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quinta-feira, 26 de julho de 2018

O voto reproduz conforme sua espécie

“A complexidade dos humanos começa pela incoerência; pois, a sinceridade machuca e a falsidade é intolerável.” Luiz Humberto Franciosi Junior

Não gostamos que outros sejam falsos para conosco, tampouco, sinceros? Resta o quê? A maioria das pessoas, os medíocres, sobretudo, não se importa que outros lhes sejam falsos, desde que, seja uma falsidade em “seu favor”; digo; que lhes seja lisonjeira, vantajosa. Como cantou Aguinaldo Timóteo: “Mente pra mim, mas, diz coisas bonitas.”

Muitos tentaram definir o humano em sentenças breves; “Um ente social”; “Um ser gregário”; “Um animal político”, etc. Essas definições apontam para nossa necessidade de relacionamento; sem qualificar, que tipo de relacionamento apreciamos, ou, carecemos.

Os filósofos, Sócrates, principalmente, tinham a coerência como fiadora dos seus argumentos; e, a busca pelo saber era, antes, um conhecimento interior das próprias inclinações viciadas, que, de relacionamento indiscriminado com terceiros; “Conhece a ti mesmo.”

Uma pressuposição implícita num debate era que, a coerência seria cara a ambos os oponentes de modo que, algo tido assente por eles serviria como instância de apelação a qualquer uma, que, eventualmente divisasse a mínima incoerência na fala do opositor.

Óbvio que essa “Ferramenta” é indispensável se, alguém empreender uma busca por Sophia. Como estabelecer um gládio de ideias contra uma “Metamorfose Ambulante” também cantada em prosa e verso, que, a cada instante muda de posição? Alguém honesto intelectualmente debater com um assim seria a tentativa inglória de equilibrar-se com um pé em terra firme, outro, na areia movediça.

Assim, um pleito entre um filósofo e um sofista seria um jugo desigual; aquele faria eventuais concessões a bem da verdade; esse mudaria seu dito a cada nova conveniência, pois, prevalecer no debate lhe seria mais caro que achar a veracidade do ser.

Em nenhum aspecto nossa incoerência é tão pujante quanto, na política. Os fisiológicos do interesse imediato fazem as mais espúrias barganhas, sacrificam valores que diziam lhes ser caros, se, vislumbrarem uma tênue vantagem pontual. Por um favor que vige por uma semana sacrificam quatro anos seus e de toda a nação, vendendo seus favores eletivos como fazem as prostitutas com o corpo.

A cada novo desmando dos poderes constituídos vociferam contra a liderança A, ou, B; manifestam suas decepções e acenam com desejo de mudança. Aí, chegam as eleições, aproximam-se, digo, e os mesmos de sempre figuram como favoritos nas pesquisas. O que foi feito do instante desejo de mudança de outrora? Mudou o desejo, acho.

Outra coisa muito comum entre eleitores; eles conseguem ser contra o aborto votando em abortistas; depreciam à censura, mas, votam em gente nitidamente totalitária; desprezam à corrupção, mas, apoiam corruptos. Acham o capitalismo selvagem, opressor, mas, jamais “socializam” suas posses, por abastados que sejam. São pela partilha igualitária das riquezas, mas, das riquezas alheias.

Um braço significativo da Igreja Católica apoia o Socialismo/comunismo; os da “Teologia da Libertação”. O socialista Evo Morales tentou vetar pregações cristãs, católicas e evangélicas na Bolívia; agora, o também socialista Noriega começa a fechar igrejas cometer assassinatos, violências contra ministros na Nicarágua.

E pensar que há tantos incautos com o discurso distorcido que Jesus “fez opção pelos pobres” tentando “cristianizar” esse sistema assumidamente ateu e ateísta; pois, Karl Marx o criador do monstrengo dizia que a religião é “o ópio do Povo”; isto é, uma droga. Seu alvo é a desconstrução dos valores judaico-cristãos da sociedade; destruição da família e seus valores, entenda-se.

Ora, se eu sou contra o aborto, a descriminação das drogas, a ideologia de gênero, a corrupção, a única forma de votar de modo coerente seria votando em alguém que diga abertamente que tem os mesmos valores que os meus. Senão, trairei a mim mesmo, serei uma fraude.

