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domingo, 17 de maio de 2020

Medo da Liberdade


“Conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará.” Jo ;32

Duas coisas se fazem necessárias nesse texto. Primeira: Que as pessoas alvos dele eram prisioneiras; segunda: Que quem as aprisionava era a mentira.

Dentre as coisas tidas como inegociáveis temos a liberdade. Entretanto, muitas vezes trata-se de um conceito oco, desprovido de sentido.

Acontece que, se todos almejamos ser livres para opinar, ir e vir, votar, casar, separar; o engano, pelos acessórios aprazíveis que traz consigo à nossa natureza pecaminosa, nem sempre soa como um mal do qual se quer ser liberto. Embora seja um assassino que no final lançará suas vítimas na perdição, eventualmente conta com a “Síndrome de Estocolmo”, onde a vítima se afeiçoa ao sequestrador.

Isaías denunciou seus coevos assim: “Porque este é um povo rebelde, filhos mentirosos que não querem ouvir a Lei do Senhor. Que dizem aos videntes: Não vejais; aos profetas: Não profetizeis para nós o que é reto; dizei-nos coisas aprazíveis, vede para nós enganos.”

O que faz a fortuna dos falsos profetas da praça, vendedores de “feijões mágicos” e biltres afins, senão, o desejo latente do povo preguiçoso, de ouvir facilidades mentirosas e ser enganado?

A mesma verdade, então, com as vestes de “Lei do Senhor”, mencionada pelo profeta. Daí, o “Mente pra mim, mas diz coisas bonitas”, como cantou Aguinaldo Timóteo, parece entranhado na natureza humana, que, entre a verdade nua e crua e a mentira agradável, escolhe essa.

É impossível libertar alguém, se, esse não reconhece a própria prisão. Era o caso dos que ouviam a Cristo, então. Ora se diziam filhos de Abraão, outra, de Deus; mesmo vassalos de Roma se gabavam, “Nunca servimos ninguém”. O que faziam os publicanos, senão, cobrar impostos pesados deles em favor de Roma?

Então O Senhor que É A Verdade fez o que o mesmo Isaías vaticinara; que salvaria rasgando máscaras; “Destruirá neste monte a face da cobertura, com que todos os povos andam cobertos, o véu com que todas as nações se cobrem. Aniquilará a morte para sempre; assim enxugará o Senhor Deus as lágrimas de todos os rostos, tirará o opróbrio do seu povo de toda a terra; porque o Senhor disse.” Is 25;7 e 8

A verdade posta em relevo foi um duro golpe aos hipócritas de então; “Vós tendes por pai ao diabo e quereis satisfazer os desejos de vosso pai. Ele foi homicida desde o princípio, não se firmou na verdade, porque não há verdade nele. Quando profere mentira fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira.” Jo 8;44

Normalmente achamos desnecessária a pergunta de Jesus a Bartimeu: “O que queres que Eu te faça?” No entanto, invés de pedir a cura poderia ele, acostumado que estava, a pedir uma esmola. Seria liberto do seu mal, como foi, se o desejasse.

Desse modo, os que estão seguros de suas “noções” de justiça própria, da validade de seus caminhos autônomos, e não precisam das muletas religiosas para serem bons, como já li por aí, não passam de enganados engajados, algozes de si mesmos, que adotaram como seus os enganos inoculados neles pelo Pai da Mentira.

Não obstante o cintilar luminoso da humana pretensão, a Verdade que liberta deixa patentes umas duas ou três coisas; não há um bom, senão Deus; não há um justo sequer; ninguém será salvo por justiça própria ou boas obras; somente mediante o Sangue de Cristo; rendição e submissão a Ele.

Embora a milenar peleja entre O Todo Poderoso e o inimigo envolva vida e morte, os meios para uma e outra sempre orbitaram à verdade ou à mentira. Não sem razão, a Palavra do Senhor foi figurada como “A Espada do Espírito”; arma poderosa contra o engano.

