“... Pode, porventura, um demônio abrir os olhos aos cegos?”
Jo 10; 21 Uns, acusavam ao Senhor de possesso, outros, defendiam; alguém
colocou a questão: Pode um demônio abrir os olhos de um cego? Uma boa pergunta.
O próprio
cego que fora curado, fizera defesa de Jesus sobre o vácuo de testemunhos de
cura atribuídas ao inimigo, disse: “Desde o princípio do mundo nunca se ouviu
que alguém abrisse os olhos a um cego de nascença. Se este não fosse de Deus,
nada poderia fazer.” Cap 9; 32 e 33
A Bíblia
registra “milagres” satânicos, como a mediunidade da pitonisa ante Saul;
tempestade, e “fogo do céu” destruindo bens de Jó; adivinhação em Filipos... O
Mago Simão, nem demandava poder diabólico direto, mas, mero engano, ilusionismo.
Os magos de faraó imitaram os três primeiros sinais de Moisés, contudo,
assumiram, implicitamente, que foi obra de engano, pois, quando Moisés
transformou pó em piolhos, eles disseram, “não brincamos mais”, noutras
palavras: Não é magia, é Dedo de Deus.
Se, até os
dias de Jesus faltava, tal cura, atribuída a satanás, depois, a ausência
continua. Mas, diria alguém, omissão não é suficiente como prova. Assim sendo,
olhemos para as ações do inimigo em busca de traços; de que calibre eram?
No caso dos egípcios
e Simão, magia, engano; no de Jó, poder para destruição; na pitonisa de Filipos
que adivinhava, engano também. Um espírito maligno, por sua natureza, sabe
coisas que escapam aos humanos, mas, quando as revela atribuindo o conhecimento
à pessoa, mente; diferente de um profeta que revela o oculto, e tributa a
revelação a quem de direito, O Senhor.
Certo que a
Palavra adverte sobre sinais e prodígios de mentira. Contudo, esses, carecem da
permissão Divina. O “poder” associado ao mau caráter, mentira, é aferidor de
nossa fé. “Não ouvirás as palavras daquele profeta ou sonhador de sonhos;
porquanto o Senhor vosso Deus vos prova, para saber se amais o Senhor com todo
o vosso coração, com toda a vossa alma.” Deut 13; 3
Essa
advertência é contra um que operou um sinal genuíno, mas, a doutrina afrontava
Deus. Assim, canalhas mercenários usando testemunhos de milagre pra ganhar dinheiro,
invés de almas, deveriam angariar asco, repulsa, diatribe violenta, invés de
seguidores, como tanto ocorre.
Os sinais
falsos são juízo Divino aos que recusam a verdade; “segundo a eficácia de
Satanás... poder, sinais e prodígios de mentira, ... engano da injustiça para
os que perecem, porque não receberam o amor da verdade para se salvarem.” II
Tess 2; 9 e 10
A condição de
criatura força satã a depender da permissão Divina pra seus “milagres” como foi
no caso de Jó, onde derrubou sua casa com um vendaval, ou, queimou ovelhas com “fogo
do céu”.
Aliás, quando
do desafio do Carmelo, cujo sinal buscado era esse, não poderia ele, ter feito
descer fogo aos sacerdotes de Baal que o representavam na arte de enganar? Poderia,
mas, lá, não tinha permissão.
A cura via
medicina, os transplantes de córneas, por exemplo, também devemos a Deus que
nos dá inteligência. A “Árvore da Ciência” que foi vetada significava independência
humana em relação ao Criador; a possibilidade de decidirmos por nós mesmos a
questão moral do bem, e do mal.
A vera
ciência aproxima de Deus, a falsa afasta. “...guarda o depósito que te foi
confiado, tendo horror aos clamores vãos, profanos, e às oposições da
falsamente chamada ciência, a qual, professando-a alguns, se desviaram da fé.”
I Tim 6; 20 e 21
Se, o maligno
não pode curar a cegueira física, a espiritual, muito menos. Nesse prisma, até
o canhoto carece luz, é cego. Não fosse, deixaria a obstinação de lutar uma
batalha perdida d’antemão.
Não podendo
nos curar, porém, pode fazer o contrário, e faz. “...o deus deste século cegou
os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do
evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus.” II Cor 4; 4 Vemos que a
falta de luz espiritual se equaciona à falta de entendimento... essa é cegueira
que mata a tantos.
E uma coisa
vital que devemos entender é que Deus não lega dons com finalidades carnais,
para promover, ou, enriquecer ímpios na Terra. “Mas a manifestação do Espírito
é dada a cada um, para o que for útil.” I Cor 12; 7
Se diz que o pior cego é o que não quer ver; a
cegueira espiritual é dessa estripe; tem mais a ver com vontade rebelde, que,
com restrição. A capa de ignorância espiritual faculta seguir pedindo esmolas
pra carne. Os que são curados têm responsabilidades no Reino; isso assusta
alguns, menos que a morte; acabam escolhendo o “mal menor”, infelizmente.