“Sobre tudo o
que se deve guardar, guarda teu coração, porque dele procedem as fontes da
vida.” Pro 4; 23
Dado ser o coração, centro da vida orgânica é usado como
figura central da alma, mente, desejos, personalidade humana. Tudo isso faz
parte do “coração” de uma pessoa. Quando queremos enfatizar a certeza,
profundidade de uma resolução qualquer, dizemos que é de todo o coração, ou, do
fundo do mesmo.
Embora falte ao termo uma circunscrição mais precisa, o mais
sábio dentre os homens, Salomão, o definiu como manancial das fontes da vida.
Acontece que, após a queda caiu também a qualidade desse manancial, digo, a
pureza. Desse modo, algo ser feito, desejado, de todo coração já não é
certificado de puro, profundo, veraz... Jeremias advertiu, aliás, contra os
produtos dessa fonte, ora, corrupta: “Enganoso é o coração, mais do que todas
as coisas e perverso; quem o conhecerá? Eu, o Senhor, esquadrinho o coração,
provo os rins; isto para dar a cada um segundo os seus caminhos, segundo o
fruto das suas ações.” Jr 17; 9 e 10
Vemos que, as obras por si não bastam;
Deus busca o coração, no caso, a intenção com as quais são feitas. O Salvador
foi preciso em desvendar o “maravilhoso potencial humano” como dizem certos
psicólogos; “O homem bom tira boas coisas do bom tesouro do seu coração; o
homem mau do mau tesouro tira coisas más.” Mat 12; 35 Não que o homem faça o
coração ser bom; antes, o coração faz o homem, como a nascente faz o rio.
Um
coração insensível era a “doença” de seus ouvintes, acusou; “Porque o coração
deste povo está endurecido; ouviram de mau grado, fecharam seus olhos para que
não vejam; os ouvidos pra que não ouçam; compreendam com o coração, se
convertam e eu os cure.” Mat 13; 15 Um coração endurecido, pois, enseja má
vontade, tolhe a compreensão, veda a conversão e consequente cura das almas.
O
Mestre disse mais: “Porque do coração procedem os maus pensamentos, mortes,
adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias. São estas
coisas que contaminam o homem...” Cap 15; 19 e 20
Reitero, não basta que alguém
busque determinadas coisas de todo o coração; antes, é preciso saber que tipo
de coração anima tal pessoa.
Nos cânticos hebraicos há bênção sobre o coração
cuja nascente provém de Deus; “Bem-aventurado o homem cuja força está em ti, em
cujo coração estão os caminhos aplanados.” Sal 84; 5
Parece que a ideia de retidão,
justiça, se figura por caminho plano; com o quê, concorda o texto de Isaías,
pois, ao anunciar o ministério de João Batista usa a mesma figura. “Voz do que
clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor; endireitai no ermo vereda a
nosso Deus.” Is 40; 3
Então, quando se diz que a fé remove montanhas, grosso
modo se pensa em bênçãos emocionais, materiais, não, em aperfeiçoamento do
coração, regeneração do caráter segundo Deus.
Antes de mais nada precisamos
crer quando a Palavra de Deus denuncia que temos esses montes interiores;
depois, aceitar Seus termos para a devida “terraplanagem”. Senão, seguirão no
mesmo lugar; faltou fé e obediência para os remover.
Quem crê em Deus e abraça
Sua Palavra necessariamente separa-se do mundo. Então, nada mais natural que
aqueles, cujos corações ainda são montanhosos estranhem a vastidão das
planícies; noutras palavras: Acusam-nos de radicais, fundamentalistas, preconceituosos,
etc.
Ora, se do ponto de vista natural é possível a convivência, no espiritual
é totalmente impraticável. Paulo ensina: “Não vos prendais a um jugo desigual
com os infiéis; porque, que sociedade tem a justiça com a injustiça? Que comunhão
tem a luz com as trevas? Que concórdia há entre Cristo e Belial? Que parte tem
o fiel com o infiel? Que consenso tem o templo de Deus com os ídolos? Porque
vós sois o templo do Deus vivente, como Deus disse: Neles habitarei, entre eles
andarei; eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo. Por isso saí do meio
deles, apartai-vos, diz o Senhor; não toqueis nada imundo e eu vos receberei;”
II Cr 6; 14 a 17
Aos cristãos, mesmo devendo amar todos, não restam causas
ímpias a defender; devem ser cumpridores, mensageiros da Vontade de Deus, o
Único coração puro.
Moradores de Jericó pediram ajuda a Eliseu, pois, as águas
de sua terra eram ruins; ele lançou sal na fonte e purificou em nome do Senhor.
Aquelas fontes tipificam todos os corações após a queda; o intento Divino é
purificar via Seus servos, dos quais disse: “Vós sois o sal da Terra...” Se a
carne viva acusa a ardência do sal, a que foi crucificada não se incomoda com
ele.