Quem achar que, a operação do inimigo se dá em despachos de esquinas caiu num engano maligno também. Embora toda sorte de ignorância lhe sirva, o inimigo costuma ser mais sutil e letal que essa grosserias. “... o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo...” II Cor 4;4

Me dá asco quando ouço um “profeta virtual” “Revelando”; “Fizeram um trabalho contra você”. Put* *** P**iu!! Quando O Trabalho de Cristo estiver no centro, contra nossas vidas, “Não valem encantamentos”; enquanto não, não faz diferença pois estaremos mortos mesmo.

Mas, pessoas preferem mentiras fáceis que culpam ao Diabo pelos seus males; é bem melhor que a cruz que lida com o verdadeiro culpado, eu.

A Verdade sopra para longe a cabana de palha dos meus disfarces; mas, invés de me deixar à mercê do lobo mau, eleva-me a um Alto Refúgio; uma Fortaleza Sobre Rochas. Deus.

terça-feira, 12 de setembro de 2017

A Fé e as Montanhas

“Bem-aventurado o homem cuja força está em ti, em cujo coração estão os caminhos aplanados.” Sal 84;5

Quem escolhe nossos caminhos não são os passos; antes, os corações. Embora, coração seja uma metáfora para condensar nosso âmago, a essência do ser, nossa mentalidade, desejos e emoções.

O “coração” psicológico, diferente do biológico que pulsa no peito, atua no cérebro; planejando, querendo, sentindo, reagindo. Nossos passos são apenas meios de expressarmos decisões dele.

Óbvio que o texto Bíblico atina a esse. Entretanto, os caminhos do coração podem ser acidentados, montanhosos, habitando neles a impiedade, pois, a promessa de ventura atina aos corações fortalecidos em Deus, que têm em si caminhos planos.

Uma figura comum em nossa cultura é a retidão; a perseverança contínua no rumo certo em direção ao alvo, o caráter; o caminho plano, por sua vez, sugere algo nivelado, que não sofre acidentes verticais, o que demanda constância na relação com o Alto, Deus. Essa figura para a integridade espiritual é muito usual na literatura hebraica.

Isaías pré-anunciou a mensagem de João Batista nesses termos: “Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor; endireitai no ermo, vereda, ao nosso Deus. Todo vale será exaltado, todo o monte e outeiro serão abatidos; o que é torcido se endireitará; o que é áspero se aplainará.” Cap 40;3 e 4

Vindo o enviado, reiterou: “Porque este é o anunciado pelo profeta Isaías, que disse: Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai suas veredas.” Mat 3;3

Se, o texto dos salmos fala do coração do homem, a mensagem do Batista atinava à sociedade feita de montes e vales. Os mais baixos, as prostitutas, os publicanos, gente socialmente rejeitada; altos, os líderes religiosos, os escribas, gente que, imaginava-se perto de Deus enquanto a “plebe que não sabe a Lei é maldita” diziam.

Quando João os exortou: “preparai o caminho”, não era para que O Senhor pudesse vir; antes, preparai os corações, dai ouvidos, pois, O Senhor vem e vai falar. Afinal, Ele disse: “Eu sou o caminho...” Contudo, alguns eram tão seguros de si, refratários ao Senhor, que, mesmo corroborando Suas Palavras com Obras, ainda assim não se deixavam convencer.

“Rodearam-no, pois, os judeus, e disseram-lhe: Até quando terás nossa alma suspensa? Se tu és o Cristo, dize-nos abertamente. Respondeu-lhes Jesus: Já vos tenho dito, e não credes. As obras que faço, em nome de meu Pai, essas testificam de mim. Mas, vós não credes porque não sois das minhas ovelhas, como já vos tenho dito. As minhas ovelhas ouvem a minha voz, eu conheço-as, e elas me seguem.” Jo 10;24 a 27

Seus corações montanhosos seguiam endurecidos; “já vos disse e não credes... não sois minhas ovelhas... elas ouvem minha voz...” Quando se diz que a fé remove montanhas, a maioria cogita obstáculos externos, sem considerar que os montes que incomodam a Deus estão em nossos corações, e esses, a fé Nele pode remover, à medida que enseja arrependimento, confissão e mudança de rumos.

