Mostrando postagens com marcador aparências enganam. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador aparências enganam. Mostrar todas as postagens

sábado, 25 de maio de 2019

Nosso Coração de Faraó

“O Senhor endureceu o coração de Faraó; este não os quis deixar ir.” Êx 10;27

A cada tentativa frustrada de libertar aos hebreus do cativeiro egípcio o cronista disse que, Deus “endureceu ao coração de Faraó”. Se, demandava mediante Moisés, liberdade, por outro lado, negava-a “puxando o freio de mão” do Rei, seria O Altíssimo um brincalhão? Teria cometido injustiça, uma vez que a culpa pela desobediência seria Sua???

Como disse Paulo, “seja Deus verdadeiro e mentiroso todo o homem;” Rom 3;4 “Longe de ti que faças tal coisa, que mates o justo com o ímpio... Não faria justiça o Juiz de toda a Terra?” Gn 18;25

As dimensões, espiritual e natural são distintas, isso é comprovado até pelo vulgo. De onde viria o dito que “as aparências enganam”, senão de vivências da diferença entre a “fachada” e a essência das coisas?

Filósofos dividiam em Númeno e Fenômeno. Aquele, a plenitude do ser; a coisa-em-si, a verdade; o fenômeno, meramente a coisa para si, como se percebe, aparência.

Embora os livros bíblicos fossem escritos por inspiração do Espírito Santo, Ele usou homens, que escreveriam para o proveito de semelhantes; aí, permitiu o registro das coisas sobre a humana perspectiva. A Palavra tencionou sempre ser a Revelação da Divina Vontade no que tange à Sua relação conosco, nunca pretendeu ser um compêndio de ciência.

Situações que poderiam trazer contágio de enfermidades eram vetadas de modo simples; “Não tocarás; é imundo.” Como falaria O Eterno, naquele contexto, de ácaros, fungos, vírus, bactérias? A narrativa da pausa do Sol e da Lua; pode ser que a Terra tenha sido parada, mas, o cronista narrou como percebeu. Essa inversão é comum, como dizermos de uma criança que seu calçado ficou pequeno, quando, foi o pé que ficou maior.

Sobre a relação de Deus com o pecado, temos orientações Bíblicas bem conclusivas. “Tu és tão puro de olhos, que não podes ver o mal, a opressão não podes contemplar...” Hc 1;13 ou, “Ninguém, sendo tentado, diga: De Deus sou tentado; porque Deus não pode ser tentado pelo mal e a ninguém tenta.” Tg 1;13 etc.

Se, O Santo não pode ser atraído pelo mal, tampouco, contemplá-lo, longe Dele que o pratique!

Seu juízo em “prestações”, as dez pragas, numa cultura idólatra e politeísta era Seu “Cartão de apresentação” a dois povos que lhe não conheciam. Além disso, misericórdia. Cada praga além de mostrar Seu domínio sobre os elementos ou vidas, usadas, ainda dava oportunidade aos deuses egípcios, teóricos dominantes sobre aquilo, de mostrarem seu contraponto desfazendo à mesma. Além de deixar patente o “Eu Sou” para o povo eleito deixaria também para os egípcios que seus ídolos não eram nada.

Todos os corações sem Deus são mui duros. Não carecem ser endurecidos. Vejamos: “Disse eu no meu coração, quanto a condição dos filhos dos homens, que Deus os provaria, para que pudessem ver que são em si mesmos como animais.” Ecl 3;18 Ou, “Tens visto o homem que é sábio aos seus próprios olhos? Pode-se esperar mais do tolo que dele.” Prov 26;12 etc.

O Salvador acusou seus ouvintes de um louvor superficial, meramente de lábios, porque estavam de corações endurecidos.

Então, quando Deus “endurecia” ao coração de Faraó, não o fazia ficar mau; apenas deixava-o entregue a si mesmo.

Como um ímpio ouvindo hoje a mensagem do Evangelho sem a Graça concomitante do Espírito Santo que convence, quebranta, entra num ouvido e sai no outro; assim o homem em si mesmo não se sensibiliza com coisas de uma dimensão que ignora.

A rigor, as aparências não enganam; são as inclinações naturais da carne que pendem até contra o que essas deixam patente, como a existência de Deus, por exemplo; “Porque as suas coisas invisíveis, (de Deus) desde a criação do mundo, tanto Seu eterno poder, como Sua divindade, se entendem, e claramente se veem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis;” Rom 1;20
Enquanto for a carne a motriz de nossas decisões, estaremos “dormindo com o inimigo” malgrado, sejamos mui religiosos. “Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem, pode ser.” Rom 8;7

“Tomai sobre vós o Meu jugo e aprendei de mim...” significa negarmos nossas inclinações levando-as à cruz, para que o Divino e misericordioso propósito cumpra-se em nós.

