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domingo, 19 de julho de 2020

A Fraqueza da Fé


“O teu Deus ordenou tua força; fortalece, ó Deus, o que já fizeste para nós.” Sal 68;28

A perspectiva Divina, que por ser Ele Eterno, parece viver sempre no presente, (O Senhor desnudou Seu Santo Braço... Is 52;10, 730 anos antes de acontecer) e a nossa, num crescente montante de passado, a cada segundo que vai, e infindo devir.

Para Deus as coisas estão prontas; “já fizeste para nós;” nós pedimos que aconteçam ainda. “fortalece...”

Assim, entendendo essa relação do “Pai da Eternidade” com o tempo, qualquer um pode ser, eventualmente, profeta; basta repetir o que Deus falou, respeitando contexto, propósito e alvo, e certamente o predito acontecerá. “Rugiu o leão, quem não temerá? Falou o Senhor Deus, quem não profetizará?” Am 2;8

Quando a Palavra diz que “a fé é o firme fundamento das coisas que se não veem, e a prova das que se esperam”, Heb 11;1 e nela se pode, como Moisés, ficar “firme como que, vendo o invisível”, é que em seus domínios somos guindados à perspectiva Divina; e podemos aí, “Chamar às coisas que não são, como se já fossem.”

Como não é necessário “chover no molhado” segundo o dito, nas coisas atinentes estritamente, ao Divino agir, nosso papel não é fazer, mas confiar em Quem Faz. “...no estarem quietos será sua força.” Is 30;7 “A Obra de Deus é esta: Que creiais naquele que Ele enviou.” Jo 6;29 Claro que um salvo é desafiado a agir como tal, nas coisas suas.

Logo, fé não é uma força que faz acontecer as coisas que desejamos, antes, uma dependência confiante Naquele que, segundo prometeu, já fez o necessário ao nosso favor, malgrado, ainda possa estar oculto, após a cortina do tempo.

Outro dia coloquei numa frase despretensiosa que a fé é fraqueza, não força; pois, ante um não! ridículo qualquer, precisamos repousar numa Integridade Majestosa do Tamanho de Deus.

Pensando bem, não é mero jogo de palavras; é isso mesmo.

Fé em si mesma é um atestado de dependência e confiança em Quem pode. “... A Minha graça te basta, porque Meu Poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o Poder de Cristo. Por isso sinto prazer nas fraquezas, injúrias, necessidades, perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Porque quando estou fraco então sou forte.” II Cor 12;9 e 10

Quando estou fraco sou forte porque elimino a “concorrência” ao Divino agir; isto é: A confiança no braço humano onde só Deus poderia. “Assim diz o Senhor: Maldito o homem que confia no homem, faz da carne seu braço, e aparta seu coração do Senhor!” Jr 17;5

A fé sadia une meu coração ao Senhor, além do componente necessário de confiança irrestrita tem também um “tempero” afetivo que leva a seguir ao Amado, mesmo que, eventualmente me conduza por caminhos inesperados ou, indesejáveis. “Amarás ao Senhor teu Deus de todo coração, alma e entendimento...”

A fé bastarda, filha da prostituta espiritual, da “teologia da Prosperidade” e adjacências, insinua-se como sendo uma força por meio da qual se pode conquistar o que se deseja “em Nome de Jesus”.

A bíblica enseja segurança mesmo na fraqueza e adversidade, pela entrega irrestrita ao Amor e Integridade de Quem nos conquistou.

Mais ou menos com versou Habacuque; “Porque ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; ainda que decepcione o produto da oliveira, os campos não produzam mantimento; ainda que as ovelhas da manada sejam arrebatadas, nos currais não haja gado; todavia, me alegrarei no Senhor; exultarei no Deus da minha salvação.” Hc 3;17 e 18

A fé genérica devaneia castelos no “terreno” das próprias cobiças e requer que O Eterno construa. A sadia caminha com Deus até pelas cavernas da terra, pois firma-se numa Pessoa, não num amontoado de coisas.

Quem se presume convertido, mas busca prioritariamente coisas, não Deus e Sua Justiça, quando na encruzilhada do Evangelho viu a seta que apontava para a cidade da Salvação mediante a vereda do “Negue a si mesmo” desviou-se por um atalho que presume paralelo mas, é oposto. Leva à perdição.