Vejamos sete montes desprezíveis ao Senhor: “Estas seis coisas o Senhor odeia, e a sétima sua alma abomina: Olhos altivos, língua mentirosa, mãos que derramam sangue inocente, coração que maquina pensamentos perversos, pés que se apressam a correr para o mal, testemunha falsa que profere mentiras, e o que semeia contendas entre irmãos.” Prov 6;16 a 19

Assim como a cidade endereço da Besta segundo a Bíblia está geograficamente sobre sete montes, os corações dos que se alienam na incredulidade também trazem esses “acidentes geográficos” que O Santo abomina.

“Bem aventurado o homem cuja força está em ti...” isso é dependência, submissão; aos que se colocam assim O Eterno fortalece. Mas, os orgulhos dos “olhos altivos” são “bons” demais para reconhecerem pecados; aí, os “vales” entram e os montes presunçosos ficam; “...os publicanos, tendo sido batizados com o batismo de João, justificaram a Deus. Mas, os fariseus e doutores da lei rejeitaram o conselho de Deus contra si mesmos, não tendo sido batizados por ele.” Luc 7;29 e 30

Esse é o nivelamento Divino; não há grandes ou pequenos, há pecadores. Malgrado a sociedade tenha lá suas classes, para Deus “Todos pecaram e carecem da Sua Glória”; a todos, pois, a mensagem é igual: “Arrependei-vos e crede no Evangelho”. Os que isso fazem, mesmo que tragam em si cordilheiras de iniquidade, há eficácia suficiente no Sangue Bendito de Cristo para fazer “os seus caminhos aplanados.”

Deus nos dirige por Sua Palavra; nossa parte, ouvir, obedecer; “Quanto ao trato dos homens, pela palavra dos teus lábios me guardei das veredas do destruidor. Dirige os meus passos nos teus caminhos, para que minhas pegadas não vacilem.” Sal 17;4 e 5

quarta-feira, 17 de agosto de 2016

A César o que não é de César

“Mas eles bradaram: Tira, tira, crucifica-o. Disse-lhes Pilatos: Hei de crucificar o vosso Rei? Responderam os principais dos sacerdotes: Não temos rei, senão César.” Jo 19;15

César, imperador romano era cabeça de um reino que oprimia e dominava Israel, cobrando pesados tributos, a ponto de, um judeu trabalhar para o império cobrando impostos de seus compatriotas ser considerado grave pecado, daí, o desprezo que sofriam os publicanos.

Contudo, no julgamento de Jesus disseram eles que preferiam o domínio de César. O que havia no Senhor que o fazia tão detestável a ponto de os líderes judeus preferirem a tirania de Roma?

Segundo vaticinara Isaías, parece que o lapso era estético: “...não tinha beleza nem formosura, olhando nós para ele, não havia boa aparência nele, para que o desejássemos.” Is 53;2 Embora não haja maiores referências físicas sobre O Salvador, exceto que, “crescia em estatura e em graça perante Deus e os homens”, a simples omissão de lapsos físicos demonstra que era Ele um homem normal. A falta de atrativos derivava de Seus ensinos, não, de atributos físicos, até porque, a esses ( os ensinos ) o profeta mencionara, antes, da “feiura” do Messias. “Quem deu crédito à nossa pregação...?”

Assim, a doutrina do Mestre soava sem atrativos aos judeus, não, Sua aparência. Porém, tão desprezível a ponto de preferirem César? Por quê?

Se atentarmos para Isaías uma vez mais, veremos que não pretendeu narrar a “coisa em si” como diriam os filósofos, mas, a coisa para si. Noutras palavras: Não, quem, de fato, era, O Senhor, mas, como seria aquilatado por seus ouvintes. Afinal, algo pode ser reputado mau, por ser, deveras, mau, ou, pela inépcia do avaliador.

