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quarta-feira, 8 de julho de 2020

O Exercício espiritual


“Nenhum homem há que tenha domínio sobre o espírito, para o reter...” Ecl 8;8 Dominar o espírito, no contexto imediato sugere ter poder de evitar a morte, coisa que ninguém tem.

Entretanto, um dos frutos esperáveis dos cristãos é domínio próprio; controle sobre os seus estados de ânimo que, se não é algo impossível como o visto acima, sem dúvida é um exercício difícil.

Humildade e quietude oportuna são duas coisas preciosas de se ter, porém, que se perdem se forem usadas.

Se alguém mencionar uma presumida humildade ela desaparecerá emprestando seu assento à presunção, à arrogância. É uma joia possível de se ter apenas em silêncio, e demonstrar sua posse mediante atitudes. Ridículo ouvir alguém se gabando: “Eu sou muito humilde!” Se fosse mesmo nem saberia direito, tampouco, tocaria trombetas sobre isso.

A quietude, quando convém mais do que a fala, é mais difícil ainda. “Nada a declarar” já é uma declaração; e “sem comentários” um comentário.

O Cordeiro mudo assim se manteve perante Herodes, por exemplo, sem nenhuma palavra sequer. Na agonia da cruz só falou coisas dignas de registro, nenhum impropério contra os algozes.

O escritor é um tagarela discreto, que, quando obsequiado por certo silêncio, seus pensamentos “viciados” se põem a filosofar sobre a vida; se, convertido, toma emprestado a Palavra de Deus, óbvio; sem fechar-se a eventuais fontes paralelas que sirvam ao propósito de realçar a verdade.

Se, não “falar” sofrerá como Eliú, do livro de Jó; “Porque estou cheio de palavras; meu espírito me constrange. Eis que dentro de mim sou como o mosto, sem respiradouro, prestes a arrebentar, como odres novos. Falarei, para que ache alívio; abrirei meus lábios, e responderei.” Jó 32;18 a 20

Mediante ele O Espírito de Deus faz a “transposição” das águas do Rio da Vida, e irriga aos lugares que deseja.

Quem se dedica à arte de escrever normalmente não é ave de bandos; a solidão secretária sempre solícita e presente, enche-o de sugestões, de modo que seu “ócio” acaba gerando filhos; de qual estirpe, não sei; mas espero que tenham alguns traços do Pai Celeste.

Dentre as três formas de aprender alistadas por Confúcio; “imitação, a mais fácil; experiência, a mais dolorosa; e reflexão, a mais nobre”, eu diria que todo escritor honesto foge da primeira, (imitação, plágio não é digno de gente séria); não pode evitar à segunda, a experiência das dores da vida com suas chagas, às quais ele usa, como assessoras da terceira, a reflexão.

Oswaldo Cruz disse que observando erros alheios, o homem prudente corrige aos próprios; pode ser; mas, são nossos próprios erros, os professores, cujas aulas se fazem inesquecíveis, e os ensinos nos são tatuados em baixo relevo no coração.

Falando aos que deixaram a vida perversa em prol de Cristo Paulo cotejou numa argumentação retórica os dois estados; o de então, em Cristo, com Ele comprometidos, e a dissolução pretérita onde “livres da justiça” faziam o que queriam; disse: “Porque, quando éreis servos do pecado, estáveis livres da justiça. Que fruto tínheis então das coisas de que agora vos envergonhais? Porque o fim delas é a morte. Mas agora, libertados do pecado, feitos servos de Deus, tendes vosso fruto para santificação, por fim, vida eterna.” Rom 6;20 a 22

Acontece que os convertidos trazem latente em si, ainda a antiga natureza que dava asas a toda sorte de desejos, lícitos ou não; andar em espírito não é apenas adequar pensamentos à doutrina; mas, feito isso moldar o agir pelo novo pensar, segundo a “Mente de Cristo”.

É nisso, objetivamente, que consiste a cruz; a renúncia às inquietações pecaminosas latentes na alma, pela humilde postura de se deixar conduzir pelo Espírito de Deus; para, enfim, se verificar a eficácia do Feito de Cristo sobre nós; “Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito.” Rom 8;1

João também enfatizou que a Luz Espiritual não é apenas para ver, mas patrocinar um novo modo de andar; “Se andarmos na luz, como Ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o Sangue de Jesus Cristo, Seu Filho, nos purifica de todo pecado.” I Jo 1;7

Enfim, se, como vimos ao princípio, não temos poder sobre o dia da morte, inúmeras vezes somos desafiados a escolher a vida.

A Obra do Espírito Santo é convencer; como a palavra sugere traz a ideia de uma vitória em conjunto; vencer com. Isto é, O Espírito pode ser resistido quando alguém ouvindo-O não se dá por vencido e prefere seguir do seu jeito.

Antes do domínio próprio, possível em espírito, necessitamos a renúncia própria; “Negue a si mesmo...”

sábado, 16 de novembro de 2019

As duas faces da fé


"Crescia a palavra de Deus; em Jerusalém se multiplicava muito o número dos discípulos; grande parte dos sacerdotes obedecia à fé." Atos 6;7

Em Jerusalém, berço do judaísmo; muitos sacerdotes judeus aderiam ao ensino dos apóstolos.

Lucas diz que, grande parte do sacerdotes "obedecia" à fé.
A fé parece um sentimento a se ter, mais que, um mandado a obedecer. Entretanto, há dois aspectos distintos e complementares.

A fé como dom Divino que nos capacita a crer; e, como espectro doutrinário que delimita em quê, devemos crer.
O fato de crermos não nos autoriza a "cristianizar" desejos espúrios; antes, demanda abandonar o que destoa de Cristo, em submissão a Ele.

Esse aspecto que põe um termo às possibilidades de exercício espiritual sadio requer obediência, zelo.

A apostasia, na maioria dos casos não advém por alguém que deixou de crer; antes, por quem passou a crer de outra forma, incluir conteúdo estranho ao teor original. "Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme suas próprias concupiscências; e desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas." II Tim 4;3 e 4

Nesse prisma Judas convocou irmãos, não apenas a obedecer, mas pelejar pela manutenção da sã doutrina; "Amados, procurando eu escrever-vos com toda a diligência acerca da salvação comum, tive por necessidade escrever-vos, e exortar-vos a batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos. Porque se introduziram alguns, que já antes estavam escritos para este mesmo juízo, homens ímpios, que convertem em dissolução a graça de Deus; negam a Deus, Único Dominador e Senhor nosso, Jesus Cristo." Jud vs 3 e 4

Paulo compara a salvação a um edifício; Cristo, o fundamento. A obediência à fé, necessariamente nos fará edificarmos sobre Ele só com materiais aprovados; "Porque ninguém pode pôr outro fundamento além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo. Se alguém, sobre este fundamento formar um edifício de ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, a obra de cada um se manifestará; o dia declarará, porque pelo fogo será descoberta; o fogo provará a obra de cada um." I Cor 3;11 a 13

Quem crê conforme as conveniências não resiste quando o fogo das novidades arde. A nova fé, ecumênica, multi-tolerante, "inclusiva" de todos os comportamentos réprobos e abomináveis que se descortina é já um fogo a testar-nos.

Enquanto verdadeiros fiéis perdem a vida pela manutenção da fé salvadora, o mosaico que se forma perde a identidade de cada credo, são ou espúrio, em nome da união global de todos, como se, todos fossem válidos, e cada um "conhecesse" a Deus da sua maneira. Temem mais, o ser tidos por radicais, que arder no inferno.

Gostem ou não, a fé bíblica é exclusiva, radical, única; declara como falsas todas as pretensas alternativas, pois, "Há um só corpo e um só Espírito, como também fostes chamados em uma só esperança da vossa vocação; Um só Senhor, uma só fé, um só batismo; Um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, por todos e em todos vós." Ef 4;4 a 6

Contudo, está na moda chamar a coerência doutrinária dos que recusam aderir ao emaranhado de credos excludentes que se incluem, de "preconceito religioso". Pois, é mais fácil aos rebeldes rotularem aos outros, que ousarem contra as próprias maldades tomando a cruz da renúncia.