Infelizmente, a incredulidade suicida conseguiu ingresso em meio às facilidades do Paraíso; agora para regeneração, a fé carece ser testada e aprovada nas vicissitudes injustas de um mundo mau que “jaz no maligno”.

Quem associa a posse de uma fé vívida com facilidades, não passa de um estúpido que pensa que se vai ao front bélico para jogar damas invés de pelejar.

“Portanto, cingindo os lombos do vosso entendimento, sede sóbrios; esperai inteiramente na graça que se vos ofereceu na revelação de Jesus Cristo; como filhos obedientes...” I Ped 1;13 e 14

sábado, 20 de junho de 2020

O quê tem no fim do caminho?


“Há um caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele são os caminhos da morte.” Prov 14;12

Se, aos nossos olhos até os caminhos da morte conseguem a façanha de parecer direitos, necessária a conclusão que, a contribuição dos olhar pouco vale, nos domínios espirituais.

A sugestão independentista do traíra, “vós mesmos sabereis o bem e o mal” se revelou uma farsa que, deveria ser parafraseada assim: A vós parecerá bem o que é mal, ou, reféns das aparências, doravante, não mais podereis discernir as coisas.

Se, na essência as coisas são o que são, a despeito de apreços externos, nesses, podem ser mudadas mediante artifícios, visíveis ou interpretativos. O truque pode estar na alegoria, ou, no enredo.

Normalmente é nessa área, do sentido das coisas, que o inimigo trabalha. Quando cega suas vítimas não o faz atingindo retinas, antes, neurônios; “... o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos...” II Cor 4;4 Se, a fé pode ser alegorizada como olhos, a incredulidade como derivada da cegueira, ou quiçá, a causa; ambas estão interligadas.

Paulo disse que orava pelos cristãos efésios pedindo “... que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê em Seu conhecimento o espírito de sabedoria e revelação; tendo iluminados os olhos do vosso entendimento...” Ef 1;17 e 18

Por isso, quando A Palavra menciona os “olhos da fé” evoca, antes, uma convicção interior do que, algo visível; “A fé é o firme fundamento das coisas que se esperam; a prova das coisas que se não veem.” Heb 11;1

Desse modo, se meus olhos naturais são potenciais vítimas de engano ao escolher um caminho, os da fé, que necessariamente serão obedientes ao Senhor, delegam a Ele a escolha dos rumos; “Confia no Senhor de todo o teu coração; não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, Ele endireitará tuas veredas. Não sejas sábio aos teus próprios olhos...” Prov 3;5 a 7

Mediante Isaías O Eterno expusera que a escolha pelos Seus caminhos é necessária pela excelência que eles encerram, mais que, pelo estabelecimento de hierarquia; “Porque meus pensamentos não são os vossos, nem vossos caminhos os Meus, diz o Senhor. Porque assim como os céus são mais altos que a terra, assim são Meus caminhos mais altos do que os vossos, e Meus pensamentos mais altos que os vossos.” Is 55; e 9

Mesmo aqueles que conhecem na íntegra a Palavra de Deus, não terão em cada vicissitude da vida um preceito bíblico estrito, para tomar uma decisão; todavia, terão um princípio que norteará a mesma deixando-a adequada perante a justiça Divina.

Um princípio que legisladores e políticos mencionam seguido e quase nunca observam: Isonomia. “Portanto, tudo que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lhes também, porque esta é a lei e os profetas.” Mat 7;12

O que tem causado tantas diatribes e protestos contra o famigerado STF? Processos contra corruptos célebres, amigos dos ministros caducam e prescrevem ser ir a julgamento; insinuações de delitos contra desafetos do tribunal (que se porta como opositor do Governo, não imparcial como deveria ser) já são alvo de buscas e apreensões ao arrepio das competências e do rito legal.

