“Apressando-se,
desceu e recebeu-o alegremente. Vendo todos isto, murmuravam, dizendo que
entrara para ser hóspede de um homem pecador.” Luc 19; 6 e 7
Todos que têm
alguma noção do cristianismo já ouviram falar da conversão de Zaqueu, o
publicano ladrão. Sem me deter, por ora, no fato dele ter recebido Jesus, quero
tecer algumas considerações sobre a perspectiva dele ao fazer isso. “Apressando-se...
recebeu-o alegremente.”
Quantos,
dentre os que recebem ao Salvador, o fazem com essa visão, de urgência e
alegria? Na verdade, considero muito pobre a abordagem comum dos pregadores que
instam seus ouvintes a “aceitarem Jesus”; a imagem resultante é de um
suplicante frágil em busca de nosso apoio, invés do Majestoso Salvador,
acenando aos mortos com o dom da vida. Dada a urgência, o que está em jogo, talvez
devêssemos aprender a abordagem dos anjos em Sodoma e Gomorra, falando a Ló: “Escapa
por tua vida”! A Palavra, aliás, não apregoa que se rumine por algum tempo, e
tome uma decisão futura; antes, exorta ao imediato inclinar do coração. “Portanto,
como diz o Espírito Santo: Se ouvirdes hoje a sua voz, não endureçais vossos
corações...” Heb 3; 7 e 8
Na mesma
epístola há o desafio a eventuais indecisos, que apresentem uma alternativa de
fuga, um “Plano B”, que justifique ignorar ao Senhor. “Como escaparemos nós, se
não atentarmos para uma tão grande salvação, a qual, começando a ser anunciada
pelo Senhor, foi-nos depois confirmada pelos que a ouviram;” Heb 2; 3
Uma vez mais,
a abordagem de escapar, fugir da morte, não “fazer um favor” ao Senhor. Um
mensageiro fiel, pois, “tira o chão dos pecadores” deixa-os “no pincel”, e
aponta para a “Escada de Jacó”, Cristo.
Os que buscam
aceitação para si, tendem a agradar, e nunca apresentam O Evangelho da perspectiva
correta; vital, urgente!
Mas, deixando
o modo, olhemos um pouco o sentimento. A alegria. Por que não se vê a mensagem
de salvação desse prisma? Porque perspectiva, amiúde, é ponto de vista; e esse,
depende do mirante, do lugar em que se está. Quem sente-se confortável com o
pecado, o prazer que ele dá, com razão vê O Senhor como desmancha-prazeres,
pois, aos pecaminosos visa desfazer mesmo. Contudo, quem sabe-se morto, e
divisa Nele um convite à vida, tem sobejas razões para recebe-lo em festa. Esse
é o trabalho do Espírito Santo; situar pecadores, para que recebem ao Salvador
na perspectiva correta. Dele, disse O Senhor: “Quando ele vier, convencerá o
mundo do pecado, da justiça e do juízo.” Jo 16; 8
Conversão não
é mudar de opinião, melhorar de vida, repensar; é novo nascimento, reconciliação.
Sintetizando: Não é upgrade, é milagre!
Se, “há
alegria no Céu por um pecador que se arrepende”, como não haveria o mesmo
júbilo no que sente o suave perdão Divino trazendo-o de volta ao regaço do Pai?
Acontece que, poucos pecadores triunfam quando instados pelo Espírito Santo e A
Palavra, a deixarem os prazeres pecaminosos e conhecerem a alegria espiritual.
Daqueles possuem experiência; dessa, lhes falta, e não ousam “pagar pra ver”.
Onde se deu a
faísca, voltando a Zaqueu, que acendeu nele a alegria ao receber Jesus? Bem,
podemos conjecturar apenas. No aspecto social era um rejeito, alguém que
desempenhava uma profissão de má fama; cobrava impostos, até mesmo, roubando, a
serviço dos romanos, então, opressores de seu povo. Como dizemos hoje, era o “cocô
do cavalo do bandido”. Assim, receber pública honraria da “Celebridade” Mor do
momento, tinha para ele um quê de desagravo, reparo, que pode tê-lo alegrado.
No Prisma
espiritual, Israel vivera um deserto profético de 400 anos, de Malaquias a João
Batista. Quem sabe, em seu subconsciente, ficou a ideia que Deus desistira
deles, e, daquele modo, a boa vida, a riqueza era o alvo melhor que se podia
atingir, ainda que, usando meios ilícitos. Se Deus não nos quer mais, e
dinheiro é o “que tem pra hoje”, mãos à obra!
Claro que
estava ciente dos feitos de Cristo, tanto que subiu numa árvore para vê-lo,
mas, com certeza, ia ver de longe, pois, estava desqualificado para Deus, pelas
escolhas que fizera.
Contudo, à
abordagem do Mestre, a esperança reacendeu, havia mais que dinheiro em jogo,
havia vida outra vez! Como evitar a alegria e a urgência? Assim, se víssemos Jesus
como É, e entendêssemos o que Seu convite significa, como Paulo,
consideraríamos esterco, nossas melhores coisas, como Zaqueu, teríamos pressa e
alegria em recebe-lo.
Todos estamos
desqualificados, ante Deus, por isso, resta-nos o desapego ao pecado que
desqualifica, e apelar urgente ao Único que pode nos reconduzir à vida. “Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia
perdido.” Luc 19; 10