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sábado, 11 de julho de 2020

A Caçada da Fama


“Como eu queria ser ‘fera’ em alguma coisa”!

Ouvi isso há muito tempo. Do nada, a frase renasceu e me fez pensar. No contexto, a pessoa sonhava em ter grande talento para algo e auferir fama e aplausos, por isso.

Seria hipócrita negar que, em algum momento das nossas vidas sofremos dessa doença também. Alguns jamais se curam; outros se deprimem vendo a “ferocidade” alheia e nenhum traço disso em si.

A grandeza na maioria das vezes é apenas uma sombra ilusória como versa uma fábula de Gibran: “Uma raposa saiu bem cedo em busca do seu almoço; subiu numa duna e contemplou sua sombra gigantesca e pensou: ‘preciso de um camelo para o almoço’; passou amanhã toda buscando em vão, por um camelo; ao meio dia, sol a pino, exausta, olhou novamente sua sombra escondida sob o corpo e refez: ‘pensando bem, um rato bastará’”

Quantos de nós deixam escapar os ratos que estão ao alcance devaneando com camelos que não precisam; digo, deixam de fruir as coisas boas que possuem, em demanda de grandezas que não carecem.

A verdadeira grandeza toma suas próprias iniciativas como diz no Talmude: “A grandeza foge de quem a persegue e persegue a quem foge dela”.
Em linhas gerais, numa alma razoavelmente saudável e inteligente a poção do tempo mesclada às experiências vai desenvolvendo anticorpos; muitas coisas que um dia nos pareceram caras, ora, nem importam mais; algumas se fazem desprezíveis, até.

Como disse Mário Quintana: “Chega um tempo na vida em que a opinião dos outros é mesmo, deles;” não nos diz respeito mais. Nos libertamos da tirania dos aplausos e das críticas.

Infelizmente todos somos bem mais ferozes do que pensamos. Platão plasmou uma alegoria mui eloquente para definir a natureza humana com seus múltiplos apetites, e a pobre da consciência relegada num cantinho impotente, que ele chamava de Razão.

Disse que todos somos um invólucro de pele, contendo dentro uma besta policéfala, (Monstro de várias cabeças) e no alto, um homenzinho minúsculo. Cada traço da natureza, ira, desejo, os apetites desordenados, falsidade, são uma cabeça da besta; a razão que quisera agíssemos segundo ela, mas não tem força diante do bicho, queda impotente.

Quem jamais ouviu alguém saindo rumo à esbórnia dizendo: “Vou fazer isso e aquilo (vícios vários) e não quero nem saber!” Contra quem dava tal recado? Nada mais que uma cabeça do monstro mandando o homenzinho calar. A diatribe se voltava contra o próprio bom senso que tentava advertir do erro.

Na verdade muitos que buscam fama o fazem pelo “efeito colateral” do dinheiro que costuma vir junto com os aplausos; entretanto,
“Dinheiro é como água do mar: quanto mais você toma, maior é sua sede. O mesmo se aplica à fama.” Arthur Schopenhauer

Ou, como disse Salomão, quem amar o dinheiro, jamais dele se fartará.

Parece que os “feras” também têm lá seus problemas; talvez ante escrutínio mais preciso, a coisa não seja tão glamorosa quanto parece.

Outras vezes acontece de gente talentosa morrer, praticamente anônima; depois da morte seus feitos ganharem relevância que jamais tiveram durante suas vidas; de casos assim, foi Einstein quem falou: “A fama é para os homens como os cabelos - cresce depois da morte, quando já lhe é de pouca serventia.”

Ou seria dona grandeza buscando tardiamente a um fugitivo escondido no além?

Talvez uma fama póstera seja menos ruim, pois, livra dos efeitos colaterais danosos, como bajulação vazia e perda de privacidade.

Aliás, foi o mesmo Einstein que disse: “Tente ser uma pessoa de valor, não de sucesso.” Parece que estava contente com o tamanho dos seus “cabelos”.

Quando a Bíblia ensina que a sabedoria é melhor que a força, isso nos deveria fazer pensar. Que valeria um “Sniper” fora de série, capaz de acertar num alvo a Quilômetros, se atirasse no alvo errado?

Para muitos ramos da psicologia, os seres humanos carecem maior autoestima. Segundo Deus, nosso problema básico é o egoísmo e seu subproduto mais caro, o orgulho. Daí o tudo começar pelo “Negue a si mesmo”.

Invés do insano desejo de sermos feras, portanto, deveríamos aprender a ser meras ovelhas.

Pois, no mundo novo que O Senhor idealizou para o milênio após a Volta de Jesus Cristo, até mesmo as feras serão “repaginadas”; “Morará lobo com cordeiro, o leopardo com o cabrito se deitará; o bezerro, o filho de leão e o animal cevado andarão juntos; um menino pequeno os guiará. Vaca ursa pastarão juntas, seus filhos se deitarão juntos; o leão comerá palha como o boi.” Is 11;6 e 7

Alguns fazem pacto com o Capeta para ser conhecidos na Terra; os sábios fazem pacto com Cristo e são arrolados no Céu.

terça-feira, 7 de julho de 2020

Degredado do Reino


Ontem deparei com uma postagem que me fez pensar. Dizia: “Minha página não é uma democracia; não venhas, portanto, discordando do que posto. É uma monarquia e a rainha sou eu.”

Embora inteligente a construção da ideia, o conteúdo me soou agressivo, mal educado; de modo que o ex “súdito” aqui, decidiu abandonar o reino. Não critiquei nada que ela postou, então, a coisa não era comigo; mas, a forma como vejo a relação interpessoal me fez manter distância.

Cada um faz as escolhas que lhe aprouver. Quanto a mim, minha página á democrática sim; não sou rei de nada, nem dono da verdade. Escrevo atrevidamente o que penso, e todos podem discordar, desde que critiquem minhas deias com argumentos, sem partir para ofensas pessoais.

O contraditório de pessoas inteligentes nos ajuda a crescer, a ver melhor as coisas; não raro, aprendemos com quem discorda, usando argumentos plausíveis calcados na honestidade intelectual.

Platão dizia que apenas dois tipos de pessoas evitam a filosofia; o sábio e o imbecil. O primeiro não busca sabedoria porque não precisa; o outro porque não poderia, uma vez que sábio aos próprios olhos, acha que não carece. Por mais amplo que seja o horizonte de quem o pretende ensinar, suas concepções rasas impedirão que aprenda. “Quando você aponta uma estrela para um imbecil e olha para o seu dedo.” M. T. Tung

Portanto, os que se sentem num meio termo entre a ignorância e o saber, como eu, necessariamente buscarão saber a cada dia um pouco mais; invés de se enclausurarem nas próprias carapaças, como as tartarugas ante os predadores.

Embora as redes sociais sejam mais para entretenimento que para aprendizado, a inter-relação pessoal sempre traz algum fruto de aprendizado, por despretensiosa que seja, em princípio.

O egoísmo e a falta de noção são dois grandes males da nossa espécie. Sobre cada coisa que acontece temos uma opinião, um pitaco para dar; todavia, quando outrem opina e isso nos parece contrariar, presto surge o porco espinho que nos habita, e junto suas armas defensivas, os espinhos.

“Calce minhas sandálias antes de me criticar; só de palpites em minha vida quando pagares minhas contas; olhe no espelho antes de falar de mim;” etc. Assim a regra áurea de fazer ao próximo o que gostaria que ele nos fizesse vai pro ralo. Podemos opinar como queremos; porém, os outros apenas “curtir” ou elogiar. Lindaaa!!!

Cada um tem seu planetinha particular, no qual todos os visitantes têm direito de bater uma mão na outra em seu louvor. Honestamente não desejo um planeta assim. Gosto das pessoas que se atrevem a pensar; ousam dizer o que pensam, mesmo que, eventualmente, firam alguma suscetibilidade.

Todos dizem detestar à hipocrisia, codinome da falsidade, mas, na prática desejam ser paparicadas por ela.

“Liberte-me de minha ignorância e te terei na conta de meu maior benfeitor;” dizia Sócrates. Parece que esse negócio de não dê palpites na minha vida não era com ele.

Esse era tido como o mais a sábio de Atenas; Outro que ao receber do Senhor o dom da sabedoria é tido como o mais as sábio de todos os homens, Salomão, também não manifestava rejeição aos conselhos, antes, disse: “Quando não há conselhos os planos se dispersam, mas havendo muitos conselheiros eles se firmam.” Prov 15;22

Erroneamente adotou-se a ideia de crítica como algo necessariamente, negativo; daí alguns parecem carecer da ressalva para a dita crítica “construtiva”; Segundo os entendidos, a palavra deriva do grego Kritikos, e significa, “capacidade para fazer julgamentos”, do verbo krinei, “separar, decidir, julgar”.

Assim a crítica veraz não é nem construtiva nem destrutiva, apenas sapiente; a coisa analisada por quem entende. Palpites que se dá sem entendimento é mera opinião. Não precisamos concordar, embora, seria saudável reservar a cada um o direito de ter a sua.