Se, os meros rótulos depreciativos já nos soarem a pesos insuportáveis, seremos indignos da companhia Daquele que, inocente morreu por nós, e de muitos irmãos que também perderam e ainda perdem a vida em obediência à fé. Aos hebreus, cuja "demora" da volta de Cristo era pesada demais, foi colocado outro peso; "Ainda não resististes até ao sangue, combatendo contra o pecado." Heb 12;4

A fé que faculta crer me ilumina e requer obediência, agir conforme; o teste se ela é viva ou morta; "Mas, se andarmos na luz, como Ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o Sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo pecado." I Jo 1;7

Comunhão uns com os outros irmãos, não, credos; pois, a purificação prevista deriva apenas e exclusivamente do Sangue de Jesus; não de arranjos de humana feitura.

Uns chegaram a Cristo dispostos a agir; Ele demandou crer; "A obra de Deus é esta: Que creiais naquele que Ele enviou." Jo 6;29

Tiago falando aos que criam, desafiou-nos a atuar conforme; "... Tu tens fé, eu tenho as obras; mostra-me tua fé sem as tuas obras, e te mostrarei a minha fé pelas minhas obras." Tg 2;18

Se tua fé fé não muda tua vida é necessário que mudes tua fé.

domingo, 10 de novembro de 2019

A Valentia Necessária


"Mas o justo viverá da fé; Se ele recuar, minha alma não tem prazer nele." Heb 10;38

Quer dizer que salvação é para fortes que não recuam; valentões tipo os lutadores de MMA? Sim e não.
Salvação não é para covardes; "O Reino de Deus é tomado por esforço."

Todavia, a força que conta não é física. Nem é humana. "Fortalecei-vos no Senhor; na força do Seu Poder" Ef 6;10 "Posso todas as coisas em Cristo que me fortalece." Fp 4; 13 De modo que, de mim mesmo, "Quando estou fraco, então sou forte." II Cor 12;10 Ou, quando não interfiro com minhas forças inúteis, permito que O Forte lute em meu favor.

Assim como um atleta aperfeiçoa e amplia sua força através de exercícios, os chamados à salvação "malham" na academia dos enganos, ilusões e tentações do mundo, onde são treinados a exercer discernimento; ver a essência das coisas por detrás das aparências, para crescimento e aperfeiçoamento espiritual. Uma vez discernidos o bem e o mal, optar pelo primeiro; andar na luz.

Inicialmente somos desafiados a ver e lidar com os males que estão em nós mesmos; uma luta que não cessa. Carecemos tomar a cruz a cada dia, uma vez que a natureza caída ainda palpita.

Logrado algum crescimento podemos dividir nosso aprendizado alhures; tendo tirado a trave de nossos olhos poderemos ver e ajudar a outrem. "Estando prontos para vingar (corrigir) toda desobediência, quando for cumprida vossa obediência." II Cor 10;6

A negligência dos cristãos hebreus tinha gerado anomalias; com idade para ser adultos ainda eram meninos; "Porque, devendo já ser mestres pelo tempo, ainda necessitais de que se vos torne a ensinar os primeiros rudimentos das palavras de Deus; vos haveis feito tais que necessitais de leite, não de sólido mantimento. Qualquer que ainda se alimenta de leite não está experimentado na palavra da justiça, porque é menino. Mas o mantimento sólido é para os perfeitos, os quais, em razão do costume, têm os sentidos exercitados para discernir tanto o bem quanto o mal." Heb 5;12 a 14

Somos exercitados na "Palavra da Justiça"; isso com frequencia tal, de modo a se tornar um costume, cujo efeito colateral será o discernimento.

Acaso um grande campeão desejaria abandonar seu treinamento na iminência de uma luta decisiva? A resposta parece óbvia que não. Contudo, agimos assim, quando, ante as agruras da "vereda estreita" clamamos por largueza, invés de, por novas forças para a caminhada.

Quanto mais intensas as provações vencidas, maior nosso crescimento; concomitante, o prazer do Pai, ao ver um filho que, pela integridade do Seu Nome, persevera confiante mesmo no escuro. "Quem há entre vós que tema ao Senhor e ouça a voz do seu servo? Quando andar em trevas, não tiver luz nenhuma, confie no Nome do Senhor; firme-se sobre seu Deus." Is 50;10

Não que exercícios físicos não sejam importantes; mas sua eficácia não passa da melhoria do corpo, enquanto, o espiritual alcança além; "Porque o exercício corporal para pouco aproveita, mas a piedade para tudo é proveitosa, tendo a promessa da vida presente e da que há de vir." I Tim 4;8

Paulo também usou a figura de um atleta cuidando primeiramente das próprias fraquezas, depois ajudando a terceiros; "Todo aquele que luta de tudo se abstém; eles para alcançar uma coroa corruptível; nós, porém, uma incorruptível. Pois, assim corro, não como a coisa incerta; assim combato, não como batendo no ar. Antes subjugo meu corpo, e o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira ficar reprovado." I Cor 9;25 a 27

Quando cogitamos recuar, apostatar da fé porque outros o estão fazendo, invés de encomendarmos nossa salvação a Cristo estamos atrelando-nos à sina de pessoas frágeis como nós.

Ele é nosso Parâmetro e consorte de jugo na senda da salvação.

Invés de enfraquecer inda mais nossa fraqueza cotejando com a dos fugitivos da cruz, ousemos andar, "Olhando para Jesus, o autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta; assentou-se à destra do trono de Deus. Considerai Aquele que suportou tais contradições dos pecadores contra si mesmo, para que não enfraqueçais, desfalecendo em vossos ânimos." Heb 12;2 e 3

Há chamamentos de todos os tipos; nenhuma voz é sem significado. Nos dias de Gideão os covardes foram convidados a se retirar; vergonhosamente, um terço do exército volveu pra casa.

Contudo, também há demandas por valentes, como fez Josué na tomada de Jericó; "Disse ao povo: Passai, rodeai a cidade; quem estiver armado, passe adiante da arca do Senhor." Js 6;7

Por isso, "Revesti-vos de toda a armadura de Deus..." Ef 6;11

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

O Medo da Luz

“Porque seus olhos (de Deus) estão sobre os caminhos de cada um, e Ele vê todos seus passos. Não há trevas nem sombra de morte, onde se escondam os que praticam a iniquidade.” Jó 34;21 e 22

Os saberes do entendimento, nem sempre ecoam na vontade. Ou, não necessariamente a luz basta para pautar nosso agir. Podemos conhecer bastante sobre determinado assunto e ainda assim, atuar nas trevas. Cantar loas à Onisciência Divina e ao mesmo tempo, agir como se pudéssemos ocultar algo do Santo.

O Salvador denunciou a atuação nas trevas como uma opção por falta de vontade, de amor pela Luz. “... a luz veio ao mundo, os homens amaram mais as trevas que a luz, porque suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz; não vem para a luz, para que suas obras não sejam reprovadas. Mas, quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus.” Jo 3;19 a 21

O salmista foi cabal: “Para onde me irei do Teu Espírito, ou para onde fugirei da tua face? Se, subir ao céu, lá Tu estás; se, fizer no inferno minha cama, eis que tu ali estás também. Se, tomar as asas da alva, habitar nas extremidades do mar, até ali Tua mão me guiará e Tua destra me susterá. Se, disser: Decerto que as trevas me encobrirão; então a noite será luz à roda de mim. Nem ainda as trevas me encobrem de ti; mas, a noite resplandece como o dia; trevas e luz são para ti, a mesma coisa;” Sal 139;7 a 12

Não que O Altíssimo esteja necessariamente nesses lugares todos; mas, estando no espírito do homem, onde esse for Ele também irá, pois, “O espírito do homem é a lâmpada do Senhor, que esquadrinha todo interior até o mais íntimo do ventre.” Prov 20;27

O resumo da ópera é que: “... a Palavra de Deus é viva e eficaz, mais penetrante do que espada alguma de dois gumes; penetra até à divisão da alma e do espírito, juntas e medulas; é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração. Não há criatura alguma encoberta diante Dele; antes, todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos daquele com quem temos de tratar.” Heb 4;12 e 13

Até o mais obstinado pecador tem lampejos de Luz Divina na consciência que o incomodam durante seus maus atos; de tanto abafar essa voz, por fim, cauteriza. Denunciando à apostasia, então, por vir, Paulo disse a Timóteo que a mesma viria “Pela hipocrisia de homens que falam mentiras, tendo cauterizada sua própria consciência;” I Tim 4;2 A consciência cauterizada não é “privilégio” de quem descrê; ministros do engano padecem disso também, malgrado, digam crer.

