“O homem modesto tem tudo a ganhar e o orgulhoso tudo a perder: é que a modéstia tem sempre a ver com a generosidade e o orgulho com a inveja.” Antoine Rivarol
Há quem diga que a modéstia é disfarce da vaidade; de qualquer modo, esse “disfarce” leva muita vantagem em relação à sua antítese, o orgulho.
Acho que orgulho deriva de certa embriagues do amor. Deus nos deu uma porção dele para que o direcionemos aos semelhantes; o orgulhoso mesquinho fica com tudo para si; daí, o excesso de amor próprio faz com que veja-se muito maior do que é.
“O melhor negócio da Terra seria comprar os homens pelo que eles valem, e revendê-los pelo que pensam que valem.” La Fontaine
“Não pense de si mesmo mais do que convém”; “não ambicioneis coisas altas, mas, acomodai-vos às humildes”, ensina a Palavra de Deus.
Tanto é um erro almejarmos lugares que não nos convêm, quanto, evitarmos ingressar naqueles, cujo nicho tem exatamente nossa medida, nosso número. Às vezes o orgulho furta a capa da humildade para se esconder. Aquilo para o que estou apto é minha estatura; não significa que, se ocupo uma posição inferior deva me rebelar; mas, se surgir ocasião para fazer o que posso num posto mais alto é sensato, não, orgulhoso, aceitar.
Quando estudamos hermenêutica bíblica, um aferidor aconselhado pelos mestres é o bom encaixe; isto é: a interpretação de um texto é considerada boa quando as peças se encaixam sem esforço, cada uma ocupa seu lugar; não há excedentes, nem violência textual ou, contextual, alguma.
Acho que na vida ocorre o mesmo. Quando cada coisa ocupa o devido lugar, a sinfonia acontece de modo harmônico; quando não, desafinação resulta inevitável.
Salomão admirou-se vendo as coisas reversas certa vez: “Ainda há um mal que vi debaixo do sol, como erro que procede do governador. A estultícia está posta em grandes alturas, mas, os ricos estão assentados em lugar baixo. Vi os servos a cavalo, os príncipes andando sobre a terra como servos.” Ecl 10;5 a 7
É necessária argúcia para ver a nobreza dos príncipes quando, esses estão sob disfarce de servos. Segundo o seu apreço, seria o erro dos governantes que promovem a lugares altos pessoas sem nenhum valor, enquanto, deixam os que valem relegados ao esquecimento. Sem esforço acabamos voltando à fonte corrupta do orgulho como geratriz dessas insanidades todas.
Quando um orgulhoso é empoderado cerca-se de bajuladores acríticos e amorais; se, tivesse o bem público como fim promoveria para assessoria e demais cargos gerenciais, aos competentes, independente de afinidades pessoais ou partidárias; mas, isso não acontece, infelizmente. Pouco conta, aptidões, ou, a total falta delas. Se, há um bajulador pleiteando um posto, o governante insensato vê o que tem disponível e joga o sujeito lá, não importando se, sua inépcia fará desastrada sua atuação.
Qual gestor da iniciativa privada agiria assim? O poder político conquistado à força de mentiras é para dar facilidades, privilégios a determinada casta; o empreendedorismo é para dar lucro, gerar riquezas para quem empreende e para a sociedade também. Assim, o gestor competente há de promover aos, igualmente aptos, se, quer ver sua empresa prosperar. Quando não acontece precisa rever conceitos, remanejar peças, fazer uma reengenharia administrativa; os políticos, quando suas incompetências e excessivos privilégios tangem o vermelho, aumentam impostos; simples assim.
Desse modo, sempre põem outros, sem culpa alguma, a pagar por suas incompetências, roubos, até.
No entanto, jogam com as emoções baratas de uma plebe acéfala, incapaz para o senso crítico; quando cumprem dez por cento do que lhes é dever, são bem pagos para isso, fazem parecer que aquilo foi bondade do governante, e, muitas vezes a “bondade” é apenas gestão temerária, imprudente, dos bens que não lhe pertencem; são da sociedade. Aí as amebas domesticadas saem em defesa do que “rouba, mas, faz”. Os orgulhosos do subsolo que se levarem “sua beira” dane-se o todo, explodam-se os demais.
Não quero gestores que me dêem facilidades pessoais, “fundos perdidos”, bolsa isso, ou, aquilo; eu mato meu leão cotidiano, busco o meu sem depender de políticos. Quero gente decente, com vergonha na cara, capacidade gerencial; o todo em perspectiva como deve ser o olhar de um estadista, não, sanguessugas arrogantes, acríticos, orgulhosos e incompetentes, achando que a coisa pública é sua propriedade, só porque foram eleitos.
É muito pobre o cenário, seria como tirar leite de pedras eleger um novo Congresso só de gente proba, capaz e honesta. Ainda mais com nosso eleitorado ignorante e fanático como é. Que Deus nos dê na hora da escolha, uma centelha do olhar de Salomão, que logrou discernir os patifes dos príncipes, mesmo em lugares inversos.
Um espaço para exposição de ideias basicamente sobre a fé cristã, tendo os acontecimentos atuais como pano de fundo. A Bíblia, o padrão; interpretação honesta, o meio; pessoas, o fim.
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domingo, 8 de abril de 2018
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