Pois, quando se diz que determinado espetáculo foi um sucesso de crítica não significa que foi muito criticado, antes, que foi aplaudido por quem entende.

Geralmente temos olhos de lince para os defeitos alheios, e de toupeiras para os nossos como disse Erasmo de Roterdã, talvez por isso Saint Exupérry cunhou: “Se consegues fazer um bom julgamento de ti, és um verdadeiro sábio.”

Mas, quando alguém critica algo que esposo, critica minhas ideias, não necessariamente, meu caráter. A menos que eu defenda coisas que só um mau caráter defenderia.

E sabedor que sou imperfeito e falho, como os demais, longe de mim o reino da arrogância ou o império do egoísmo. Discordem, critiquem à vontade. Eventualmente me ajudareis a ver melhor.

“Nossa incapacidade de ouvir é a manifestação mais constante e sutil da nossa arrogância e vaidade. No fundo, somos os mais bonitos...” Rubem Alves

segunda-feira, 13 de abril de 2020

"O Poço" aos meus olhos


“Bem-aventurado o homem cuja força está em ti, em cujo coração estão os caminhos aplanados.” Sal 84;5

Olhando com atenção o enredo de “O Poço” filme exibido pela Netflix, algumas coisas são, como diria o enfadonho Trimagazi, óbvias; outras, nem tanto.

O cenário é monótono, repetitivo; o enredo sombrio; que tornam o filme desagradável, de certo modo, malgrado o desafio aos nossos neurônios, o tempo todo tentando entender ao quê, se propõe.

Assim como uma poesia pode ser lida por vários ângulos, dada sua linguagem especial, também o filme, graças à abrangência de suas metáforas se presta às mais diversas interpretações.

O óbvio, na minha visão é uma crítica da falência humana em ambos os sistemas políticos; o capitalismo que premia aos de cima a despeito da miséria dos que estão embaixo, e o Socialismo que, depois da “Revolução socialista” de Goreng e seu amigo que decidiram levar a comida aos níveis mais baixos, devaneando com senso de justiça social e solidariedade espontânea, descobriram a duras penas que a revolução mais mata que socorre, como a história testifica, de modo que, a mensagem socialista também encontra um óbice de peso no cerne dos nossos problemas, o egoísmo.

Quem está num nível mais alto normalmente “mija” nos que estão abaixo, independente do sistema em vigência.

O fato de o poço possuir 333 níveis, cada um com dois “hóspedes” o que perfaz 666 o número da Besta do Apocalipse, na minha percepção indica que a “administração” do mesmo pertence ao “deus deste século” ou, o “Príncipe deste mundo” como a Bíblia menciona.

Ironicamente uma personagem que levou um cão consigo, (cada um poderia levar um item) o dito bicho se chamava Ramessés Segundo; nome de um Faraó de décima nona dinastia egípcia. Ora, em tempos de Covid 19, em que a comida escasseia e muitos em seu egoísmo compram e estocam mais do que necessitam prejudicando aos que “estão mais baixos no poço” chega a parecer uma zombaria da “administração”, se é que me entendem.

As cenas de canibalismo onde, eventualmente um come o outro para sobreviver é uma metáfora poderosa, figurando nossa sociedade onde, para obter vantagens, toda sorte de violência psicológica, social, espiritual até, é usada pelos que, possuem uma faca que, quanto mais usada mais afiada fica; a língua a serviço do engano. Com essa arma afiada nossa mídia faz mais dano que o Vírus propriamente.

Por fim os revolucionários que “pisavam na comida” por terem feito da plataforma alimentar sua “nave” de acesso aos níveis inferiores, depararam com um sábio que invés do método violento aconselhou que um símbolo, uma mensagem deveria ser enviada à administração; escolheram para isso uma espécie de pudim requintado que deveria voltar ao topo intacto. Esse ato inusitado deveria fazer as cabeças administrativas pensarem. Quiçá, reverem os métodos deles.

Chegando ao fundo, surpreendentemente acharam uma menina aparentando dez ou onze anos, malgrado a idade limite para estar no dito fosse de dezesseis anos; essa parecia estar com fome, de modo de que lhe deram para comer o bolo que deveria ser enviado ao topo como mensagem.

Não me pareceu fortuita a citação literal de uma passagem “canibalesca” onde Jesus disse que quem não comesse Sua Carne e bebesse Seu sangue não teria vida, tampouco a ironia de um que chamou ao protagonista de Messias.

Embora em minúcias seu personagem ficasse devendo muito como Messias, dada a perfeição Desse; ele entrou de modo espontâneo no poço, pagou o preço por isso em todos os níveis de humilhação possíveis, tendo chegado ao fundo desapareceu em companhia do velho que morrera bem antes; o fantasma que falava com ele; O Velho que o quisera devorar pode simbolizar o Velho Testamento, a Lei de Moisés; Ele ter sido ajudado por uma mulher, a Graça, inverteu as coisas de modo a devorar o velho; o que Jesus fez ao “Pregar as ordenanças na cruz”, como disse Paulo.

Se, no final a mensagem que era o bolo foi comida pela menina e essa, como numa identificação com o que comera tornou-se ela a mensagem a ser enviada a todos os níveis, também isso evoca uma figura teológica.

Jesus, O Messias definiu a si mesmo como “O Pão que desceu do céu para dar vida ao mundo”; a menina que o comeu para saciar sua fome pode tipificar a qualquer um convertido, pois, “comer de Cristo” necessariamente nos identifica com ele e nos torna crianças; essa é a mensagem do filme. “Em verdade vos digo que qualquer que não receber o reino de Deus como criança, de maneira nenhuma entrará nele.” Mc 10;15

Como trata-se de especulações minhas, e mero exercício de opinião, todos podem discordar, óbvio.

terça-feira, 15 de maio de 2018

Pequenos e Grandes

“Qualquer que receber este menino em meu nome, recebe a mim; e quem que receber a mim, recebe o que me enviou; porque aquele que entre vós todos for o menor, esse mesmo é grande.” Luc 9;48

A aparente contradição na fala do Salvador deriva da existência de duas escalas distintas de grandeza; aliás, opostas.

O padrão mundano, que, “canoniza” gente indigna sem valor; e O Divino, que honra aos que, cientes da própria indignidade esvaziam-se de pretensões de grandeza; esse esvaziamento agrada a Deus, de modo que recompensa honrando aos que têm a si mesmos em baixa consideração. Isso lembra uma frase do Talmude que diz: “A grandeza foge de quem a persegue e persegue a quem foge dela.”

Dos “grandes” do mundo, Ruy Barbosa fez um preciso diagnóstico: “De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto.” Claro que ele não se envergonhava de ser honesto. Estava abominando a desonestidade exaltada, apenas.

Os que anseiam ser frutíferos espiritualmente devem observar o conselho de Paulo: “Não atente cada um para o que é propriamente seu, mas, cada qual também para o que é dos outros. Então, haja em vós o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas, esvaziou-se tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; achado na forma de homem, humilhou-se a sendo obediente até à morte, e, morte de cruz.” Fp 2;4 a 8

Embora alguns falsificadores da Palavra ensinem que o homem deve ter auto-estima em alta, A Bíblia nos desafia à humildade; nosso problema não é baixa consideração sobre nós mesmos, antes, orgulho. Se, somos exortados ao auto-esvaziamento, “negue a si mesmo” é porque o homem alienado do Criador é cheio de si; orgulhoso.

Muitos confundem religião com salvação. Pregamos uma mensagem tendo a Palavra de Deus como fonte, e tribunal de apelação, para nossos argumentos; eventuais orgulhosos atingidos por ela, presto escudam-se no direito de terem suas religiões, como se, forjar religiões fosse o fito da Palavra.

Ela foi dada para gerar filhos para Deus; atua denunciando a todos nós como pecadores, alienados Dele, carentes de salvação; mais; garante que se não nos arrependermos para “nascer de novo” estamos fora, sejamos religiosos ou, não. Isso fere o orgulho de muitos. A mensagem evangélica saudável não tenciona ferir orgulho, apenas; antes, crucificar.

Na história do Fariseu e do Publicano O Salvador mostrou que uma pessoa pode ser religiosa e, cheia de si ao mesmo tempo. Patentear solenemente insana pretensão de pureza, quando, sequer aceita perante O Santo é. O Senhor dissera ao sacerdote Eli: “... os que me honram honrarei, porém, os que me desprezam serão desprezados.” I Sam 2;30

Os que se fazem pequenos aos próprios olhos, e lhes basta a aprovação Divina, malgrado, a rejeição humana, a esses, O Senhor honra; a alguns exalta ainda na Terra, embora, a justiça cabal esteja guardada para o além.

Tristemente somos a geração mimimi, onde tudo fere, tudo melindra, tudo deve ser “politicamente correto” ou será um “ismo” qualquer, “fobia” quando não, “Bullying”. Ora, se você quer ser salvo para ver a Bendita Face do Senhor um dia, pare de frescura! Tome tenência! A verdade só ofende a quem se escuda na mentira e os mentirosos estão fora do Reino.