A Palavra denuncia, “... o deus deste século cegou entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus.” II Cor 4;4 Essa cegueira tem a cumplicidade humana. A resiliência duma vontade rebelde que, por comodismo, prazeres, orgulho, ou tudo isso no pacote, prefere fingir não ver o que está patente, cegado pela própria hipocrisia.

O Salvador chamou aos Seus de Luz do Mundo; ser luz nos domínios espirituais não é um dom ministerial, antes, necessidade funcional; para a purificação carecemos andar segundo vemos, em Cristo; “Se, andarmos na luz, como Ele na luz está, temos comunhão uns com os outros e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo pecado.” I Jo 1;7

O efeito colateral disso testemunha aos que nos observam; “Não se acende a candeia e coloca debaixo do alqueire, mas no velador; dá luz a todos que estão na casa. Assim resplandeça vossa luz diante dos homens, para que vejam vossas boas obras e glorifiquem ao vosso Pai, que está nos céus.” Mat 5;15 e 16

Embora, salvação derive da fé, não, das obras, a fé saudável necessariamente nos instigará a agirmos conforme cremos; “Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais, Deus preparou para que andássemos nelas.” Ef 2;10

Fé e obras são duas testemunhas necessárias para que seja firme nossa conversão; inúteis, tanto o “ateu que faz o bem” quanto, o “crente” omisso, egoísta que ignora as carências alheias. Ouçamos o rabino Israel de Salant, “As necessidades materiais do teu próximo são tuas necessidades espirituais.”

Em suma, os que dizem que a fé é cega apenas furam os próprios olhos pelo medo do que veem. “A fé é o firme fundamento das coisas que se esperam; a prova das coisas que se não veem.” Heb 11;1

terça-feira, 25 de setembro de 2018

Quem tem ouvidos veja

“Teus ouvidos ouvirão a palavra do que está por detrás de ti, dizendo: Este é o caminho, andai nele, sem vos desviardes nem para direita nem para esquerda.” Is 30;21

Normalmente pensamos em caminho como meio condutor a determinado ponto geográfico; literalmente é isso mesmo. Entretanto, se, usado como metáfora para a vida espiritual, não tem a ver com pontos cardeais, aclives, declives, curvas, etc.

Quando interrogou ao Senhor sobre o caminho, Filipe pensava num lugar para ir; de certa forma O Senhor usou a mesma figura, dado que, o “lugar” sendo espiritual requer um conjunto de valores, jeito de ser, antes, que, um rumo. Pois, sendo Deus Onipresente, não precisamos mudar de endereço para encontrá-lO, mas, de diretrizes espirituais, e, consequentemente, atitudes.

“Mesmo vós sabeis para onde vou conheceis o caminho. Disse-lhe Tomé: Senhor, nós não sabemos para onde vais; como podemos saber o caminho?” Jo 14;4 e 5


O Senhor acabara de dizer pra onde ia: “Na casa de Meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, Eu vos teria dito. Vou preparar-vos lugar.” V 2

Por fim, foi mais explícito: “... Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim.” V 6

O desafio para a caminhada espiritual não é galgar muitas milhas, antes, “andar na Luz”. I Jo 1;7. Logo, as asperezas concorrentes são trevas, engano. Daí, “Lâmpada para meus pés é Tua Palavra, luz para o meu caminho.” Sal 119;105

Quando Isaías vaticina que, no Ministério do Espírito ouviríamos uma voz dizendo: “Este é O Caminho!” Ele estava ensinando que seríamos, pelo Espírito Santo, capacitados a conhecer à Palavra de Deus; desafiados a andar segundo Ela.

“Porque esta é a aliança que depois daqueles dias Farei com a casa de Israel, diz o Senhor; Porei minhas leis no seu entendimento, em seu coração as escreverei; Eu lhes serei por Deus, eles me serão por povo;” Heb 8;10

Alguns padres, os mais fervorosos acusam-nos, os protestantes de basear tudo na Palavra de Deus, sem as tradições da Igreja; é verdade. Os que não são falsos entre nós, há muitos, infelizmente, têm apenas Jesus e Sua Palavra como Caminho.

Pedro ensina que Ele nos deu “Tudo que diz respeito à vida e piedade”, II Ped 1;3 E, no encerramento da Revelação O Rei dos Reis veta acréscimos ou, omissões à Palavra: “...se alguém lhes acrescentar alguma coisa, Deus fará vir sobre ele as pragas que estão escritas neste livro; se, alguém tirar quaisquer palavras do livro desta profecia, Deus tirará sua parte do livro da vida...” Apoc 22;18 e 19

Assim sendo, o caminho é mui acessível ao entendimento, malgrado, seja estreito; espinhosa a caminhada. Pois, aquilo que o intelecto pode assimilar facilmente, nem sempre é aceito nos domínios da vontade; mesmo que seja, há oposição do mundo, da carne e do inimigo.

Muitos, mesmo sabedores do querer do Pai portam-se como Balaão que, tendo ouvido já a Sua Vontade expressa, orou uma vez mais, duas, esperando que Ele mudasse de ideia. Ou, como o profeta jovem que, cumprindo uma dura missão, seduzido por outro mais velho aceitou a ímpia versão que O Senhor mudara Seu querer e dera uma contra-ordem. Ver I Reis cap 13

Ora, quem busca alternativa à Palavra deixa patente que se recusa ao Caminho proposto. Por piedoso que pareça não passa de um rebelde envernizado.

De uns tempos para cá virou moda a peregrinação de católicos à cidade de Medjugorje na Croácia, onde “Nossa Senhora” apareceria e falaria mediante certas “Videntes”. Ora, supondo que Maria tivesse permissão para tais aparições, o que diria?

Se, disser algo que já está na Palavra não é necessário; se, acrescentar algo diverso incorre em maldição. Seja o que for que atue lá, de cunho humano ou espiritual, não passa de fraude. Mas, pessoas do mundo todo vão, pois, têm ouvidos moucos à Palavra, e, índoles dóceis ao engano.

Por quê? “... o deus deste século cegou entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é Imagem de Deus.” II Cor 4;4

Luz é entendimento espiritual; não vem sem O Espírito Santo, quem não renascer Dele jamais acertará o caminho; “Na verdade, na verdade te digo; aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no Reino de Deus.” Jo 3;5

O caminho espiritual demanda ouvidos não olhos; e, vontade submissa. “... fé é pelo ouvir; ouvir pela palavra de Deus.” Rom 10;17

Deus não está na Croácia apenas. “Esconder-se-ia alguém em esconderijos, de modo que eu não veja? Porventura não encho os Céus e a Terra? diz o Senhor.” Jr 23 e 24

quarta-feira, 22 de agosto de 2018

As luzes escuras

“Se, porém, teus olhos forem maus, o teu corpo será tenebroso. Portanto, se, a luz que em ti há são trevas, quão grandes serão tais trevas!” Mat 6;23

A princípio parece contraditório que a luz seja também o seu oposto, trevas. Precisamos investigar e tentar entender melhor.

Luz aqui deve ser equacionada com, entendimento, percepção da vida; não, o elemento estritamente. Pois, é nesse sentido que O Salvador disse dos Seus: “Vós sois a luz do mundo...”