O mesmo Senhor aludiu à importância da percepção apurada, para usufruto da luz espiritual. “A candeia do corpo são os olhos; de sorte que, se os teus olhos forem bons, todo teu corpo terá luz; se, porém, teus olhos forem maus,  teu corpo será tenebroso. Se, portanto, a luz que em ti há são trevas, quão grandes serão tais trevas!” Mat 6;22 e 23

Acho que começamos a entender porque César assustava menos que O Salvador. João introduz sua narrativa colocando Jesus como opositor diametral dos seus ouvintes, diz: “A luz resplandeceu nas trevas, e as trevas não a compreenderam.” Jo 1;5

Com o Império Romano a coisa tinha certa harmonia. Malgrado os extorsivos tributos, havia concessões, como liberdade de culto segundo a crença judaica. O Senhor, por Sua vez, denunciou a hipocrisia de uma religião puramente formal, aparente, sem nenhuma essência, incapaz de agradar a Deus. Além disso, operou grandes sinais, que corroboravam Sua autoridade espiritual para contradizer doutrinariamente aos que se diziam doutores e mestres em Israel.

César não era ameaça ao “status quo”, pois, apesar dele, as coisas “iam bem”. Na verdade, desde que a humanidade passou a decidir por si mesma o bem e o mal, por sugestão de satanás, o bem passou a ser o comodismo, conforto, mesmo que conduza à perdição; o mal, correção, disciplina, não obstante, aja em prol da salvação.

Basta refletirmos uns segundos para vermos a massacrante vantagem numérica dos que preferem “César” aos ensinos do Salvador, mesmo, hoje.

Apesar dos pesados tributos de uma consciência culpada, as pessoas preferem a servidão no reino falido do pecado, uma liberdade condicional eventual, que é mera preliminar da prisão eterna, à cruz de Cristo que, mesmo tolhendo facilidades circunstanciais, reconcilia com Deus, silencia a consciência em paz, e permite a contemplação do Senhor como, de fato É, não, como parece aos maus olhos. “Dai ao Senhor a glória devida ao seu nome, adorai o Senhor na beleza da santidade.” Sal 29;2

O mais grave dessa perversão é que as pessoas dão a César o que não é dele; digo, ao escolherem as conveniências egoístas, carnais, não é isso estritamente, que escolhem. Antes, o domínio do “rei” alternativo que sugeriu independência humana invés da submissão a Deus. No fundo, ele é que está por trás de “César”, tipo de toda escolha comodista, indiferente ao Amor Divino.

O verniz hipócrita que compartilha nas redes sociais palavras bonitas e alugadas, não basta para disfarçar vidas feias, nem diante de homens com certo discernimento, quiçá, diante de Deus. Na verdade, podemos ser inimigos da Cruz de Cristo fazendo poesias e os mais belos encômios sobre ela.


Pilatos, então, representante de César lavou suas mãos hipocritamente enquanto fazia a escolha mais fácil ante Jesus. Quem avalia a aprovação humana como mais importante que a Divina, facilmente empresta seus lábios para “glorificar” a Jesus, enquanto seu coração clama por César. Quem não consegue ver feiura no pecado nunca verá a Beleza do Salvador; luz e trevas não coabitam.

terça-feira, 16 de setembro de 2014

O fanatismo nosso de cada dia



“Como o cão torna ao seu vômito, assim o tolo repete a sua estultícia.”  Pv 26; 11

O Salvador propôs uma questão aos seus opositores fariseus sobre dois filhos que receberam a mesma ordem; “vai trabalhar na minha vinha”. O primeiro disse que não iria, depois mudou de ideia e  foi; o segundo que iria, mas reconsiderou e não foi. 

Então questionou:  “Qual dos dois fez a vontade do pai? Disseram: O primeiro. Disse Jesus: Em verdade vos digo que os publicanos e as meretrizes entram adiante de vós no reino de Deus.” Mat 21; 31

Quando a samaritana do poço de Jacó trouxe o problema da adoração para temas periféricos, como endereço, se, em Gerizim como faziam os samaritanos ou em Jerusalém como os judeus, Jesus propôs algo novo. “…os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem.” Jo 4; 23

Essa adoração em  espírito vai muito além de dizer a coisa certa, mas em produzir o Fruto do Espírito. No exemplo em relevo, cada um dos filhos disse uma coisa e fez outra. Mesmo os fariseus reconheceram que o que fez a vontade do Pai foi aquele que disse que não faria. Reconsiderou, arrependeu-se e foi.

