“Somente o homem livre é uma personalidade. Os demais são arranjos... Um homem verdadeiramente livre não deseja comandar os demais, mesmo que as condições o favoreçam. O líder das massas está no mesmo estado de servidão da massa - ele não tem existência autônoma alguma fora da massa.” Nicolai Berdiaev
Uma coisa que ocupava as reflexões do pensador ucraniano era a liberdade em oposição à massificação, que considerava a perda do indivíduo; fuga. Por outro lado, os dominadores das massas também eram de certo modo, servos dos anseios de amos; logo, também escravos.
Qualquer semelhança com Maduro, e os “madurenhos” que o sustentam na Venezuela não é coincidência, antes, demonstração prática do pensar correto do filósofo.
A massificação assumiu proporções tais que é muito difícil encontrar ainda um homem livre. A maioria não passa de peças de Lego que uma invisível mão encaixa como aprouver montando os arranjos que deseja. Essa mão usa “mantras,” datas, bandeiras, arte, conceitos “politicamente corretos,” etc. Cada pecinha servil no vasto tabuleiro se encaixa dócil presumindo-se livre.
Parece que outorgamos a outrem o direito de nos dizer como as coisas são; damos a eventuais ditos, uma anuência omissa, preguiçosa, como se estivéssemos diante de um conceito absoluto; quando, não raro, é mera opinião, inclinação, ou interesse de alguém tão falho quanto nós, quiçá, pior.
Ocorre-me um dito de Bernard Shaw: “Quando penso nas coisas como elas são me pergunto: Por quê? – disse – Se as considero do modo que não são, indago: Por que não?” Seu cérebro, pois, se exercitava tanto sobre as coisas “prontas” quanto, sobre as “aprontáveis”. Parecem-me traços de um homem livre.
Não que eu seja contra frases feitas; antes, delas lanço mão sempre que oportuno; muitas sentenças são insuperáveis sobre determinados temas; e só um tolo, a pretexto de ser “livre” de ideias alheias, as evitaria. Porém ao redor dessa chama propiciada por outro devemos atiçar o fogo com nossa lenha, colocarmos nossos neurônios atrás do arado, invés, de folgar lassos no trabalho alheio.
Entretanto, as facilidades das redes sociais, além das asas globais que nos dão servem de estímulo à preguiça mental; a indigência intelectual pode posar de diligência, de carona no labor de alheios pensares.
Para efeito de encenação, alegoria, isso funciona muito bem; entretanto, para edificação psíquico-intelectual é nocivo, deletério, mediocrizante, massificador. Henry Ford criador da famosa montadora dizia: “Pensar é o trabalho mais duro que há; essa é, talvez, a razão pela qual tão poucos se ocupem nele.”
Plutarco em seus dias dissera algo que é justo, um alerta contra isso: “A mente não é um vaso para ser cheio; antes, um fogo a ser aceso.” Se quisermos “encher o vaso” de asneiras, o Sistema nos oferece mais lixo que a exposição do Santander. Porém, o pensar vero deve ser feito com nossos insumos, as vivências, o aprendido e o ainda ignoto; sempre será uma labuta interior, diverso de ser manipulado por uma tela que presumimos operar.
Uma introspecção sincera, pesando motivos, avaliando rumos, custos, objetivos, ou, postulados alheios, até; requer tempo demais dessa geração vídeo, onde muitos ao deparar com um texto como esse, sequer, leem, satisfeitos com as demais coisas; afinal, têm pressa e querem antes, rir dos vídeos de “pegadinhas” do que encarar a si mesmos em considerações tão soturnas.
Isso explica o vero pavor nas redações do vestibular, pois, uma geração robotizada perde o prumo quando desafiada a se comportar de modo humano; pensar.
Saint-Exupérry chamava o sistema de “máquina de entortar homens”; por minha vez acho que imbeciliza desde a infância, e os torna amorais, dando acesso irrestrito pros fedelhos às piores perversões adultas; de modo que quando crescidos nem carecem mais ser entortados; estão mais curvilíneos que a pista do GP de Monza.
Apesar de ser Marxista, Berdiaev não aprovava a doutrinação ideológica de crianças nas escolas; “Sugestões e condicionamentos a que são submetidos homens desde sua infância fazem deles escravos. Um sistema educacional errôneo pode extrair totalmente de um homem sua capacidade de ser livre nos seus julgamentos e apreciações.”
No nosso contexto, na questão da forma os jovens são avessos a pensar, e no prisma do conteúdo têm sido enchidos de conceitos tortos e pré-concebidos, o que, inevitavelmente resultará numa geração de zumbis, aptos apenas para mantras, um “walking Dead" intelectual, invés, de seres livres como convém.
Ninguém precisa concordar com outrem para agradar, mas, a maioria não concorda consigo mesmo; digo, as ideias que defende não são suas, foram inoculadas a força, ou, adotadas por preguiça. Em ambos os casos, apenas um títere em lugar de um ser humano.
O veraz homem livre muitas vezes é desagradável, sobretudo, se desfilar sua liberdade na vereda dos algemados.