Mas, a maioria é contra isso, a favor daquilo, sem sequer saber direito por que. Foram treinados a repetir conveniências de pilantras sem pensar, e tudo o que fazem é repartir os “frutos” de tal “treinamento”, malgrado, suas escolhas sejam bem incoerentes, insanas como dar um tiro no próprio pé.

Cheias estão as redes sociais de frases sobre semeadura e ceifa; plantio e colheita; ou, a tal “lei do retorno”; tais que compartilham isso devem pensar que vale apenas para as maldades feitas, não, para as burrices; como se, o voto não fosse uma semente, e o trabalho de eventual eleito, o fruto.

Aliás, o determinismo biológico vem desde a Criação, quando, O Criador ordenou que todos os seres vivos reproduzissem “conforme sua espécie”. Eis a Coerência de Deus!

Eu sei, deveria ter chamado aos incautos, eleitores de pilantras, de politizados. Eles curtiriam e me achariam “legal”; mas, eu me olharia no espelho e me acharia um patife. A consciência não pode ser incoerente; por isso, tantos, cauterizam-na.

sexta-feira, 13 de abril de 2018

Deus em Braille?

“De um só sangue fez toda a geração dos homens, para habitar sobre a face da terra, determinando tempos já dantes ordenados e limites da sua habitação; para que buscassem ao Senhor, se, porventura, tateando, o pudessem achar; ainda que não está longe de cada um de nós” Atos 17;26 e 27

Paulo via a limitação espaço-temporal da vida humana como estímulo para que busquemos a Deus. Como se, a alma humana “não coubesse na bainha” e desejasse algo mais; olhando, assim, para O Criador.

Não exatamente olhando, dado que, o efeito colateral da queda trouxe também, cegueira espiritual ao homem natural; aí, O Eterno plasmou “Escrituras” em alto relevo, desejando que ele, “tateando o pudesse achar.”

A mera produtividade da Terra que nos alimenta, era vista aos olhos do apóstolo como testemunha do Amor do Pai; “... não se deixou sem testemunho, beneficiando-vos lá do céu, dando-vos chuvas e tempos frutíferos, enchendo de mantimento e alegria vossos corações.” Atos 14;17

A criação inteira foi vista por ele como testemunha tão eloquente, a ponto de deixar sem desculpas aos pretensos céticos; “Porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque Deus lho manifestou. Porque suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto Seu Eterno Poder, quanto, Sua Divindade, se entendem, e claramente se veem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis.” Rom 1;19 e 20

Aparentemente temos uma contradição de Paulo, uma vez que aos gregos faz concessão à cegueira e valida a busca “em Braille”; enquanto, em sua diatribe aos céticos entre os romanos diz que os Atributos Divinos “claramente se veem” pelas coisas criadas.

Acontece que, os gregos eram filósofos em busca da Sabedoria por conta própria; algumas noções espirituais a que chegaram eram e ainda são válidas, sobre a prática da justiça, especialmente; A eles Paulo chegou mais cordato tentando convencê-los da futilidade da idolatria ante O Deus Vivo.

No entanto, os romanos, aos quais Paulo se dirigia, não eram investigadores sinceros errando no escuro. Antes, opositores engajados da Verdade revelada; “Porque do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda a impiedade e injustiça dos homens que detêm a verdade em injustiça.” V 18

Nesse caso não se tratava de uma inépcia em compreender a verdade, antes, de não poder conviver com ela sem se opor. O Salvador falou desses: “A condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz; não vem para a luz, para que suas obras não sejam reprovadas. Mas, quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que, suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus.” Jo 3;19 a 21

Uma versão “remasterizada” do antigo, “Ouvi tua voz e tive medo, me escondi, pois, estava nu”. Nesse caso, temem não ao encontro com Deus, estritamente, antes, ao encontro consigo mesmos em estado “puro”; isto é, como são deveras.

Como vemos a promessa do Capiroto ao primeiro casal de que eles mesmos decidiriam sobre o bem e o mal não se cumpriu. Pois, não haveria uma “má obra” a ser manifesta pela Luz se, o homem pudesse redefini-la como sendo, boa. O que o incauto casal herdou, a rigor, foi o sentimento de culpa que faz parecer mais confortável a escuridão que a luz.

