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sexta-feira, 30 de novembro de 2018

A Batalha da Vontade

“Saúda-vos Epafras, que é dos vossos, servo de Cristo, combatendo sempre por vós em orações, para que vos conserveis firmes, perfeitos; consumados em toda Vontade de Deus.”Col 4;12

Anexa à saudação de Epafras aos conterrâneos Paulo testifica do mesmo. Combatente em oração em favor do seu povo. “... para que vos conserveis firmes, perfeitos e consumados em toda Vontade de Deus.”

Posar de guerreiro do Senhor como muitos fazem pode ter seu charme, contudo, a maioria do que vejo, ou, ouço apregoando a dita “batalha espiritual” erra grotescamente.

Arvoram-se contra privações circunstanciais, desemprego, enfermidades, frustrações afetivas, etc. atribuem ao inimigo; inchados de pretenso poder “ordenam, determinam” a remoção do óbice que julgam ser direito seu. Sequer chegaram ao campo de batalha esses supostos “artilheiros” do Senhor.

Primeira coisa que necessito pra lutar alinhado à Vontade Divina,é cambiar meu modo de pensar pelo de Deus. “Porque assim como os Céus são mais altos que a Terra, são os meus caminhos mais altos do que os vossos; e os meus pensamentos mais altos que os vossos.” Is 55;9

A sutileza do inimigo atua, no sentido de equiparar, quando não, sobrepor, nosso pensar, nossos desejos ao Divino propósito. Nesse combate invés de um “exorcismo” imaginário onde muitos “amarram” espíritos deveríamos amarrar a nossa própria inércia; fazer o bom depósito; “Bem-aventurado o homem que... tem seu prazer na lei do Senhor; na Sua Lei medita de dia e de noite.” Salm 1; 1 e 2

A proposta inicial do traidor foi de autonomia moral, intelectual; “Vós sabereis o bem e o mal”. Qualquer pendor natural, por inocente que pareça, ou, bem intencionado, até, por derivar dos meus próprios conceitos de bem e mal, atua segundo o princípio de Satanás, não, Vontade Divina.

O “Negue a si mesmo” preceituado abarca todo o “si”, principalmente o modo de pensar. Nessa área, pois, nosso combate é necessário “exorcizando” sutilezas malignas que pinta más inclinações de bons motivos; “Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas, poderosas em Deus para destruição das fortalezas; destruindo conselhos, e toda a altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus; levando cativo todo entendimento à obediência de Cristo;” II Cor 10;4 e 5

A “cabeça-de-ponte” do inimigo na batalha são nossas vontades desorientadas, doentias. Nesse caso, invés de expulsar ao demônio devemos crucificar a carne.

Quando nosso entendimento estiver “cativo à obediência de Cristo”; quando reconhecermos sobre nós a Autoridade Divina, e, só então, teremos da mesma Fonte, autoridade para correção de terceiros. “Estando prontos para vingar toda desobediência, quando for cumprida vossa obediência.” II Cor 10;6

Antes de achar válida, salutar a Vontade de Deus para terceiros devo achá-la, igualmente, para mim. Nossos corações foram endurecidos pelo longo consórcio com o pecado, onde, estávamos “livres” da justiça; isto é: Descompromissados com ela, por alienados do Eterno. “Porque, quando éreis servos do pecado estáveis livres da justiça.” Rom 6;20

Nos que chamou a Si O Senhor fez o necessário “transplante” para adoção de novo modo de vida; “Dar-vos-ei um coração novo, porei dentro de vós um espírito novo; tirarei da vossa carne o coração de pedra e vos darei um coração de carne. Porei dentro de vós Meu Espírito, farei que andeis nos meus estatutos, guardeis os meus juízos e os observeis.” Ez 36;26 e 27

Assim como a Espada do Espírito é a Palavra de Deus que derrota o inimigo, a espada deste é a difusão de “conselhos que se levantam contra o conhecimento de Deus”, a mentira.

Se, o que vence o mundo é nossa fé, como ensinou João, essa, a fé, não atua num vácuo; antes, firma-se na integridade e imutabilidade do que O Santo Revelou.