Esse tipo de coisa não se verá no Tribunal de Deus. Dois pesos e duas medidas perante O Santo é algo abominável; “Seria eu limpo com balanças falsas, com uma bolsa de pesos enganosos?” Miq 6;11

Se, a proteção Divina é assegurada aos fiéis, passando esses pela água ou pelo fogo, a própria fidelidade também é uma proteção quando tiverem que passar pelo escuro; “Quem há entre vós que tema ao Senhor e ouça a voz do seu servo? Quando andar em trevas, não tiver luz nenhuma, confie no Nome do Senhor, e firme-se sobre seu Deus.” Is 50;10

Afinal, caminhar “no escuro” nem é tão escuro assim, se armazenamos em nós porções necessárias da Palavra da Vida; “Lâmpada para os meus pés é tua palavra, luz para meu caminho.” Sal 119;105

Não significa que os olhos não sirvam para nada na senda eterna; podem ver coisas que testificam do Criador; “Porque Suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto Seu eterno poder, quanto Sua Divindade, se entendem e claramente se veem, pelas coisas que estão criadas...” Rom 1;20

Nosso problema não é falta de luz, mas de paladar, sentimento por ela; “... a luz veio ao mundo, os homens amaram mais as trevas que a luz...” Rom 3;19

Para quem, “parece direito” fugir da luz, onde reclamará se acabar em trevas eternas?

“Trágico não é as crianças com medo do escuro a verdadeira tragédia são os adultos com medo da luz;” Platão.

domingo, 6 de outubro de 2019

Prova de Fogo

“Porém Ele (Deus) sabe meu caminho; provando-me, sairei como ouro.” Jó 23;10

Jó defendendo a integridade dos seus caminhos; se Deus o provasse, - disse – sairia como ouro. Ora, era justamente o que acontecia. Estava em plena prova permitida pelo Eterno.

Se atuamos de modo íntegro atrelamos a essa integridade uma espécie de crédito, de estarmos imunes aos sofrimentos. Por que fulano está passando por isso se, é uma pessoa tão boa? Estranhamos.

Não estamos errados em supor que retidão mereça recompensa; mas, nos equivocamos quando acreditamos que devamos colher seus frutos, necessariamente, ainda nessa vida. Nossa justiça pode estar “depositada” numa conta a ser sacada apenas no porvir, o “Tesouro no Céu”. “Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens.” I Cor 15;19

Sendo o mundo um império do maligno, quanto mais honesto alguém for, vivendo nele, mais tende a sofrer; como Ló em Sodoma; “Porque este justo, habitando entre eles, afligia todos os dias sua alma justa, vendo e ouvindo sobre suas obras injustas.” II Ped 2;8

Escrevendo ao jovem Timóteo Paulo advertiu-o dessa dura realidade; “Todos os que piamente querem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições.” II Tim 3;12

Incomoda-nos não só a injustiça circunstante, como as perseguições dos que, animados por outro espírito alvejam Cristo em nós. “Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem, perseguirem e, mentindo, disserem todo mal contra vós por minha causa. Exultai e alegrai-vos, porque é grande vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram os profetas que foram antes de vós.” Mat 5;11 e 12

Note que mentiras, injúrias e perseguições são realidades daqui; galardão, recompensa, espera-nos no porvir; nos Céus. Isso somente os olhos da fé podem ver; “A fé é o firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que se não veem.” Heb 11;1

Não sejamos ingênuos achando que a prova da fé em meio a tribulações, perseguições seja mera possibilidade, da qual podemos até fugir se, orarmos; é uma necessidade. “Para que a prova da vossa fé, muito mais preciosa que o ouro que perece e é provado pelo fogo, se ache em louvor, honra e glória, na revelação de Jesus Cristo.” I Ped 1;7

Muitos interpretam errado, certo verso onde, João Batista afirma que, Jesus batizaria com O Espírito Santo e com fogo, como se, fosse um evento só; são duas coisas distintas.

O Batismo no Espírito Santo reveste-nos capacita-nos para a caminhada; o batismo de fogo são as agruras da caminhada, provações; “A obra de cada um se manifestará; na verdade o dia a declarará, porque pelo fogo será descoberta; o fogo provará qual é a obra de cada um.” I Cor 3;13

Então, se a nossa vida espiritual andar solta, sem obstáculos, incompreensões, perseguições, tentações acima do normal, convém estarmos atentos; pode que, como denunciou O Senhor de certa Igreja, Tenhamos nomes de vivos e estejamos mortos. “Ao anjo da igreja que está em Sardes escreve: Isto diz o que tem os Sete Espíritos de Deus e as sete estrelas: Conheço tuas obras, que tens nome de que vives e estás morto.” Apoc 3;1

Claro que o Capeta não gastaria dardos contra cadáveres espirituais; seu alvo é derrubar quem está em pé; acena-nos com o vívido neon das tentações, vai cantar cantigas de ninar aos mortos para sigam assim, sem atentarem para a sua nefasta realidade. “Nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a Imagem de Deus.” II Cor 4;4

Assim, para quem vive alienado da Vontade Divina e “tudo vai bem”, não é por que vai, deveras; mas, porque está cego ao mal no qual jaz.

