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terça-feira, 27 de junho de 2017

Razões de amor e ódio

“Por que persegue o meu Senhor tanto o seu servo? Que fiz eu?...” I Sam 26;18

Davi fugitivo diante do ódio de Saul, dando a esse, oportunidade de explicar seus motivos. “Por que me persegues...? Que fiz eu?”

A relação entre causa e efeito é pacífica, todos reconhecem. Entretanto, quando a causa nos escapa, racionais que somos, desejemos conhecê-la. Poderíamos recorrer a simplismos como, vingança, ciúmes, inveja; mas, essas são formas de expressão do ódio, não o próprio.Qual a vertente do ódio?

Averigüemos seu contraponto, o amor; encontrando os motivos deste podemos reverter o espelho para que vejamos os daquele. Quais as razões do amor? Serão as qualidades de quem amamos? Dizemos: “Quem ama não vê defeitos”; aí, a “perfeição” do objeto de nosso amor deriva de certa “cegueira” que o próprio amor opera em nós. Talvez, por anseios do amor próprio queiramos tanto alguém, que, sequer desejamos ver eventuais lapsos, dado o regozijo que o viço enseja... Contudo, nossa lupa busca o amor cristão, não, amor próprio. De onde vem ele?

Se, a causa estiver no objeto, talvez, os desprovidos de talento, beleza, inteligência ou, outros predicados nobres não possam ser amados... Mas, O Senhor nos ordenaria que fizéssemos algo impossível? Quando diz: “Ama teu próximo como a ti mesmo”, o simples não ordenar que eu ame a mim mesmo, antes, que faça disso parâmetro para o amar força-me a concluir que o amor nasce conosco, não carecemos esforço nenhum para senti-lo; é uma necessidade psicológica. Mesmo dependentes de algum vício, que parecem faze mal a si mesmos entraram nessa prisão devaneado que a coisa lhes fariam bem, daria certo prazer, quiçá, aliviaria alguma dor.

Quando O Senhor ensina: “Misericórdia quero, não, sacrifício" toca na ferida. Quando faço sacrifícios para agradar a Deus busco meu próprio interesse, há um quê de egoísmo; quando atuo em misericórdia são os interesses de outrem que me movem. Aí, o motor do sacrifício é o amor próprio; da misericórdia, o próprio amor. Desse modo, eliminamos razões exteriores para amar, uma vez que misericórdia não se expressa sobre as qualidades de outrem, antes, sobre suas carências.

Embora a origem inda nos seja obscura, o modo de expressão do vero amor começa a ser-nos visível. O Salvador disse:”Ninguém tem maior amor que esse; dar a sua vida pelos seus amigos.” Jo 15;13 Notemos que a maior expressão de amor está associada a certo verbo: Dar. Se, a nós, amantes de pequena estatura o padrão proposto foi que amássemos ao próximo como a nós mesmos, o Supra Sumo do Amor, Jesus Cristo, abriu mão de Si mesmo, por amor; deu Sua vida. A diferença abissal é que “Deus É Amor”; de nós espera que imitemos tanto quanto pudermos, Seu Bendito Ser.

Como, por óbvios motivos, ninguém pode dar o que não tem, O Senhor que ordenou amar dotou cada criatura sua com essa capacidade.

A queda se deu quando, por sugestão do inimigo, deixamos a submissão que era uma demonstração de amor a Deus, em troca da autonomia, da auto-afirmação, independência; o Ego.

Assim, esse dom inato que deveria voltar o homem para o semelhante foi redirecionado para si próprio; e, amor próprio desmedido faz de nosso irmão um concorrente, uma ameaça; invés de um alvo para amar. Por amarmos tanto a nós mesmos, precisamos combater esse intruso; aí nos equipamos de armaduras que o capeta oferece; ciúme, inveja, rivalidade, vingança...

É o amor um Dom Divino incutido em cada alma ao nascer, o ódio, filho da perversão do amor; um “dom” do maligno fácil de receber, uma vez que alinha-se aos anseios das almas alienadas de Deus. O Salvador mesmo disse que Sua presença era naturalmente rejeitada pelos maus, pois, era-lhes uma ameaça. “...a luz veio ao mundo, os homens amaram mais as trevas que a luz, porque suas obras eram más.” Jo 3;19

Enfim, acho que chegamos aos motivos de Saul para odiar Davi. Invés de ver nele uma bênção, quando Deus o usou para vencer Golias, viu uma ameaça, uma sombra ao Reino; isso seu amor próprio não toleraria. Então, Davi precisava morrer. Jônatas, seu filho, porém, viu de outra forma: “...a alma de Jônatas se ligou com a de Davi; e Jônatas o amou, como à sua própria alma.” I Sam 18;1

As razões do amor e do ódio, pois, não estavam em seu objeto, Davi; antes, em seus agentes, Jônatas e Saul. O ódio visa “consertar” seus lapsos eliminando quem os revela; o amor independe de méritos, tanto de quem ama, quanto, de quem é amado; é um Dom Divino que enriquece quem recebe sem empobrecer que dá.