O evangelho não é um compêndio para por em realce os pretensos direitos ímpios; antes, uma declaração de Amor de Deus, que reservou a Si o direito de expor os termos em que considera correspondido o Seu Amor. Esses são cristalinos: “Se me amais, guardai os meus mandamentos... Aquele que tem meus mandamentos e os guarda é o que me ama; quem me ama será amado de meu Pai; Eu o amarei e me manifestarei a ele. Jo 14;15 e 21

Quem nega seu orgulho encravando-o na cruz, não se atreve a altercar contra a Palavra de Deus como se, a mesma fosse fruto para discussões, debates; sabe que é a “Constituição do Reino”; esforça-se para cumpri-la. Os demais, que diferença faz, se estão fora mesmo?

Os que têm vida espiritual sadia sabem que os lugares altos são duros, pesados; não os almejam, pois, não olham para eles como vendo privilégios, antes, responsabilidade. Todavia, os carnais, os bobos alegres anseiam títulos, posições, renome; sua busca doentia pelas glórias da Terra patenteia o quão pouco acreditam na recompensa do Céu.

“A grandeza não consiste em receber honras, mas, em merecê-las.” Aristóteles

sexta-feira, 13 de abril de 2018

Deus em Braille?

“De um só sangue fez toda a geração dos homens, para habitar sobre a face da terra, determinando tempos já dantes ordenados e limites da sua habitação; para que buscassem ao Senhor, se, porventura, tateando, o pudessem achar; ainda que não está longe de cada um de nós” Atos 17;26 e 27

Paulo via a limitação espaço-temporal da vida humana como estímulo para que busquemos a Deus. Como se, a alma humana “não coubesse na bainha” e desejasse algo mais; olhando, assim, para O Criador.

Não exatamente olhando, dado que, o efeito colateral da queda trouxe também, cegueira espiritual ao homem natural; aí, O Eterno plasmou “Escrituras” em alto relevo, desejando que ele, “tateando o pudesse achar.”

A mera produtividade da Terra que nos alimenta, era vista aos olhos do apóstolo como testemunha do Amor do Pai; “... não se deixou sem testemunho, beneficiando-vos lá do céu, dando-vos chuvas e tempos frutíferos, enchendo de mantimento e alegria vossos corações.” Atos 14;17

A criação inteira foi vista por ele como testemunha tão eloquente, a ponto de deixar sem desculpas aos pretensos céticos; “Porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque Deus lho manifestou. Porque suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto Seu Eterno Poder, quanto, Sua Divindade, se entendem, e claramente se veem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis.” Rom 1;19 e 20

Aparentemente temos uma contradição de Paulo, uma vez que aos gregos faz concessão à cegueira e valida a busca “em Braille”; enquanto, em sua diatribe aos céticos entre os romanos diz que os Atributos Divinos “claramente se veem” pelas coisas criadas.

Acontece que, os gregos eram filósofos em busca da Sabedoria por conta própria; algumas noções espirituais a que chegaram eram e ainda são válidas, sobre a prática da justiça, especialmente; A eles Paulo chegou mais cordato tentando convencê-los da futilidade da idolatria ante O Deus Vivo.

No entanto, os romanos, aos quais Paulo se dirigia, não eram investigadores sinceros errando no escuro. Antes, opositores engajados da Verdade revelada; “Porque do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda a impiedade e injustiça dos homens que detêm a verdade em injustiça.” V 18

Nesse caso não se tratava de uma inépcia em compreender a verdade, antes, de não poder conviver com ela sem se opor. O Salvador falou desses: “A condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz; não vem para a luz, para que suas obras não sejam reprovadas. Mas, quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que, suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus.” Jo 3;19 a 21

Uma versão “remasterizada” do antigo, “Ouvi tua voz e tive medo, me escondi, pois, estava nu”. Nesse caso, temem não ao encontro com Deus, estritamente, antes, ao encontro consigo mesmos em estado “puro”; isto é, como são deveras.

Como vemos a promessa do Capiroto ao primeiro casal de que eles mesmos decidiriam sobre o bem e o mal não se cumpriu. Pois, não haveria uma “má obra” a ser manifesta pela Luz se, o homem pudesse redefini-la como sendo, boa. O que o incauto casal herdou, a rigor, foi o sentimento de culpa que faz parecer mais confortável a escuridão que a luz.

Os que fazem oposição aberta a Deus e Sua Palavra são os doentes que rechaçam ao Médico, como se, ausência de diagnóstico da enfermidade equivalesse à saúde espiritual.

A Palavra, “Diagnóstico” é a aglutinação de duas palavras gregas que significam: “Através do conhecimento”. Desse que ilumina e receita o remédio certo A Bíblia fala quando diz: “Meu povo foi destruído pela falta de conhecimento.” Em provérbios diz mais: “O que encobre suas transgressões nunca prosperará, mas, o que confessa e deixa alcançará misericórdia.” Prov 28;13

Assim, o “ceticismo” desses não é um óbice intelectual aceitável de quem não consegue entender; antes, uma rejeição voluntária de quem entende e perversamente recusa aquiescer às demandas Divinas.

O pior cego é o que recusa a ver, diz o provérbio; pois, vendo e portando-se como se, não visse, a restrição deixa de ser fortuita e passa a ser arbitrária, volitiva, perversa, pecaminosa.

O Ego gestado no Éden recusa ser partícula de uma unidade composta, um corpo; preserva-se na mesquinharia de ser ímpar, um morto-vivo. “Uma pessoa é única ao estender a mão; ao recolhê-la inesperadamente torna-se mais uma.
O egoísmo unifica os insignificantes.”
Shakespeare

Para a salvação, pois, se requer a entrega desse traidor; “Negue a si mesmo, tome sua cruz e siga-me.”

sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

Amor, esse mal entendido

“Para que Cristo habite pela fé nos vossos corações; a fim de, estando arraigados e fundados em amor...” Ef 3;17

Paulo disse que orava pelos efésios para que fossem fortalecidos para Cristo neles habitar. Por que precisamos disso para Cristo habitar em nós? Porque carecemos despejar todos os dias, certo habitante que insiste em querer para si um trono que é Dele. O eu. Esse tem suas raízes no egoísmo, na indiferença, no excesso de amor próprio, na sugestão do capeta; “vocês sabem o bem e o mal”. Então, enquanto o “negue a si mesmo” não for alcançado não teremos lugar para Cristo. Seremos usurpadores.

Paulo usou duas figuras distintas para propósito semelhante; “arraigados e fundados...” Raízes são a base de uma planta; fundação, de uma construção qualquer. A ideia é que somos algo vivo espiritualmente, porém, em construção. Ouçamos Pedro: “Vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual, sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo.” I Ped 2;5

Na parábola dos dois fundamentos o homem prudente careceu cavar fundo para chegar à Rocha. O alvo do apóstolo era o amor; primeiro, fundados em amor, pra depois, “...compreender, com todos os santos, qual a largura, o comprimento, altura, profundidade; conhecer o amor de Cristo...” VS 18 e 19

Normalmente as pessoas têm uma ideia simplista do amor; equacionam a mero sentimentalismo. Eu amo fulano, portanto desejo tudo de bom para ele. “Assim sim” como diria o Chaves. O Salvador resumiu toda a Lei em dois mandamentos: Amar a Deus sobre tudo e ao próximo como a si mesmo. Como podemos amar algo ou alguém sem conhecer?

Então, o “cavar fundo” no que tange ao nosso amor por Ele começa em desejarmos a Verdade, e, conhecer mais e mais a Fonte do amor; Deus.

O bendito do salmo primeiro, “Tem seu prazer na Lei do Senhor e na Sua Lei medita dia e noite.”

Porém, a maioria dos crentes, de preguiça de conhecer a Palavra assemelha-se a filhotes de águias no ninho esperando comida. O que ela caçar, rato, serpente, lagarto, estarão sôfregos de bico aberto esperando. Invés de receber o Pão do Céu direto do Senhor recebem cobras e lagartos de aves de rapina; são como outros que, “Foram destruídos por falta de conhecimento.”


A natureza ruma às paixões, mesmo que, essas conflitem com o querer Divino. Invés de buscarem à Verdade as pessoas buscam o cômodo, conveniente. Isso as faz “politicamente corretas”, espiritualmente insanas; presas em potencial do inimigo; seus embustes, e seu representante-mor, o anticristo; “esse cuja vinda é segundo a eficácia de Satanás, com todo poder, sinais e prodígios de mentira, com todo engano da injustiça para os que perecem, porque não receberam o amor da verdade para se salvarem.” II Tess 2;9 e 10


Óbvio que conhecer a Deus não basta; precisamos obedecer. Isso nos levará fatalmente ao amor pelos nossos semelhantes. “Se não amamos nossos iguais aos quais vemos, como amaremos a Deus O qual não vemos”?

O amor Divino choca nosso intelecto, “excede todo entendimento”, pois, nossa ideia de amor é meio mercantil; uma espécie de troca; “amo a quem me ama, sou bom para quem é bom comigo, bateu levou, que Deus te dê em dobro o que me desejares”; etc.