Os servos do Altíssimo são estrangeiros, peregrinos na Terra; como tais, falam outro idioma e possuem outros valores. Se, as coisas fossem vistas espiritualmente, sobre o planeta haveria intensa escuridão pontilhada pelas luzinhas de alguns pirilampos. Como o canhoto é espírito pode ver nessa dimensão fica fácil identificar seus alvos.

Nossa vida depois de Cristo não passa por provações; é uma prova, combate em tempo integral contra o império das trevas.

Se, somos “alvos fáceis” no sentido da identificação, também somos capacitados pelo Espírito a ver as coisas como são, não, como parecem; “O que é espiritual discerne bem tudo e não é discernido.” I Cor 2;15

O que O Senhor disse de Jerusalém aplica-se aos demais que O servem; “Porque eis que as trevas cobriram a terra, a escuridão os povos; mas sobre ti o Senhor virá surgindo; Sua Glória se verá sobre ti.” Is 60;2

Discernimento é ouro. Ante as provas saiamos como Jó.

domingo, 7 de julho de 2019

Olhos para perto e longe

“Pois aquele em quem não há estas coisas é cego, nada vendo ao longe, havendo-se esquecido da purificação dos seus antigos pecados.” II Ped 1;9

De quais coisas Pedro está falando, cuja privação nos tornaria cegos? Voltando uns passos deparamos com elas; “... acrescentai à vossa fé a virtude, à virtude a ciência, à ciência a temperança, à temperança a paciência, à paciência a piedade, à piedade o amor fraternal e ao amor fraternal, caridade.” Vs 5 a 7

Vemos que a fé sadia demanda uma leva de “acessórios” para que seja eficaz em seu propósito. A cegueira consequente da falta dessas qualidades é de um tipo específico também; “... nada vendo ao longe...” A pessoa bem pode ter olhos sagazes para as coisas de perto e ser cega para as mais distantes; os olhos da fé que atingem dimensões futuras.

A Palavra ensina: “A fé é o firme fundamento das coisas que se esperam e prova das coisas que se não veem.” Heb 11;1 Em seu exercício, Moisés “... deixou o Egito, não temendo a ira do rei; porque ficou firme, como vendo o invisível.” Heb 1;27

O dito vulgar de que a fé é cega não passa de calúnia. A fé enxerga perto e longe como certos óculos de grau. Perto divisa a vida como se apresenta, bem como as necessidades próprias e dos semelhantes. Longe vê o alvo a atingir, além da recompensa pelas perdas e privações de agora; a colheita pelas boas sementes plantadas.

Alguém com uma “fé” utilitarista cujo foco se atém estritamente ao agora é o cego aquele, aludido por Pedro. Seu egoísmo imediato não permite cogitações além; malgrado as posses que usufrua é um mendigo nos valores que contam. “Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens.” I Cor 15;19

Quando a Palavra ensina que é mais ditoso dar do que receber, por um lado enfatiza o valor do amor a próximo, por outro, um depósito a mais, feito para dias longínquos, o Tesouro no Céu.

Se, as necessidades dos semelhantes nos movem ocorre uma bênção concomitante em dois tempos e duas dimensões. O socorro imediato de uma carência, e os créditos às obras da fé num tempo porvir. Como bem definiu o rabino Israel de Salant: “As necessidades materiais do teu próximo, - disse – são as tuas necessidades espirituais.” Pois, a fé sadia que nos leva a fazer as coisas pela motivação certa, em Cristo, logra esse feito da bênção casada.

Para tais depósitos todos são aptos, não importando quanto possuam. Deus valora princípios, motivos, sentimentos, não metais. Quando ensina-nos que a fidelidade no pouco nos credencia ao muito, é porque na Sua escala, mesmo com pouco podemos fazer coisas de muito valor, como a viúva que ofertou duas moedas.