Assim, o que faria a luz ser trevas, seria uma percepção da vida tendo a maldade como motriz. “Se... os teus olhos forem maus...” Paulo aconselha: “Não te deixes vencer do mal, mas, vence ao mal com o bem.” Rom 12;21

A luz, pois, é uma propriedade intelectual, inicialmente; a opção pelo bem em detrimento do mal é um patrimônio moral, espiritual. Fazendo isso, e somente assim, a eficácia do Feito de Cristo incidirá sobre nós e terá reflexos horizontais também; “Mas, se andarmos na luz, como Ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, Seu Filho, nos purifica de todo pecado.” I Jo 1;7

É justamente o entendimento do que é certo, reto, justo, probo, que faz culpados aos que agem divorciados disso; “Disse-lhes Jesus: Se fôsseis cegos, não teríeis pecado; mas, como agora dizeis: Vemos; por isso vosso pecado permanece.” Jo 9;41

Acaso não nos irritam todos os dias feitos de homens de “notável saber” que, devedores à justiça pela posição se fazem cúmplices de bandidos por opção? Há neles luz, entendimento acerca da justiça, mas, suas atuações majoritariamente têm sido pautadas pelas trevas.

Acontece que, luz espiritual não é derivada de intelectos privilegiados; O Senhor faz uso, de coisas vis, até; “Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes; escolheu as coisas vis deste mundo, as desprezíveis, as que não são, para aniquilar as que são;” I Cor 1;27 e 28

Porém, não tão frágeis a ponto de sonegaram a necessária obediência. Esses, desafiados ao Temor do Senhor, aceitando o desafio deixam a sendas tortuosas e são ensinados por veredas direitas. Assim, a vera luz consorcia-se com o bem, os bons valores, a retidão; “Ele (Deus) reserva a verdadeira sabedoria para os retos. Escudo é para os que caminham na sinceridade;” Prov 2;7

Andar na luz é um crescimento paulatino; à medida que ousamos andar conforme vemos, nossa visão é ampliada para que vejamos um tanto mais; Como dirigir sob neblina cerrada; enxergamos uns cinquenta metros à frente; mas, não temos apenas eles para andar, pois, percorrendo-os, outros cinquenta se mostrarão. “A vereda dos justos é como luz da aurora, que, vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito.” Prov 4;18

Desse modo, desfaz-se a contradição, uma vez que, a luz é um Dom Divino que repousa no intelecto, e, as trevas, são um apreço moral, espiritual, da escolha de um que recusa trilhar conforme vê.

Certa vez quando questionaram a Autoridade do Senhor Ele redargüiu sobre a origem do batismo de João; eles consideraram as duas respostas possíveis, e vendo-as ambas, inconvenientes, hipocritamente disseram não saber. Eles tinham luz, mas, eram movidos pelas trevas, pela inveja.

Enfim, a pessoa que finge ignorar o que sabe pelo comodismo hipócrita de desobedecer “justificadamente” é apenas um imbecil que trai a si mesmo. A luz de um que assim age são trevas.

A rejeição à Luz Verdadeira não é por impossibilidade intelectual; antes, uma escolha moral, afetiva; se fosse apenas ignorância seríamos reputados inocentes, dado que, “Deus não toma em conta os tempos da ignorância”;

Como se trata de rejeição voluntária redunda em condenação. “E a condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, os homens amaram mais as trevas que a luz, porque suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz; não vem para a luz, para que suas obras não sejam reprovadas. Mas, quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus.” Jo 3;19 a 21

A verdade excede ao conhecer a essência das coisas; demanda ser praticada também. Por recusarem-se a isso, muitos cínicos colocam-na como, inacessível, intangível; como se, fosse possível serem justificados pela própria hipocrisia.

Não poucos “ateus” que dizem que a fé é cega na verdade viram suas demandas; fingiram não ver, escudados em falsas justificativas, pois, justificação verdadeira demanda uma cruz.

Impossível, pois, terminar essas considerações sem evocar uma frase de Platão: “É compreensível que as crianças tenham medo do escuro; a verdadeira tragédia é quando os adultos temem à luz”.

quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Trabalho ou prazer?

“...esforça-te, todo o povo da terra, diz o Senhor, trabalhai; porque Eu Sou convosco, diz o Senhor dos Exércitos; segundo a palavra da aliança que fiz convosco, quando saístes do Egito, meu Espírito permanece entre vós; não temais.” Ag 2;4 e 5

Num cenário de arrefecimento de forças e fé, em que o povo começara a reconstrução do templo e desanimara o profeta Ageu os exortou ao trabalho, com uma garantia: O Espírito de Deus ainda estava com eles, não deveriam temer.

Embora esteja escrito que “O justo viverá da fé”, muitas vezes nossa frágil fé fica devaneando com os enganosos acessórios da visão.

Na maioria dos casos não deixamos que as palavras tenham vida própria; isto é: Digam estritamente o que dizem. Normalmente as queremos como marionetes dos nossos sentimentos.

Chamamos nosso serviço cristão de “Obra de Deus”, mas, em muitos casos a concepção é de festa “espiritual”, não, de trabalho. Caso a coisa não nos aconteça assim cogitamos logo que O Espírito Santo nos deixou; pois, não O vemos como o Ajudador Excelso que É a nos capacitar pro trabalho; muitos o veem como o energético aquele que dizem; “te dá aaaasas”.

Quem trabalha, ou, conhece os meandros de uma obra sabe que a coisa é dura mesmo, com raros tempos de refrigério.

Entretanto, os nefelibatas espirituais só se estiverem voando em seus devaneios mal orientados estarão plenos do Espírito, senão, Deus os terá deixado.

Se, não sentem esse “pairar” desejado “ajudam”, promovem suas “campanhas” trazem seus astros góspeis, luzes, coreografias, espetáculos; tudo fazem para “ajudar” O Espírito. Suas doentias propensões, não raro, abrem as portas ao espírito do erro, por desejarem festas em tempo de labor.

A turma do bezerro de ouro trabalhou, mas, contra as ordens Divinas fazendo uma imagem; depois bailaram felizes em redor de seu erro, quando, deveriam apenas ter esperado; por fim, o “fruto” de sua diligência na contramão; morte.

Os momentos de euforia espiritual são pontuais; um carinho que O Santo faz para que renovemos nossas forças, no mais é trabalho duro mesmo. A presença do Espírito em nós enseja, antes de tudo, luz, direção; o que nos cabe sempre será tarefa nossa. “Teus ouvidos ouvirão a palavra do que está por detrás de ti, dizendo: Este é o caminho, andai nele, sem vos desviardes para a direita nem para a esquerda.” Is 30;21 Se, “andarmos na Luz” como disse João Ele nos abençoa; senão, estaremos por nossa conta.

Outro aspecto inda mais danoso, que o mero anelo por facilidades, dada, a Santa presença do Espírito; pensar que Ele nos instiga ao trabalho, de fato, mas, para amontoar sob nossas sombras os enferrujados tesouros da Terra. Aí fazemos a leitura certa da capacitação que vem Dele, porém, deslocamos para alvos doentios. O Santo nos capacita, renova forças, dirige, porém, sempre no alvo da edificação do Reino, não de inclinações egoístas desorientadas.

Qualquer coisa que tem a glória humana como centro, por piedosa que pareça; barulhenta que se manifeste; espetaculosa que chame atenção de meio mundo, nem de perto é a Obra de Deus, antes, é uma fraude, uma usurpação.

Os coevos de Ageu, como nós, na tendência da busca imediatista queriam sinais de glória em tempos de trabalho. O Senhor os desafiou a fazerem sua parte, pois, no devido tempo, O Eterno também faria a Dele. “farei tremer todas as nações; virão coisas preciosas de todas as nações, e encherei esta casa de glória, diz o Senhor dos Exércitos. Minha é a prata, meu é o ouro, disse o Senhor dos Exércitos. A glória desta última casa será maior do que a da primeira, diz o Senhor dos Exércitos; neste lugar darei a paz...” Vs 7 a 9

Acaso quando plantamos algo precisamos dizer a Deus em nossas orações quando é o tempo da semente germinar, de florir, frutificar? Ora, nossa parte no “consórcio” é preparar a terra e lançar a semente; Deus sempre faz a Dele enviando sol, chuva, sobre justos e injustos. Pois, como disse Salomão: “Tudo tem seu tempo determinado; há tempo para todo o propósito debaixo do céu. Há tempo de nascer, tempo de morrer; tempo de plantar, tempo de arrancar o que se plantou.” Ecl 3;1 e 2

O Eterno até mistura trabalho com prazer; porém, no âmbito do Espírito, de uma consciência purificada, não nas doentias comichões carnais; “Porque o Reino de Deus não é comida nem bebida, mas, justiça, paz, e alegria no Espírito Santo.” Rom 14;17

Se fizermos o que A Palavra diz, com ou sem sentimento de alegria teremos a Divina aprovação; quando Deus vier supervisionar verá que o que fez Sua Palavra é bom. Esforcemo-nos; Seu Espírito está conosco!

domingo, 12 de novembro de 2017

Por falta de óleo

“Tu, pois, ordenarás aos filhos de Israel que te tragam azeite puro de oliveiras, batido, para o candeeiro, para fazer arder as lâmpadas continuamente.” Êx 27;20

Quando alguém era escolhido para rei, sacerdote ou profeta, tal, era ungido com azeite fazendo firme sua escolha por parte do Eterno que enviava Seu Espírito para capacitá-lo.