Tendemos a nos deslumbrar com sofisticações, artifícios, mediante os quais, o inimigo nos tenta; mas, a fé saudável faz parceria com a simplicidade; “Temo que, assim como a serpente enganou Eva com a sua astúcia, também sejam de alguma sorte corrompidos os vossos sentidos, e se apartem da simplicidade que há em Cristo.” II Cor 11;3

Enfim, se, vale a pena, como fazia Epafras, orar para que a Vontade de Deus seja consumada em nós, lembremos: Foi suportando a tudo e levando Sua Cruz até o fim que nosso Senhor e Salvador pôde dizer: “Está consumado”.

Orarmos, “seja feita a Tua Vontade...” é fácil; aceitá-la quando ela nos contraria e mesmo assim perseverar confiante é doloroso, às vezes; mas, é um traço indelével de maturidade espiritual.

Não preciso aceitar, concordar com todas as coisas; mas, posso descansar na Sabedoria e provisão Divina; nela, “... todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo Seu Propósito.” Rom 8;28

sábado, 7 de abril de 2018

Habeas Animus

Mesmo quem não liga para termos jurídicos, tampouco, se interessa em entendê-los, nos últimos dias ouviu muito sobre “Habeas Corpus”, dada a repercussão que alcançou o pleiteado pelos advogados de Lula.

Habeas corpus significa "que tenhas o teu corpo"; é uma expressão originária do latim. Uma medida jurídica para proteger indivíduos que estão tendo sua liberdade infringida; é um direito constitucional.

Tanto pode ser liberatório, caso o postulante esteja preso, quanto, preventivo. Em razão dos argumentos usados para tal, os juízes avaliam se, o pleito procede ou, não; julgam deferindo, ou, indeferindo-o.

Pois bem, se, no âmbito da liberdade civil “que tenhas o teu corpo” com total liberdade de locomoção é o melhor que se pode, no prisma espiritual carecemos restringir, mortificar as demandas dos corpos, se, queremos nossas almas livres em Cristo.

Paulo ensinou: “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. Não vos conformeis com este mundo, mas, transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.” Rom 12;1 e 2

O “sacrifício vivo” das vontades naturais é o nosso “culto racional”; Pois, a razão do Espírito não é dar vazão às nossas vontades, antes, conhecer e praticar à de Deus.

Desse modo, abdicando do “Habeas Corpus” teremos um “Habeas animus” (espírito, alma) em latim. De outro modo; andando segundo o Espírito, não, segundo reclames do corpo, alcançaremos um modo de vida agradável diante de Deus. “Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas, segundo o Espírito.” Rom 8;1

Nosso passado ruim, de pecados, quando andávamos segundo a carne foi perdoado; mas, isso não deve ser estímulo para seguirmos atuando ainda daquele modo; antes, somos exortados a valorizar a graça que nos livrou, mudando o modo de viver. “... Nós, que estamos mortos para o pecado, como viveremos ainda nele? Não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na sua morte?” Cap 6;2 e 3

Nossa identificação com Cristo demanda o fim do “Habeas corpus”; não que nossos corpos deixem de desejar às mesmas coisas, apenas, que em Cristo somos capacitados a resistir, o que, antes era-nos impossível. “Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, para lhe obedecerdes em suas concupiscências; tampouco, apresenteis vossos membros ao pecado por instrumentos de iniquidade; mas, apresentai-vos a Deus, como vivos dentre mortos, e, vossos membros a Deus, como instrumentos de justiça. Porque o pecado não terá domínio sobre vós, pois, não estais debaixo da lei, mas, debaixo da graça. E daí? Pecaremos porque não estamos debaixo da lei, mas, debaixo da graça? De modo nenhum. Não sabeis vós que a quem vos apresentardes por servos para lhe obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis, ou do pecado para a morte, ou da obediência para a justiça?” VS 12 a 16

A Liberdade de Cristo é podermos escolher a quem obedecer; não se trata de liberdade absoluta, mas, capacitação para atuar segundo Deus, o que antes da conversão não tínhamos; “A todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas, de Deus.” Jo 1;12 e 13

Se, é a Vontade de Deus que deve pautar nosso agir, foi essa mesma Vontade Graciosa que possibilitou-nos o novo nascimento mediante Cristo.

