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quinta-feira, 27 de julho de 2017

X-Men e o individualismo

“Meu é o conselho, a verdadeira sabedoria; eu (a sabedoria) sou entendimento; minha é a fortaleza.” Prov 8;14

Indivíduo, como o nome sugere é algo ímpar, indivisível; a plena integridade psíquica fisiológica e espiritual de alguém. Essa imparidade é tal, que num espectro de sete bilhões não existem dois exatamente iguais.

Individualismo, contudo, é algo que pode ser dividido; digo, como se trata de um sistema comportamental pode ser adotado por muitos; embora seja nocivo e incoerente é o modo de vida dessa geração.

A suposta interação saudável das redes sociais, na maioria dos casos é hipocrisia. As pessoas não buscam amigos, buscam adoradores. Temos carta branca para bajulação, puxa-saquismo e atitudes afins; mas, ousemos algum conselho se nos parece que alguém erra, mesmo que de modo cordial; presto veremos que nossos brandos “amigos virtuais” escondiam as garras do Wolverine.

Em poucos dias fui excluído por duas que tentei ajudar; minha prancha não se equilibra bem nas ondas barrentas da hipocrisia.

Seguido deparo com inquilinos da “filosofia” individualista; “Pague minhas contas antes de se meter em minha vida”; “Devo ter Alzheimer, não lembro de ter pedido tua opinião.” Isso e outros mimos semelhantes. Muitas coisas são incoerentes, outras, impossíveis de praticar.

Certa vez, o assunto era homossexualismo, lembro que o Faustão disse mais ou menos o seguinte: “O negócio é o seguinte; ninguém tem nada com a vida do outro, cada qual sabe de si e não dá palpites nas atitudes alheias.” Foi ovacionado. Ora, do seu jeito tosco, truculento, disse como todo mundo deve ser, enquanto defendia contraditoriamente, que ninguém tem nada com a vida do outro. Assim, destruiu a casa que edificou na mesma frase. Foi aplaudido porque amebas não pensam; deveria ter sido vaiado, por insensato.

De igual modo alguém adicionar a outrem nas redes sociais, mas, permitir apenas elogios, curtidas; se, for além disso o exclui. Ora, o imbecil de plantão que supõe não precisar de ninguém, faça breve reflexão no curso de um dia apenas. Perceberá de quanto precisa. Ora, precisa de uma informação, de espaço, de atenção, de socorro, de conselho, companhia, etc. Mas, no egoísmo atual, decidimos precisar apenas do que gostamos. 

O individualismo faz do próprio umbigo um sol; das pessoas, meros planetas sem luz própria que orbitam ao nosso sistema umbilical.

Claro que há os palpiteiros gratuitos, enxeridos que ninguém gosta. Gente que descuida a própria vida e pretende gerir à alheia. Tais são réprobos, mas, a generalização é estúpida.

Por isso a Bíblia faz distinção entre sábios e tolos. “Açoita o escarnecedor, o simples tomará aviso; repreende ao entendido, e aprenderá conhecimento.” Prov 19;25 A um são necessários açoites; a outro, mera repreensão basta. Para esses últimos, o conselho não é uma intromissão; “Como as águas profundas é o conselho no coração do homem; mas, o homem de inteligência o trará para fora.” Cap 20;5

Contudo, os piores palpiteiros são os palpiteiros espirituais que, presumem-se mensageiros de Deus, mas, invés de reverberarem Sua Palavra, dão opiniões divorciadas da Bíblia. Um pregador autêntico não fala de Deus; entrega-se ao Senhor para que Ele fale segundo Deseja. Os palpiteiros trazem seus vasos com rótulos de Céu, e conteúdos de Terra. Às vezes gente que fugiu de uma chamada ministerial, e tenta “compensar” o lapso com carne.

Deus não proíbe ninguém de dar palpites nas Suas coisas, mas, eventualmente denuncia aos enxeridos: “Não mandei esses profetas, contudo, foram correndo; não lhes falei, mas, profetizaram. Se tivessem estado no meu conselho, então teriam feito o meu povo ouvir minhas palavras, e o teriam feito voltar do seu mau caminho, da maldade das suas ações.” Jr 23;21 e 22

Vemos que, militarmos segundo A Palavra de Deus não nos faz simpáticos, uma vez que denuncia o mal. Ninguém pediu meus conselhos, eu sei; mas, Aquele que é Senhor do Universo, ordenou que se anuncie Sua Palavra a toda criatura.

Na maioria dos casos somos arranhados pelas garras afiadas dos “X-Men” do individualismo; mas, mesmo assim, é preciso que quem recebeu dons espirituais frutifique laborando na Causa do Eterno.

Enfim, há incômodos causados por pessoas sem noção; podemos evitar esses, eventualmente; contudo, os que mais nos incomodam são aqueles cujas causas estão em nós.