Desse modo, além de ser o que é em si, azeite, o mesmo também é um símbolo do Espírito de Deus, como várias passagens mostram. “... Que são aqueles dois ramos de oliveira, que estão junto aos dois tubos de ouro, e vertem de si azeite dourado? Ele me falou, dizendo: Não sabes tu o que é isto? Eu disse: Não, Senhor meu. Então ele disse: Estes são os dois ungidos, que estão diante do Senhor de toda Terra.” Zac 4;12 a 14 Etc.

As lâmpadas de azeite puro iluminavam ao Tabernáculo, apenas; contudo, como “sombras dos bens futuros”, ou, tipos proféticos aludiam à pureza espiritual necessária na Obra do Senhor. “Porque, se alguém for pregar-vos outro Jesus que nós não temos pregado, ou, recebeis outro espírito que não recebestes, outro evangelho, que não abraçastes, com razão o sofrereis.” II Cor 11;4

Quem emitia a luz não era o azeite, mas, a lâmpada; todavia, essa morreria sem o combustível necessário. O espírito do homem é a lâmpada; iluminado com o “combustível” do Espírito Santo desfruta a Luz. “O espírito do homem é a lâmpada do Senhor, que esquadrinha todo o interior até o mais íntimo do ventre.” Prov 20;27

Mas, lâmpada não é a Palavra, segundo o salmo 119? Sim. A Luz que o Espírito Santo enseja atuando em nós é a capacidade de compreender e praticar a Palavra de Deus que João chamou de “andar na Luz”. I Jo 1;7

Ao “homem natural” falta azeite; sua lâmpada está apagada, e, incapacitado para ver na dimensão do Espírito. “Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; não pode entendê-las, porque se discernem espiritualmente. Mas, o que é espiritual discerne bem tudo e de ninguém é discernido.” I Cor 2;14 e 15

Por isso O Salvador condicionou ao novo nascimento espiritual, tanto o ver, quanto, o entrar no Reino de Deus. “...aquele que não nascer de novo, não pode ver o Reino de Deus... aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar...” Jo 3;3 e 5

Como o azeite para luz do Tabernáculo deveria ser puro, igualmente, nosso lume espiritual deve ser isento de impurezas, tanto de “outro espírito” como vimos, quanto, das próprias propensões humanas, carnais. O primeiro passo rumo ao novo nascimento é um “suicídio”. “Negue a si mesmo, tome sua cruz e siga-me”.

Se, o “si mesmo” estiver atuante (paixões naturais) seremos similares às sementes caídas entre espinhos que não frutificam com perfeição.

Como o incidente onde o Profeta Eliseu multiplicou azeite pra uma viúva endividada, à qual ordenou que provesse o máximo possível de vasos; enquanto teve vasos vazios houve azeite para enchê-los. De igual modo, tantos quantos conseguirem se esvaziar ante O Santo, haverá “azeite” para fazê-los espiritualmente plenos. “Pois se vós, sendo maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais dará o Pai celestial o Espírito Santo àqueles que lho pedirem?” Lc 11;13

Esvaziar-se não é algo fácil; requer o que Paulo chamou de “sacrifício vivo”; rejeição dos padrões, valores, modo de ser e agir desse mundo ímpio: “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é vosso culto racional. Não vos conformeis com este mundo, mas, transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.” Rom 12;1 e 2

Não andar conforme o mundo, renovar o entendimento para conhecer a Vontade de Deus, eis o desafio! Invés da ditadura ímpia do “politicamente correto”, não alinhar-se pela sábia opção do espiritualmente sadio.

Nesse mundo enganoso de tantos hibridismos, sincretismos, onde, “inclusão” é acoroçoada invés de conversão, a manutenção da pureza do “azeite” fatalmente nos deixará isolados. Pechas como fanáticos, radicais, fundamentalistas, certamente nos caberão. Porém, à medida que nos achegamos à saída do funil a fé vai sendo depurada.

Os que não se importam com a pureza acabarão aplaudidos nos palcos do ecumenismo; só quando da chegada do Noivo as virgens néscias descobrirão que sua amplitude inclusiva, a rigor, é apenas retrato da falta de azeite.

À “rica” Laodicéia O Senhor disse: “...não sabes que és um desgraçado, miserável, pobre, cego, e nu...” Apoc 3;17

“Em todo o tempo sejam alvas as tuas roupas, nunca falte o óleo sobre a tua cabeça.” Ecl 9;8

sexta-feira, 20 de outubro de 2017

"A Fé é Cega;" Só Que Não

“Temos mui firme a palavra dos profetas, à qual bem fazeis em estar atentos, como uma luz que alumia em lugar escuro, até que o dia amanheça, e a estrela da alva apareça em vossos corações.” II Ped 1;19

Interessantes figuras usadas pelo inculto Pedro! A Palavra como Luz, os corações como “olhos” capazes de perceber tal lume.

Nossas respostas à Palavra, sejam positivas, ou, negativas, sempre tiveram um componente afetivo, moral, antes que, intelectual. Simplificando: As pessoas creem porque amam, mesmo entendendo parcialmente, ou, até, nem entendendo; ou, ignoram descrêem, mesmo que seus entendimentos alcancem plenamente as implicações da fé.

Não significa que, porque a Luz lhes revela algo, disso se apossarão; podem evitar exatamente porque viram, entenderam e recusaram as consequências de assentir. “A condenação é esta: Que a luz veio ao mundo; os homens amaram mais as trevas que a luz, porque suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz; não vem para a luz, para que suas obras não sejam reprovadas. Mas, quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que as suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus.” Jo 3;19 a 21

Segundo O Salvador as pessoas ficavam à distância justamente por entender que a conversão demandava uma mudança de vida que recusavam para si; seus corações, pois, não, seus olhos estavam refratários à luz.

“Quem pratica a verdade vem para a Luz”, disse; não, quem não tem pecados. A Luz revela os pecados e a reprovação do Eterno no tocante a eles; os que são feridos pela Palavra do Senhor entristecem-se por ter ficado aquém do esperado, confessam, arrependem-se; praticam a verdade e são perdoados, reputados justos; passam a receber, cada dia, mais luz, entendimento. “a vereda dos justos é como a luz da aurora; vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito.” Prov 4;18

Assim, falando para fora, numa diatribe aos opositores Paulo chamou à fé de loucura, pelo seu componente emotivo inicial; “Como na sabedoria de Deus o mundo não O conheceu pela sua sabedoria, aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da pregação.” I Cor 1;21

Depois, embainhou a espada da ironia e situou seu pensamento; “Pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus, loucura para os gregos. Mas, para os que são chamados, tanto judeus quanto gregos, lhes pregamos a Cristo, poder de Deus, Sabedoria de Deus.” VS 23 e 24

Noutra parte, escrevendo estritamente aos “loucos”, desafiou-os à razão; “...apresenteis vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é vosso culto racional.” Rom 12;1

Quem jamais ouviu a assertiva que a fé é cega? Acho que ninguém. Ouvimos isso desde sempre. Para muitos a “lógica” de Goebbels que, “uma mentira muitas vezes repetida torna-se verdade” tem funcionado. Aí, saem dizendo isso; seria até cômico, se, não fosse trágico.