“Deus prova Seu amor para conosco pelo fato de Cristo ter morrido por nós sendo nós ainda pecadores”; noutras palavras, adversários.

Portanto, em nossa escavação precisamos remover também o entulho da vingança, inveja, indiferença, sentimento faccioso... “Amai vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam; orai pelos que vos maltratam e perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus; porque faz que o seu sol se levante sobre maus e bons; a chuva desça sobre justos e injustos. Pois, se amardes os que vos amam, que galardão tereis? Não fazem os publicano o mesmo? Se, saudardes unicamente os vossos irmãos, que fazeis de mais? Não fazem os publicanos também assim? Sede vós pois perfeitos, como é perfeito vosso Pai que está nos céus.” Mat 5;44 a 48

Entretanto, o fato de Deus nos amar não é licença para pecar; “Eu repreendo e castigo todos que amo;” diz O Senhor. Renega paternidade dos que se mostram avessos à disciplina: “Se suportais a correção, Deus vos trata como filhos; porque, que filho há que o pai não corrija? Mas, se estais sem disciplina, da qual todos são feitos participantes, sois então bastardos, não, filhos.” Heb 12;7 e 8


As pessoas não encontram a Deus, pois, buscam coisas; mas, as que O busca encontram; e, de lambuja, o Pai amoroso nos dá todas as coisas que necessitamos.

sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

O Jeito Divino de Abençoar

“Os (membros) que reputamos serem menos honrosos no corpo, a esses honramos muito mais; os que em nós são menos decorosos damos muito mais honra. Porque os que em nós são mais nobres não têm necessidade disso, mas, Deus assim formou o corpo, dando muito mais honra ao que tinha falta dela;” I Cor 12;23 e 24

Eis a Divina justiça e Sua parcimônia em abençoar conforme as carências, não, os desejos! Totalmente na contramão do mundo que costuma cobrir de ouro que já possui mais que o necessário e deixar padecer na miséria os desvalidos.

Certa vez lembro-me de ter ouvido uma conversa de passagem diante de um bar; “-Fulano acertou no bicho; na cabeça. – Eita, o diabo caga sempre no monte maior!” Tive que rir. Isso, porque o sujeito que acertara era um endinheirado, não precisava. Pois, que o Capiroto faça o que quiser do seu estrume, mas, estamos meditando na Bondade Sábia de Deus.

Antes que algum canhoto pense que estou falando de sistemas políticos lembro: Os “socialistas” onde dominaram, apenas mudaram a opressão e a riqueza, dos capitalistas para os próceres do partido e os miseráveis seguiram como eram, e com menos direitos, liberdades; portanto, desprezo-os por sua injustiça e hipocrisia; estou falando é do egoísmo mesmo.

Os que ganham pouco mais de um salário mínimo pagam por uma casa financiada durante mais de 20 anos; os que ganham salários acima de 30 mil por mês recebem “auxílio moradia” superior a quatro mil reais mensais, por exemplo. Um cidadão comum se quiser comparecer a determinado evento arcará com transporte, estadia, ingresso; um famoso e endinheirado receberá “cachê” para comparecer, pois, sua presença “promove” ao dito evento. Isso do jeito de “abençoar” do mundo, em oposição ao modo Divino que supre onde falta, invés de desperdiçar onde sobra.

Ninguém maior em honra na Igreja primitiva que os apóstolos; entretanto, “... Deus a nós, apóstolos pôs por últimos, como condenados à morte; pois, somos feitos espetáculo ao mundo, aos anjos e homens. Nós somos loucos por amor de Cristo, vós, sábios em Cristo; nós fracos, vós, fortes; vós, ilustres, nós, vis.” I Cor 4;9 e 10

Os “apóstolos” do ar condicionado atuais e muitas “estrelas” góspeis deveriam refletir sobre isso antes de fazer suas listas de exigências de super stars do mundo para darem seus “Shows”.

Paulo aprendeu que o Poder Divino se aperfeiçoa na fraqueza; mesmo seu incômodo “espinho na carne” não foi removido. Disse mais: “Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes; Deus escolheu as coisas vis deste mundo, as desprezíveis, as que não são, para aniquilar as que são; para que nenhuma carne se glorie perante ele.” I Cor 1;27 a 29

A Bíblia ensina que não sabemos orar como convém. Quando Deus “apareceu” em sonho a Salomão e franqueou: “Pede-me o que queres”. O Rei invés de pedir vingança contra inimigos, ou, tesouros terrenos pediu sabedoria para reinar; noutras palavras: invés de pedir facilidades na vida pediu ferramentas para trabalhar.

Isso agradou tanto ao Eterno que fez mui além do pedido. “Porquanto pediste isso, não pediste para ti muitos dias, nem pediste para ti riquezas, nem pediste a vida de teus inimigos; mas, pediste para ti entendimento, para discernires o que é justo; eis que fiz segundo tuas palavras; eis que te dei um coração tão sábio e entendido, que antes de ti igual não houve e depois de ti igual não se levantará. Também até o que não pediste te dei, assim riquezas como glória; de modo que não haverá um igual entre os reis, por todos os teus dias.” I Re 2;11 a 13

A maioria da geração atual, não apenas não sabe o quê, pedir, como, sequer, pede; ela faz “melhor”; “Ordena, determina, decreta” a “Bênção de Deus”.

Natural que nos inquietemos por coisas que supomos necessitar; porém, se Deus demora em nos dá-las, certamente está cuidando de outras que, aos Seus Olhos necessitamos mais, ou, primeiro. Daí, “Entrega teu caminho ao Senhor, confia Nele e tudo Ele fará.” O “tudo” que interessa no tocante aos Seus não inclui fama, riquezas terrenas, antes, atina, sobretudo, à justiça; “Ele fará sobressair tua justiça como a luz, e teu juízo como o meio-dia.” Sal 37 5 e 6

Desse modo, quando insto, oro, peço e não recebo o que pedi convém atentar bem para o que recebi oculto atrás desse, não. Como dizia Spurgeon, “Deus nos abençoa muitas vezes cada vez que nos abençoa.”

Minhas petições desnudam apenas meus desejos; a Divina Onisciência conhece minhas necessidades. Obrigado Pai por tantos nãos! Perdoa minhas orações.

sábado, 9 de setembro de 2017

Por que Deus permite a dor?

“Orando também juntamente por nós, para que Deus nos abra a porta da palavra, a fim de falarmos do mistério de Cristo, pelo qual estou também preso;” Col 4;3

Submissão à Vontade de Deus sempre foi difícil para o ser humano, afinal, depois que certo “profeta” ensinou que graças à desobediência seríamos “como Deus” toda a espécie padeceu de uma enfermidade moral onde as preferências pessoais, particulares, se impõem ao coletivo.

O Ego recém nascido tomou o lugar de Deus. Desobediência, invés de nos fazer como O Eterno, nos fez como o inimigo; rebeldes, obstinados, egoístas.

Por isso, o regresso ao Pai, a regeneração precisa passar necessariamente pela cruz, onde, esse traidor deve ser mortificado todos os dias; de modo que nossas inclinações pessoais sejam deixadas em plano secundário, e o Propósito do Eterno cumpra-se em nossas vidas. Óbvio que uma renúncia dessa magnitude é muito mais fácil ensinar que viver; contudo, sendo fácil ou difícil é isso que Deus espera de cada um; “Negue-se, tome sua cruz e siga-me”.

Normalmente temos dificuldade de entender, ou, aceitar como Vontade Divina, situações, circunstâncias adversas das quais, sabemos, Deus bem nos poderia livrar se quisesse, entretanto, não faz. Ora, se nós, frágeis pecadores não fazemos o que podemos, mas, somente o que queremos, por que Ele, O Soberano do Universo teria que fazer diferente?

Um aspecto que às vezes desconsideramos sobre o Poder do Eterno é Sua Onisciência. Assim, tanto pode nos livrar de circunstâncias dolorosas, quanto, nos exercitar nelas, pois, Sua Ciência Excelsa sabe onde tudo vai dar, qual será o fruto, a têmpera gerada nesse momento adverso.

Paulo ensinou que: “...todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo Seu propósito.” Rom 8; 28

Então, se estou num processo cujo produto contribuirá para meu bem, desejar, orar para que dele Deus me retire não é bênção, estritamente, inda que possa obrar certo alívio eventual. Como a prata é derretida para remoção das escórias as impurezas, assim faz O Santo Conosco, pois, almeja embelezar Seus vasos. “Tira da prata as escórias, sairá vaso para o fundidor.” Prov 25;4

Desafinamos da Sabedoria Divina, se, lutamos contra o necessário processo, enquanto o “Fundidor” luta contra nossas impurezas. Embora a fé moderna tenha sido pervertida como, se, uma força que faz as coisas acontecerem, a sadia é uma confiança irrestrita na Integridade, Bondade e Sabedoria Divinas; se, creio deveras, mesmo que não goste do que estou passando, sequer entenda os motivos, descanso em Deus, confiando que, Ele sabe o que me convém.