Um espaço para exposição de ideias basicamente sobre a fé cristã, tendo os acontecimentos atuais como pano de fundo. A Bíblia, o padrão; interpretação honesta, o meio; pessoas, o fim.
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terça-feira, 19 de setembro de 2017
O Homem Livre
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domingo, 22 de março de 2015
As três luzes
“Disse
Deus: Haja luz; e houve luz. Viu Deus que era boa a luz; e fez Deus separação
entre a luz e as trevas.” Gen 1; 3 e 4
Que luz e trevas são coisas excludentes
é pacífico. Mesmo quem ignora tal separação, facilmente identifica com o mero testemunho
do olhar. A luz em apreço é a natural; dia, noite; luzeiros... Entretanto, há
outra mais excelsa; a luz espiritual. Tanto quanto aquela revela em sua
incidência as coisas imanentes, naturais, essa, as transcendentes, espirituais.
Na verdade, não seria forçar a barra cogitar de uma terceira luz, humana.
Embora, iluminados pelo Espírito Santo os cristãos possam ver nuances da luz
Divina, sem Ele, via difusão do
conhecimento, marcha do processo civilizatório, a humanidade consegue plasmar
seu “iluminismo”.
Contudo, deriva dessa “luz” mera convivência pacífica, tolerância
na diversidade. Embora tal luz tenha sido bem vinda em exclusão à famigerada “idade
das trevas”, seu produto é tênue em face ao que proporciona aos seus, a vera
Luz espiritual. Essa forja sábios, segundo Deus; aquela, relativamente
esclarecidos, civilizados; quiçá, astutos.
Paulo chega a propor um desafio aos “sábios”
da Terra para que se levantem. “Onde está o sábio? Onde está o escriba? Onde
está o inquiridor deste século? Porventura não tornou Deus, louca, a sabedoria
deste mundo?” I Cor 1; 20 Adiante distingue a sabedoria perfeita, origem da
vera luz de outra inferior; “Todavia
falamos sabedoria entre os perfeitos; não, a sabedoria deste mundo, nem dos
príncipes deste mundo, que se aniquilam; mas, falamos a sabedoria de Deus,
oculta em mistério; a qual Deus ordenou antes dos séculos para nossa glória; e nenhum
dos príncipes deste mundo conheceu; porque, se a conhecessem, nunca
crucificariam ao Senhor da glória.” Cap 2; 6 – 8
Assim, embora seja boa a luz
natural que permite a convivência com o diverso, empalidece, em face à espiritual. Ausência daquela propicia
barbáries como as que o Boko Haram e o Estado Islâmico têm praticado, por
exemplo. Cruéis assassinatos dos que não rezam pela sua interpretação do Corão.
Então, é possível alguém ser tolerante, cordato, educado, contudo, andar em
trevas densas no prisma espiritual. Acontece que o império das paixões naturais
não se liberta da “idade das trevas” senão, mediante a Cruz de Cristo.
Como é
de se esperar, tal “remédio amargo” não é ingerido de bom grado; antes, o homem
natural tende a fugir, refém de um amor insano pelas práticas errôneas. “Porque
Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que
o mundo fosse salvo por ele. Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já
está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus. E a
condenação é esta: Que a luz veio ao mundo; os homens amaram mais as trevas do
que a luz, porque as suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal
odeia a luz, não vem para a luz, para que as suas obras não sejam reprovadas.”
Jo 3; 17 a 20
“Amaram mais as trevas que a luz...” vestígio inconfundível do
livre arbítrio, de uma geração que, tão acostumada com as trevas, vê na luz uma
ameaça, como os escravos do célebre Mito da Caverna, de Platão.
A luz traz seu
peso sim. Parafraseando Saint-Exupérry que disse: “Você é responsável pelo que
cativa”, se pode dizer que somos responsáveis por reagirmos ao que vemos. Luz espiritual
é mais que possibilidade de ver; antes, desafio a andar. “Mas, se andarmos na
luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros e o sangue de Jesus
Cristo, seu Filho, nos purifica de todo o pecado.” I Jo 1; 7
Enquanto a luz
humana deriva de muitas fontes e até se contradiz nos gládios filosóficos, a
Espiritual só é encontrável na Revelação. “Lâmpada
para os meus pés é tua palavra, e luz para o meu caminho.” Sal 119; 105
Outra diferença importante é que, enquanto a
luz humana propicia tolerância, convívio pacífico, a espiritual enseja
comunhão. Impregna em todos os seus signatários, partículas do “DNA” de Deus. Comporta
diversidade de pregoeiros, métodos, mas, restrita à mesma fonte, como ensinou o
mais sábio dos homens: “As palavras dos sábios são como aguilhões, como pregos,
bem fixados pelos mestres das assembleias, que nos foram dadas pelo único
Pastor.” Ecl 12; 11
Em suma: Aquele que fez a separação primeira entre luz e
trevas fará outra vez, ao se manifestarem os resultados de Obra Bendita de
Cristo. Quem escolher a luz será reputado ovelha, estará à destra; os demais,
bodes, do lado esquerdo. Se essa mensagem, mais não disser, que ela reitere o
Dito inicial de Deus: “Haja luz!”
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