Como no Mito da Caverna de Platão, os homens acostumados ao escuro viam na luz uma grave ameaça, assim, os cegos espirituais aquilatam à Palavra e toda a Luz que encerra. Não veem, pois, foram impedidos pela má escolha que fizeram e acusam aos que veem de cegueira.

A Palavra de Deus é categórica: “Se, ainda nosso evangelho está encoberto, para os que se perdem está encoberto. Nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus.” II Cor 4;3 e 4

Não só a fé não é cega, como, pode ver numa dimensão exclusiva; “A fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, a prova das coisas que se não veem... Pela fé (Moisés) deixou o Egito, não temendo a ira do rei; porque ficou firme, como vendo o invisível.” Heb 11;1 e 27

Sendo a Luz, A Palavra, e os “olhos” o coração, só quem crê sem reservas e submete-se de coração vê, deveras. Os demais, por polidos, luminosos que pareçam estão em trevas.

Assim, se dá na sina de cada crente, como o profeta vaticinou de Jerusalém: “Porque as trevas cobriram a terra, a escuridão os povos; mas, sobre ti o Senhor virá surgindo; sua glória se verá sobre ti.” Is 60;2

Andar na Luz, enfim, nos força a evitarmos as escuras e poluídas sendas dos modernismos, escolhendo, antes, as “veredas antigas” da Palavra; pois, “Se dissermos que temos comunhão com ele, e andarmos em trevas, mentimos; não praticamos a verdade. Mas, se andarmos na luz, como Ele na luz está temos comunhão uns com os outros e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo pecado.” I Jo 1;6 e 7

sábado, 30 de setembro de 2017

Os salvos e o dia da ira

“Logo muito mais agora, tendo sido justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira.” Rom 5;9

A diferença entre justificação e salvação; embora essa seja consequência daquela, (seremos salvos porque fomos justificados) ocorrem em tempos distintos. Justificação é sermos declarados justos perante Deus; isso se dá na conversão, quando, a Justiça de Cristo é imputada a nós; nossos muitos pecados são removidos e passamos à honrosa condição de filhos de Deus.

Embora o renascido tenha “genes” de salvo, não é ainda, no sentido pleno, pois, a salvação se manifestará plenamente no dia da Ira, quando O Santo decidir separar o joio do trigo. “Eles serão meus, diz o Senhor dos Exércitos; naquele dia serão para mim jóias; poupá-los-ei, como um homem poupa seu filho, que o serve. Então voltareis e vereis a diferença entre justo e ímpio; entre o que serve a Deus, e o que não serve.” Mal 3;17 e 18

“Porque se nós, sendo inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho, muito mais, tendo sido já reconciliados seremos salvos pela sua vida.” Rom 5;10

“Então voltareis e vereis a diferença entre o justo e o ímpio...” esse “voltar” não significa retornar a uma condição pretérita, antes, voltar o olhar e ver o juízo dos ímpios. Se, por ocasião do juízo de Sodoma e Gomorra a ordem para Ló e família foi que não olhassem para trás, antes, fugissem depressa, agora, O Senhor permite que os salvos olhem pro juízo para melhor avaliarem a grandeza do que lhes foi dado.

Se, para contemplar o cenário preciso olhar para trás, necessariamente trata-se de um lugar do qual já saí. Senão, estarei no meio dele, para qualquer lugar que eu olhar terei a perspectiva da Ira, inclusive, sobre mim. Assim como há distinção entre justificação e salvação, há outra enorme entre ver o juízo e dele participar.

Alguns nos questionam: “Como podes ter certeza de salvação”? Para tais, chega a ser presunção, dado que, somos pecadores. Contudo, para quem conhece ao Salvador a pergunta seria outra: Como poderia ter dúvidas? Se, mesmo falhando, eventualmente, o pecado nos desconforta como antes não fazia; não mais vivemos em servidão a ele; fomos libertos do medo da morte; a paz de Cristo acalma nossas consciências...

Embora a salvação traga consequências externas é antes de tudo, de foro íntimo; quem é salvo sabe e porta-se de modo que outros possam saber também; “Se dissermos que temos comunhão com ele, e andarmos em trevas, mentimos; não praticamos a verdade. Mas, se andarmos na luz, como ele na luz está temos comunhão uns com os outros e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo pecado.” I João 1;6 e 7

Uma vez purificados somos capacitados a agir de modo que agrade a Deus e testifique aos homens; “Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas.” Ef 2;10 “Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte; nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas, no velador; dá luz a todos que estão na casa. Assim resplandeça vossa luz diante dos homens, para que vejam vossas boas obras e glorifiquem vosso Pai, que está nos céus.” Mat 5;14 a 16

O fato de o mundo ver nossa luz não significa que se sentirá iluminado, que vai gostar, nos aplaudir. Antes, quanto mais perto estivermos de Cristo, mais nos aproximaremos da rejeição que Ele sofreu.

Ele denunciou que a Luz veio, mas, os homens amaram mais as trevas para permanecer da maldade; assim, um cristão em cuja presença e ensinos o mundo sente-se confortável é uma fraude. Um hipócrita buscando justificação humana porque não tem a de Cristo. Quem já possui a “Pérola de grande valor” não gasta tempo nem esforços atrás de bijuterias.

Se, o mundo incomoda-se com a luz do salvo, também esse está no “estrangeiro”, desconfortável, aflito com tanta sujeira, inversão de valores, como Ló em Sodoma. “Porque este justo, habitando entre eles, afligia todos os dias sua alma justa, vendo e ouvindo sobre suas obras injustas.” II Ped 2;8

Assim, um aspecto mais que identifica um salvo é que não sente-se em casa na sujeira, pois, foi feito ovelha, não, porco.

Em suma, salvação demanda justificação, porque Deus ama a justiça e odeia o pecado. Como nossas “justiças” não passam de obras mortas, urge que recebamos a de Cristo; “Vinde a mim... tomai meu jugo... aprendei de mim...” Disse. 

De uma resposta favorável a esse convite depende se seremos expectadores ou protagonistas no dia da ira. Escapa por tua vida!!

segunda-feira, 4 de setembro de 2017

Paciência; duro combate

“Lembrai-vos, porém, dos dias passados, em que, depois de serdes iluminados, suportastes grande combate de aflições.” Heb 10;32

Essa evocação trazendo de volta dias duros não se dava por que fosse bom recordá-los, estritamente; antes, porque os cristãos hebreus estavam esmorecendo, desanimando, e o autor queria lembrá-los de que já tinham lutado contra adversidades bem maiores.

Muitas vezes o mesmo se dá conosco; passamos galhardamente por temporais, e fraquejamos em momentos brandos de espera; pois, devaneamos que as coisas devam acontecer no nosso tempo, ou, do nosso modo.

Então, o desafio à paciência, essa virtude mais difícil de ter que a própria coragem. “Porque necessitais de paciência, para que, depois de haverdes feito a vontade de Deus, possais alcançar a promessa.” V 36

Mas, voltando ao começo, chama atenção o ponto de partida para as lutas; “depois de serdes iluminados...” O inimigo não tem nenhum problema com, eventuais, boas obras, doses cavalares de religião; mas, treme suas anteninhas, se, divisa em nosso andar, lampejos da Luz Divina.

Sendo príncipe das trevas, qualquer feixe de entendimento espiritual lhe soa como ameaça; como certos políticos preferem o povo ignorante para dominá-lo. Então, ocupa-se na difusão do “bem” que possui; escuridão. “Se ainda nosso evangelho está encoberto, para os que se perdem está encoberto. Nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é imagem de Deus.” II Cor 4;3 e 4

Se, escuridão espiritual é o entendimento obtuso, óbvio que a luz é o entender vívido, perspicaz, esclarecido. Porém, isso vai muito além de uma propriedade intelectual; antes, se faz raiz do ser, patrocínio do agir.