Caso não me livra de meu incômodo é porque deve ser melhor assim. Então, foco no que pode ser feito; apesar dos pesos das provas, sempre nos restam algumas forças. Paulo estava na prisão por causa da Obra de Deus; escrevendo à Igreja de Colossos e rogando orações, não pediu que orassem para que as portas da prisão fossem abertas, antes, “...para que Deus nos abra a porta da Palavra, a fim de falarmos do Mistério de Cristo...”

Quando estivera preso em Filipos juntamente com Silas, resolveram combater à “insônia” cantando louvores ao Senhor. Não há registro que tenham orado por isso, mas, O Senhor fez a Terra tremer e abriu a prisão. Desse modo, tanto pode nos livrar de modo maravilhoso, quanto, nos deixar na prova sem maiores explicações; nosso papel não é questionar, “determinar, decretar, ordenar” nada.

O Santo não precisa fazer nada por que eu quero; nem, para ser, enfim, Deus. O que quero é momentâneo, circunstancial, às vezes, passado certo tempo nem quero mais; Ele não faz coisas grandiosas para Ser, antes, porque É.

A beleza aos olhos Divinos está no cardume, não, no peixe; no enxame, não, na abelha; o mundo cultua seus ídolos, os que são “feras” em alguma coisa; mas, a igreja foi chamada para ser um coletivo, um corpo cujas necessidades e alegrias sejam compartidas. As motivações egoístas devem ser banidas. “Para que não haja divisão no corpo, antes, tenham os membros igual cuidado uns dos outros. De maneira que, se um padece, todos padecem com ele; se um é honrado, todos se regozijam com ele.” I Cor 12;25 e 26

Então, se temos uma “contradição” bíblica é apenas verbal, não, real; pois, ora, ordena: “Negue a si mesmo”; outra; “ame a teu próximo como a ti mesmo;” forçoso é concluir que o negue-se não inclui o amor próprio, mas, a pretensão de gerir por meu saber e querer, aquilo que pertence ao Eterno, os rumos da vida. “Eu sei, ó Senhor, que não é do homem o seu caminho; nem do homem que caminha o dirigir os seus passos.” Jr 10;23

terça-feira, 27 de junho de 2017

Razões de amor e ódio

“Por que persegue o meu Senhor tanto o seu servo? Que fiz eu?...” I Sam 26;18

Davi fugitivo diante do ódio de Saul, dando a esse, oportunidade de explicar seus motivos. “Por que me persegues...? Que fiz eu?”

A relação entre causa e efeito é pacífica, todos reconhecem. Entretanto, quando a causa nos escapa, racionais que somos, desejemos conhecê-la. Poderíamos recorrer a simplismos como, vingança, ciúmes, inveja; mas, essas são formas de expressão do ódio, não o próprio.Qual a vertente do ódio?

Averigüemos seu contraponto, o amor; encontrando os motivos deste podemos reverter o espelho para que vejamos os daquele. Quais as razões do amor? Serão as qualidades de quem amamos? Dizemos: “Quem ama não vê defeitos”; aí, a “perfeição” do objeto de nosso amor deriva de certa “cegueira” que o próprio amor opera em nós. Talvez, por anseios do amor próprio queiramos tanto alguém, que, sequer desejamos ver eventuais lapsos, dado o regozijo que o viço enseja... Contudo, nossa lupa busca o amor cristão, não, amor próprio. De onde vem ele?

Se, a causa estiver no objeto, talvez, os desprovidos de talento, beleza, inteligência ou, outros predicados nobres não possam ser amados... Mas, O Senhor nos ordenaria que fizéssemos algo impossível? Quando diz: “Ama teu próximo como a ti mesmo”, o simples não ordenar que eu ame a mim mesmo, antes, que faça disso parâmetro para o amar força-me a concluir que o amor nasce conosco, não carecemos esforço nenhum para senti-lo; é uma necessidade psicológica. Mesmo dependentes de algum vício, que parecem faze mal a si mesmos entraram nessa prisão devaneado que a coisa lhes fariam bem, daria certo prazer, quiçá, aliviaria alguma dor.

Quando O Senhor ensina: “Misericórdia quero, não, sacrifício" toca na ferida. Quando faço sacrifícios para agradar a Deus busco meu próprio interesse, há um quê de egoísmo; quando atuo em misericórdia são os interesses de outrem que me movem. Aí, o motor do sacrifício é o amor próprio; da misericórdia, o próprio amor. Desse modo, eliminamos razões exteriores para amar, uma vez que misericórdia não se expressa sobre as qualidades de outrem, antes, sobre suas carências.

Embora a origem inda nos seja obscura, o modo de expressão do vero amor começa a ser-nos visível. O Salvador disse:”Ninguém tem maior amor que esse; dar a sua vida pelos seus amigos.” Jo 15;13 Notemos que a maior expressão de amor está associada a certo verbo: Dar. Se, a nós, amantes de pequena estatura o padrão proposto foi que amássemos ao próximo como a nós mesmos, o Supra Sumo do Amor, Jesus Cristo, abriu mão de Si mesmo, por amor; deu Sua vida. A diferença abissal é que “Deus É Amor”; de nós espera que imitemos tanto quanto pudermos, Seu Bendito Ser.

Como, por óbvios motivos, ninguém pode dar o que não tem, O Senhor que ordenou amar dotou cada criatura sua com essa capacidade.

A queda se deu quando, por sugestão do inimigo, deixamos a submissão que era uma demonstração de amor a Deus, em troca da autonomia, da auto-afirmação, independência; o Ego.

Assim, esse dom inato que deveria voltar o homem para o semelhante foi redirecionado para si próprio; e, amor próprio desmedido faz de nosso irmão um concorrente, uma ameaça; invés de um alvo para amar. Por amarmos tanto a nós mesmos, precisamos combater esse intruso; aí nos equipamos de armaduras que o capeta oferece; ciúme, inveja, rivalidade, vingança...

É o amor um Dom Divino incutido em cada alma ao nascer, o ódio, filho da perversão do amor; um “dom” do maligno fácil de receber, uma vez que alinha-se aos anseios das almas alienadas de Deus. O Salvador mesmo disse que Sua presença era naturalmente rejeitada pelos maus, pois, era-lhes uma ameaça. “...a luz veio ao mundo, os homens amaram mais as trevas que a luz, porque suas obras eram más.” Jo 3;19

Enfim, acho que chegamos aos motivos de Saul para odiar Davi. Invés de ver nele uma bênção, quando Deus o usou para vencer Golias, viu uma ameaça, uma sombra ao Reino; isso seu amor próprio não toleraria. Então, Davi precisava morrer. Jônatas, seu filho, porém, viu de outra forma: “...a alma de Jônatas se ligou com a de Davi; e Jônatas o amou, como à sua própria alma.” I Sam 18;1

As razões do amor e do ódio, pois, não estavam em seu objeto, Davi; antes, em seus agentes, Jônatas e Saul. O ódio visa “consertar” seus lapsos eliminando quem os revela; o amor independe de méritos, tanto de quem ama, quanto, de quem é amado; é um Dom Divino que enriquece quem recebe sem empobrecer que dá.

“Quanto menor é o coração, mais ódio carrega.” Victor Hugo

quarta-feira, 14 de junho de 2017

Os "maus" samaritanos

"Ele, porém, querendo justificar-se disse a Jesus: Quem é o meu próximo?” Luc 10;29
O Senhor contou a Parábola do Samaritano, que encerra a omissão de socorro a um ferido, por parte de um sacerdote e um levita; por fim, o gracioso favor de um estrangeiro, ajudando ao infeliz. Após, devolveu-lhe a pergunta: “Qual, pois, destes três te parece que foi o próximo daquele que caiu nas mãos dos salteadores?” v 36 A resposta ficou óbvia: “... O que usou de misericórdia para com ele...” v 37

Na verdade, nós decidimos quem é nosso próximo, à medida que, afetiva, não, fisicamente podemos nos aproximar, ou, distanciar de alguém. Os dois religiosos eram socialmente mais próximos do conterrâneo assaltado; tinham laços de sangue, deveres espirituais, que os impulsionariam a eventual socorro; entretanto, se revelaram distantes, pois, omissos, indiferentes.

Por outro lado, o samaritano tinha barreiras sociais, inimizade racial, que, em tese o distanciariam do homem vulnerado; entretanto, sua compaixão, identificação com as necessidades de um ser humano, independente da crença, raça, o fez próximo, atuante, exemplar.

A sociedade nos moldes que temos, está forjada para competir, não, coexistir. Não raro os “competidores” burlam as regras, pois, o que lhes vale é chegar antes, dane-se o direito do próximo! Assim, furamos fila, passamos sinal fechado, mentimos, omitimos... qualquer coisa que nos permita “vencer” parece justificável a uma geração que tem o egoísmo como centro, vale-tudo como parâmetro, e, pressa como veículo das doentias realizações.

Que dizer dos corruptos de todas as siglas, tão em evidência? Roubam a confiança, a esperança, junto com o dinheiro daqueles para os quais discursaram tanto se dizendo seus representantes.