A uma “fé” indolente, inativa sem as qualidades alistadas Pedro chamou de estéril, ociosa. “Porque, se em vós houver e abundarem estas coisas, não vos deixarão ociosos nem estéreis no conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo.” V 8

As virtudes todas preceituadas têm a ver como nosso próximo, mas o exercício nelas nos faz crescer no conhecimento de Cristo. Não da Sua aparência humana, antes, Divina, espiritual. “... ainda que também tenhamos conhecido Cristo segundo a carne, contudo, agora já não o conhecemos deste modo.” II Cor 5;16

Não é possível um conhecimento teórico do Senhor. O conhecimento prático demanda identificação com Seu Ser e Seu modo de agir.

Pois, se a fé nos permite ver ao longe, no porvir, também faculta uma visão melhor dos rumos de onde viemos, e do que fizemos quando estávamos sem O Salvador. Quando éramos “livres da justiça” soltos para pecar.

“Falo como homem, pela fraqueza da vossa carne; pois que, assim como apresentastes vossos membros para servirem à imundícia, e à maldade para maldade, assim apresentai agora para servirem à justiça para santificação. Porque, quando éreis servos do pecado, estáveis livres da justiça. Que fruto tínheis então, das coisas de que agora vos envergonhais? Porque o fim delas é a morte.” Rom 6;19 a 21

Essa “visão periférica” dada pelos olhos da fé nos faz eternos agradecidos ao Salvador por tão grande livramento, e tão preciosas promessas porvir, a dar vida pra nossa esperança.

Vulgarmente se diz que o pior cego é o que não quer ver; mui além da intenção rasa com que se diz isso, o dito é seriamente verdadeiro. Sabendo que, ver na dimensão da fé demanda compromisso e renúncia, preferem a cegueira voluntária traindo a si mesmos. 


“... a luz veio ao mundo e os homens amaram mais as trevas que a luz, porque as suas obras eram más.” Jo 3;19

sábado, 16 de dezembro de 2017

A Incerteza Certa

“Pela fé Abraão, sendo chamado, obedeceu, indo para um lugar que havia de receber por herança; saiu, sem saber para onde ia.” Heb 11;8

Um aspecto que necessariamente acompanha uma fé sadia é a incerteza. Podemos estar certos da nossa decisão, da Integridade Divina, etc. Mas, sempre estaremos incertos quanto à caminhada, pois, aos que creem deveras, muitas vezes os Senhor testa no escuro para ver em quê, estão eles firmes. Isaías ensina: “Quem há entre vós que tema ao Senhor e ouça a voz do seu servo? Quando andar em trevas, não tiver luz nenhuma, confie no nome do Senhor; firme-se sobre seu Deus.” Is 50;10

Então, diverso do que dizem a fé não é cega em seu objetivo; “Sei em quem tenho crido e sei que É Poderoso para guardar meu depósito” como disse Paulo. Entretanto, pela própria natureza da fé, se requer que ela “veja” n’outra dimensão; isto é; confie irrestritamente Naquele que crê, pois, se assim não for nega-se.

Muito do que se veicula rotulado por fé não passa de certo otimismo espiritual, devaneios falsamente piedosos, como se, O Todo Poderoso fosse um adido, um Ajudador para abençoar “nossos” projetos.

Quem ainda se acha capitão do navio da própria vida nunca chegou perto da cruz, berço do novo nascimento; qualquer “bênção” que suas mandingas fruírem será fortuita; ou, de fontes espúrias, não, do Senhor. “Deus não é Deus de mortos.” Se, a cruz demanda o “negue a si mesmo”, onde resta espaço, autoridade, para que eu trace as linhas de minha caminhada e deixe ao Eterno apenas a “honrosa” condição de me abençoar?

Nem se trata do viés do poder; ainda que esse bastaria para decidir quem manda; antes, da Onisciência do Pai. Ele ama a todos; sobretudo, os fiéis; como, “há caminhos que ao homem parecem direitos, mas, no final, são caminhos de morte”, Ele preceitua que deixemos a escolha do caminho com Ele; “Entrega teu caminho ao Senhor; confia Nele e tudo Ele fará.” Sal 34;5

Assim, os que vivem pela fé devem estar atentos, pois, a qualquer momento uma lícita jornada a Bitínia passará a ser desobediência, se, no silêncio da noite o Espírito Santo ordenar a ida à Macedônia, como fez com Paulo.