Falar algo impensado, intempestivo, todos fazem, às vezes. Agora, depois de repensar, ainda confirmar a posição é atitude que recebe a pecha de cão voltando ao vômito, algo nojento só de imaginar.

Muitos dirão a coisa certa e ficarão fora, como ensinou O Salvador; “Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus.” Mat 7; 21

Erram, pois, os caçadores de versículos que laboram com a meta de “provar” que os outros estão errados; desconsideram razões  válidas e os que as defendem. Debates até são úteis em alguns casos, mas, quando se trata de apego religioso, simplesmente, é pura perda de tempo e esforço.

Mesmo dizendo algo não muito ortodoxo por ignorância, alguém pode ser aceito se adora o Pai em Espírito e verdade; enquanto outro cujo labor é provar que é dono da verdade perde o rumo para mostrar que é “bom”, não para levar os maus a Cristo.

Às vezes a gente se ilude tentando ponderar sobre algo que surge como se fosse um equívoco, do qual se pode sair, uma vez ajudado. Aí emprestamos nosso parecer com intento de iluminar. Recebemos uma réplica do tamanho de um trem, quebrando tudo e provando que somos “satanistas” disfarçados, adoradores da besta etc… 

Aquilo que parecia mero engano se revela a ponta do iceberg, de monstruosa geleira de heresia, fanatismo. O fanático é o único ser que jamais erra, exceto, Deus. Assim, os Islâmicos que decapitam seus reféns por “culpa dos Estados Unidos”; como se, caso não fossem atacados eles deixassem de matar aos “infiéis”. Afinal, é tão confortável a culpa alheia, que nem percebemos a nossa.

O filho que disse que ia e não foi figurava justamente os zelosos de sua religião, os fariseus, que de lábios “serviam” ao Senhor, não passando de hipócritas, sepulcros caiados, como Ele mesmo acusou. Suas análises eram sempre “ortodoxas” não dos frutos. Jesus se atrevia a curar num sábado, era um endemoniado; não importava o resultado de sua ação.

De igual modo, hoje, não conta se nossos ministérios resgatam vidas da sarjeta, se cruzamos o Atlântico para levar o amor de Deus aos africanos; se eles disserem que estamos errados, só nos resta cortar os pulsos. 

Felizmente será Deus que escolherá quais servem e quais não servem para entrar na vida eterna. Fosse escolha humana e o “céu” levaria parca vantagem sobre o inferno.

Daqueles Jesus afirmou que prostitutas e publicanos entravam na frente; os últimos, socialmente falando, seriam os primeiros, porque desprovidos de pretensão, aceitavam o socorro de Deus como é. 

O homem espiritual tem a Lei escrita dentro de si, na consciência. Muitas vezes tem que abrir mão de coisas que julgava lícitas, por causa de um peso no interior que o Espírito Santo coloca; claro,  não será julgado pela mente alheia.

Paulo ensina como reconhecer um salvo; “Todavia o fundamento de Deus fica firme, tendo este selo: O Senhor conhece os que são seus, e qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniquidade.” II Tim 2; 19  

E um ministro aprovado também:  “A minha palavra, e a minha pregação, não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração de Espírito e de poder;’ I Cor 2;14

“O fanatismo consiste em intensificar os nossos esforços depois de termos esquecido o nosso alvo.”  ( George Santayana )

domingo, 31 de agosto de 2014

O lado bom de ser ruim

“E começaram a rogar-lhe que saísse dos seus termos. Entrando ele no barco, rogava-lhe o que fora endemoninhado que o deixasse estar com ele. Jesus… disse-lhe: Vai para tua casa, para os teus, e anuncia-lhes quão grandes coisas o Senhor te fez, como teve misericórdia de ti. E ele foi, e começou a anunciar em Decápolis quão grandes coisas Jesus lhe fizera; e todos se maravilharam.” Mc 5; 17 a 20
 
Temos aqui um contraste; os “lúcidos” pedindo que Jesus se afastasse; o ex louco querendo Sua companhia. O Senhor ordenou que anunciasse aos seus o ocorrido, o que, prontamente fez. Assim, os sóbrios regressaram à rotina indiferente; o restaurado se fez pregador.