Muitos são induzidos a crer que a culpa é nossa no sentido de que não sabemos votar, escolher. Como se, entre os preteridos tivesse uma gama de postulantes honestos; nós, masoquistamente tivéssemos optado apenas, pelos piores. Santa ilusão! Muitos dos não eleitos estão por lá, orbitando ao lado dos corruptos, se corrompendo também, em escalões menores, mas, com anelos de um upgrade, tendo seus líderes como parâmetros do querem ser quando crescerem.

Óbvio que a culpa é nossa! Que não sabemos escolher! Porém, não me refiro a representantes; aqueles são o retrato fiel de uma sociedade corrupta e corruptora que não sabe escolher valores como, honestidade, probidade, verdade, decência...

Outro dia deparei com uma frase que diz muito: “Comece sendo a transformação que queres ver no mundo”. Nossa doença mais letal é que somos ciosos das mudanças que queremos alhures, e refratários às que deveriam ocorrer em nós. Facilmente fazemos protestos, passeatas para que a sociedade mude; por outro lado, fugimos como o diabo da cruz, para não abandonarmos os vícios que amamos.

Assim, a terra que está sob nossa administração recusamos cultivar; entretanto, queremos arar alhures, a seara que não nos pertence. O Salvador ensinou diferente: “Por que reparas tu no argueiro que está no olho do teu irmão, e não vês a trave que está no teu? Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, estando uma trave no teu? Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho; então cuidarás em tirar o argueiro do olho do teu irmão.” Mat 7;3 a 5

Assim, o “próximo” que carece nossa atenção, socorro, está tão próximo que se funde conosco. Como o ferido da parábola, só necessitou auxílio de um estrangeiro porque os seus se omitiram ao que lhes seria um dever. De igual modo temos a consciência e as leis, que deveriam ser as primeiras opções de socorro, quando estivermos feridos na capacidade de discernir o que é decente, correto fazer. Na omissão desses “chegados” restará a possibilidade de um “estrangeiro”, alguém que vê nossos maus passos nos corrigir, chamar de volta à sensatez, à razão.

Porém, a febre do egoísmo já mencionada, tolhe qualquer ensino como intromissão. Cheias estão as redes sociais de diretas e indiretas sobre cada um cuidar da sua vida. No fundo, isso é não ser socorrido pelo “próximo” citado, e rejeitar até o auxílio do “estrangeiro”, pois, a ferida moral incomoda menos que eventual processo de cura. Nosso “azeite e vinho” são mandados longe; não raro, o “doente” somos nós.

O mau uso da liberdade forja duras prisões; nosso próximo segundo o Senhor é quem usa de misericórdia conosco. Porém, se lemos eventual tentativa de ajuda como intromissão, nossas feridas jamais serão curadas. Não existe engano mais perigoso que um doente terminal acreditar que está vendendo saúde.

Rejeição à virtude não vem sozinha; tem a nefasta assessoria do amor pelo vício. “Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz; não vem para luz, para que suas obras não sejam reprovadas.” Jo 3;20

sábado, 6 de maio de 2017

Jesus não foi "O Cara"

“O nome de Arão escreverás sobre a vara de Levi; porque cada cabeça da casa de seus pais terá uma vara.” Núm 17;3

O contexto era a disputa do sacerdócio, que fora entregue pelo Senhor aos levitas, e, rebeldes acusaram a Moisés de nepotismo, invés de reconhecer o mandado Divino.

O Eterno ordenou que se pusesse perante a Arca, uma vara para cada tribo; a que florescesse durante a noite, seria sinalizada como escolhida, coisa que, Moisés não poderia fazer; confirmando, assim, a origem Divina da escolha.

A vara de Aarão não levaria seu nome, antes, o do patriarca da tribo escolhida, Levi. Esse viés de sermos partículas de um coletivo que representamos, sempre foi normal na cultura hebraica. Mesmo O Senhor, foi chamado Filho de Davi, ancestral distante. O indivíduo era expoente de uma tribo, família. Assim, Aarão não era o irmão de Moisés, estritamente, antes, era Levi.

Esse prisma, porém, em nosso tempo de individualismo, onde, pessoas precisam de muitos “amigos” virtuais, para postarem seus desaforos dizendo que não precisam de ninguém; esses títeres imaginários para os quais postamos tantos conselhos, frases filosóficas, religiosas, para depois, lhes dizermos que não se metam com nossas vidas; enfim, a idéia do indivíduo ser parte de um corpo maior, funciona, se, esse corpo for de admiradores, “seguidores”, senão, “não rola”.

Não que sejamos ermitões que não gostam da companhia de outros, antes, somos orgulhosos demais para admitirmos falhas, imperfeições, e, feito isso, crescermos juntos, com tropeços, acertos, incentivos, correções mútuas.

Outro dia uma “amiga” postou uma frase onde dizia que se a base for, Deus, “nada é possível”; tinha umas dezenas de “curtidas” já, pois, junto postara uma foto sensual; eu, Ingenuildo de Oliveira tentei ajudar. Avisei de seu equívoco dizendo pensar que ela quisera dizer, “Impossível”; ela corrigiu e apagou meu comentário para que ninguém visse que não é perfeita. Poderia ter dito, valeu. Seria educada e humana, mas, quem quer ser humano se a Net pode fazer deuses? Pois é. Para certas pessoas só um “comentário” é aceito: “Lindaaaa!!” Eu com minha doentia e ultrapassada mania de tribo. Cáspita!

São inegáveis os benefícios do domínio tecnológico; porém, tem malefícios também. O fato de podermos “interagir” com tantos, sem precisar ninguém por perto, nos desumaniza, automatiza, perdemos o jeito para lidar com pessoas reais, de imperfeições e méritos.

Interessante que a imensa maioria desses intocáveis, são “cristãos” pelos muitos textos bíblicos que postam, compartilham. Entretanto, os cristãos são desafiados à entrega do Ego, “Negue a si mesmo”, esse demônio num corpo, vampiro de almas alheias, incapaz de gestos de empatia.

Devemos nos presumir membros de um corpo, com inter-relação tal, que as emoções de outrem, sejam, em parte, nossas. “Para que não haja divisão no corpo, antes, tenham, os membros, igual cuidado, uns dos outros. De maneira que, se um padece, todos padecem com ele; se um membro é honrado, todos se regozijam com ele.” I Cor 12;25 e 26

Porém, essa coisa de iteração real, é muita “babação”, não viemos a esse mundo maravilhoso para ter pena de coitados, auxiliarmos aos fracos; gostamos mesmo é dos “feras”, basta ver nossos heróis, quais são. Os que se destacam pelo talento, mesmo que, sem caráter; podem bater no peito dizendo, “Esse cara sou eu”, nós curtimos, adoramos aos tais.

Tapetes vermelhos para atletas de vida promíscua, Mcs que vendem pornô music, BBBs craques em intrigas, sacanagens; a fama é uma deusa que “canoniza” tudo. Tiramos Selfies com o Goleiro Bruno, ou, Suzanne Von Richtoffen; afinal, são famosos, por isso, devem estar certos.

Nesse prisma, egoísta, alienado, lamento dizer, mas, Jesus não foi “O Cara”. Sempre se importou com dores alheias, nunca deixou de por o dedo na ferida dos hipócritas; nunca curtiu um “post” fora da casinha para manter amizades, e mais, atribuiu Sua Missão, a Outro Nome: “Eu vim em nome de meu Pai, e não me aceitais; se outro vier em seu próprio nome, a esse aceitareis.” Jo 5;43

Enfim, não nos enganemos; não há lugar para a humildade de Cristo, o “manso e humilde” e o pavão, do si mesmo, na mesma alma. São coisas excludentes. 

Os que são refratários a eventuais, ensinos, podem postar uma página bíblica por dia, seguem espiritualmente mortos, adormecidos. Quando identificou alguns assim, em seus dias, Paulo “deu um soco na mesa”: “...Desperta, tu que dormes, levanta-te dentre os mortos, e Cristo te esclarecerá.” Ef 5;14

Quando O Santo confirma, até vara morta revive e floresce, como fez com Aarão; senão, ainda que tragam a pompa dos jardins suspensos da Babilônia, não passam de flores mortas. Quem não “curtir” à cruz, por doces que sejam seus comentários, Deus o excluirá.

sábado, 23 de julho de 2016

O egoísmo sadio

“Eis que, como foi tua vida hoje de tanta estima aos meus olhos, assim seja a minha vida de muita estima aos olhos do Senhor, ele me livre de toda a tribulação.” I Sam 26;24

Davi, acabara de poupar a vida de Saul que o perseguia para matar, e disse tais palavras. Mesmo estando em suas mãos ferir ao rei, temeu e não fez; depois, alto e bom som desejou que, assim com tratara seu desafeto fosse tratado pelo Senhor.
Nada mais certo no que tange a orações atendidas, que orarmos segundo a Vontade de Deus. Mais tarde, o mesmo Senhor ensinaria que tal isonomia faz parte do agir Divino para conosco. “Perdoa nossas dívidas assim como perdoamos nossos devedores...” Ou, mesmo nas relações interpessoais; Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lhes também, porque esta é a lei e os profetas.” Mat 7;12

Desse modo, o agir idôneo, a coerência entre atos e palavras é mais que bom exemplo como defendem alguns. É indício de saúde espiritual, consciência silenciada pela mordaça da integridade. Jeito de ser que agrada a Deus, que, uma vez satisfeito com Seu filho, o abençoa.

