Mostrando postagens com marcador dignos de morte. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador dignos de morte. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 6 de junho de 2017

Conta as bênçãos

“Porque toda a casa de meu pai não era, senão, de homens dignos de morte diante do rei meu senhor; contudo, puseste teu servo entre os que comem à tua mesa; que mais direito tenho eu de clamar ao rei?” II Sam 19;28

Mefibosete e sua humilde postura diante do recém retornado rei Davi, que fugira durante o levante de seu filho Absalão. Reconheceu que a casa de Saul era culpada em relação ao rei, e o simples ser acolhido na mesa da corte era já além da conta, não lhe cabia reivindicar mais nada.

Todavia, essa postura grave, com noção, que reconhece os benefícios recebidos, não é muito comum, infelizmente. Tendemos a ignorar o que possuímos, por muito que seja, e superdimensionarmos o que falta, mesmo que, não seja urgente, ou, vital.

A letra de certo hino cristão é um lembrete que cabe a cada um de nós; “Conta as bênçãos dize-as quantas são; recebidas da Divina mão; uma a uma, dize-as de uma vez; e verás surpreso quanto Deus já fez.” Tendemos a nos entediar com o normal; às vezes carecemos um fato novo para vermos como o “normal” é bom.

Ontem, retornava de Tio Hugo, onde trabalho, para minha casa em Soledade; chovera, a pista molhada requerendo dirigir com cautela; por dentro a inquietação, pressa de chegar. De repente, na metade do percurso, um enorme congestionamento, um acidente; o trecho que costumo fazer em aproximadamente meia hora, demorou duas.

Dada a gravidade do ocorrido, duas vidas se perderam carbonizadas num veículo utilitário que colidiu e incendiou; vendo isso, até minhas duas horas de percurso se tornaram insignificantes, quando me pus a pensar na imensa desgraça de se perder a vida assim.

Quem dirige todos os dias num trânsito meio insano, estradas muito mal sinalizadas, esburacadas, pior, sob chuva como nos últimos dias, somente chegar são e salvo é já uma grande bênção.

Ocorre-me a gratidão expressa em um Salmo: “Que darei eu ao Senhor, por todos os benefícios que me tem feito?” Sal 116;12
Bonita postura, de gratidão por ser abençoado, mas, sempre com a febre humana da troca fisiológica, tipo, toma lá dá cá, como ensinam os da “prosperidade”.

Não que O Senhor que abençoa não deseje nada; Ele não deseja coisas, mas, que Seu amor seja correspondido. As coisas, já possui, como diz noutro hino: “Da tua casa não tirarei bezerro, nem bodes dos teus currais. Porque meu é todo animal da selva, e o gado sobre milhares de montanhas. Conheço todas as aves dos montes; minhas são todas as feras do campo. Se, eu tivesse fome, não te diria, pois, meu é o mundo e toda a sua plenitude. Comerei eu carne de touros? ou beberei sangue de bodes?” Sal 50;9 a 13

Adiante, ensina: “Oferece a Deus sacrifício de louvor; paga ao Altíssimo os teus votos. invoca-me no dia da angústia; eu te livrarei, e tu me glorificarás.” Vs 14 e 15 Ou, mediante Miquéias foi mais específico sobre o que espera dos tencionam corresponder ao Seu amor. “Ele te declarou, ó homem, o que é bom; que é o que o Senhor pede de ti, senão, que pratiques a justiça, ames a benignidade, e andes humildemente com o teu Deus?” Miq 6;8

Diferente da sugestão do inimigo, pois, que nós mesmos decidiríamos o bem e o mal, O Senhor reservou a Si o direito de decidir o que nos é bom. No texto de gênesis 12, da chamada de Abrão, onde, O Eterno prometeu abençoar ele e sua descendência, desafiou-o: “Sê tu, uma bênção”! Óbvio que para isso carecemos ser abençoados, pois, não podemos dar do que não temos. Porém, quando descemos do pedestal do egoísmo e nos dispomos a servir sendo uma bênção a outrem, O Santo é conosco. Sua “Simples” presença é já uma bênção inaudita. E quantas vezes, mesmo não nos dando o que pedimos, nos faz chegar às mãos, coisas que sequer sonhamos, e são bênçãos grandiosas!!

Então, diferente dos ensinos de orações petulantes, blasfemas, tipo: “Determino, decreto, ordeno, não aceito”, sejamos gratos pelo que O Santo nos fez chegar às mãos, e pacientes pelo que anelamos e ainda não veio. Pode que nem venha, se, Ele, que sabe o que é bom, decida por algo melhor.

Afinal, como Mefibosete ante o Rei, nós e nossa casa também éramos dignos de morte perante O Senhor; entretanto, nos amou de modo tal, que fez com que nossos “méritos” recaíssem sobre Seu Filho Amado, Jesus; e imputa-nos os inefáveis Méritos Dele, se, somente O seguirmos, obedecermos. Que direito temos de reclamar?

“Quem acolhe um benefício com gratidão, paga a primeira prestação da sua dívida.” ( Sêneca )