O homem espiritual não cumpre um conjunto de regras eclesiásticas estritamente; não que seja desobediente, mas, pela intimidade com O Senhor pode ser comissionado pelo Espírito a coisas novas, a despeito das regras horizontais. “teus ouvidos ouvirão a palavra do que está por detrás de ti, dizendo: Este é o caminho, andai nele, sem vos desviardes nem para direita nem para esquerda.” Is 30;21

O legalismo restringe seus servos a determinado conjunto de regras; o andar em espírito chama-nos à comunhão, o que, muitas vezes nos coloca em choque entre obedecer a Deus, ou, os homens. Não parece uma escolha difícil no prisma filosófico, embora, tenhas seus desdobramentos críticos no âmbito prático.

Quando Paulo diz que nossa entrega irrestrita, o “sacrifício vivo” é nosso culto racional, atina ao fato que a vida de fé, ainda que nos desafie ao escuro, à medida que caminhamos, os frutos seus convencem ao intelecto também; “... minha doutrina não é minha, mas, daquele que me enviou. Se, alguém quiser fazer a vontade dele, pela mesma doutrina conhecerá se é de Deus, ou se falo de mim mesmo.” Jo 7;16 e 17

Assim, o ingresso é no “escuro”, o desafio da Palavra; porém, a caminhada é mais ou menos como dirigir sob cerrada neblina; vemos uns trinta metros apenas, contudo, avançando aquele trecho, outro igual se descortina adiante, e, dirigindo com prudência, cuidado, iremos com segurança, desde que, sabendo ler e obedecer às placas de advertência ao longo do caminho.

O Eterno prometera Canaã a Abraão; entretanto, seus descendentes, sabedores da promessa, em dado momento tiveram que viver no Egito. A fé não aniquila-se quando, em determinadas circunstâncias anda na contramão; afinal, se tem lugares específicos prometidos, também tem um tempo oportuno; ousar antes dele não o upgrade da fé, mas, a negação, a dúvida. “Aquele que crer não se apresse”.

Não que seja ilícito homens de fé ter seus anseios, projetos, até; mas, todos esses devem ser submetidos ao Senhor. Quando Ele ocupar a primazia em nossas vidas, nos agradarmos da Sua Santa companhia, os mais caros desejos, desde que, lícitos, terão Sua bênção. “Deleita-te no Senhor, Ele te concederá os desejos do teu coração.” Sal 37;5

Em suma, a fé saudável não traça caminhos; seu hospedeiro recebe os necessários “faróis de neblina” e é capacitado a trilhar a senda escolhida pelo Senhor. Se, no imediato ignora por onde vai, no Eterno, sabe onde chegar. Eis, os olhos da fé!

quarta-feira, 4 de outubro de 2017

Entendimento, a luz que falta

“Tendo iluminados os olhos do vosso entendimento, para que saibais qual a esperança da sua vocação e as riquezas da glória da sua herança nos santos;” Ef 1;18

Muito se fala nos olhos da fé inspirado no texto que diz que Moisés trocou a glória do Egito pela peregrinação no ermo, pois, “ficou firme como se, vendo o invisível.”

Entretanto, escrevendo aos cristãos de Éfeso Paulo disse que orava para que se lhes abrissem os olhos do entendimento. Há diferença entre esse e conhecimento; o entendimento vem antes, e, vertido em um modo de andar vai forjando o conhecimento de Deus.

Tendemos a superficializar o conhecimento, como se fosse mera propriedade intelectual, quiçá, visual.
Por exemplo: Viajando passei por determinada cidade, e falando com alguém, quando a mesma é citada digo: Conheço, já estive lá. Não senhores; conhecer é bem mais profundo que isso.