Pois, se alguém diz as coisas certas, eventualmente, é como um paciente qualquer na medicina da vida que possui a devida receita, contudo, se age em dissenso com o que diz acreditar, assemelha-se a uma criança que recusa tomar o remédio dado seu sabor amargo, quiçá, sua dor, em caso de uma injeção, por exemplo. Seu “conforto” circunstancial acaba sendo avaliado mais importante que a saúde geral. Isso soa insano como se, um cego que vivesse de esmolas recusasse uma cura possível, preferindo sua sina, a ter que trabalhar pra ganhar a vida, uma vez recuperada a visão. Isso é loucura?? Pode ser. Entretanto, precisamos de figuras palpáveis para identificarmos verdades espirituais, como fez O Maior dos Mestres, usando parábolas e metáforas para ensinar.

Quando digo as coisas certas, meu alvo são os outros. Quando faço as coisas certas, mesmo que isso se reflita sobre os outros, me preocupo comigo, com os ditames da consciência, que demanda que eu seja, tal qual, ensino.

A purificação da consciência, aliás, é o “Upgrade” do Velho para o Novo testamento. A “purificação” do sacerdócio Levítico era externa, cerimonial, e uma vez cumpridos os ritos sacrificais pelo pecador, retornava à sua rotina “purificado” mesmo que, seu coração persistisse em sua obstinação egoísta. O Bendito Sangue de Jesus Cristo pretende fazer melhor: Porque, se o sangue dos touros e bodes, a cinza de uma novilha esparzida sobre os imundos, os santifica, quanto à purificação da carne, quanto mais, o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno ofereceu a si mesmo imaculado a Deus, purificará as vossas consciências das obras mortas, para servirdes ao Deus vivo?” Heb 9;13 e 14

Quem conhece a história da queda da humanidade sabe que o problema era sempre externo, no outro. Para Eva fora a serpente, para Adão, fora Eva que o induzira. Assim, o culto hipócrita faz seu “mise em scène” tendo como alvo o outro, que assiste tal encenação. Por essa razão, aliás, O Salvador altercou com os religiosos da época que, mesmo zelosos das aparências, foram comparados a sepulcros caiados, cheios de podridão por dentro.

O home íntegro traz certo “egoísmo” acusatório de modo a procurar pelas falhas primeiro em si, antes de qualquer vislumbre do outro. O clássico remover sua trave primeiro, antes de ver o cisco alheio. Entretanto, um que ensine a Palavra, mesmo que tenha também, eventuais falhas, não é necessariamente um hipócrita, desde que, aplique contra si mesmo, as exortações que apregoa alhures.

Muitos ímpios refratários a Deus e Sua correção rejeitam ensinos porque os mestres não são perfeitos, ignorando que, tais, derivam de Cristo, e Ele é perfeito, sim. Temos um tesouro em vasos de barro, como disse Paulo, e os que padecem a miopia da carnal preferência, veem o vaso apenas, sem identificar o conteúdo valioso. Assim a isonomia aquela, onde Deus nos trata como tratamos aos homens, O fará ver apenas defeitos, malgrado, eventuais virtudes. Por isso, disse: “Ao que tem, mais se lhe dará, e terá abundância; ao que não tem, ( fé obediência ) até o que tem, ser-lhe-á tirado”.

Quem quer lavar-se com água suja, pois, encontrará em abundância. Digo, justificar seus erros ancorado nos alheios; contudo, ante Deus, apenas Água da Vida, Jesus Cristo, como Ele mesmo disse: “...Se eu te não lavar, não tens parte comigo.” Jo 13;8

Ele não lava mais, pessoalmente aos Seus, antes, O Faz mediante Sua Palavra. Para a santificar, ( a igreja ) purificando-a com a lavagem da água, pela palavra” Ef 5;26

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Jejue comendo mais

“E disse-lhe o diabo: Se tu és o Filho de Deus, dize a esta pedra que se transforme em pão. Jesus lhe respondeu, dizendo: Está escrito que nem só de pão viverá o homem, mas, de toda a palavra de Deus.” Luc 4;3 e 4

O primeiro aspecto dessa tentação é que o inimigo se faz “oportuno” “lógico”, quando quer armar seu laço. O Senhor estava no fim de um jejum de 40 dias, quando o traíra se “preocupou” com pão. Não nos enganemos: A misericórdia do diabo não passa de senso de oportunidade, astúcia.

Todavia, meu foco, agora, é o jejum. Para muitos, uma opção mal compreendida. Tanto podemos errar no método, quanto, no mérito. Quanto ao método, é bem mais que ficar sem comer; mais que ascetismo, que dieta.

Antes, na inversão de prioridades entre espírito e corpo, ao passo que esse é disciplinado pela privação de alimento, aquele, é alimentado mais. Como diz no Salmo primeiro, depois de renunciar ao que soa errado se coloca o certo no lugar. Pouco adiantaria rejeitar o conselho dos ímpios, caminho dos pecadores, roda dos escarnecedores, seguindo o “eu” orgulhoso entronado.

Porém, após rejeitar aquelas opções errôneas, “tem seu prazer na Lei do Senhor, na Sua Lei medita dia e noite.” Igualmente, o jejum, depois de tolher anseios naturais, que em si nem seriam errados, devemos nos ocupar das coisas do Senhor.

O método certo há de clarear-nos o mérito também; digo, praticado do jeito certo, há de mostrar-nos os alvos devidos. Podemos nos abster de alimentos, e ainda nos empanturrarmos de cobiça, egoísmo.

No mesmo Salmo diz que o que age assim será “como árvore plantada junto às águas; que mesmo na estação da seca não deixa de dar frutos.” Para a “árvore” do corpo, o jejum equivale a um estio, onde lhe são negados os nutrientes básicos; todavia, há “águas” correndo perto de suas raízes, que a faz frutificar mesmo assim.

Contudo, se, água é uma necessidade da árvore, frutos são uma bênção a terceiros, não frutifica em interesse próprio. Assim, jejuar meramente por aspirações pessoais equivale a querer frutos para si; os dons do Espírito Santo em nós têm alvos melhores. “Ide e aprendei o que significa: Misericórdia quero, não, sacrifício.” Assim, se nosso jejum visa agradar a Deus, terá nosso semelhante como alvo; se, é mero sacrifício em benefício próprio, bem que podemos pecar jejuando.

Paulo aconselhou Timóteo que priorizasse o exercício espiritual ao corporal, e disse, noutra parte, como se dava consigo: Privava seu corpo de certas coisas, para não ser réprobo ante terceiros. Sua saúde espiritual seria bênção aos demais, uma vez que legitimava seu ministério, ouçamos: “Todo aquele que luta de tudo se abstém; eles fazem para alcançar uma coroa corruptível; nós, porém, uma incorruptível. Pois, assim corro, não como a coisa incerta; combato, não como batendo no ar. Antes, subjugo o meu corpo, o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira a ficar reprovado.” I Cor 9;25 a 27

O Jejum egoísta foi denunciado certa vez: “Fala a todo o povo desta terra, e aos sacerdotes, dizendo: Quando jejuastes, pranteastes, no quinto e no sétimo mês, durante estes setenta anos, porventura, foi mesmo para mim que jejuastes? Ou, quando comestes, quando bebestes, não foi para vós mesmos que comestes e bebestes?” Zac 7;5 e 6 Depois, O Senhor apontou aos alvos dos Seus cuidados; “...Executai juízo verdadeiro, mostrai piedade e misericórdia cada um para com seu irmão. Não oprimais a viúva, nem o órfão, nem o estrangeiro, nem o pobre, nem intente cada um, em seu coração, mal contra o seu irmão.” Vs 9 e 10

Por fim, o exercício espiritual, enseja crescimento, discernimento; “Mas o mantimento sólido é para os perfeitos, os quais, em razão do costume, têm os sentidos exercitados para discernir tanto o bem como o mal.” Heb 5; 14 O “alimento sólido” em questão é a Palavra, numa compreensão madura, não os rudimentos da doutrina que é chamado Leite.

Pois, se lhe faltam as chuvas, voltando à figura da árvore, bebe do Espírito, o “Rio cujas correntes alegram à Cidade de Deus”. Quem se exercitar dessa forma, terá o discernimento oportuno, para quando a “misericórdia” do inimigo propuser “saídas fáceis” para problemas complexos.

Em suma, Jejuar não é ficar sem comer; antes, mudar o cardápio natural que satisfaz ao corpo, pelo sobrenatural que robustece ao espírito. Feito isso, os alvos já não serão egoístas, mas, os que O Espírito Santo nos fará ver como sendo os cuidados de Deus.

domingo, 10 de janeiro de 2016

Amar dá prejuízo

“Porque apenas alguém morrerá por um justo; pois poderá ser que pelo bom alguém ouse morrer. Mas, Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores.” Rom 5; 7 e 8

Vimos noutro texto o valor inefável do amor. Agora, teceremos considerações, sobre sua identidade. Como perceber sua presença? Afinal entre as tantas palavras que padecem anemia de significado pelo mau uso, amor é uma das mais anêmicas. O mero aplacar comichões animais, de forma lícita, insana, quiçá, antinatural, tem sido chamado de “fazer amor”. Como disse certo poeta, “amor não se faz, o que se faz é coito carnal”.