Os que fazem oposição aberta a Deus e Sua Palavra são os doentes que rechaçam ao Médico, como se, ausência de diagnóstico da enfermidade equivalesse à saúde espiritual.

A Palavra, “Diagnóstico” é a aglutinação de duas palavras gregas que significam: “Através do conhecimento”. Desse que ilumina e receita o remédio certo A Bíblia fala quando diz: “Meu povo foi destruído pela falta de conhecimento.” Em provérbios diz mais: “O que encobre suas transgressões nunca prosperará, mas, o que confessa e deixa alcançará misericórdia.” Prov 28;13

Assim, o “ceticismo” desses não é um óbice intelectual aceitável de quem não consegue entender; antes, uma rejeição voluntária de quem entende e perversamente recusa aquiescer às demandas Divinas.

O pior cego é o que recusa a ver, diz o provérbio; pois, vendo e portando-se como se, não visse, a restrição deixa de ser fortuita e passa a ser arbitrária, volitiva, perversa, pecaminosa.

O Ego gestado no Éden recusa ser partícula de uma unidade composta, um corpo; preserva-se na mesquinharia de ser ímpar, um morto-vivo. “Uma pessoa é única ao estender a mão; ao recolhê-la inesperadamente torna-se mais uma.
O egoísmo unifica os insignificantes.”
Shakespeare

Para a salvação, pois, se requer a entrega desse traidor; “Negue a si mesmo, tome sua cruz e siga-me.”

domingo, 5 de abril de 2015

Abelhas e zangões

“E vi aquele que me dizia:  sai apressadamente de Jerusalém; porque não receberão teu testemunho acerca de mim. Eu disse: Senhor, eles bem sabem que eu lançava na prisão e açoitava nas sinagogas os que criam em ti. E quando o sangue de Estevão, tua testemunha, se derramava, também eu estava presente; consentia na sua morte, guardava as capas dos que o matavam. E disse-me: Vai...” Atos 22; 18 a 21 

Temos nesse recorte o vacilante Paulo vivendo seus remorsos, os motivos de sua rejeição, entre duas ordens do Senhor. “Sai depressa... Vai...” 

Essa nuance é comum a toda a espécie humana. O Eterno ordena a ação, o homem propõe  discussão. Ocorre-me um fragmento de Platão onde ele identifica o ser, do filósofo. Um meio termo entre o sábio e o tolo, disse. Pois, - concluiu - o tolo não pretende filosofar, sente seguro com o que “sabe”;  o  sábio não precisa. Assim, a discussão, a busca de setas que indiquem razões, caminhos é comum, em seres imperfeitos, jamais, em Deus. Daí, que precisa ser obedecido, não contestado. 

Vários profetas discutiram com o Altíssimo, digo, opuseram motivos para se evadirem ao chamado. Lembro Moisés, Jeremias, Isaías... A um faltava eloquência; a outro, experiência; ao último, santidade. Com todos o Senhor foi categórico: Vai. Quando Deus chama alguém, Onisciente que É conhece já as circunstâncias e as limitações do tal. Mas, se, mesmo assim o faz, as consequências são responsabilidade Dele. 

Ademais, se quisesse  fazer Sua obra com seres perfeitos teria  feito outra escolha. “Porque, na verdade, ele não tomou  anjos, mas, tomou a descendência de Abraão.” Heb 2; 16 

Claro que se requer dos mensageiros do Senhor que sejam pessoas idôneas, de bom testemunho. Entretanto, não esperem a perfeição de  frágeis, pecadores. Acontece que, através desses fracos, Deus fala de Sua vontade, pois, ainda que pecadores, se esforçam por conhecer à Palavra de Deus, obedecer e ensinar retamente. 

