“A complexidade dos humanos começa pela incoerência; pois, a sinceridade machuca e a falsidade é intolerável.” Luiz Humberto Franciosi Junior
Não gostamos que outros sejam falsos para conosco, tampouco, sinceros? Resta o quê? A maioria das pessoas, os medíocres, sobretudo, não se importa que outros lhes sejam falsos, desde que, seja uma falsidade em “seu favor”; digo; que lhes seja lisonjeira, vantajosa. Como cantou Aguinaldo Timóteo: “Mente pra mim, mas, diz coisas bonitas.”
Muitos tentaram definir o humano em sentenças breves; “Um ente social”; “Um ser gregário”; “Um animal político”, etc. Essas definições apontam para nossa necessidade de relacionamento; sem qualificar, que tipo de relacionamento apreciamos, ou, carecemos.
Os filósofos, Sócrates, principalmente, tinham a coerência como fiadora dos seus argumentos; e, a busca pelo saber era, antes, um conhecimento interior das próprias inclinações viciadas, que, de relacionamento indiscriminado com terceiros; “Conhece a ti mesmo.”
Uma pressuposição implícita num debate era que, a coerência seria cara a ambos os oponentes de modo que, algo tido assente por eles serviria como instância de apelação a qualquer uma, que, eventualmente divisasse a mínima incoerência na fala do opositor.
Óbvio que essa “Ferramenta” é indispensável se, alguém empreender uma busca por Sophia. Como estabelecer um gládio de ideias contra uma “Metamorfose Ambulante” também cantada em prosa e verso, que, a cada instante muda de posição? Alguém honesto intelectualmente debater com um assim seria a tentativa inglória de equilibrar-se com um pé em terra firme, outro, na areia movediça.
Assim, um pleito entre um filósofo e um sofista seria um jugo desigual; aquele faria eventuais concessões a bem da verdade; esse mudaria seu dito a cada nova conveniência, pois, prevalecer no debate lhe seria mais caro que achar a veracidade do ser.
Em nenhum aspecto nossa incoerência é tão pujante quanto, na política. Os fisiológicos do interesse imediato fazem as mais espúrias barganhas, sacrificam valores que diziam lhes ser caros, se, vislumbrarem uma tênue vantagem pontual. Por um favor que vige por uma semana sacrificam quatro anos seus e de toda a nação, vendendo seus favores eletivos como fazem as prostitutas com o corpo.
A cada novo desmando dos poderes constituídos vociferam contra a liderança A, ou, B; manifestam suas decepções e acenam com desejo de mudança. Aí, chegam as eleições, aproximam-se, digo, e os mesmos de sempre figuram como favoritos nas pesquisas. O que foi feito do instante desejo de mudança de outrora? Mudou o desejo, acho.
Outra coisa muito comum entre eleitores; eles conseguem ser contra o aborto votando em abortistas; depreciam à censura, mas, votam em gente nitidamente totalitária; desprezam à corrupção, mas, apoiam corruptos. Acham o capitalismo selvagem, opressor, mas, jamais “socializam” suas posses, por abastados que sejam. São pela partilha igualitária das riquezas, mas, das riquezas alheias.
Um braço significativo da Igreja Católica apoia o Socialismo/comunismo; os da “Teologia da Libertação”. O socialista Evo Morales tentou vetar pregações cristãs, católicas e evangélicas na Bolívia; agora, o também socialista Noriega começa a fechar igrejas cometer assassinatos, violências contra ministros na Nicarágua.
E pensar que há tantos incautos com o discurso distorcido que Jesus “fez opção pelos pobres” tentando “cristianizar” esse sistema assumidamente ateu e ateísta; pois, Karl Marx o criador do monstrengo dizia que a religião é “o ópio do Povo”; isto é, uma droga. Seu alvo é a desconstrução dos valores judaico-cristãos da sociedade; destruição da família e seus valores, entenda-se.
Ora, se eu sou contra o aborto, a descriminação das drogas, a ideologia de gênero, a corrupção, a única forma de votar de modo coerente seria votando em alguém que diga abertamente que tem os mesmos valores que os meus. Senão, trairei a mim mesmo, serei uma fraude.
Mas, a maioria é contra isso, a favor daquilo, sem sequer saber direito por que. Foram treinados a repetir conveniências de pilantras sem pensar, e tudo o que fazem é repartir os “frutos” de tal “treinamento”, malgrado, suas escolhas sejam bem incoerentes, insanas como dar um tiro no próprio pé.
Cheias estão as redes sociais de frases sobre semeadura e ceifa; plantio e colheita; ou, a tal “lei do retorno”; tais que compartilham isso devem pensar que vale apenas para as maldades feitas, não, para as burrices; como se, o voto não fosse uma semente, e o trabalho de eventual eleito, o fruto.
Aliás, o determinismo biológico vem desde a Criação, quando, O Criador ordenou que todos os seres vivos reproduzissem “conforme sua espécie”. Eis a Coerência de Deus!