“Quanto menor é o coração, mais ódio carrega.” Victor Hugo

domingo, 31 de julho de 2016

Incertas trombetas

Então o Espírito do Senhor revestiu a Gideão, o qual tocou a buzina, e os abiezritas se ajuntaram após ele.” Jz 6;34

Havia entre as tribos de Israel três modos de tocar trombetas; um, para levantar acampamento; outro, para reunir-se na “Tenda da Congregação”; por último, o toque marcial, que convocava soldados à peleja. Paulo ensinando a disciplina no uso do dom de línguas lançou mão disso como alegoria: “Se a trombeta der sonido incerto, quem se preparará para a batalha?”  Preparar-se para a batalha ordenada por Deus, estava em jogo na convocação de Gideão.

Sem me aprofundar nisso, por ora, veremos outra nuance da questão: Se, foi o Espírito do Senhor que motivou Gideão ao feito, vamos pensar nas ações que empreendemos após a habitação Dele, em nós.

No Velho Testamento, Sua atuação sobre o homem era eventual, nas vidas de profetas, reis, sacerdotes, não, uma permanência contínua, como se dá aos filhos do “Novo Nascimento”.

Quando Samuel foi ungir Saul como rei, apontou alguns sinais horizontais que pautariam a marcha daquele, depois, o essencial: “O Espírito do Senhor se apoderará de ti, profetizarás com eles, tornar-te-ás um outro homem. E quando estes sinais te vierem, faze o que achar a tua mão, porque Deus é contigo.” I Sam 10;6 e 7

Esse, “faze o que achar a tua mão” não significa que O Espírito de Deus nos dá carta branca, antes, porque Deus é conosco, os pleitos Dele passam a ser nossos. Somos convocados, e convocamos outros ao Combate do Senhor.

Quem se pretende cheio do Espírito Santo, e, ainda é egoísta, mesquinho, raso, terreno, materialista, das duas uma: Ou, é uma fraude factual, o Espírito não o habita de fato, mas, o espírito do mundo inda o domina, ou, é um falido moral, no qual O Espírito Santo até habita, mas, entristecido, lutando com um fardo pesado.

Lembrei uma frase antiga: “Quando você aponta uma estrela para um imbecil, ele olha para a ponta do seu dedo.” Assim, o Espírito Santo aponta para o Alto, novos valores, perspectivas, vida eterna, riquezas que não se corrompem, mas, seu hospedeiro parvo, devaneia com as delícias da carne, corruptível.

Claro que, o convertido não cria asas e deixa o existenciário pretérito estando acima das tentações; antes, passa a ter dupla natureza, carnal e espiritual. A primeira é acossada pelos instintos animais, a segunda, alimenta-se da Palavra de Deus, e mostra sua “saúde” no silêncio de uma boa consciência, de quem anda, conforme a luz que possui.

Paulo ilustra os conflitos dessa dupla natureza: “Porque o que faço não aprovo; pois, o que quero, não faço, mas, o que aborreço isso faço. Se faço o que não quero, consinto com a lei, que é boa. De maneira que agora já não sou eu que faço isto, mas, o pecado que habita em mim.” Rom 7;15 a 17 A vontade perversa induz a certas coisas, que a consciência incorruptível reprova. Esse é o gládio de todo o convertido; uma luta interior para escolher a própria vontade, ou, a Divina.

Um pouco antes, Paulo ensinara a esses duplos arbitrários: “Não sabeis vós que a quem vos apresentardes por servos para lhe obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis; do pecado para a morte, ou, da obediência para a justiça?” Cap 6;16

Depois, uma promessa radiante aos que, movidos pelo Espírito Santo, encaram a cruz, e tomam para si a Vontade Divina: “Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas, segundo o Espírito. Porque a lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte.” Cap 8;1 e 2

Então, quando ouvimos certos trombeteiros dizendo que chamam à Peleja do Senhor, mas, invés do pecado, das tentações, da corrupção carnal, a “luta” proposta é pela fama, dinheiro, prosperidade, e vaidades afins, com um mínimo de discernimento podemos ver, que o “Gideão” em questão usa Deus como pretexto aos seus interesses rasos, invés de ser usado pelo Espírito Santo nos pleitos do Altíssimo.