Aquele ( a ) que sai catando um motivo aqui, outro ali para rejeitar a um dos tais, no fundo, apenas tergiversa, disfarça sua rejeição a uma ordem de Deus. Falo dos ministros fiéis, não dos falsificadores da Palavra, óbvio. “Quem vos recebe, a mim  recebe;  quem recebe a mim, recebe aquele que me enviou. Quem recebe um profeta em qualidade de profeta, receberá galardão de profeta;  quem recebe um justo na qualidade de justo, receberá galardão de justo.” Mat 10; 40 e 41 

Assim, muitos que se propõem a discutir, acusar, caluniar eventuais mensageiros do Eterno, no fundo, não passam de mascarados fugindo apavorados da cruz, e tentando transferir a culpa de sua omissão. 

Nos dias dos Juízes, Deus deu grande livramento sob a liderança de Débora. Em seu canto exaltou a valentia de certas tribos, denunciou a omissão de outras;  sobre a tribo de Rúben disse  algo interessante: “...nas divisões de Rúben foram grandes as resoluções do coração. Por que ficaste tu entre os currais para ouvires os balidos dos rebanhos? Nas divisões de Rúben tiveram grandes esquadrinhações do coração.” Jz 5; 15 e 16

Noutras palavras, a guerra comendo, vidas sendo arriscadas para salvar a nação; os anciãos de Rúben divididos, discutindo se deveriam mandar soldados ou não. A vitória veio sem sua ajuda, para vergonha dos tais.

Não é diferente  agora. O inimigo com toda sua artilharia bombardeia às casamatas da verdade, da decência, dos valores eternos; de muitos, o máximo que se consegue é  discussão, jamais, obediência, entrega, submissão. 

O nome, Débora significa abelha; de carona nessa figura  podemos dizer que os servos fiéis laboram quais abelhas, enquanto outros “servos”, os da discussão sem submissão não passam de zangões inúteis para o labor. 

Pior, quando se engajam em desqualificar  pregadores de Deus, gostando ou não, alistam-se no exército do inimigo, pois, obrar tal feito é seu prazer. Contudo, diga alguém tal verdade! Logo se ofenderão muito, pois, apesar da sua oposição aberta, afirmam ser “servos de Deus”. 

Contrarie o “Vai” Divino aos seus anseios naturais perversos, porém, e logo mostram as garras ocultas como fazem os gatos. 

Em suma: A Obra de Deus não é  pesquisa filosófica; um chamamento à discussão. Antes, a “aspersão do Sangue de Cristo”, o anúncio de Sua Palavra é o último apelo de amor Divino, enquanto retarda o Juízo.  Um ultimato como a Ló em Sodoma; “Escapa por tua vida”! 

Você me viu pecar? Pode ter visto. Mas, já viu me arrepender? Ser perdoado e retomar o caminho? Pois é, cada um costuma ver, enfatizar o aspecto com o qual mais se identifica. 

Você não quer a Jesus por que eu não sou perfeito? Irônico, Ele me quer, mesmo assim, portanto, você, caro zangão, deve ser melhor que Ele. 

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Missão possível



“E, achando-o, lhe disseram: Todos te buscam. E ele lhes disse: Vamos às aldeias vizinhas, para que eu ali também pregue; porque para isso vim.” Mc 1; 37 e 38  

No  momento em que estava alta sua popularidade o Mestre costumava redirecionar seus passos; fama, pura e simples não era seu alvo. Havia feito curas, expulsado demônios, e por um instante afastou-se a orar. Quando o encontraram disseram: “Todos te buscam.”

Antes de se empolgar com a “alentadora” notícia manifestou outro desejo: “Vamos às aldeias vizinhas para que eu ali também pregue; porque para isso vim.”  

As questões mais comuns propostas pelos filósofos são: Quem somos? De onde viemos? Para onde vamos? Essas coisas que assombram pensadores modernos e fizeram o mesmo com antigos nunca foram problema para Ele. 

Sobre Seu Ser afirmou: “Eu sou a luz do mundo... o caminho, a verdade e a vida... Senhor e Mestre...” Etc.  De onde veio bem o sabia. “...Vós sois de baixo, eu sou de cima; vós sois deste mundo, eu não sou deste mundo.” Jo 8; 23  Para onde ia, também; “E agora vou para aquele que me enviou; nenhum de vós me pergunta: Para onde vais?” Jo 16; 5

Seu foco não era ser, origem ou destino; antes, alvo, missão. “...para que eu... pregue... para isso vim.” Conosco deveria se passar cuidado semelhante. Invés do quem, de onde, para onde? Deveríamos cogitar o por quê? Por que viemos à vida? Qual nosso alvo? Temos uma missão?  