Sintetizando: Em Cristo fomos libertos da escravidão do pecado para podermos fazer o que devemos, não, o que queremos. Ainda presos em um corpo, vítima da queda e das ímpias inclinações decorrentes, mas, com liberdade condicional, onde, podemos desfrutar vida espiritual mortificando-o.

Antes de Cristo a vontade boa estava presa, subjugada pela habitação do pecado; o “eu”, alma, estranho no próprio corpo, escravizado e preso pelo intruso. “De maneira que agora já não sou eu que faço isto, mas, o pecado que habita em mim. Porque sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; com efeito, querer está em mim, mas, não consigo realizar o bem.” Rom 7;17 e 18

"De boas intenções o inferno está cheio”; diz o adágio. Pois, escravos do pecado, nossas boas intenções não passam disso; “A inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus...” Rom 8;7

A mensagem evangélica sadia é, antes de tudo, de reconciliação; “De sorte que somos embaixadores da parte de Cristo, como se, Deus por nós rogasse. Rogamo-vos, pois, da parte de Cristo, que reconcilieis com Deus.” II Cor 5;20

sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

A oração dos bichos

“Ainda que se mostre favor ao ímpio, não aprende justiça; até na terra da retidão pratica iniquidade; não atenta para a majestade do Senhor.” Is 26;10

Diverso da ideologia esquerdista que as pessoas fariam mal por causa das privações, sendo, por isso, as circunstâncias que patrocinam ações marginais dos “excluídos”, a Bíblia apresenta o caráter, a índole, como fiadora dos mesmos, malgrado, o entorno.

Vimos o ímpio na “terra da retidão”, portanto, em ambiente “impróprio” praticando iniquidade. Afinal, se fosse veraz o dito que a ocasião faz o ladrão, todos eles seriam inocentes.

Se, alguém galgar uma função ministerial num ambiente cristão, o pressuposto necessário é que orbite em ambiente de retidão; se, não plenamente, ao menos, onde a mesma é ensinada; defendida como vital a saúde espiritual.

Entretanto, circula na Net a notícia que, Kelvin Holdsworth ministro anglicano de Glasgow pediu aos fiéis que rezem para que príncipe George seja gay; assim, a Família Real apoiaria o casamento homossexual, do qual é defensor e ativista.

Sem entrar no mérito da postura conservadora da Família Real, tampouco, do homossexualismo, que, biblicamente é denunciado como erro, no âmbito individual é direito de cada um que assim o desejar, quero me ater ao vício que chamarei de oração dos bichos.

Tiago colocou o egoísmo carnal como barreira às respostas Divinas quando alguém ora; disse: “Pedis, e não recebeis, porque pedis mal, para gastardes em vossos deleites.” Cap 4;3 Adiante receitou uma tomada de posição radical: “Chegai-vos a Deus, Ele se chegará a vós. Alimpai as mãos, pecadores; vós de duplo ânimo purificai os corações.” V 8

Num livro de Gibran li uma fábula onde os ratos oravam por queijo, mas, os cães riram dizendo ter certeza que se orassem choveria ossos, não, queijos.

Dessa viés de orar cada um, segundo suas inclinações naturais, derivei a ideia da “oração dos bichos”.

Se, o indispensável no cristianismo é “Negue-se, tome sua cruz e siga-me”, como pode alguém que renunciou suas vontades pela Divina orar ainda segundo desejos naturais desorientados, quiçá, perversos como os do aludido ministro?

Deus só responde favoravelmente orações que se alinham à Sua vontade. Para conhecê-la demanda-se uma renúncia tal, que foi chamada de “sacrifício vivo” no aspecto do custo; e, “culto racional” no prisma do intelecto, vejamos: “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é vosso culto racional. Não vos conformeis com este mundo, mas, transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual a, agradável e perfeita Vontade de Deus.” Rom 12;1 e 2

Se, a Vontade Divina é mesmo perfeita, qualquer restrição que houver no tocante a ela necessariamente derivará de nossas imperfeições, de nosso “conformar com o mundo”, más inclinações não crucificadas, na linguagem de Paulo.