Ouso dizer que as pessoas que seguem aos maus líderes, raramente o fazem enganadas; antes, seguem-nos porque se identificam com a doença do “pastor”, “bispo”, “apóstolo”, ou, “missionário” em questão. “Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências;” II Tim 4;3

Um ministro movido pelo Espírito Santo convoca à Peleja do Eterno; essa, é contra o pecado, o mundo, o maligno. Suas armas e inimigos são espirituais, as recompensas, idem. Aqui sol e chuva abençoam justos e injustos; lá, sem as vestes nupciais, ninguém entra

sábado, 8 de novembro de 2014

Tendência suicida



“Então disse Saul ao seu escudeiro: Arranca a tua espada, atravessa-me com ela; para que porventura não venham estes incircuncisos e escarneçam de mim. Porém o seu escudeiro não quis, porque temia muito; então tomou Saul a espada e se lançou sobre ela.” I Crôn 10; 4

Diverso do que ensinam certos psicólogos e alguns pastores “psicologizados”, nossa carência não é de auto-estima. Embora esse nome composto soe até bonitinho é mero disfarce de outro nem tão belo, o orgulho.

O incidente supra, mostra Saul derrotado, diante de si, apenas a morte; mas, uma vez que seu escudeiro recusou a matá-lo, lançou-se sobre a própria espada, para não dar aos inimigos o gosto de zombarem dele.

Isso é nobre, corajoso, vil? Não sei. Por ora me interessa a constatação que, a vida estava perdida, o orgulho seguia intacto, vivinho. Se nem mesmo um revés que nos priva da vida é capaz de nos induzir à humildade, então, essa é nossa maior carência. 

Claro que não esposo a postura covarde que suplica desesperadamente pela própria vida, invés de aceitar a derrota e morrer com dignidade. Assim fez O Salvador; igualmente Estevão, posto que, suas “derrotas” eram grandes vitórias. Teriam maculado-as, se morressem como covardes. 

Mas, da sobrevida do orgulho temos ainda o exemplo de um dos ladrões crucificados. Enquanto seu cúmplice arrependido suplicou e obteve perdão, ele, no uso do único membro livre que tinha, a língua, blasfemava do Mestre.

Ora, o hábito milenar de transferência de culpa, outra coisa não é, senão, decorrência do orgulho. Primeiro afrontamos à Palavra de Deus; depois justificamo-nos transferindo a culpa às circunstâncias, necessidade; quando não, a outras pessoas. 

Se imaginamos a cena de alguém se arremessando contra uma espada fazemos caretas, como que sentindo um pouco da dor. Entretanto, por nossa parte fazemos o mesmo sem dor nenhuma. Como assim? A Bíblia mesmo ilustra a Palavra de Deus como uma espada; “Tomai também o capacete da salvação,  a espada do Espírito, que é a palavra de Deus;” Ef 6; 17 Assim, cada vez que  desobedecemos, afrontamos, arremessamos nossas vidas contra a Espada. 

A “nosso favor” temos o fato que a morte não é imediata como foi a de Saul. Abusamos da longanimidade de Deus; quando se torna hábito é mais difícil erradicar que um erro eventual. Salomão identificou essa postura “espaçosa” do ser humano no “vácuo” da paciência Divina. “Porquanto não se executa logo o juízo sobre a má obra, por isso o coração dos filhos dos homens está inteiramente disposto para fazer o mal.” Ecl 8; 11 

A morte de Adão e Eva não decorreu justo, disso? Arremeterem ambos contra a Espada? Naquele evento fora prometido ao primeiro casal a substituição da dependência pela autonomia; essa, é a mãe do orgulho, sendo pai, o velho ego. 

O hábito, como a palavra sugere, é algo que habita em nós; desse modo, os maus hábitos nunca são de fácil remoção. Quando ilustra o que Cristo viria fazer, mediante Ezequiel, Deus usa a figura de um transplante de órgãos, para ser devidamente expressivo acerca do que estava em jogo. “E dar-vos-ei um coração novo,  porei dentro de vós um espírito novo;  tirarei da vossa carne o coração de pedra,  vos darei um coração de carne. E porei dentro de vós o meu Espírito, farei que andeis nos meus estatutos, guardeis os meus juízos e os observeis.” Ez 36; 26 e 27. 

Esse novo coração, como vemos, não bombeia sangue, antes, seu “combustível” é o Espírito de Deus. Quando disse: “Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração...” O Dr. Jesus estava já “anestesiando” pacientes para a devida cirurgia. 

Se, o que Ele fez, entre outras coisas, nos livra de um mal mais resistente que a morte, isso não deve alimentar pretensa auto-estima; ( o negue a si mesmo desmonta nosso auto )  antes, aumentar a estima pelo Salvador.

Assim como o escudeiro de Saul recusou matá-lo, ninguém faz isso conosco no domínio espiritual; o arbítrio é nosso, a decisão também. 

Embora aos críticos a conversão pareça decisão de fracos refugiados atrás da Bíblia, a coisa não é bem assim. A cirurgia da auto-negação é dolorosa, quem tomou a cruz  sabe bem. E isso requer certo brio, mesmo que, despido de orgulho. “  Melhor é... o que controla o seu ânimo do que aquele que toma uma cidade.” Prov 16; 32 

Removido o velho coração, junto saem aos poucos, hábitos ligados a ele. E o novo implanta novos valores restaurando a dependência em lugar da suicida autonomia. “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.” II Cor 5; 17