Contudo, sendo algo que não se faz, se pode demonstrar, mediante evidências concretas, traços desse abstrato majestoso. O conceito medíocre dos relacionamentos é dar a quem merece; pagar na mesma moeda; amo a quem me ama; sou bom com quem é bom comigo; não raro, deparo com a frase “filosófica”, “Que Deus te dê em dobro tudo o que me desejares” etc. Isso cheira a escambo, comércio, pode ter laços com a justiça, mas, nenhum traço do nosso ser, ora, investigado, o amor.

“Que Deus te dê em dobro” é uma ameaça, tipo, deseje-me apenas o bem, senão, meu Deus te pega, ai de ti! Então, se Deus tratasse conosco nessas bases, da mesma moeda, digo, estaríamos fritos, mas, “Deus prova Seu amor para conosco...” A “prova” é nos dar muito mais que merecemos. Essa é a essência do amor; suprir lacunas de quem amamos, a despeito de méritos; o mérito do amor basta. Deus não nos ama por que merecemos; antes, pelo que É: “Deus é amor”.

Os frutos de quem aprende amar, deveras, o colocam num patamar acima da justiça que se aplica em consórcio com a Lei. Paulo ensina: “O fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança. Contra estas coisas não há lei.” Gál 5; 22 e 23

Assim, quem vive sua fé no âmbito dos mandamentos, do legalismo, ainda está inepto para viver em Espírito, produzir seus frutos. “Se, sois guiados pelo Espírito, não estais debaixo da lei.” Gál 5; 18

Não significa anomia, ausência de regras, antes, autonomia em relação à natureza; simbiose em relação ao Espírito de Deus.

Muitos pensam que o Novo Testamento é a metade da Bíblia; não. É uma nova Lei, flexível, conforme as circunstâncias de cada um, que for capaz de ouvir ao “Legislador” que caminha consigo. “Não segundo a aliança que fiz com seus pais no dia que os tomei pela mão, para tirar da terra do Egito; Como não permaneceram naquela minha aliança, Eu para eles não atentei, diz o Senhor. Porque esta é a aliança que depois daqueles dias farei... diz o Senhor: Porei as minhas leis no seu entendimento, em seu coração as escreverei; Eu lhes serei por Deus, eles me serão por povo;” Heb 8; 9 e 10

Embora pregadores da moda vejam a Bíblia como manual para riqueza é, antes, uma declaração de amor, um apelo à reconciliação com Deus, e manual de como amar. “Ao que quiser pleitear contigo, tirar-te a túnica, larga-lhe também a capa; qualquer que te obrigar a caminhar uma milha, vai com ele duas. Dá a quem te pedir, não te desvies daquele que quiser que lhe emprestes.” Mat 5; 40 a 42 Assim, embora seja um tesouro espiritual, amar dá prejuízo.

O que é o perdão, senão, uma manifestação vívida de amor? Quando perdoo eu “pago” algo que outrem não pode, usando a “moeda” do amor.

Se, nosso relacionamento com Deus se firma nessa base, o mesmo amor nos instigará a iniciativas espontâneas, no desejo de evidenciar-se ante O amado. Jesus ensinou: Assim também vós, quando fizerdes tudo o que vos for mandado, dizei: Somos servos inúteis, porque fizemos somente o que devíamos fazer” Luc 17; 10

Entre outras características, Paulo disse que o amor, “não busca seus próprios interesses...” Contudo, quantos casais separam, pois, o “amor acabou, ele, ( ela ) não me entende”? Queremos ser compreendidos, não, compreender; ser amados, pra amar.

Além de dar prejuízo, o amor é impotente. Mesmo ansiando muito a correspondência, mergulha no trampolim da incerteza, do risco de amar sozinho. Se, palavrinhas como, prejuízo, risco, perdão, impotência, nos assustam, ainda somos incapazes de amar.

Na verdade, todos amam. Embora, muitos erram o alvo. O egoísmo é excesso de amor próprio; tolhe amar a outrem. Spurgeon já dizia: “Uma coisa boa não é boa fora do seu lugar.”


Deus fez as pessoas para serem amadas e as coisas para serem usadas;
mas, por que amam as coisas e usam as pessoas?  ( Bob Marley )

sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

O site de Deus



“Ele respondeu-lhes: Aquele que me curou, ele próprio disse: Toma o teu leito, e anda. Perguntaram-lhe, pois: Quem é o homem que te disse: Toma o teu leito, e anda?” Jo 5; 11 e 12 

Digamos que pairava certa ambiguidade naquele contexto; um milagre espetacular, a cura de um paralítico que sofria, havia 38 anos, e uma pequena “transgressão”, uma vez que tal milagre ocorrera num sábado. Por qual desses dois motivos estariam os inquiridores procurando  o autor? Estariam maravilhados ante a cura, quem sabe, com outro doente para apresentar? Infelizmente, não. O motivo era seu zelo doentio pela guarda do Sábado, como se, até fazer o bem, nele, fosse proibido. “E por esta causa os judeus perseguiram a Jesus, e procuravam matá-lo, porque fazia estas coisas no sábado.” V 16

Todos nós, em dado momento temos que lidar com “ambiguidades” assim. A ênfase, a escolha, testifica de nossos valores. Quando o zelo por uma inclinação pessoal, denominação, credo, bandeira, agremiação, etc. se torna mais importante que uma vida, por melhores que pareçam nossas razões, ainda estão calcadas no egoísmo, na indiferença. 

A mesma Lei, que os Fariseus pareciam tanto zelar, apregoava amar ao próximo como a si mesmo; desse modo, curar sua enfermidade, quem conseguisse, estaria dando vívida demonstração de amor. Tiago ensina: “Porque qualquer que guardar toda a lei, e tropeçar em um só ponto, tornou-se culpado de todos.” Tg 2; 10 Tratando-se de ágape, o amor cristão, não existe amor fora da Lei; antes,  sintetiza  a razão da Lei, como ensinou O Mestre: “E Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas.” Mat  22; 37 a 40

Entretanto, também aqui, há o risco de ambiguidades, deturpações, ênfase deslocada. Se, é pacífico que, amor é o cerne de tudo, não exclui os mandamentos, criando uma doutrina humanista, onde, quem fizer o bem ao seu próximo, independente dos laços espirituais, estará fazendo a coisa certa. Se, o texto ensina que a Lei depende do amor, não advoga que o amor, por si só, prescinde da Lei, antes, completam-se, como ensinou Paulo: “E ainda que tivesse o dom de profecia,  conhecesse todos os mistérios e toda a ciência; ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes,  não tivesse amor, nada seria. Ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres,  ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.” I Cor 13; 2 e 3 Assim, a Lei traça um caminho, o amor, provê motivo para caminhar. 

Não se entenda com isso, porém, que defendo o legalismo ultrapassado; antes, os mandamentos ensinados pelo Salvador. Ademais, se alguém presume que, amar ao semelhante, por si só, basta, a despeito das escolhas espirituais, convém lembrar que, antes de ensinar amar ao próximo, o texto ensina amar a Deus de todo coração, de toda alma. Minhas preferências, por hígidas que sejam, são minhas; o próximo, é dele; se, cuidar dos interesses dele antes dos meus, estarei dando uma demonstração madura de amor cristão. 

O Senhor ensinou isso com outras palavras: “Ide, porém, aprendei o que significa: Misericórdia quero, não sacrifício. Porque eu não vim a chamar os justos, mas os pecadores, ao arrependimento.” Mat 9; 13 No contexto, O Salvador saíra do convívio dos “santos” e assentara-se à mesa com os maus. 

Mas, desafiou a aprenderem o significado de uma antiga sentença: “Misericórdia quero, não sacrifício”. Que parte eles não tinham entendido? Em misericórdia me ocupo das carências alheias; sacrifício faço, pensando nas minhas. Aquela faceta, pois, atua altruista; essa, de modo egoísta. Parece nobre, santo, o que jejua; não que seja errado; mas, é engajado, ativo em amor o que compartilha. Não são coisas excludentes, também complementares,  disciplina do corpo e cuidado com as carências alheias. 

Aliás, lembrei da frase de um rabino que sintetiza maravilhosamente isso: “As necessidades materiais de teu próximo, - disse – são as tuas necessidades espirituais.”  ( Israel de Salant ) 

Sim, embora possamos, via oração, “acessar o site de Deus”, a senha para que sejamos aceitos depende de relações horizontais. João ensina: “Se alguém diz: Eu amo a Deus, e odeia a seu irmão é mentiroso. Pois quem não ama a seu irmão, ao qual viu, como pode amar Deus, a quem não viu? E dele temos este mandamento: que quem ama a Deus, ame também a seu irmão.” Jo 4; 20 e 21