O Gênesis relata o primeiro homem “um pouco menor que os anjos”, coroado de glória e constituído como regente terreno de toda criação, em submissão ao Criador, claro! Assim, gerenciar a empresa Divina e manter-se em comunhão era o fim idealizado a princípio.

Enquanto a comunhão era preservada, o próprio Deus vinha ao encontro da criatura ter com ela. Entretanto, quando a serpente apresentou um “Plano B”,  o encontro com o Santo já não foi pacífico, tampouco, desejado; antes, Adão se escondeu com medo. 

Vemos assim, que, a causa primeira do medo é a certeza íntima que estamos fora do propósito para o qual fomos criados. Às vezes, razões estritamente internas ganham projeção; assombram como se fossem ameaças reais e circunstantes. “  Os ímpios fogem sem que haja ninguém a persegui-los; mas os justos são ousados como um leão.” Prov; 28; 1

Judas, por exemplo, depois que traiu ao Senhor fugiu e foi se enforcar; sem ninguém a persegui-lo, exceto, pesos internos da consciência culpada. O mesmo pensador dissera: “O homem carregado do sangue de qualquer pessoa fugirá até à cova; ninguém o detenha.” Prov 28; 17  

Assim, a aceitação da perversão do inimigo acabou fazendo necessário o plano B de Deus. Uma vez perdida possibilidade do fim primeiro; administração da criação em comunhão com o Criador, Deus deixou de buscar proximidade com o homem como antes, pois, a presença do pecado estragava tudo. 

Para evitar o distanciamento e o medo, teve que nos buscar despido de Sua Glória, esvaziado na forma humana, Cristo. Assim, vindo Ele como se frágil, usaram o “argumento” da força para livrarem-se de seus medos, uma vez que recusavam a se livrar do pecado. 

Tanto quanto poderia vir ao nosso encontro, o Altíssimo veio em Jesus Cristo. A outra metade da caminhada para reconciliação cabe a nós. 

Discursando aos gregos, Paulo apresentou já o plano B, como se fosse A; afinal, após a queda, foi o que restou. Disse: “E de um só sangue fez toda a geração dos homens, para habitar sobre toda a face da terra, determinando os tempos já dantes ordenados, e os limites da sua habitação; para que buscassem ao Senhor, se porventura, tateando, o pudessem achar; ainda que não está longe de cada um de nós;” Atos 17; 26 e 27  

Assim como o Salvador tomava decisões baseadas em Sua missão, “para isso vim”, o mesmo deveria se dar conosco. Se, sabemos que viemos à vida num cenário de inimizade com o Eterno, para buscar reconciliação mediante Cristo, demos nessa direção os passos necessários. 

Sabemos que viemos de Deus; somos feitura Sua; quem somos, gostando ou não, ímpios, pecadores privados da graça de Deus; para onde vamos depende de nossa resposta objetiva ao porquê viemos?   

Afinal, todos os bens criados estão disponíveis às criaturas de Deus, o que, eventualmente as priva são seu males, ( pecados ). Qualquer conquista, por pomposa que seja, se obtida divorciada de Deus, no fundo, é obra morta, sem valor. 

Enquanto não renovarmos nossas mentes entendendo quais os verdadeiros bens, nos cansaremos numa busca inútil, privados do único bem que em última análise, contará; a vida. Vamos, pois, ao encontro do que regenera! Para isso viemos.

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

pais separados

“Também não oprimirás o estrangeiro; pois vós conheceis o coração do estrangeiro, pois fostes estrangeiros na terra do Egito.” Êx 23; 9

Discute-se no meio protestante se as bases do cristianismo devem ser derivadas da ortodoxia doutrinária, ou, bastam as experiências com Deus, a despeito de outros acessórios.  O primeiro caso refere-se aos protestantes tradicionais; o segundo, aos pentecostais. Em síntese: O pleito é o mesmo que tomou tempo dos filósofos medievais e antigos também; entre o empírico e o racional.

