“Este
foi ter de noite com Jesus, e disse-lhe: Rabi, bem sabemos que és Mestre vindo
de Deus; porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes se Deus não for
com ele. Jesus respondeu e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que,
aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.” Jo 3; 2 e 3
O “este”
em questão era o príncipe Nicodemos, um fariseu admirado dos feitos de Jesus,
mas, preso às convenções religiosas que o constrangeram a buscar o Mestre em oculto,
de noite, para não “dar bandeira”.
Chegou falando das coisas que vira; “... os
sinais que tu fazes...” Contudo, O Salvador advertiu que sem nascer de novo não
é possível ver o Reino.
Assim, forçoso nos é concluir que, sinais, curas,
milagres, são efeitos colaterais, não, o próprio. Ademais, essas coisas, disse,
seriam feitas também pelos falsos profetas; chamou de “prodígios da mentira”.
Noutra parte reforçou: “...O reino de Deus não vem com aparência exterior.” Luc
17; 20
Lícito nos é inferir daí, que,
precisamos uma capacidade de ver “por dentro” para vermos o Reino de Deus.
Paulo amplia: “Porque, qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o
espírito do homem, que nele está? Assim também ninguém sabe as coisas de Deus,
senão, o Espírito de Deus. Nós não recebemos o espírito do mundo, mas o
Espírito que provém de Deus, para que pudéssemos conhecer o que nos é dado
gratuitamente por Deus.” I Cor 2; 11 e 12
Para ele, o conhecimento da graça de
Deus deriva de termos recebido o Espírito Santo; que o Senhor chamou de novo
nascimento. Assim, os reflexos do Reino são visíveis a todos e desejáveis a
Deus; “Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre
um monte; nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas, no velador,
dá luz a todos que estão na casa. Assim
resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras
e glorifiquem ao vosso Pai, que está nos céus.” Mat 5; 14 a 16
Todavia, a visão
e o ingresso no Reino, propriamente dito, apenas aos renascidos se faculta. “...Na
verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito,
não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne, o que é
nascido do Espírito é espírito.” Jo 3; 5 e 6
Noutra definição mais específica
Paulo descarta coisas palpáveis e situa a essência totalmente em valores
abstratos, espirituais. “Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas
justiça, paz, e alegria no Espírito Santo.” Rom 14; 17
Se isso fosse visível e
devidamente aquilatado deveríamos comemorar abertamente o ingresso de cada
servo. Todavia, ainda que nos alegremos ante as decisões por Cristo, o ingresso
veraz apenas Ele identifica; embora, o Espírito Santo testifique nos seus
mediante a comunhão.
Os de fora nada veem; apenas, estranham a “loucura” de uma
decisão tão ilógica; deixar os prazeres carnais em segundo plano por amor a
Deus. Na verdade, no âmbito natural festejam seus “upgrades”; quando alguém
passa no vestibular, por exemplo; familiares celebram a conquista com faixas
comemorativas nas casas.
Quanto aos aprovados no “vestibular” Divino, as “faixas”
são outras. “Assim vos digo que há alegria diante dos anjos de Deus por um
pecador que se arrepende.” Luc 15; 10
Sim; é lá, nos Céus a sede da “Coroa”. “...O
meu reino não é deste mundo; se o meu reino fosse deste mundo, pelejariam meus
servos, para que eu não fosse entregue aos judeus; mas agora o meu reino não é
daqui.” Jo 18; 36
Embora estejamos no mundo somos embaixadores de um reino cuja
origem é distante. O Rei facultou aos Seus servos que operassem sinais em Seu
nome assistidos pelo Espírito Santo; mas nossas posses reais nada têm com as
coisas terrenas, pois, Ele mesmo deposita na conta dos fiéis um “tesouro no
Céu.”
Aqueles que têm o olhar voltado para essas riquezas nasceram de novo;
entraram, podem ver, com os olhos do Espírito, as belezas da graça Do Eterno.
Se
alguém supõe que a exibição de sinais miraculosos é a essência do Reino, sequer
sabe a diferença entre a periferia e o Palácio. O ingresso é mediante a fé;
essa não se origina de milagres, ainda que tais, possam contribuir. “...a fé é pelo ouvir, o ouvir pela palavra de Deus.” Rom 10;
17
Milagres são coisas terrenas, o Reino
á mais que isso. “Se vos falei de coisas
terrestres e não crestes, como crereis, se vos falar das celestiais?” Jo 3; 12