Esses, não apenas incomodam, antes, condenam. “E a condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, os homens amaram mais as trevas que a luz, porque as suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, não vem para a luz, para que suas obras não sejam reprovadas.” Jo 3;19 e 20

“Os arrogantes são como os balões: basta uma picadela de sátira ou de dor para dar cabo deles.” Madame de Stael

domingo, 2 de novembro de 2014

Do abismo ao Everest



“Digo-vos que assim haverá alegria no céu por um pecador que se arrepende, mais do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento.” Luc 15; 7 

Temos uma repercussão festiva no Céu, por uma decisão triste na Terra. Todo arrependimento é acompanhado de tristeza, embora, as consequências sejam alegres, depois; no céu são imediatas. 

Talvez seja lícito inferir que, o contrário também é verdadeiro. Digo, que quando um servo de Deus abandona a fé, há um júbilo no inferno.  Se, nosso individualismo é intocável no campo das decisões, cada um é senhor de suas escolhas, no prisma das consequências, o reflexo extrapola ao indivíduo. Toca Céus, Terra, Inferno. Somos figurantes num teatro universal. 

Embora a cultura moderna apregoe e incentive a conquista da independência, realização individual; a beleza aos olhos Divinos se dá por outro ângulo. O coletivo; interdependência, cooperação, interação, solidariedade. Olhamos admirados para o triunfo de grandes campeões; Deus contempla a beleza no cardume, no bando, enxame, rebanho...


Quando ouço pessoas afirmando tolices, tipo: “Se  bebo é problema meu”, ou, “Faço o que  quiser; ninguém paga minhas contas”, ou, ainda; “minhas escolhas dizem respeito única e exclusivamente a mim;” etc. fico pensando quão desinformados estão sobre as consequências dos atos. Não raro se ouve dos mesmos lábios, elogios aos bons exemplos, bem como, críticas ácidas aos maus; o quê, na prática, é a negação de sua “filosofia”.

Se, mesmo os Céus acusam consequências de nossas escolhas, que dizer dos que nos rodeiam? A Bíblia expressa claramente a interligação de Céus e Terra, tanto em coisas boas, quanto más, que fazemos. Quando o Eterno Fala, deseja ser ouvido lá e cá; “Ouvi, ó céus,  dá ouvidos, tu, ó terra; porque  fala o Senhor:..” Is 1; 2 Se o assunto for, nossas más escolhas, das quais não nos envergonhamos, os Céus se envergonham; “Espantai-vos disto, ó céus, horrorizai-vos! Ficai verdadeiramente desolados, diz o Senhor. Porque o meu povo fez duas maldades: a mim deixaram, o manancial de águas vivas; cavaram cisternas, cisternas rotas, que não retêm águas.” Jr 2; 12 e 13 

Então, tanto quanto, o bom porte é uma pregação silenciosa que ilumina e pode atrair pessoas a Deus, a dissolução, o vício de toda ordem, apostasia, dissipam valores que O Eterno preza, e estimulam a queda de pessoas influenciáveis que a isso contemplam.

A inter-relação é tal, que, nos vestimos em função das pessoas, falamos, escrevemos, atuamos, buscando influenciar de alguma forma; mesmo que, inconscientemente. Cada melhoria que fazemos em nossa habitação, cada conquista material, emocional, precisamos dividir. 

Claro que, ao buscarmos o bem alheio necessariamente colheremos o nosso. “Mais bem aventurado é dar que receber”; ou, como diz um provérbio: “Quem acende uma luz é o primeiro a ser iluminado.” 

No fundo, somos peças, de um gigantesco quebra-cabeças, que só fazem sentido, encaixadas no devido lugar, mas, nos desprendemos dele via egoísmo; cada qual visa improvisar desenhos alternativos. Bem disse Pascal, que o homem tem dentro de si um vazio com o formato de Deus; enquanto esse vazio não for preenchido devidamente, seremos apenas, uma peça fora do lugar. 

Assim como a gente vibra se conseguir encaixar uma difícil, vemos no texto supra, aos anjos celebrando um passo semelhante por ocasião da conversão de um pecador.  

E uma peça fora do lugar, dada a inevitável interação, acaba tirando muitas outras; como disse Salomão: “Melhor é a sabedoria do que as armas de guerra, porém um só pecador destrói muitos bens.” Ecl 9; 18 

Quantas vezes, a peça está encaixada, mas, acossada por devaneios insanos cogita achar para si um lugar melhor? O Caso clássico do Filho Pródigo que, tendo tudo, na casa do Pai, avaliou mal a realidade e superdimensionou seus enganos. 

Estando nossa vida escondida em Deus, o devido lugar, somos como alpinistas no cume do Everest; não podemos mais cambiar de nível, exceto, para baixo. 

Às vezes vejo sexagenários, ou, mais idosos até, ansiosos na fila das lotéricas quando a Mega está acumulada. Que fariam os tais, se acertassem? Pois, lhes restam poucos dias de vida que poderiam viver em paz com o quê já possuem. 

Quem sai em busca do não precisa, carece urgente aprender a avaliar o que tem; ou, o quê, deveras falta. Esses, diverso dos alpinistas, estão no fundo do abismo da ignorância; aí, só podem mudar para cima. Quando as cordas da salvação são lançadas, e os anjos conseguem içar a um, com razão festejam, como os chilenos quando tiravam os mineiros soterrados na mina. 