No texto supra do Êxodo, Deus ordenou a evocação da experiência como suporte à razão;  poderia ser usado por um eventual empirista. Todavia, há outros que apresentam a primazia da Palavra em face à experiência, como o que diz: “A fé vem pelo ouvir, e o ouvir pela Palavra de Deus.” Rom 10; 17, por exemplo.

Tendemos a movimentos pendulares pré-conceituando uma linha filosófica, ideológica, como errada; a partir disso, tudo o que servir de argumento ao “erro” precisa ser rejeitado. 

Esse tipo de peleja por exclusão ideológica invés da análise da plausibilidade do argumento tende a levar todos os pleitos ao empate. Meu ponto de vista está correto; portanto, o oposto é errado; dirá “legitimamente” qualquer postulante.

Não raro, a necessidade de um rótulo para nossas posições acaba tolhendo a razão. Isso vale para o tradicional x pentecostal; Arminiano x Calvinista; clericalismo x laicismo; etc.  Assim, a ênfase nos dons espirituais tende a desprezar o estudo da Palavra; por outra, os teologicamente destros, a desvalorizar experiências, ainda que autênticas.

Marcos apresenta a obra dos recém comissionados nessa ordem: “E eles, tendo partido, pregaram por todas as partes, cooperando com eles o Senhor, e confirmando a palavra com os sinais que se seguiram.” Mc 16; 20 A Palavra confirmada por sinais da parte de Deus. Parece necessário concluir que havia espaço para o concurso de ambas as correntes sem conflito algum.

Houve muitos casos em que a experiência milagrosa precedeu ao ensino, como a cura do cego de nascença, ou, o paralítico de Betesda, por exemplo.  De modo que, se alguém quiser argumentar com meia verdade, haverá frações bastantes para os dois lados.

Separaremos ao que Deus uniu se tentarmos divorciar Espírito e Palavra. A Palavra de Deus é revelação mediante o Espírito Santo; tanto quando foi entregue; quanto quando é interpretada; não pode ser, corretamente, sem a luz Daquele. Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo.” II Ped 1; 21 “Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente.  Mas o que é espiritual discerne bem tudo, e ele de ninguém é discernido.” I Cor 2; 14 e 15
 
Por outro lado, os dons espirituais não excluem o conhecimento; antes, os dois primeiros no rol de Paulo atentam precisamente à destreza na Palavra; “Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um, para o que for útil. Porque a um pelo Espírito é dada a palavra da sabedoria; e a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra da ciência;” I Cro 12; 7 e 8 
 
Então, assim como a interpretação hígida das Escrituras requer contexto e esmero exegetico; operação de sinais espirituais em si não é selo de probidade espiritual nem o contrário. Deve ser escrutinada com cuidado, para rejeição do engano, ou, usufruto da bênção.

Pois, a Bíblia é contundente em advertir tanto contra o desvio doutrinário que viola a Palavra; quanto aos prodígios da mentira, cujos sinais induzem ao erro e derivam de fonte espúria.

Muitas vezes, posto que nos suponham racionais, tendemos a preferir ter razão, invés de luz. E “ter razão” assim é precisamente abdicar dela.

O Senhor ensinou que devemos nascer da água e do Espírito; ninguém destro nas Escrituras presumirá que tal água seja a do Batismo, que só confirma e testemunha publicamente o nascimento que já ocorreu; Paulo ensina: “Para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra,” Ef 5; 26 

O próprio Salvador definiu Sua Palavra como sendo Água da Vida. Assim, nascer da água e do Espírito equivale a dizer: Da Palavra e do Espírito.

Enfim, se podemos formar uma “família espiritual” tendo Pai e Mãe junto conosco, por que optaríamos por viver numa família com Pais separados?

Afinal, não há disputa, controvérsia entre Eles; tanto o Pai quanto a Mãe falam a mesma linguagem; de modo que o conselho de Salomão ao seu filho, bem que poderia ser tomado para nosso viver espiritual. “Filho meu, ouve a instrução de teu pai, e não deixes o ensinamento de tua mãe,” Prov 1; 8