Vulgarmente citamos: “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”; como se isso fosse um conjunto de informações estritamente. Ter meras informações equivale a passar pela cidade da Verdade, sem conhecer. É preciso moldar o viver pelo que sabemos acerca da Vontade Divina; “...minha doutrina não é minha, mas, daquele que me enviou. Se, alguém quiser fazer a vontade dele, pela mesma conhecerá se ela é de Deus, ou, se eu falo de mim mesmo.” Jo 7;16 e 17

Entender é como ter a receita, conhecer vem de praticar, tomar o remédio. Fazendo isso nos exercitamos na experiência, tanto de, como andar, quanto, as consequências de sermos do Senhor. “Se sabeis estas coisas, bem-aventurados sois se as fizerdes.” Jo 13;17

Pois, o conhecimento da verdade dado como possível derivaria, justo, da permanência na Palavra de Cristo; “...Se vós permanecerdes nas minhas palavras, verdadeiramente sereis meus discípulos; conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” Jo 8;31 e 32

Dizemos que para conhecer alguém carecemos comer um kilo de sal juntos primeiro; isso requer tempo, convívio em situações favoráveis e adversas para vermos como porta-se em cada uma.

Para conhecermos ao Senhor precisamos igualmente passar com Ele pelas boas e más situações; não que haja Nele mudança ou, sombra de variação, mas, veremos nisso a verdade sobre nós, a essência da fé que professamos; se, há mudança em nosso crer; se a fé é oca ou maciça; noutras palavras: Se nossa casa está fundada na areia, ou, na rocha.

“Sei estar abatido, também, ter abundância; em toda a maneira, em todas as coisas estou instruído, tanto a ter fartura, quanto, ter fome; tanto a ter abundância, quanto, padecer necessidade. Posso todas as coisas em Cristo que me fortalece.” Fp 4;12 e 13

Entendimento é a vida cristã em seu aspecto teórico, os primeiros passos que demandam ensino; por exemplo: O Eunuco etíope lia o profeta Isaías quando Filipe o encontrou e indagou: “Entendes tu o que lês?” Ao que respondeu: “Como entenderei se alguém não me ensinar”? Entendendo o que estava em jogo desejou, foi batizado e passou a conhecer Cristo em sua vida.

A salvação tem dois passos derivados do intelecto e um da vontade; saber, entender e desejar. Sem esse último os dois primeiros se perdem; só com o último seremos meros fanáticos religiosos que ignoram em quê, creem.

Pedro disse que podemos mais: “...estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós.” I Ped 3;15

Para desejarmos algo carecemos antes identificar seu valor, senão, passaremos alheios. “Se clamares por conhecimento, por inteligência alçares tua voz, se, como a prata a buscares e como a tesouros escondidos a procurares, então entenderás o temor do Senhor e acharás o conhecimento de Deus.” Prov 2;3 a 5

Assim, embora indispensável, o entendimento é um bem teórico; mas é ele que nos dá ingresso ao conhecimento que é prático. “Aquele que diz: Eu conheço-o, e não guarda os seus mandamentos, é mentiroso, nele não está a verdade.” I Jo 2;4
Em suma, a Palavra de Deus é a “Lâmpada para os pés e a luz para o caminho;” entendimento, a capacidade de ler as placas que orientam a caminhada; o conhecimento de Verdade, de Deus, deriva de com Ele caminharmos em comunhão e submissão.

Infelizmente, quando ora, a maioria, invés de, como Salomão buscar sabedoria para servir, busca bens para servir-se.

Quem devaneia que O Eterno pagou tão alto preço para nos dar prazer, invés, de vida, ainda está com os olhos do entendimento vendados.

“Porque o Senhor dá a sabedoria; da sua boca é que vem o conhecimento e o entendimento. Ele reserva a verdadeira sabedoria para os retos. Escudo é para os que caminham na sinceridade.” Prov 2;6 e 7

sábado, 10 de janeiro de 2015

A vida no olhar



“Tendo iluminados os olhos do vosso entendimento, para que saibais qual seja a esperança da sua vocação; quais as riquezas da glória da sua herança nos santos;” Ef 1; 18 

Muitos pregadores ilustrando coisas espirituais usam o termo: “Olhos da fé.” Uma metáfora para confiança irrestrita em Deus, que faz ficar firme “como vendo o invisível”, igual a Moisés. Todavia, entre os rogos de Paulo pelos crentes de Éfeso encontramos um “novo olhar”; olhos do entendimento. 

