“Toda a multidão da terra dos gadarenos ao redor lhe rogou
que se retirasse deles; porque estavam possuídos de grande temor. Entrando ele
no barco, voltou. Aquele homem, de quem haviam saído os demônios, rogou-lhe que
o deixasse estar com ele;” Luc 8;37 e 38
Duas situações antagônicas. A multidão pedindo que O Senhor se
afastasse, o liberto desejando manter-se perto Dele.
Os gregos definiram a multidão como um “monstro acéfalo”, ( sem
cérebro ) na maioria dos casos isso se verifica. Basta que uma voz de comando
dê o primeiro grito, tanto faz, “herói”, “crucifica-o”, “não vai ter golpe”, “grande
é a deusa Diana”, “fora daqui”, presto, o efeito manada, acaba unificando os
anseios do “monstro”.
Pouco importava se, o recém liberto fora um alijado social, que vivia
entre sepulcros autoflagelando-se, e, agora estava livre. Alguém viu mais valor
numa vara de porcos, e, tal, deve ter dado a voz de comando à manada; O Senhor
se retirou. Contudo, quem peregrina pelo deserto sabe, como ninguém, apreciar o
valor da água; digo, um que fora cativo de uma legião de demônios, sabe bem,
quanto vale, ser, enfim, livre. Por isso, grato ao Libertador, tencionou
permanecer com Ele.
Não obstante se “filosofeie” a primazia da qualidade sobre a quantidade,
grosso modo, essa tem sobrepujado àquela. Lembro de um texto que enviei certa
vez a um editor esperando que me ajudasse a publicar um pequeno livro. O
material era de cunho teológico, e, a editora, especializada em publicações
desse viés. Devolveram-me com muitos elogios ao conteúdo sadio, mas,
escusaram-se dizendo não ser do seu perfil; noutras palavras, um livro como
aquele, tinha pouco apelo comercial, não venderia. Na apreciação deles, pois,
tinha qualidade, mas, por isso, prejudicava à quantidade.
Basta que entremos numa livraria “Evangélica” aliás, para ver em
destaque um monte de esterco, doutrinariamente falando, e eventuais obras de
sadio conteúdo, esquecidas em prateleiras dos fundos. Autores como Benny Him,
Kennet Hagin, Napoleon Hill, e, outros tantos, menos votados, cujos ensinos
desafinam da boa hermenêutica Bíblica, vendem muito, dão lucro, portanto, fazem
sucesso. De novo, a multidão, cujo apelo deveria ser evitado, ensino que vem
desde Moisés. “Não seguirás a multidão para fazeres mal; nem, numa demanda
falarás, tomando parte com a maioria para torcer o direito.” Ex 23;2
Cheia está a Internet desse lixo de jogar com a curiosidade em
busca de números, visitas. Certos sites são especialistas em manchetes bombásticas,
para atrair; aí a gente vai ler e não passa de um traque; ou, seria um truque? Nesses,
depois de uma ou duas, considero-os sinônimos de fraude; não leio mais, mesmo que, eventualmente, tenham
algo de valor. Seu histórico desqualifica.
De igual modo trato ministros cujos ensinos em parte são corretos,
noutra, hereges. Toda heresia precisa certo, quê, de verdade para ser
palatável, pois, em seu estado “puro” não é. Assim, o que de correto esses
histriões ensinam serve de “farinha” entre a qual dissolvem seu “princípio
ativo”.
Então, quem se impressiona com números, multidão, coisas que “viralizam”,
certamente se manterá afastado do Salvador, pois, aos olhos naturais será como
foi aos seus coevos, quer, gadarenos, quer, judeus. Isaías anteviu tal
desprezo: “...olhando nós para ele, não havia boa aparência, para que o
desejássemos. Era desprezado, o mais rejeitado entre os homens, homem de dores,
experimentado nos trabalhos; como um de quem escondiam o rosto, era desprezado,
não fizemos dele caso algum.” Is 53;2 e 3
Desgraçadamente, os demônios que possuíam ao infeliz,
identificando O Senhor, pediram misericórdia; homens que viram isso tudo,
pediram distância. Um pecador de coração endurecido consegue ser pior que o
diabo.
Não sem razão, pois, O Senhor figura a mudança que faria nos
convertidos com um transplante de órgãos. “Dar-vos-ei um coração novo, e porei
dentro de vós um espírito novo; tirarei da vossa carne o coração de pedra, e vos
darei um coração de carne. Porei dentro de vós o meu Espírito, e farei que
andeis nos meus estatutos, guardeis os meus juízos, os observeis.” Ez 36;26 e
27
Essa sociedade apodrecida, alienada de Deus, no prisma político
faz moda da opção das minorias, por imoral que seja; no aspecto filosófico, a
onda é o “politicamente correto”, marchar com a maioria.
O Eterno não se
impressiona com números, quer módicos, quer, astronômicos; Ele criou os astros.
O que impressiona ao Santo é caráter, fidelidade, integridade, como tinha Jó.
Assim, Sua ceifa será qualitativa, seletiva, pouco importando quantos serão.
Quem usufrui a libertação de Cristo quer ficar perto dele; e, a Seu tempo,
ficará, O verá pessoalmente. “Meus olhos procurarão os fiéis da terra, para que
se assentem comigo; o que anda num caminho reto, esse me servirá.” Sal 101;6