Tal vereda foi chamada por João de “andar na Luz”; assim, e só assim, a eficácia de Cristo em nós se verifica; “Esta é a mensagem que dele ouvimos, e anunciamos: que Deus é luz, não há nele trevas nenhumas. Se dissermos que temos comunhão com Ele e andarmos em trevas, mentimos, não praticamos a verdade. Mas, se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo pecado.” I Jo 1;5 a 7

Tem consequências horizontais, comunhão fraterna; e, verticais; purificação. E, além disso, quando agimos na luz, servimos de testemunho, quiçá, estímulo a outros que contemplam nossos passos; o mero reconhecerem nossa boa conduta já se torna glória ao Nosso Pai. “Não se acende a candeia e coloca debaixo do alqueire, mas, no velador; dá luz a todos que estão na casa. Assim resplandeça vossa luz diante dos homens, para que vejam vossas boas obras e glorifiquem vosso Pai, que está nos céus.” Mat 5;15 e 16

Então, passamos a ter oposição ferrenha do inimigo não quando entendemos à Palavra, mas, quando começamos a viver por ela. Ele propôs verter pedras em pães; O Salvador deixou em lugar secundário o alimento do ventre, e priorizou o cumprimento da Palavra.

O capeta segue a mesma tática mediante seus mercenários atuais, com desdobramentos vários; propondo usar a Bíblia buscando dinheiro. Os servos de Deus idôneos são conduzidos pelo Espírito Santo; Esse realça O Feito de Cristo atinando à regeneração, à transformação; o passar das trevas para a luz. O Senhor disse a Paulo que ele fora escolhido, “Para lhes abrires os olhos, e das trevas os converteres à luz; do poder de Satanás a Deus...” Atos 26;18

A verdadeira mensagem não enseja alento ao pecador, antes, ilumina por dentro seu esconderijo e o desafia a deixá-lo. Como traz certo desconforto eventual, quem ilumina tende a ser rejeitado, sobretudo, por quem ama mais sua perdida condição que as promessas de perdão e vida eterna acenadas pelo Salvador.

Cegados pelo inimigo preferem enfrentar ao Senhor do Universo, que a si mesmos.

Assim, seguem no escuro, escravos do diabo e presumidos senhores de si, alienados da vida, condenados. “Quem crê nele não é condenado; mas, quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus. A condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, os homens amaram mais as trevas que a luz, porque suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz; não vem para a luz, para que suas obras não sejam reprovadas. Mas, quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus.” Jo 3;18 a 21

Enfim, bênção não é calmaria, ausência de lutas; antes, luta diária pela preservação espiritual, mantendo acesa a luz da vida. Ora, coragem; outra, paciência; mas, sempre com as armas da justiça.

sexta-feira, 16 de junho de 2017

Velozes e vaidosos

“O avestruz bate alegremente suas asas, porém, são benignas suas asas e penas? Deixa os seus ovos na terra, os aquenta no pó; se esquece de que algum pé os pode pisar, ou, que animais do campo os podem calcar. Endurece-se para com seus filhos, como se não fossem seus; debalde é seu trabalho, mas, está sem temor. Porque Deus privou de sabedoria, não lhe deu entendimento. A seu tempo se levanta; ri-se do cavalo e do que vai montado nele.” Jó 39;13 a 18

O Criador, após por em relevo animais que têm suas qualidades positivas, chama atenção de Jó para o avestruz. Malgrado sua imprudência que expõe seus filhos, está alegre, sem temor, pronto a um exibicionismo mostrando-se mais veloz que um cavalo. É. Segurança na ignorância, uma temeridade; mas, a própria cegueira se encarrega de ser “antídoto” ao mal que enseja.

Lembra certo dito: “O que os olhos não vêem o coração não sente.” Assim, não vendo as pessoas estariam protegidas; será?

O Salvador acusou Seus ouvintes de não quererem ver as coisas como são, para não carecerem renunciar más obras, disse: “A condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, não vem para a luz, para que as suas obras não sejam reprovadas.” Jo 3;19 e 20

Falando aos filósofos gregos Paulo acenou com perdão Divino ao seu pretérito escuro, mas, desafiou para que dali em diante mudassem as mentes, atitudes. “Sendo nós geração de Deus, não havemos de cuidar que a divindade seja semelhante ao ouro, à prata, à pedra esculpida por artifício e imaginação dos homens. Mas, Deus, não tendo em conta os tempos da ignorância, anuncia agora a todos os homens, em todo o lugar, que se arrependam; porquanto tem determinado um dia em que com justiça há de julgar o mundo, por meio do homem que destinou; disso deu certeza a todos ressuscitando-o dentre os mortos.” Atos 17;29 a 31

A ignorância que se pode notar os levava a endeusarem imagens de escultura; para tal pretérito foi proposto, perdão; para o porvir, foi acenado o Juízo mediante Jesus Cristo.

Se, por um lado estão vetadas incursões no que está acima de nossa capacidade; (“As coisas encobertas pertencem ao Senhor nosso Deus, porém as reveladas pertencem a nós e nossos filhos para sempre, para que cumpramos todas palavras desta lei.” Deut 29;29) Por outro, somos exortados a buscar conhecer o que nos foi revelado, não como mera ginástica mental, prazer intelectual; antes, como questão de vida ou morte. “A vida eterna é esta: que conheçam a ti só, por único Deus verdadeiro; e Jesus Cristo, a quem enviaste.” Jo 17;3

A omissão nesse quesito foi fatal em tempos idos; “Meu povo foi destruído, porque lhe faltou conhecimento; porque tu rejeitaste o conhecimento, também te rejeitarei, para que não sejas sacerdote diante de mim; visto que te esqueceste da lei do teu Deus, também, me esquecerei de teus filhos.” Os 4;6 Uma vez mais, os “avestruzes” deixando em risco seus filhos.

O conhecimento demandado não é mera abstração sapiente;requer que moldemos nosso agir pelo que do Senhor ouvimos; só depois que tivermos exposto nossas almas na arena da experiência, então, de fato, conheceremos a essência da Doutrina que liberta. “Jesus dizia, pois, aos judeus que criam nele: Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sereis meus discípulos; conhecereis a verdade e a verdade vos libertará.” Jo 8;31 e 32

O domínio tecnológico, salvas algumas exceções tem moldado seus “avestruzes”. Dá para compartilhar coisas profundas de modo célere como se tivéssemos asas; porém, nossa “plateia” não precisa conhecer nossos passos, necessariamente; podemos seguir superficiais, usando porções espirituais ou filosóficas apenas para verniz de nossas vaidades, como que, usando diamantes em fundas. Velozes e estúpidos.

Precisamos aprender com Jacó a andar “no passo do gado”; naquele caso havia velhos e crianças. No nosso, o risco das asas das palavras evitarem o áspero caminho das ações; só nele, a autenticidade de nossa fé se pode demonstrar. Com palavras nos “exercitamos” ante outros; com ações, perante Deus.

Como ovos devidamente encubados se tornam seres vivos, palavras absorvidas no coração ganham vida; têm capacidade de transformar. Podemos ser doutores de falas, e ignorantes de ações. Perto da luz, mas, no escuro; como asnos carregados de livros.

Pior que estar seguro no escuro é ter luz, mas, recusar, nela, andar. “Se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo pecado.” I Jo 1;7

sábado, 20 de maio de 2017

Nosso coração de Faraó

“O Senhor, porém, endureceu o coração de Faraó; este não os quis deixar ir.” Ex 10;27

Esse e versos semelhantes do mesmo contexto, se, mal compreendidos podem ensejar o pensamento blasfemo que Deus seria injusto; afinal, após desafiar Faraó a fazer certa concessão, “endurecia” o coração dele, depois, o punia com pragas, justo, por causa dessa dureza. Seria O Eterno um sádico?

Duas narrativas são possíveis ao mesmo fato; uma derivada do Númeno, outra, do Fenômeno. Númeno é “A realidade tal qual, existe em si mesma, de forma independente da perspectiva necessariamente parcial em que se dá todo o conhecimento humano; a coisa em si;” essa perspectiva parcial do conhecimento humano, sua visão, interpretação, é o fenômeno.

Muitas vezes o homem incorre em erros de perspectiva; por exemplo: Quando a barriga cresce diz que as calças ficaram pequenas; ou, fala que o sol nasce, quando, apenas surge, ao movimento da rotação, etc. Assim, o fenômeno são as coisas como vemos; o Númeno, elas como são.

