs o dedo na ferida e deu nome aos bois. “Por que não entendeis a minha linguagem? Por não poderdes ouvir a minha palavra. Vós tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai. Ele foi homicida desde o princípio, e não se firmou na verdade, porque não há verdade nele. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso, e pai da mentira.” Vs 43 e 44
 
Nossa vontade determina o rumo das  escolhas,  essas, acabam plasmando as “digitais” espirituais, independente da profissão de fé. “… quereis satisfazer os desejos de vosso pai…” sintetizou o Salvador, depois de denunciar que eles O queriam matar.

Alguns escritores da praça dizem que os evangelhos são pura graça, sem teologia, que seria meio rançosa,  humana; entretanto, na introdução de João já temos um robusto gancho onde se pode pendurar legitimamente os mais densos tratados teológicos sobre a filiação mediante a fé; “Veio para o que era seu, e os seus não o receberam. Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus.” Jo 1; 11 a 13

Assim,  Paulo não está “dando golpes no ar”, figura que ele mesmo usou. “Sabei, pois, que os que são da fé são filhos de Abraão.” Gál 3; 7  “Porque em Jesus Cristo nem a circuncisão nem a incircuncisão tem valor algum; mas sim a fé que opera pelo amor.” Gál 5; 6

É preciso reconhecer que pleitos de alguns donos da verdade atuais é denominacional, não, racial, como nos  tempos de Jesus. Entretanto, apostar num dogma qualquer, ou, mesmo mencionar o Nome que é sobre todos os nomes segue sendo em si mesmo, inócuo.

Afinal, Jesus Cristo apresentou a salvação como que, personificada; indo a Zaqueu apenas depois que esse produziu publicamente os frutos de arrependimento preconizados por João Batista. “… hoje veio salvação a essa casa…”
 
Porque, infelizmente, na maioria das casas que o Salvador vai, a salvação não entra; ainda que hipocritamente lhe deem boas vindas,  Sua doutrina que acompanha a graça salvífica não é recebida. 

Pensar que a graça equivalha à licença para pecar redundará em desgraça; pois, quem tem a mínima noção sobre o quanto foi caro para ser de graça, não tripudia nem brinca, com algo tão nobre, tão santo. “…homens ímpios, que convertem em dissolução a graça de Deus, e negam a Deus,…” Jd v 4
 
A salvação acompanha O Salvador como que sendo Sua sombra; mas, só refrigera quem se abriga humildemente na dependência de quem pode e quer salvar. “Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo, à sombra do Onipotente descansará.” Sal 91; 1