Os que nos ofendem e acusam de nos escondermos atrás da Bíblia não percebem que só há dois esconderijos possíveis, o resto são desdobramentos de um e outro. Escolhemos Deus. “Confia no Senhor de todo teu coração; não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, Ele endireitará tuas veredas.” Prov 3;5 e 6

quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Meu bem, meu mal e a besta

“Se estiver embotado o ferro e não se afiar o corte, então, se deve redobrar a força; mas, a sabedoria é excelente para dirigir.” Ecl 10;10

Pensando bem, em alguns momentos me vejo bem pior do que penso; então, urge que eu aprenda pensar melhor. A honestidade moral e intelectual são as lentes da alma que corrigem seu grau de miopia.

Somos mui espontâneos em “assumir” pretensas virtudes, receber elogios; muitos correm em busca disso como um viciado buscando drogas.

Todavia, um garimpeiro a laborar no rio lida com lama, água suja, areia; eventualmente, sua persistência é premiada com algo de valor. Assim somos em nossas almas impuras; mas, dada a vaidade exibimos nossas “pepitas”, apenas, malgrado, tenhamos muita impureza oculta...

Nossa enfermidade é tão “normal” que sequer notamos. Desde que nos foi “legada” a autonomia em relação a Deus, que nós mesmos mensuramos bem e mal ao nosso alvitre, o bem deixou de ser uma coisa derivada de valores e passou a ser fruto de sentimentos, emoções. Assim, aquilo que eu gosto, por insano que seja será meu, “bem”; o que desgosto, não obstante tenha seus méritos, virtudes, será o mal.

Dizem que mente vazia é oficina do Tinhoso; n’outras palavras quem está a esmo tende mais a fazer porcarias que a tomar boas decisões.

Bem, sempre ouvi isso por alto sem me ocupar de pensar a respeito; parecia um dito sábio. Contudo, pensando melhor, se não houver um adjetivo producente ao conteúdo da mente, talvez seja melhor que esteja mesmo baldia.

Como assim? Todos filosofam sobre a superioridade da qualidade ante a quantidade; assim, uma mente cheia de maus intentos, pensamentos viciosos seria melhor que uma vazia? Mudando a figura; seria preferível um vaso cheio de lixo a outro, vazio?

Talvez o que se queira dizer é que o envolvimento em alguma ocupação virtuosa tende a tolher nossa inclinação natural pelo mal; nisso estou de acordo.

Henry Ford dizia: “Pensar é o trabalho mais duro que há; e essa, talvez, seja a razão para que tão poucos se ocupem nele.” Alguns, presto discordarão, pois, acham que maliciar, desejar, maquinar embustes, são sinônimos de pensar. Não senhores! Pensar deveras requer uma alma filosófica que tenta entender as coisas e seus porquês; que abstraia o fenômeno, a aparência e tente tocar o motivo, o alvo.
Dizemos que as aparências enganam, quando o engano é filho de nossa percepção destreinada.

Um exemplo de vero pensar: “Quando penso nas coisas como são, pergunto: por quê? Quando as analiso como não são, questiono: Por que não?” George Bernard Shaw

A geração atual pelo seu espírito praticamente proíbe o livre pensamento. As coisas são devidamente encaixadas em seus moldes “politicamente corretos” e somos patrulhados para não sairmos da caixa. Quem deu autoridade absoluta a esses embusteiros que tentam implantar as coisas ao seu gosto? O que está vigente é abolição do cérebro cuja carta de alforria foi assinada com uma putrefata pena ideológica que está suja de muito sangue e já fez correr rios de lágrimas.

Escandalizamos-nos ao ver universitários enfiando velas acesas no rabo como sendo uma forma de “arte”; porém, no tempo que os animais falavam, digo, quando os cérebros ainda funcionavam, a arte era a expressão do belo, do criativo, seu desfile dava azo à sublimação, ao enlevo; ah, e havia diferença entre o ridículo, o abjeto, o obsceno, e ela.

Platão definiu o homem como sendo um invólucro de pele contendo dentro uma besta policéfala (de muitas cabeças) e no alto um homenzinho; segundo ele, a besta representa os instintos bárbaros, incivilizados; e, cada cabeça tipifica uma má inclinação, uma paixão doentia; o homenzinho seria nossa parte superior, a razão. Assim, o filósofo seria aquele cujo homem interior teria domínio sobre o monstro; os demais, o oposto.

Pois bem, alugando essa figura por um pouco, nossa geração tem alimentado a besta com a carne do finado homenzinho racional. Gente de renome, professores de faculdade, artistas, jornalistas, pessoas que deveriam ser os nossos luminares exibem sintomas pujantes de desonestidade intelectual e moral, e subserviência ao monstro das paixões triturador da razão, dos fatos, da história, da verdade...

O sistema facilita a indigência mental; basta compartilhar algo do qual se gostou, mesmo sem entender direito e o sujeito já será “racional” profundo.

Claro que frases feitas têm seu valor, sempre recorro a elas quando parecem oportunas, mas, se nosso “pensar” se resumir a isso não passaremos de robôs programados, mentecaptos, que literalmente significa capado da mente, castrado.