A narrativa humana de que Deus endurecia ao coração do soberano não era a realidade, antes, a perspectiva do narrador que pensava: Se Deus pode fazer tais maravilhas, as pragas, bem poderia abrandar o coração do Rei, se não faz, é porque o endureceu.

Na verdade, não precisamos ajuda pra isso; Jesus disse: “Porque o coração deste povo está endurecido, ouviram de mau grado, fecharam seus olhos para que não vejam, ouçam, compreendam com o coração, se convertam, e Eu os cure.” Mat 13;15

O homem entregue a si mesmo está endurecido, refratário ao querer do Eterno. “... quanto a condição dos filhos dos homens, que Deus os provaria, para que assim pudessem ver que são em si mesmos como animais.” Ecl 3;18

Disse mais: “O caminho do insensato é reto aos seus próprios olhos, mas, o que dá ouvidos ao conselho é sábio.” Prov 12;15

Quando diz que endurecia ao coração de Faraó, apenas o entregava a si mesmo, sem o auxiliar para que visse além da orgulhosa perspectiva, sob a qual, mantinha-se resiliente em sua rebeldia.

Nossa tendência natural é resistir às demandas Divinas por obediência, santidade. Paulo expôs assim: “...a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois, não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, pode ser.” Rom 8;7

Sem o novo nascimento pelo Espírito Santo, estamos impedidos de ver, ou, entrar no Reino; “...aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus... aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus.” Jo 3;3 e 5 É nossa dureza, não a Vontade Divina que nos faz “barrados no baile”.

A mudança requerida para conversão, “negue a si mesmo” é tão traumática, radical, que, mediante Ezequiel, Deus figurou como um transplante de órgãos, não, mero amolecimento. “Aspergirei água pura sobre vós, ficareis purificados de todas vossas imundícias, todos vossos ídolos, vos purificarei. Dar-vos-ei um coração novo, porei dentro de vós um espírito novo; tirarei da vossa carne o coração de pedra, vos darei um coração de carne. Porei dentro de vós meu Espírito, farei que andeis nos meus estatutos, guardeis os meus juízos, e os observeis.” Ez 36;25 a 27

Claro que isso, se dá com nossa anuência, não se trata de imposição, como se O Santo tivesse escolhido de antemão quem será salvo, e a esse Seu apelo fosse irresistível, como advogam os da predestinação. A mudança necessária deriva sim da maravilhosa Graça do Senhor, mas, precisa despertar o desejo humano por ela, senão, pode ser resistida, como denunciou Estevão: “Homens de dura cerviz, incircuncisos de coração e ouvido, vós sempre resistis ao Espírito Santo; assim, sois como vossos pais.” Atos 7;51

Predestinação significa destino prévio para duas escolhas possíveis, não, pré-escolha. Em suma, quando Deus “endurece” alguém, apenas entrega-o a si mesmo; quando tenciona salvar, atua para persuadir mediante a Luz do Espírito Santo, mas, a decisão de andar na Luz, sempre será nossa.

Se O Eterno “endureceu” Israel e facilitou aos gentios, como diz em Romanos, refere-se ao foco da Obra circunstancialmente; o que logo voltará a ser Israel. Aos iluminados, pois, a responsabilidade de andar na luz, ou, o risco da queda, voltando a estar apenas em si mesmos; “Porque é impossível que os que já uma vez foram iluminados, provaram o dom celestial, se tornaram participantes do Espírito Santo, provaram a boa palavra de Deus, as virtudes do século futuro, e recaíram, sejam outra vez renovados para arrependimento; pois, quanto a eles, de novo crucificam o Filho de Deus...” Heb 6;4 a 6

Dada a seriedade disso, a advertência: “...Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais vossos corações...” Heb 3;15

quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Na escuridão das luzes

“Temos, mui firme, a palavra dos profetas, à qual bem fazeis em estar atentos, como uma luz que alumia em lugar escuro, até que o dia amanheça, a estrela da alva apareça em vossos corações.” II Ped 1;19

Uma tríplice relação com a luz nesse verso de Pedro. Primeiro, as profecias, como luzes num cenário escuro. Depois, o dia, a luz chegada sobre todos, no devido tempo; por fim, a Estrela da Alva aparecendo em corações.

Como os profetas abordavam o porvir, acontecimentos futuros preditos aos seus coevos, eram luzes no escuro, pois, viam o que haveria de ser, com enorme antecedência, segundo a ação do Espírito de Deus que neles atuava.

A figura do dia, evoca um tempo de uma revelação especial e geral de Deus, onde todos podem ver, caso, desejem, malgrado, não sejam videntes, tampouco, profetas. Claro que, sendo esse dia, de caráter espiritual, concorre, nosso arbítrio, nossa vontade.

De modo geral, todos sabem do Evangelho, dos valores ensinados pelo Salvador para ingresso no Reino, arrependimento, perdão, conversão, novo nascimento, a prática da justiça, santidade... Esse conhecimento genérico já basta para que, de posse dele, cada um faça suas escolhas, seja na senda da justiça, seja, no caminho amplo da impiedade. 

Quem escolhe andar na luz, tem sua visão aumentada, por outro lado, os da escolha oposta acabam andando nesse “dia”, como, se noite fosse. Salomão ensinou: “O caminho dos ímpios é como a escuridão; nem sabem em que tropeçam.” Prov 4;19 por outro lado, dos justos, dissera: “a vereda dos justos é como a luz da aurora; vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito.” V 18

Por fim, uma Luz, com a qual temos uma relação afetiva, algo mais que utilitária, nos permitindo ver. A Estrela da Alva nascendo em nossos corações. A Bíblia ensina qual Estrela é essa: “Eu, Jesus, enviei o meu anjo, para vos testificar estas coisas nas igrejas. Eu sou a raiz e a geração de Davi, resplandecente estrela da manhã.” Apoc 22;16

Então, os profetas no escuro do pretérito foram luzeiros apontando pra pessoa do Messias; vindo Ele, Expressa Imagem de Deus, o escuro se dissipou, para quem quis ver; nesses, que viram ao Senhor na “Beleza da Santidade”, além de iluminados foram capacitados pelo Espírito Santo, a corresponderem, inda que imperfeitamente, ao Amor de Deus.

A luz espiritual é muito mais que, possibilidade de ver; é um desafio a andar em novidade de vida, segundo essa nova visão, pois, assim, e só assim, andando de acordo com o que aprendemos do Senhor, nossa Luz, a eficácia do que Ele fez na Cruz, se imputa também a nós; João ensina: “Esta é a mensagem que dele ouvimos, e vos anunciamos: que Deus é luz, não há nele trevas nenhumas. Se, dissermos que temos comunhão com ele, e andarmos em trevas, mentimos, não praticamos a verdade. Mas, se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo o pecado.” I Jo 1;5 a 7

O texto diz: “Deus é Luz...” depois, insta conosco para que, andemos na Luz, ou seja, em Deus. Esse glorioso fato vertical, andar em Deus, necessariamente tem consequências horizontais, sobre nossos semelhantes; no caso de irmãos, “comunhão uns com os outros,” em se tratando de pessoas de nosso convívio apenas, nosso modo de vida deve servir para que, os tais, ao apreciarem nosso bom porte em Cristo, inda que, de modo indireto, glorifiquem ao Pai das Luzes. Cristo disse: “Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte; nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas, no velador, e dá luz a todos que estão na casa. Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus.” Mat 5;14 a 16
Como, graciosamente recebemos, de graça, igualmente, comunicamos; esse feixe requer fé para que seja ampliado, pois, semear a incredulidade na escuridão, é prerrogativa do Inimigo, não dos servos de Deus. “...o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus.” II Cor 4;4
Nesse tempo de festejos onde luzes artificiais cobrem tudo como decoração, a vera Luz é negligenciada, Jesus é substituído por um fantoche, a necessária reflexão em Sua Palavra, tolhida pelo mercantilismo doentio, fugaz. 

Quem tem a Estrela da Alva no coração, prescinde de simulacros fúteis circunstantes; quem não A tem, mesmo que faça cascatas de luzes, segue no escuro.