Eu sei, deveria ter chamado aos incautos, eleitores de pilantras, de politizados. Eles curtiriam e me achariam “legal”; mas, eu me olharia no espelho e me acharia um patife. A consciência não pode ser incoerente; por isso, tantos, cauterizam-na.
“Também
não oprimirás o estrangeiro; pois vós conheceis o coração do
estrangeiro, pois fostes estrangeiros na terra do Egito.” Êx 23; 9
Discute-se
no meio protestante se as bases do cristianismo devem ser derivadas da
ortodoxia doutrinária, ou, bastam as experiências com Deus, a despeito
de outros acessórios. O primeiro caso refere-se aos protestantes
tradicionais; o segundo, aos pentecostais. Em síntese: O pleito é o
mesmo que tomou tempo dos filósofos medievais e antigos também; entre o
empírico e o racional.
No
texto supra do Êxodo, Deus ordenou a evocação da experiência como
suporte à razão; poderia ser usado por um eventual empirista. Todavia,
há outros que apresentam a primazia da Palavra em face à experiência,
como o que diz: “A fé vem pelo ouvir, e o ouvir pela Palavra de Deus.” Rom 10; 17, por exemplo.
Tendemos
a movimentos pendulares pré-conceituando uma linha filosófica,
ideológica, como errada; a partir disso, tudo o que servir de argumento
ao “erro” precisa ser rejeitado.
Esse tipo de peleja por exclusão
ideológica invés da análise da plausibilidade do argumento tende a levar
todos os pleitos ao empate. Meu ponto de vista está correto; portanto, o
oposto é errado; dirá “legitimamente” qualquer postulante.
Não
raro, a necessidade de um rótulo para nossas posições acaba tolhendo a
razão. Isso vale para o tradicional x pentecostal; Arminiano x
Calvinista; clericalismo x laicismo; etc. Assim, a ênfase nos dons
espirituais tende a desprezar o estudo da Palavra; por outra, os
teologicamente destros, a desvalorizar experiências, ainda que
autênticas.
Marcos apresenta a obra dos recém comissionados nessa ordem: “E
eles, tendo partido, pregaram por todas as partes, cooperando com eles o
Senhor, e confirmando a palavra com os sinais que se seguiram.” Mc 16;
20 A Palavra confirmada por sinais da parte de Deus. Parece
necessário concluir que havia espaço para o concurso de ambas as
correntes sem conflito algum.
Houve
muitos casos em que a experiência milagrosa precedeu ao ensino, como a
cura do cego de nascença, ou, o paralítico de Betesda, por exemplo. De
modo que, se alguém quiser argumentar com meia verdade, haverá frações
bastantes para os dois lados.
Separaremos
ao que Deus uniu se tentarmos divorciar Espírito e Palavra. A Palavra
de Deus é revelação mediante o Espírito Santo; tanto quando foi
entregue; quanto quando é interpretada; não pode ser, corretamente, sem a
luz Daquele. “Porque a profecia
nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de
Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo.” II Ped 1; 21 “Ora, o homem
natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe
parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem
espiritualmente. Mas o que é espiritual discerne bem tudo, e ele de
ninguém é discernido.” I Cor 2; 14 e 15
Por
outro lado, os dons espirituais não excluem o conhecimento; antes, os
dois primeiros no rol de Paulo atentam precisamente à destreza na
Palavra; “Mas a manifestação do Espírito é dada a cada
um, para o que for útil. Porque a um pelo Espírito é dada a palavra da
sabedoria; e a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra da ciência;” I Cro
12; 7 e 8
Então,
assim como a interpretação hígida das Escrituras requer contexto e
esmero exegetico; operação de sinais espirituais em si não é selo de
probidade espiritual nem o contrário. Deve ser escrutinada com cuidado,
para rejeição do engano, ou, usufruto da bênção.
Pois,
a Bíblia é contundente em advertir tanto contra o desvio doutrinário
que viola a Palavra; quanto aos prodígios da mentira, cujos sinais
induzem ao erro e derivam de fonte espúria.
Muitas
vezes, posto que nos suponham racionais, tendemos a preferir ter razão,
invés de luz. E “ter razão” assim é precisamente abdicar dela.
O
Senhor ensinou que devemos nascer da água e do Espírito; ninguém destro
nas Escrituras presumirá que tal água seja a do Batismo, que só
confirma e testemunha publicamente o nascimento que já ocorreu; Paulo
ensina: “Para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra,” Ef 5; 26
O próprio Salvador definiu Sua Palavra como sendo Água da Vida. Assim,
nascer da água e do Espírito equivale a dizer: Da Palavra e do Espírito.
Enfim, se podemos formar uma “família espiritual” tendo Pai e Mãe junto
conosco, por que optaríamos por viver numa família com Pais separados?
Afinal,
não há disputa, controvérsia entre Eles; tanto o Pai quanto a Mãe falam
a mesma linguagem; de modo que o conselho de Salomão ao seu filho, bem
que poderia ser tomado para nosso viver espiritual. “Filho meu, ouve a instrução de teu pai, e não deixes o ensinamento de tua mãe,” Prov 1; 8