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quarta-feira, 30 de março de 2016

O Roubo e os Robôs

O que é uma divergência política? Uma visão diferente sobre determinado tema, ideologia, viés partidário. O dissenso é próprio da democracia, salutar, pois, é, justo, mediante ele que podemos cotejar visões diferentes, buscando, senão o ideal, pelo menos, o possível na arte de legislar, governar, no interesse comum.

Por exemplo, uns acham vital a existência de um partido centrado nas questões ecológicas; eu, que não sou adepto do pluripartidarismo acho desnecessário. Qualquer partido, no governo, pode e deve cuidar dos recursos naturais, e meio ambiente; porém, pode fazê-lo via Ministério da Agricultura, com departamento específico. Não significa, isso, que estou certo e os opostos errados; estou dando um exemplo de divergência política, apenas.

Com a ascendência do PT ao cenário político, as divergências foram reduzidas a duas somente. “Nós” e “Eles”; “Governos populares,” e a “Elite branca, direitista”. Pois bem, mesmo achando essa redução cretina, obscurantista, por, ser derivada das paixões, não dos fatos, ainda assim, digo,  nesse contexto há divergências políticas legítimas.

Nenhum lado tem que estar, necessariamente certo, e o outro, errado. A esquerda adota a visão do Estado Paternal, interventor na economia, onde, distribuir renda é uma ideia fixa, mesmo descuidando dos meios estruturantes para gerar renda; e nas questões morais, é permissiva ao cubo, incentivando casamento gay, aborto, descriminação das drogas, resistência à redução da maioridade Penal, etc.

A direita advoga o Estado enxuto, mero mediador, regulador do cenário econômico, uma espécie de “Darwinismo” socioeconômico, onde os mais aptos sobrevivem, e os fracos são eliminados. Aqui falo de empreendedores, não pessoas físicas, e assim, quem não for competente para bem gerir seu negócio, quebrar, que saia de cena e dê lugar a outro. Não conte com favorecimentos oficiais, medidas provisórias casuísticas com a desculpa esfarrapada de preservar empregos. Faliu? Sai da frente, a fila anda. No prisma moral, são conservadores, alinhados a uma visão cristã. A bem da verdade não temos um partido de direita, forte, representativo dessa visão, no Brasil.

A coisa tem se polarizado entre PT e PSDB, um, teoricamente de esquerda, outro, de centro esquerda. Por que digo que o PT é teoricamente de esquerda? Porque discursando aos militantes amestrados é o defensor dos fracos, dos pobres, o grande inclusor social, inimigo da burguesia, das elites. Porém, na prática, amigão de banqueiros, empreiteiras, e via BNDS fez a fortuna de muitos empresários amigos; ainda, copula com coronéis da velha política como Maluf, Collor, Sarney, Renan...

Notem que começo a deixar o apreço da divergência política para pisar na lama fétida da hipocrisia. Para não passar em branco, pois, reconheço como legítima a visão dos que são de esquerda, embora, particularmente prefiro a economia de mercado, o Estado enxuto, não interventor, moralmente conservador.

Dito isso, volto à hipocrisia. Durante umas duas décadas, os canhotos repetiram sua cantilena, acendendo um fogo mui especial que consegue produzir calor sem nenhuma luz. Atiçar paixões invés de politizar, esclarecer pessoas. Mesmo o material didático é eivado de torções ideológicas à esquerda, para que, o ensino forme militantes cooptados, invés de homens livres aptos a pensarem por si.

Impressionante, mas, debater com um desses, apelando para o raciocínio lógico, a coerência entre discursos e atos, ou, pior, o próprio texto constitucional, resulta inútil. É como se usássemos nossa fala, e déssemos a eles a deixa para devida réplica; a dita surge como se ligássemos um robô incapaz de violar a própria programação. Dirá a mesma coisa sempre; seu HD contém os programas dos seus mestres, e não pode sair fora disso.

Gigantesca corrupção assoma todos os dias. Denunciar isso é obra da “Elite Branca Golpista” que não suporta o sucesso do “Bolsa Família” do “Minha Casa Minha Vida”, e fazer bens aos pobres incomoda à elite dominante, “impeachment é golpe” e blá blá blá...

Agem como, indignar-se ante o roubo, a corrupção, equivalesse a discordar de sua política. Corrupção deve ser a dita, pois. Ora, estão no quarto mandato, sinal que a maioria concorda com eles; nunca tiveram problemas para governar. Uma oposição frágil, dócil, e fizeram o que quiseram, sem protestos sociais, greves gerais, nada.

Agora, o caminhão de fatos novos é a corrupção desenfreada, o estelionato eleitoral da última campanha, e indignar-se contra isso seria o esperado até mesmo, pelos que votaram neles, pois, esses foram os traídos. Nós que votamos contra não tínhamos ilusões, quanto ao PT.

Mas, o que quero dizer, para finalizar, é que estou estarrecido por encontrar tantas pessoas que eu supunha inteligentes, donas dos próprios neurônios, fazendo esse jogo sujo, rasteiro, de atacar a um juiz probo, para defender um larápio que traiu uma nação.


O bom senso existia; mas estava escondido, por medo do senso comum.” (Alessandro Manzoni)