Mesmo que se diga que certos papagaios falam, amiúde, não é bem assim. Repetem sons que de tanto ouvirem lhes são assimiláveis, todavia, tanto faz tratar-se de um palavrão, elogio, ou, algo neutro; suas “falas” são desprovidas de qualquer carga emocional, uma vez que, falta o entendimento. Muitos humanos também podem incorrer no mesmo ato, ainda que tenham razão em potencial, diverso dos demais animais, digo, mesmo assim, falar e agir privados de compreensão. A razão potencial não é, necessariamente, atual. O que poderia ser, nem sempre é. 

O primeiro passo rumo ao entendimento é reconhecer a própria ignorância. Se, alguém sabe que não sabe, já sabe algo importante. Todavia, nesse caminho, não raro, tropeçamos na pedra do orgulho. Uma coisa é o que sei sobre minhas limitações; outra; o que admito.

Não sem razão, pois, a primeira promessa do Sermão do Monte busca aos humildes: “Bem aventurados os pobres de espírito...” Claro que a Salvação não é um sumo intelectual; digo, Deus salvará aos inteligentes, longe disso! Entretanto, permitiu que nossas caixas cranianas tivessem cérebros e deseja que os usemos, em busca de entendimento. 

Muitos creem e apregoam um simplismo como se, a “mera” presença de Deus conosco nos eximisse de trabalhar as coisas que podemos. Não existe Mega Sena espiritual, saltos exponenciais de crescimento, mesmo, acompanhados do Eterno. 

Ouçamos o que Ele disse aos líderes do pós cativeiro: “Ora, pois, esforça-te, Zorobabel, diz o Senhor, esforça-te, Josué, filho de Jozadaque, sumo sacerdote,  esforça-te, todo o povo da terra, diz o Senhor,  trabalhai; porque eu sou convosco, diz o Senhor dos Exércitos.” Ag 2; 4 Exortou ao líder civil, ao espiritual, ao povo todo, para que se esforçassem, prometendo estar junto. 

Assim, a presença de Deus, dado que, preciosíssima, não tolhe a necessidade de esforço humano. 

Mesmo as sentenças mais sábias podem desfilar nas vias de lábios tolos, como fala de papagaios; “De que serviria o preço na mão do tolo para comprar sabedoria, visto que não tem entendimento?” Prov 17; 16  Diverso do que pode parecer, não é mero requinte estético; antes, tem a ver mesmo com a preservação da vida. “O entendimento para aqueles que o possuem, é uma fonte de vida...” Prov 16; 22 Aliás, os tantos desvios de Israel, narrados no Velho Testamento, que resultaram na destruição de muitos, bem como, no cativeiro da nação, derivaram desse lapso, precisamente; “O homem que anda desviado do caminho do entendimento, na congregação dos mortos repousará.” Prov 21; 16 

Todo nosso esforço pode ser vão, quando não, contraproducente como fora o zelo de Paulo antes de entender quem É O Salvador. Pensava estar zelando pelo nome de Deus ao cumprir as determinações do rejeitado Sinédrio. O Senhor o derrubou do cavalo, fez uma pergunta retórica: “Por que me persegues?” Depois ensinou que o bravo fariseu estava dando murros em pontas de facas. 

Mais tarde, aludindo aos irmãos de sangue que ainda estavam cegos ele diagnosticou a mesma doença. “Porque lhes dou testemunho de que têm zelo de Deus, mas não com entendimento. Porquanto, não conhecendo a justiça de Deus, e procurando estabelecer a sua própria, não se sujeitaram à justiça de Deus.” Rom 10; 2 e 3 

A Justiça Divina, concordemos ou não, passa necessariamente pela cruz. Não importa quão bom penso ser, quão legal as pessoas me acham; se, durmo sem me sentir culpado. Muitos pensam, aliás, que consciência cauterizada é consciência limpa, por falta de entendimento. “Há uma geração que é pura aos seus próprios olhos, mas, nunca foi lavada da sua imundícia.” Prov 30; 12 

Não que a Mensagem da cruz seja fácil de assimilar; aliás, foi precisamente lendo sobre o vaticínio dela, que o Ministro da Fazenda da Etiópia assumiu ante Filipe, que lhe faltava entendimento; “E ele disse: Como poderei entender, se alguém não me ensinar? E rogou a Filipe que subisse e com ele se assentasse.” Atos 8; 31 Porém, uma vez ensinado, agiu conforme a luz que recebeu.

Não sem razão, pois, o assassino  mor arma seus laços nessa senda; “...o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus.” II Cor 4; 4