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domingo, 9 de dezembro de 2018

Inveja; melhor nem ver

"Teu coração não inveje os pecadores; antes, permanece no temor do Senhor todo dia. certamente acabará bem; não será malograda tua esperança.” Prov 23;17 e 18

A inveja, pela sua natureza tem um consórcio com o sucesso. Os fracassados nunca serão seu alvo. Como se diz vulgarmente, não se atira pedra em árvore sem frutos. Assim, sempre será o desfrute de posses, poder, talento, afeição, o motor da inveja de terceiros.

Entretanto, a exortação supra desaconselha que invejemos pecadores. O que eles têm que não temos? Na verdade desfrutam uma “liberdade” que cristãos não possuem. “Porque, quando éreis servos do pecado estáveis livres da justiça.” Rom 6;20

Ou seja: Não têm compromisso de atuar como filhos da Luz, servos do Senhor. Sua morte espiritual é seu “sucesso”, sua “segurança”. Lembrei uma cena do filme “O Auto da Compadecida” onde, no além, o poltrão João Grilo afrontou ao temido Severino de Aracaju. Ele ameaçou revide; o espertalhão respondeu: “Vai fazê o quê? Já tamo morto mesmo.” (Sic)

Desse modo, a ousadia do ímpio que lhe permite ser “livre” da justiça deriva do fato de estar morto, nada tem a perder. Seu único “risco” é de vida; de ouvir Cristo, arrepender-se por crer, e passar da morte para a vida, senão, tanto faz. “Curta a vida que a vida é curta”; a dele é.

É muito enganoso esse aspecto que pode ensejar inveja a desavisados. A porção dos ímpios reside apenas na terra; então, podem lançar mão de injustiças para serem prósperos aqui; e, muitos o são. Aí, um que se purifica pelo temor do Senhor, arbitrado por uma consciência viva segundo A Palavra leva uma existência modesta, quando não, de privações; se, olhar de modo superficial irá se confundir.

Essa perspectiva foi cantada em prosa e verso; “Pois, eu tinha inveja dos néscios, quando via a prosperidade dos ímpios. Porque não há apertos na sua morte, mas, firme está sua força. Não se acham em trabalhos, nem são afligidos como outros homens. Por isso a soberba os cerca como um colar; vestem-se de violência como adorno. Os olhos deles estão inchados de gordura; têm mais do que o coração podia desejar. São corrompidos e tratam maliciosamente de opressão; falam arrogantemente. Põem suas bocas contra os céus; suas línguas andam pela terra.” Sal 73;3 a 9

Eventualmente, um deles migra do palácio à cadeia, ainda nessa vida; mas, a maioria vai-se impune até o Juízo de Deus. Então, olharmos para isso da perspectiva puramente material poderia ensejar inveja; seria uma “conversão” avessa, passaríamos da vida para a morte.

O mesmo salmista, que usou sua “inveja” apenas como exercício retórico, depois, refez o rumo da prosa na conclusão; “Se eu dissesse: Falarei assim ofenderia a geração de teus filhos. Quando pensava em entender isto foi para mim muito doloroso; até que entrei no santuário de Deus; então entendi o fim deles. Certamente tu os puseste em lugares escorregadios; tu os lanças em destruição.” Vs 15 a 18

E, há muitos pregadores que desafiam incautos nesses termos: “Fulano tem isso, cicrano aquilo, beltrano conquistou aquilo outro; você nessa derrota, nessa miséria”. Em nenhum momento de suas prédicas aparecem as palavras-chave, pecado, arrependimento, cruz, salvação. Embora se digam ministros do Evangelho, não passam de pregoeiros da inveja dos ímpios.

Falando ao jovem pastor Timóteo, Paulo ensinou: “Os que querem ser ricos caem em tentação e laço; em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína. Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; nessa cobiça alguns se desviaram da fé; transpassaram a si mesmos com muitas dores. Mas, tu, ó homem de Deus, foge destas coisas; segue a justiça, piedade, fé, amor, paciência e mansidão.” I Tim 6;9 a 11

Aludindo à sua própria experiência disse mais: “Aprendi contentar-me com o que tenho. Sei estar abatido e também ter abundância; em toda a maneira, em todas as coisas estou instruído, tanto, ter fartura, quanto, ter fome; tanto ter abundância, quanto, padecer necessidade. Posso todas as coisas em Cristo que me fortalece.” Fp 4;11 a 13

Por fim, mostrou para onde aponta a escala de valores dos abastados espirituais; “Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens.” I Cor 15;19

O texto inicial coloca em contraponto à inveja, esperança. Só abdicando dela, da confiança no Eterno e no que prometeu poderíamos insanamente invejar quem tem muito menos que nós. Os cristãos verazes, como disse Spurgeon, “não trocam de lugar com reis em seus tronos, se, esses não conhecem a Cristo.”

A inveja é pequena demais para combinar com as grandezas reservadas aos filhos de Deus.