Somos ímpares, mas partes do todo; só os tolos ignoram isso. Busca satisfazer seu próprio desejo aquele que se isola; ele se insurge contra toda sabedoria.” Prov 18; 1

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

O racismo e a massa



"Você não se sente sozinha aqui no deserto?
No meio da multidão também nos sentimos sozinhos.”
( Saint-Exupéry )
  
A brilhante definição do poeta francês expõe que, mesmo a solidão tendo sua faceta exterior, quando, em isolamento; também teu seu aguilhão interior que, pode ferir até em circunstâncias impensáveis, como, entre uma multidão. 

A massa nem sempre é encontro; na maioria das vezes é perda, anulação. O eu deixa de existir e “gruda” numa coisa acéfala, amorfa, estúpida, divorciada dos valores individuais.

Por exemplo: Torço para o Grêmio, embora, não frequente o estádio há muitos anos. Mas, quando ia, deixava de ser eu entre a massa. Vibrava, aplaudia, gritava com; abraçava desconhecidos, graças um fato comum simbolizado por três cores; Grêmio.  

Uma multidão sempre é heterogênea, composta de honestos e safados, corajosos e covardes; fortes e fracos; inteligentes e parvos; civilizados e bárbaros; etc.  Assim, a massificação nivela o que, absolutamente não está no nível. 

Outro dia, torcedores do grêmio cantaram frases aludindo à morte de Fernandão, ídolo colorado, provocando rivais, durante um Grenal. Ora, mesmo rivalidade acirrada deve ter limite, que paire acima de coisas abjetas como essa. A imensa maioria discorda daquilo, mas, foi a torcida do Grêmio, a massa. 

Agora, o clube será julgado por ofensas racistas que alguns imbecis dirigiram contra o jogador Aranha, goleiro do Santos. Na condição de gremista me envergonho uma vez mais. Como ser humano folgo, porque não estava lá; senão, a vergonha seria maior. 

O ridículo disso é que grande parte do elenco do Grêmio tem negros ou descendentes; a torcida os aplaude. Nem é racismo no sentido estrito do termo, mas, estupidez mesmo. Estou advogando-os? Não. Que respondam pelo que fizeram. Talvez, o Grêmio seja desclassificado no julgamento de hoje. Se for, nada a reclamar. Acharia justo se fosse outro time; acho também, sendo o meu. 

Somos sete bilhões de biografias sendo escritas, concomitantemente, cada uma com suas peculiaridades; mas, a bosta do “efeito manada” teima em tentar anular indivíduos. A ideia é fazer o que outros fazem; cantar o que cantam; pensar o que pensam; enfim, reitero; anular o eu. 

Deus não planejou assim, nem tratará com a massa. “...cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus.” Rom 14; 12 Quando Pedro tentou “diluir” um toque especial na multidão Jesus não aceitou. “E disse Jesus: Quem é que me tocou? Negando todos, disse Pedro e os que estavam com ele: Mestre, a multidão te aperta, te oprime, e dizes: Quem é que me tocou? E disse Jesus: Alguém me tocou, porque bem conheci que de mim saiu virtude.” Luc 8; 45 e 46 A mulher do fluxo de sangue foi exposta, mas, abençoada, curada. 

Se, por um lado, os mandamentos são os mesmos para todos quantos pretenderem agradar a Deus, por outro a diversidade cultural, a individualidade são respeitadas. 

Basta ler com atenção a epístola aos Romanos para perceber isso. O que é individual, pois, é indivisível. Ao receber instruções pessoais Pedro quis saber também da sorte de João. “Disse-lhe Jesus: Se eu quero que ele fique até que eu venha, que  importa a ti? Segue-me tu.” Jo 21; 22  

No âmbito funcional da igreja, também, as diferenças são respeitadas. “Porque, assim como o corpo é um, e tem muitos membros, todos os membros, sendo muitos, são um só corpo, assim é Cristo também. Pois todos nós fomos batizados em um Espírito, formando um corpo, quer judeus, quer gregos, quer servos, quer livres, todos temos bebido de um Espírito. Porque também o corpo não é um só membro, mas muitos. Se o pé disser: Porque não sou mão, não sou do corpo; não será por isso do corpo? E se a orelha disser: Porque não sou olho não sou do corpo; não será por isso do corpo? Se todo o corpo fosse olho, onde estaria o ouvido? Se todo fosse ouvido, onde estaria o olfato?” I Cor 12; 12 a 17

Então, a unidade espiritual e a diversidade funcional ficam estabelecidas na “massa” dos salvos. Assim como é possível estar só na multidão para efeito de conforto pessoal; também  é no sentido de não ser absorvido pelos “valores” que a massa professa, caso discorde. Estar na massa sem massificar; preservar a identidade como as passas do panetone. 

Isso, tanto para efeitos positivos; andar entre os maus sem se tornar um; quanto negativos; congregar com os salvos mantendo-se ímpio. 

Se, é sábio que os pinguins se aglomerem durante uma nevasca aquecendo-se mutuamente, no prisma humano a sabedoria costuma andar meio solitária. “As palavras dos sábios devem em silêncio ser ouvidas, mais do que o clamor do que domina entre os tolos.” Ecl 9; 17