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quinta-feira, 30 de outubro de 2014

O pré-conceito de Deus



“E as multidões, vendo o que Paulo fizera, levantaram a sua voz, dizendo em língua licaônica: Fizeram-se os deuses semelhantes aos homens e desceram até nós. E chamavam Júpiter a Barnabé,  Mercúrio a Paulo; porque este era o que falava. E o sacerdote de Júpiter, cujo templo, estava em frente da cidade, trazendo para a entrada da porta touros, grinaldas, queria, com a multidão, sacrificar-lhes.” Atos 14; 11 a 13
   

O incidente que fizera Paulo e Barnabé “deuses” fora a cura de um coxo.  O mesmo apóstolo tratou de desfazer o engano. “...Nós também somos homens como vós, sujeitos às mesmas paixões;  anunciamos que vos convertais dessas vaidades ao Deus vivo, que fez o céu,  a terra, o mar e tudo quanto há neles;” v 15  

Três erros foram denunciados aqui: Eles não eram deuses; o objeto de culto dos licaônicos era vaidade; existe um Deus vivo. Como estavam maravilhados ante a cura, querendo cultuá-los como deuses, não custava ouvir o que tinham a dizer. 

Todavia, bastou um estímulo extra para quê, de deuses se tornassem réus de morte. “Sobrevieram, porém, uns judeus de Antioquia e de Icônio que, tendo convencido a multidão, apedrejaram a Paulo e o arrastaram para fora da cidade, cuidando que estava morto.” V 19

Esse incidente mostra que é falácia o argumento que precisamos milagres para gerar fé. É certo que eles contribuem, também o é que, a despeito de grandes sinais, a incredulidade pode seguir ilesa. O mesmo Paulo advoga a origem da fé na Palavra. “De sorte que a fé é pelo ouvir, o ouvir pela palavra de Deus.” Rom 10; 17 Eles viram o milagre; endeusaram  homens; ouviram a Palavra; duvidaram de Deus. 

Não estavam totalmente errados no que disseram a princípio: “fizeram-se os deuses semelhantes aos homens e desceram até nos.” Abstraída a pluralidade, “deuses”, e entendido quem atuava na vida de Paulo, era a pura verdade. Deus, em Cristo se fez semelhante aos homens; desceu até nós; era Ele que movia e capacitava aos apóstolos.

Todavia, não foram pacientes para ouvir, nem diligentes para  entender. Ademais, surgiram uns judeus estrangeiros que juravam que aqueles que curaram um coxo e não queriam aplausos eram homens maus, só restava apedrejá-los. 

Oh, imensidão da estupidez humana refém do pecado!  O que é mais fácil? Receber uma mensagem que me contraria, corrige, desmistifica minhas concepções, ou, chamar na pedrada qualquer que eu antipatize? A resposta parece óbvia.  

O chato que me contraria se expõe a riscos pessoais para me salvar. Apedrejar um inocente que deu um fruto excelente testifica contra mim, de quanto eu careço mesmo, ser salvo. Contudo, prefiro que outros me digam que quem não gosto é mau, antes, que cogitem de um mal qualquer residindo em mim. 

Tendo  um pré-conceito de deuses, que seriam, Júpiter e Mercúrio, então, Deus deveria encaixar nesse molde. De outro modo, não seria Deus.   

Charles Spurgeon conta ter visto uma maçã dentro de uma garrafa; ele buscou entender como entrara ali.  Procurou ver se o fundo da mesma era rosqueado e nada. A maçã inteira, a garrafa também. 

Aquela inquietação durou certo tempo, até que viu no pomar umas garrafas penduradas nos galhos das macieiras e o mistério se desfez. Eram postas as frutas pequenas ainda na árvore, e cresciam dentro da garrafa. Desse modo, ensinou, devem as crianças tomar contato com a Palavra de Deus desde cedo; crescer dentro da “garrafa” certa. “Instrui o menino no caminho que deve andar, e quando envelhecer não se desviará dele” Prov 22; 6

Acontece que, os privados do conhecimento do Deus vivo criam suas “maçãs” fora da garrafa; crescidas não mais podem ser inseridas nela.

Como O Santo quer “envasilhar” a todos no estreito vaso da salvação, Ele torna isso possível permitindo que nasçamos de novo. “Jesus respondeu, e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.” Jo 3; 3

O Salvador referia-se à vida espiritual, embora, seu interlocutor, Nicodemos, pensou em colocar a maçã grande na garrafa. “Disse-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? Pode, porventura, tornar a entrar no ventre de sua mãe e nascer?” v 4

Invés de amoldar Deus ao humano conceito prévio como fizeram aqueles supra, o Salvador ensinou a completa dependência do Espírito Santo. O vento assopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito.” V 8 

Total, absoluta submissão a Ele. Ou engarrafamos “Deus” em nossos preconceitos e não O temos; ou, nos deixamos conduzir por Seu Espírito e Palavra, onde Ele nos tem. Simples assim.