Uma coisa que me intriga: Se, Deus conta e é mesmo O Senhor, quem ousaria alterar o que Ele disse? Porém, se é só uma abstração, uma droga psíquica, um mito, como dizem alguns, por que as pessoas precisam de religião? Existem drogas alternativas e amorais.

Os gays brasileiros criaram sua versão “sui gêneris” da Bíblia; chamam “Graça sobre Graça;” onde omitem os vetos ao homossexualismo da versão original. Dois erros concomitantes; não se adequarem aos preceitos Divinos, e, alterá-los.

Isso é acrescentar pecado a pecado, cobrir-se de engano não do Espírito de Deus como fizeram os hebreus. “Ai dos filhos rebeldes, diz o Senhor, que tomam conselho, mas não de mim; cobrem-se, com uma cobertura, mas, não do Meu Espírito, para acrescentarem pecado sobre pecado.” Is 30;1

Para quem aquele ministro sem vergonha pede que as pessoas orem? Deus? Pedirão que rasure Sua Palavra? Porfiarão com O Eterno para que deixe de Ser Santo, pois, recusam deixar de ser ímpios? Que abissal falta de noção!!

Circulam nas redes sociais as tais “orações poderosas” que incautos compartilham, acreditam; mas, não valem um prego. Não existe oração poderosa!! Existe as que Deus aceita; derivam de contritos, “justos”; não são repetições mecânicas quais mantras, têm coração. “buscar-me-eis, e me achareis, quando me buscardes com todo vosso coração.” Jr 29;13 “...a oração feita por um justo pode muito em seus efeitos.” Tg 5;16 “...meu servo Jó orará por vós; porque deveras a ele aceitarei...” Jó 42;8

Mesmo um justo como Jeremias, se, interceder por quem Deus rejeitou será inútil; “... não ores por este povo, nem levantes por ele clamor, ou, oração; não me supliques, porque não te ouvirei.” Jr 7;16

A causa? Rejeição da Palavra de Deus; “...em vão tem trabalhado a falsa pena dos escribas. Os sábios são envergonhados, espantados, presos; rejeitaram a Palavra do Senhor; que sabedoria, pois, têm eles?” Jr 8;8 e 9

sexta-feira, 3 de abril de 2015

Sobre fé e cruz

“Mas, um só, o mesmo Espírito opera todas estas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer.” I Cor 12; 11 

Embora o contexto atine aos dons espirituais, também enfatiza a Soberania do Espírito Santo. “... repartindo... a cada um, como quer.” Sem dúvida alguma, nossa maior dificuldade é cooperar para que nossas vidas sejam amoldadas à Vontade de Deus. 

A ideia vulgar da fé é que se trata de um poder dado aos cristãos mediante o qual conquistarão o que desejam. Embora obre essa, no sentido de produzir resultados palpáveis, sua essência é invisível; seu alvo  destronar nosso ego, entronizando  Cristo. 

Escrevendo aos efésios Paulo  ensinou: “Ele mesmo deu uns para apóstolos, outros para profetas,  outros para evangelistas,  outros para pastores e doutores, querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo; até que todos cheguemos à unidade da fé,  ao conhecimento do Filho de Deus, a homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo...” Ef 4; 11 a 13 

Assim, de modo superficial parece que a fé nos deve engrandecer muito, dado que, seu alvo é nos igualar a Cristo. Entretanto, Ele, quando de Seu maior e mais doloroso conflito submeteu-se cabalmente à Vontade do Pai. “...Meu Pai, se é possível, passe de mim este cálice; todavia, não seja como eu quero, mas, como tu queres.” Mat 26; 39 

Acontece que, se, estatura natural se mede por grandeza, renome, posses... a espiritual tem seu consórcio com a humildade; assim, os maiores se fazem menores. “Não atente cada um para o que é propriamente seu, mas, cada qual também para o que é dos outros. De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas,  esvaziou  a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens;  achado na forma de homem, humilhou a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz. Por isso, também Deus o exaltou soberanamente; lhe deu um nome que é sobre todo o nome;”  Fp 2; 4 a 9 

Embora a palavra original foi traduzida por “sentimento”, o contexto demanda que seja um pouco mais que isso. Motivação, inclinação, disposição interior.  Assim, nossa parte é esvaziamento.  A exaltação não atende ao concurso de nossa vontade, antes, é totalmente tributária à Vontade de Deus.  “... Deus o exaltou soberanamente...”  

