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domingo, 15 de janeiro de 2017

Largados e pelados

“As vacas feias, magras de carne, comiam as sete vacas formosas à vista, gordas... as espigas miúdas devoravam as sete espigas grandes, cheias...” Gên 41; 4 e 7

Figuras distintas no sonho de Faraó, ambas, com o mesmo significado. Extrema carência nos dias maus, demandando alguma reserva dos tempos de fartura, para manutenção da vida. Óbvio que não seria possível sem os providenciais depósitos de mantimentos feitos por José. Mas, Deus, Onisciente, ao acenar com alimento para “vacas e espigas” mirradas, estava embutindo já, a provisão que traria mediante Seu servo.

Nem fartura, nem privação, vêm fortuitas, antes, ambas têm papel didático em nosso aperfeiçoamento espiritual. Por meio delas, O Eterno tenciona alargar nosso conhecimento, e, consequente preparo. “No dia da prosperidade goza do bem, mas, no dia da adversidade considera; porque também Deus fez este, em oposição àquele, para que o homem nada descubra do que há de vir depois dele.” Ecl 7;14

Se, à vida natural, o peso da fome sempre foi um “argumento” imbatível, pois, usando-a, Deus fez os irmãos de José migrarem de Canaã ao Egito, ajoelhando-se aos seus pés; sentindo-a, certo oficial desejou decapitar Eliseu, que supunha culpado por ela; ou, Elimeleque e Noemi deixaram Belém, peregrinaram em Moabe, etc.
No aspecto espiritual, é a fartura, que põe à prova os que se dizem servos de Deus.

Teria sido por isso, que homens da envergadura de Elias e João Batista viveram errantes pelo deserto, com vestes pífias, alimentação módica? Não sei, mas, que foi assim, isso sei.

Deus diversas vezes queixou-se contra Seu povo, por ter apostatado depois da fartura. “...comeram, se fartaram, engordaram e viveram em delícias, pela tua grande bondade.” Ne 9;25 “Engordando-se Jesurum, deu coices, deixou Deus que o fez, desprezou a Rocha da sua salvação.” Deut 32;15 “Eis que esta foi a iniquidade de Sodoma, tua irmã: Soberba, fartura de pão, abundância de ociosidade...” Ez 16;49

Então, ao servo prudente convém, como José, em dias prósperos, fazer a devida reserva para eventuais dias maus, invés de esbaldar-se alheio, como se O Senhor não contasse. Falo de coisas espirituais, óbvio. “... guarda o depósito que te foi confiado...” I Tim 6;20 “Guarda o bom depósito pelo Espírito Santo que habita em nós.” II Tim 1;14 etc.

Quem tem função ministerial, deve ter em vista, mais, o bem alheio, que o pessoal; tem a chave da despensa para servir, não, servir-se. “Que os homens nos considerem como ministros de Cristo, despenseiros dos mistérios de Deus. Além disso, requer-se dos despenseiros que cada um se ache fiel.” I Cor 4;1 e 2

Vivemos num cenário totalmente adverso, de muitas privações, onde, sobreviver deveria ser a meta. Como certo programa da TV americana “Largados e Pelados”, onde, dois estranhos são soltos na natureza, nus, com apenas dois itens de sobrevivência, e, a missão de sobreviverem durante 21 dias, poucos terminam. Mas, cada gafanhoto, rato, cobra, que conseguem matar, é um achado, dada a precariedade de tudo.

Os renascidos em Cristo, também estão largados numa natureza adversa, cenário de parca alimentação, graças à apostasia moderna; a preservação da vida espiritual nesse cenário, é um grande desafio.

Temos, claro, pregadores da “Prosperidade”, que negam que devamos aceitar agruras, pois, não seria Vontade do Pai. Entretanto, tais negociantes de bênçãos que não possuem, são uma espécie de “Sonho do Faraó” invertido, onde, vacas gordas comem as magras, ou, as espigas cheias devoram as mirradas. Pois, prosperidade, riqueza, só se verifica para os proponentes da heresia; pior, às expensas de pessoas pobres, incautas, que laboram pela opulência dos canalhas.

Nós que tentamos sobreviver deveras, estamos largados; eles, marajás mercenários, pelados.

Temos, é certo, dias de fartura espiritual, onde, o ânimo floresce, nossa oração é doce, as portas se abrem; porém, desses dias devemos fazer nossa reserva para outros, que, não serão assim. Mas, em que consiste a reserva espiritual? É amplo. O conhecimento do Caráter de Deus, por exemplo, nos deveria dar firmeza: “...Quando andar em trevas, não tiver luz nenhuma, confie no nome do Senhor, firme-se sobre o seu Deus.” Is 50;10

A lembrança de Sua bondade, nos deveria acender esperança; “Disto me recordarei, por isso esperarei. As misericórdias do Senhor...” Lam 3;21 e 2 Saber que Deus é, como age, deveria nos dar segurança, mesmo, em cenário adverso. “...eu sei em quem tenho crido, e estou certo de que é poderoso para guardar o meu depósito...” II Tim 1;12

Os dias maus da apostasia estão a todo vapor; porém, vai piorar, vêm dias de perseguição. Quem foi ensinado que é seu direito ser rico, terá vazia a despensa onde deveria armazenar a ciência que é seu dever, ser santo. Vem fome ao Egito, preparem-se!