O mesmo Senhor ensinou que, aprecia melhor a salvação, quem sente-se mais devedor ante Deus. “certo credor tinha dois devedores: um devia-lhe quinhentos dinheiros, e outro, cinquenta. E, não tendo eles com que pagar, perdoou a ambos. Dize, pois, qual deles o amará mais?  Simão, respondendo, disse: Tenho para mim que é aquele a quem mais perdoou. E ele lhe disse: Julgaste bem.” Luc 7; 41 a 43
 
Então, não é exagero afirmar que, quanto pior, melhor. Digo, o pecador mais visível, que, sequer pode disfarçar-se tende a aceitar a salvação mais facilmente que, outrem, ostentando certa justiça própria.  Essa “superioridade”  era a doença dos fariseus que se sentiam justos, enquanto o populacho não passava de amaldiçoado. “Creu nele porventura algum dos principais ou dos fariseus? Mas, esta multidão, que não sabe a lei é maldita.” Jo 7; 48 e 49  Alguns estavam impressionados com a fala de Jesus; os ruins; os “bons”, principais, não tinham se deixado enganar; sabiam a Lei.

Por sutil que pareça, temos aqui nuances do velho conflito entre razão e fé. Enquanto aquela monta sua equação entre os colchetes do mérito, essa, nada tendo a perder  recebe a graça proposta. Isso não é teoria psicológica, ou, teológica. Fato comprovado mesmo naqueles dias. “…Em verdade vos digo que os publicanos e as meretrizes entram adiante de vós no reino de Deus. Porque João veio a vós no caminho da justiça e não crestes, mas os publicanos e as meretrizes o creram; vós, porém, vendo isto, nem depois vos arrependestes para  crer.” Mat 21; 31 e 32
 
É. Vendo a admissão dos maus, mais refratários ficam os “bons” à ideia de se misturar à gentalha. Acontece que classes sociais fazem certo sentido horizontal. Ante Deus estamos nivelados por baixo. Como está escrito: Não há um justo, nem um sequer.” Rom 3; 10
 
A mesma Escritura, ( Lei e Profetas ) que os religiosos se orgulhavam por conhecer asseverava que seria assim. Que a mensagem do precursor do Messias seria uma “terraplanagem” nivelando todos. “Todo o vale será exaltado, todo o monte e todo o outeiro será abatido; o que é torcido se endireitará, o que é áspero se aplainará.” Is 40; 4 Os pequenos na sociedade como meretrizes e publicanos eram aceitos; ( exaltados ) e os montes, lideranças religiosas hipócritas, abatidos.

João Batista, o homem do machado fez muito bem seu papel. “E não presumais de vós mesmos, dizendo: Temos por pai a Abraão; porque eu vos digo que, mesmo destas pedras, Deus pode suscitar filhos a Abraão. Também agora está posto o machado à raiz das árvores; toda a árvore, pois, que não produz bom fruto é cortada e lançada no fogo.” Mat 3; 9 e 10
Fora com a pretensão de santidade hereditária, mas, frutos!  E o primeiro da lista era o arrependimento, que os mais baixos produziram; e os “bons”, qual a figueira amaldiçoada contentavam-se com as folhas da presunção.

Em sua dura diatribe à teologia cristã, “O Anticristo”, o que mais irritava ao ateu Nietzsche era um trecho onde Paulo afirma que: “Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes;  Deus escolheu as coisas vis deste mundo, e as desprezíveis, e as que não são, para aniquilar as que são; para que nenhuma carne se glorie perante ele.” I Cor 1; 27 a 29
 
Não que haja pré escolhidos, mas, uma condição racionalmente “estúpida” chamada fé, sem a qual, nada feito. “Porque a palavra da cruz é loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos é o poder de Deus.” V 18
 
Certo é que, a árvore da ciência produz seu fruto; mas, as questões pertinentes à vida, medram noutra Árvore. Os loucos sabem o caminho. “Bem aventurado o homem que acha sabedoria,  o homem que adquire conhecimento;… É árvore de vida para os que dela tomam, e são bem aventurados todos  que a retêm.” Prov 3; 13 e 18