O que quero dizer, enfim, é que, essa “fé” que “compartilha”, “toma posse”, “decreta”, “determina” o que deseja, mora a anos luz da Fé ensinada na Bíblia que, descansa confiada no caráter e soberania de Deus, invés de nossos anseios ignorantes e malsãos.

A fé hígida não faz acontecer; antes, amolda-se ao que Deus escolhe soberanamente para seu filho.  Não que ela não remova montanhas; apenas, que é Deus quem escolhe, quais montes devem mudar de lugar. 

Salomão alistou alguns que incomodam ao Santo: “Estas seis coisas o Senhor odeia; a sétima a sua alma abomina:  Olhos altivos, língua mentirosa, mãos que derramam sangue inocente, coração que maquina pensamentos perversos, pés que se apressam a correr para o mal, testemunha falsa que profere mentiras e o que semeia contendas entre irmãos.” Prov 6; 16 a 19 

Claro que, remover montes assim demanda algo mais que fé; digo, seu efeito colateral mais valioso, obediência. Sempre que cogitamos a remoção de algum monte, porém, geralmente o vemos como pedra no caminho, nunca, como doença moral, espiritual, no caminhante.

A Palavra opera para aplanar os caminhos do coração, não, dos pés, estritamente falando. “Bem aventurado o homem cuja força está em ti, em cujo coração estão os caminhos aplanados.” Sal 84; 5 Vemos que, esse ditoso ser,  tem sua força em Deus; Na vontade Dele.  

A cruz já fez seu trabalho de crucificar às paixões naturais; o Espírito Santo pode investir Seus dons com fito de edificar ao Corpo de Cristo. Claro que a negação de minha vontade necessariamente me faz como que nulo; como se fosse de outro; essa é a ideia, ser de Cristo. “E os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões, concupiscências. Se vivemos em Espírito, andemos também em Espírito.” Gál 5; 24 e 25

Em espírito, vontades naturais não fazem sentido; as espirituais aceitam de bom grado a Vontade e Deus. Em suma: A fé não atua para mudar circunstâncias, ainda que o possa fazer; antes, tem como alvo mudar caracteres, o que carece nossa cooperação e obediência.

Crer no que me agrada pode parecer fé, contudo, não passa de bisonho simulacro. A fé Bíblica tem alvo melhor: “... Sem fé é impossível agradar a Deus...”

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

O pecado nos emburrece



“E ... da sua prata fizeram uma imagem de fundição, ídolos conforme seu entendimento dos quais dizem: Os homens que sacrificam beijem os bezerros.”  Os 13; 2  

Segundo a denúncia, os ídolos derivam o entendimento humano; da forma como eles entendem Deus.  

Mas, de onde surgiu um bezerro? Frequentemente, meu entendimento é filho de minhas experiências. As coisas que vivenciei forjam a percepção das pessoas, da vida, de Deus. 

Na verdade, a proposta inicial que deu azo à queda foi precisamente a independência em relação ao Criador;  “sereis como Deus, sabendo o bem e o mal”; sugeriu o traidor.  Embora, não se tratasse de saber, como insinuou satanás, antes, de preferir. 

Se o homem seguisse sabendo sobre o bem não teria fugido de Deus; tampouco, transferido a culpa, quando passou a “dominar” o bem e o mal. O que se deu com a “divinização” humana foi o surgimento do relativismo. Agora, invés de, o bem seguir sendo a justiça, santidade, verdade, como apraz ao Eterno, passou a residir em outras plagas. Pareceu bem a Adão esconder-se, se possível, enganar a Deus; transferir a culpa; inocentar-se.  