Pensar não é decorar as ideias alheias, antes, usar a massa intracraniana para gestar as nossas. “A mente não é um vaso para ser cheio; é um fogo a ser aceso” Plutarco.

domingo, 19 de novembro de 2017

Os Códigos de Barras enganam

Visando minimizar erros de arbitragem a FIFA patrocinou a criação da dita “bola inteligente” dotada de um chip que emite um apito no relógio do árbitro, sempre que ela ultrapassa a linha do gol. Nesse caso, eventual lapso da visão seria comunicado à audição mediante tecnologia. Os árbitros dotados eletronicamente de “sexto sentido” em busca de justiça nas decisões.

Todos os nossos sentidos têm lá seus “scanners” com os quais leem as informações que carecemos. Não raro, a privação de um acentua o poder de outros; como os cegos, que, elevam o potencial da audição e do tato, por exemplo.

Porém, certas coisas escapam ao domínio sensorial; sendo de outra natureza demandam um “Scanner” diverso também. Apressamos-nos às vezes ao logro do fenômeno, como se ele retratasse o vero ser, das coisas. Aí filosofamos que as aparências enganam; entretanto, o que acontece na verdade é que nos enganamos precipitados, quando, atribuímos a elas, essência.

Sexto Empírico, um pré-socrático dizia: “Más testemunhas aos homens são os olhos e os ouvidos, se, eles têm almas bárbaras.” Parece que ele postulava a educação da alma como “acessório” indispensável à leitura dos fatos e caracteres humanos; o que, demandaria uma percepção além daqueles “testemunhos”.

Segundo a Bíblia, “O ouvido prova as palavras como o paladar prova os alimentos”; Isso não abstrai a possibilidade de ter, alguém, o paladar estragado e gostar de lisonjas, bajulação, mentiras, por identificação passional, ideológica... Então, ouvir pode ser como colher verdade e mentira, juntas. Mas, como agricultor que passa sementes pelo crivo para separá-las dos ciscos, precisamos assistência da percepção arguta para discernir o que não é dito.
Desse modo, podemos nos enganar não apenas com as aparências, mas, com os discursos também, muito mais, quando edulcorados por nossas pré-disposições.

Quando o Senhor Jesus ensinou: “De que o coração está cheio, disso a boca fala”, não advogou o falar como retrato do coração, ao pé-da-letra; antes, que as ocupações primazes de nossos corações hão de permear nossos discursos; seja, de modo expresso, ou, implicitamente; mesmo que esses tragam a negação dos males que nos assolam.

O peso acentuado de certo valor, ou; o combate desproporcional de um vício pode ser, e, não raro, é, a tentativa de encobrir os males que nos habitam.

Para muitos seria uma boa figura a do camaleão camuflado na cor do ambiente; ele captura as presas com sua língua desproporcional e precisa. Assim, sobretudo, os políticos, no hábil mimetismo da proposição infalível das justas demandas sociais fazem o discurso correto; e, por ter línguas mais longas que o normal capturam longe suas presas mantendo-se alheios à verdade, graças ao seu espetacular raio de ação.

Sua bela “aparência” conquista espaços nos ouvidos descuidados, sonolentos, ou, meros comodistas. “Os homens preferem geralmente o engano, que os tranquiliza, à incerteza, que os incomoda.” Marquês de Maricá.

O “scanner” dos olhos lê o “código de barras” da embalagem; o dos ouvidos carece ruminar em busca do conteúdo; e, não raro, a alma precisa rebuscar-se do concurso dos fatos; sejam pretéritos no histórico de alguém, ou, futuros, que também demanda o acessório do tempo.

Infelizmente muitas coisas que nos pareciam lícitas e boas, muito “lances” tivemos que rever, após ouvir esse tardio “apito” da “bola inteligente” do convívio, da experiência. Coincidentemente o aviso está no cronômetro do árbitro, um marcador de tempo.

Os antigos já diziam lá do seu jeito: “Para se conhecer deveras, uma pessoa é preciso comer um quilo de sal junto com ela.” Como não comemos sal puro, mas, temperando os alimentos, isso demora.

Infelizmente, a dura realidade é que somos quase todos piores que parecemos; pois, agimos mais ou menos como lojistas que expõem o melhor nas vitrines, e deixam as coisas velhas e feias, nos fundos. Spurgeon dizia que nossos pecados confessos eram nossas “melhores frutas” as mais viçosas que levamos à feira; mas, os pomares guardam ainda muito mais.

Uma vez que nos falta coragem para assumir plenamente nossos defeitos, ao menos tenhamos a honestidade de não alardear virtudes, afinal, o mesmo Jesus Cristo ensinou: “Aquele que fala de si mesmo busca sua própria glória.” Mas, basta uma espiadela no que as pessoas expõem para ver quanta auto-promoção, auto-exaltação de gente sem senso do ridículo em busca de aplausos imerecidos.

Tal qual o alfabeto em LIBRAS, que tem o “discurso” nas mãos temos nós; aquilo que fazemos, não, o que dizemos é nossa voz. Nossas línguas podem ter o vasto alcance de um camaleão, mas, se servem apenas, como naqueles, para que ocultamente ataquemos nossas presas, os bichos que não sabem falar, se avantajam a nós.

“Quando falares, cuida para que tuas palavras sejam melhores que teu silêncio”. Pv indiano.