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segunda-feira, 27 de março de 2017

O amor em apreço

“Muitas águas não podem apagar este amor, nem, rios afogá-lo; ainda que alguém desse todos os bens de sua casa pelo amor, certamente, desprezariam.” Cant 8;7

Isso de se colocar filosoficamente o amor, como mais valioso de todos os bens, é recorrente em nossa cultura; tema de tantas canções, poemas... entretanto, embora se diga que a vida imita a arte, muitas vezes, o que a arte emoldura como um quadro de raro valor, nem sempre, a vida aprecia devidamente a beleza de tal obra.

Por ser uma “isca” infalível na pesca de afeições, a palavra amor tem sido mercadejada, usada a torto e a direito por quem, sequer conhece sua essência. Nas novelas que o vulgo assiste, que duram pouco mais de meio ano, os protagonistas amam e desamam três ou quatro vezes, como se, a duração do vero amor fosse como a vida das borboletas, efêmera, breve.

Infelizmente, na maioria dos casos, quando alguém diz a outrem, “Eu te amo”, no fundo, o que está dizendo é: Me amo, e quero tal presente para mim. Faz da pessoa “amada” objeto de seu prazer, assim, usa-a como coisa, a qual, descarta breve, ao descobrir outra “coisa” que passa a lhe interessar mais, atrair mais que aquela que, pelo convívio, certa rotina, já não tem os mesmos apelos que, antes. Desse modo, o “amor acaba” e bate suas asas.

Lembrei de passagem um fragmento do livro “O Banquete” de Platão, onde os filósofos fazem uma mesa redonda para definirem em palavras, esse deus, o amor. Um deles, não lembro o qual, faz distinção entre dois tipos de amor, um, terreno, natural, outro, urânio, celestial. Feito isso, diz, mais ou menos, o seguinte: “É mau aquele amante popular que ama o corpo mais que a alma, pois, funde-se a algo que é efêmero. Com efeito, uma vez finda a beleza do corpo que era o que ele amava, alça seu voo sem nenhum respeito às muitas palavras e promessa feitas. Por outro lado, bom é o amante celestial, pois, funde-se à alma que é eterna, assim, tal tipo de amor não sofre a ação do tempo."

Devia ter em mente algo assim, Paulo, quando escreveu: “O amor jamais acaba...” Infelizmente, separações acontecem por razões que não cabe enumerar aqui, mas, são, ou, deveriam ser, exceções, não regra como se verifica em muitos casos. Pessoas famosas como Chico Anísio, Fábio Júnior, Ronaldo, chegam a uma dezena de matrimônios, sem falar em Gretchen, que está em seu décimo sétimo casamento. Como vemos, o “amor” acabou muitas vezes.

Ora, o que tem prazo de validade é a paixão, esse truque que O Eterno implantou em nós, como precursor do amor, para que formemos famílias, geremos filhos, perpetuemos a espécie. Como João Batista, vem na frente, prepara o caminho, mas, vindo “O Messias” o amor, fala: “Convém que ele cresça, e eu diminua.” Claro que é delicioso estar apaixonado, mas, isso dura certo tempo, dentro qual, devemos aprender a amar deveras, a pessoa por quem nos apaixonamos, com suas qualidades e defeitos. A paixão, essa torrente furiosa põe as qualidades em placas de neon, os defeitos sob opacas vidraças, mas, todas as pessoas são normais, imperfeitas, e, saindo pouco a pouco, de cena a paixão, o amor que é mais sábio e equilibrado, consegue andar lado a lado com quem escolheu, sendo como é.

Não é essa coisa pueril que, “quem ama não vê defeitos”; vê, mas, não os potencializa, antes, entende, supera e busca crescer junto, ciente que, também é imperfeito. Sentimento fortuito, é a paixão; amor é uma escolha, uma decisão moral, que, muitas vezes labuta com certos sentires adversos, decepções, mas, pelo prazer de seu delicioso fruto, suporta certas ervas daninhas, que pacientemente erradica.

O Senhor falou que Sua volta se daria num cenário como o atual, onde as pessoas “Casavam e davam-se em casamento” alheias a Ele. Sempre se fez isso, casar, mas, nunca de forma tão fútil e efêmera como agora. A coisa se tornou como determinados brinquedos do parque, onde, a pessoa experimenta uma vez, se não gostar tenta em outro. Sai da montanha russa para o barco pirata, desse para a roda gigante, etc.

Se, o amor a Cristo demanda a renúncia de si mesmo pela Vontade Dele, o amor conjugal tem muito disso também. A renúncia do nosso “direito” de querer as coisas do nosso jeito, em atenção ao anseio de quem amamos. Como será se ela ( ele ) agir assim também? O Amor jamais acaba. Se achamos, que o amor é mesmo, o mais precioso dos bens, está na hora de o tratarmos como tal; pararmos de usar diamantes na funda, amarmos deveras.