Engano, mentira, cinismo, frutos até então ausentes no Jardim passaram a ser produzidos pelo  sujeito que se tornou “como Deus”.  Se na sua estreia o pecado foi capaz disso, hoje pode muito mais. 

Todavia, esse ser “divino” nunca se bastou; digo, sempre careceu um deus sobre si. O fato novo foi que, desde então, passou a forjar o tipo de deus que queria. Assim, invés de seguir sendo imagem e semelhança do Altíssimo, criou aberrações à imagem de seu entendimento fajuto, caído. 

O homem não é um criador, “stricto sensu”; antes,  transformador.  Em termos de meios ( manipula o que existe ) e imitador em se tratado de formas. ( copia ) Tanto, que, os milhares de deuses imaginados e forjados, sempre têm a forma de um animal, um corpo celeste, um homem, ou, coisa que os valha. “mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível,  de aves,  quadrúpedes e  répteis.” Rom 1; 23

Mas, voltando, de onde surgiu a concepção de  imagear Deus como bezerro? Israel fora cativo no Egito por quatro séculos aproximadamente. Lá, além de outras tantas figuras era cultuada a de um touro, Apis, como deus. Daí, durante o Êxodo, quando acharam que Moisés demorou no Sinai, se inquietaram por um “Deus” visível, se serviram da concepção egípcia . O juízo de Deus foi terrível!

Entretanto, muitos séculos adiante, vemos Israel de novo, às voltas com o famigerado bezerro, por quê? Afinal, se o entendimento deriva de aprendizado, experiências, e, a primeira experiência com tal figura fora desastrosa, por que volveram a ela? Porque as consequências do pecado vão além da morte espiritual e restrições físicas; o pecado faz enorme dano intelectual; cega paro o óbvio. Noutras palavras: O pecado emburrece.

Sim, Israel em seu cativeiro, duvido que contemplou um milagre sequer, genuinamente derivado do deus Apis; contudo viu maravilhas espantosas quando o Eterno enviou Moisés a libertar o povo. Consequência lógica elementar: Apis não é de nada; O Deus de Abraão Isaque e Jacó é o Todo Poderoso.

Porém, não foi tão lógico assim, como vimos.  Como a porca lavada retorna à lama, o homem acostumado ao pecado tende a volver a ele contra o bom senso, a lucidez. “De maneira que agora já não sou eu que faço isto, mas o pecado que habita em mim. Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; com efeito, querer está em mim, mas não consigo realizar o bem. Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero esse faço.” Rom 7; 17 a 19  Paulo apresenta a vontade enferma como mais forte que o entendimento.   

Se, o Salvador propicia o novo nascimento contra a morte espiritual, trata consequências do pecado no corpo, curando enfermos; a porta de ingresso à salvação é intelectual; no entendimento. 

Daí o apelo para deixarmos o relativismo; “Deixe o ímpio o seu caminho, o homem maligno os seus pensamentos, se converta ao Senhor,...” Is 55; 7 Preciso cambiar meu entendimento de “bem” para receber, enfim, o Bem verdadeiro. “...transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, perfeita vontade de Deus.” Rom 12; 2  

Sabendo que a porta se abre na mente, o traíra se faz “porteiro” dos refratários ao amor de Deus. “o deus deste século cegou entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus.” II Cor 4; 4 Imagem muito superior a um bezerro, sem dúvida nenhuma.

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Em tempos de angústia



“Se te mostrares fraco no dia da angústia, a tua força é pequena.” Prov 24; 10 

Ao pensarmos em força referente a um reino, governo, fatalmente associaremos à autoridade, respaldada por forte aparato bélico e grande exército. Uma potência; como os Estados Unidos, por exemplo. Mas, se a análise restringir-se a uma pessoa, então, buscaremos a excelente constituição física, ótima saúde, estatura...

Entretanto, angústia, ainda que possa derivar de fatores externos é um mal que assola a alma. Desse modo, a força útil em tempos angustiosos deve residir, óbvio, na mesma.

Capitular fisicamente ao mais forte é necessário para qualquer valente. Render a alma, não. Diariamente somos informados, infelizmente, de gente que, por recusar aderir aos fundamentalistas islâmicos, no Iraque, Síria e Nigéria são executados sumariamente. Esse é um triste e dolorido exemplo de capitular a uma força superior, sem render a alma. 

Jó, por sua vez, estava falido, perturbado com a morte dos filhos e desvio da esposa, assolado na saúde; de quebra, assediado por amigos tagarelas que invés de associarem-se à sua dor, simplesmente acusavam, sem provas. Desse modo, razões angustiosas sobravam.

Nenhuma foi forte o bastante, contudo, a ponto de fazê-lo negar sua fé. Disse: “Quem me dera agora, que as minhas palavras fossem escritas! Quem me dera, fossem gravadas num livro! Com pena de ferro e com chumbo, para sempre fossem esculpidas na rocha. Porque eu sei que o meu Redentor vive, e  por fim se levantará sobre a terra.” Jó 19; 23 a 25 Eis um forte, em plena angústia! 

O salvador, quando se aproximava o momento derradeiro, não pode evadir-se ao conflito entre a fraqueza física que cogita fugir, e a alma forte que acaba a missão ao preço que for. “Tomou consigo a Pedro, Tiago, e João, e começou a ter pavor, a angustiar-se. E disse-lhes: A minha alma está profundamente triste até a morte; ficai aqui, e vigiai. E, tendo ido um pouco mais adiante, prostrou-se em terra; e orou para que, se fosse possível, passasse dele aquela hora. E disse: Aba, Pai, todas as coisas te são possíveis; afasta de mim este cálice; não seja, porém, o que eu quero, mas, o que tu queres.” Mc 14; 33 a 36 Mesmo a profunda angústia não deve nos levar a desejarmos nossa vontade antes da Deus.

Essa força interior em muito supera a externa, como dissera Salomão. “Melhor é o que tarda em irar-se do que o poderoso; o que controla o seu ânimo do que aquele que toma uma cidade.” Prov 16; 32 Por quê? Porque tomar uma cidade muitos comandantes de exércitos lograram; submetendo-se à Vontade de Deus até a morte, Cristo tomou um Reino global, eterno. Facilmente se vê qual a força maior.

Agitações externas, tanto enfraquecem, quanto, em momentos eufóricos iludem, sobre a real força de nossas almas. Nos ditos avivamentos, muita ousadia vem à tona; mas, os reveses, as angústias é que mensuram nosso valor. 

Os hebreus no início agiram intrépidos movidos pela onda da igreja vitoriosa; mas, nos dias de espera estavam fraquejando. Em parte fostes feitos espetáculo com vitupérios e tribulações, e em parte fostes participantes com os que assim foram tratados. Porque também vos compadecestes das minhas prisões, e com alegria permitistes o roubo dos vossos bens, sabendo que em vós mesmos tendes nos céus uma possessão melhor e permanente. Não rejeiteis, pois, a vossa confiança, que tem grande e avultado galardão.” Heb 10; 33 a 35  

Depois dessa breve exortação à preservação da confiança o autor alista a famosa galeria dos “Heróis da fé” no capítulo 11, para, enfim, demonstrar que o tédio espiritual deles era pequeno, ante os que “Foram apedrejados, serrados, tentados, mortos ao fio da espada; andaram vestidos de peles de ovelhas e de cabras, desamparados, aflitos e maltratados” v 37. 
Após, apontou Jesus como parâmetro, e sutilmente lembrou aos desanimados que a situação nem era para tanto. “Ainda não resististes até ao sangue, combatendo contra o pecado.” 12; 4  

Então, há angústias que são necessárias, dada a opressão que cerca; outras, gratuitas de quem devaneia com facilidades e frustra-se quando elas não vêm. O Mestre desafiou a um bom estado de ânimo mesmo em meio a elas. “Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas, tende bom ânimo, eu venci o mundo.” Jo 16; 33 

Invés da doentia “teologia da prosperidade,” mais prudente seria um enfoque da adversidade, para, em Deus, triunfarmos a ela. Aflições não são causadas pelo Pai; mas, Ele usa nossa passagem por elas como elemento de purificação interior. “Eis que já te purifiquei, mas não como a prata; escolhi-te na fornalha da aflição.” Is 48; 10